Criança com febre Unidade Curricular Pediatria I Guiomar Oliveira, MD, PhD 1
Sumário: Definição de febre e contextualização Fisiopatologia e clinica da febre Causas da febre Colheita história clínica Tratamento febre Sinais de alarme Conduta face à criança com febre Casos clínicos 2
Objetivos Pedagógicos: Definir febre Descrever a fisiopatologia da febre Identificar a clínica da febre Executar uma história clínica em que a queixa central é a febre Tratar a febre Citar e identificar no doente os sinais de alarme Combater a fobia da febre 3
Definição e Contextualização Febre temperatura axilar 37.5 ºC (axilar mais baixa 1 grau Celsius que a retal) (37,5-38-ligeira, 38-39-moderada, > 39-alta) Dos motivos mais frequentes de consulta por doença (sobretudo primeiros 3 anos +++ lactente) 4
Fisiopatologia e clinica Febre Processo inflamatório: Infecioso +++; não infecioso (doenças auto-imunes, oncológicas, traumáticas ) 5
VIRUS Bactérias Toxinas Imuno-complexos Células sistema reticuloendotelial Mediadores endógenos Citoquinas pirogénicas (interleucinas 1 e 6, interferons e factor necrose tumoral ) 6
Prostaglandinas Citoquinas pirogénicas Citoquinas pirogénicas Ciclo-oxigenases Ácido Araquidónico Citoquinas pirogénicas área pré-óptica do hipótalamo anterior 7
1º Na subida térmica: Produçãocalor Arrepios Tremores Frio Acrocianose Pele marmoreada 2º Temperatura elevada: Perda calor Hiperémia/rubor Sudação 8
Causas Febre Grande maioria doenças víricas agudas (3 dias), banais, autolimitadas (sem tratamento específico) Causas bacterianas tratamento específico (flora, foco. idade dependente ) Manifestação precoce de DOENÇA GRAVE. (intervenção específica) Logo: maioria dos quadros febris é banal não necessita de antibiótico IDENTIFICAR SINAIS GRAVIDADE e causas com tratamento específico 9
Colheita História Clínica Motivo da consulta : Febre IDADE Anamnese/ Inspeção/Observação. História atual: Inspeção/Observação. 10
Quantificar temperatura 11
Tratamento febre Quantificar temperatura axilar > 38-38.5 ºC ou se incomoda a criança Baixar temperatura: Desagasalhar Água ad libitum Antipirético 12
PARACETAMOL IBUPROFENO Prostaglandinas E2 X Ciclo-oxigenases Citoquinas pirogénicas Citoquinas pirogénicas Ácido Araquidónico (cascata ácido araquidónico) Citoquinas pirogénicas 13
Antipirético Paracetamol Segurança e eficácia comprovadas Antipirético de escolha Posologia recomendada : 10 15mg/kg/dose; 6/6 horas (podendo ser administrado até de 4/4 horas; máximo por dia - 5 vezes) Via: oral ou retal Actua dentro 30 minutos/duração 4-6 horas Formas apresentação: xarope (5ml=200mg), supositórios 125, 250, 325 e 500mg, comprimidos 500mg e 1g Toxicidade: gástrica, cutânea, hepática (grave, associada a dose excessiva) 14
Antipirético Ibuprofeno Alternativa eficaz ao paracetamol Posologia recomendada : 5 10mg/kg/dose; 8/8horas (podendo ser administrado até de 6/6 horas) Formas apresentação: suspensão (5ml=100mg), comprimidos 200, 400 e 600mg e supositório75 e 150 mg Toxicidade: gástrica, reduz adesão plaquetária, baixa plaquetas, disfunção renal,exantema, urticária, Síndrome Stevens-Johnson, broncoespasmo Salicilatos NÃO, associação com S Reye Proscritos varicela 15
Febre NOTA IMPORTANTE Monoterapia deve permanecer a regra Combater a Fobia da Febre Combater uso inadequado de antibióticos 16
Colheita História Clínica Motivo da consulta : Febre Tentar identificar a causa IDADE História atual: Causa, sinais gravidade, sinais tranquilizem Anamnese rigorosa em: Quando começou, acompanhada de quê? Contexto epidemiológico, evolução Picos máximos Resposta aos antipiréticos (cede ou não ).dose Frequência administração antipiréticos (5-6H, antes,.?) Como está na fase de apirexia? 17
Colheita História Clínica Motivo da consulta : Febre Tentar identificar a causa IDADE Observação completa e atenta: Impressão Clínica (choro, contacto, olhar, sorriso perceção dos pais, apetite, consolabilidade, prostração..) Coloração, exantemas, hidratação PALIDEZ Aparelhos/Sistemas Sinais meníngeos 18
Colheita História Clínica Motivo da consulta : Febre Tentar identificar a causa IDADE História : Antecedentes Pessoais Prematuro? Previamente saudável? Doença crónica? Doenças agudas frequentes? Antecedentes familiares? 19
ATENÇAO - Criança com Febre Sinais alarme Preocupa Recém nascido Pequeno lactente < 3M Ar doente, Palidez Não sorrir, não brincar Recusa alimentar quase total Prostração/sonolência/irritabilidade Qualquer exantema no início do quadro febril Em qualquer momento: petéquias/purpura Convulsão/sinais meningeos Má perfusão periférica mantida/instabilidade hemodinâmica Gemido Sinais dificuldade respiratória Vómitos incoercíveis Febre muito alta > 39.5-40 Febre difícil controlar Pseudoparalisia de um membro/dor articular/óssea. Apreensão excessiva dos pais. Febre prolongada 20
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Criança com febre - Conduta 1. Quadro febril - causa identificada Conduta de acordo 2. Quadro febril sem foco, boa impressão clínica Domicílio Tratamento sintomático; sem antibiótico Indicação para vigiar e voltar se surgirem outros sinais/sintomas que sugiram focalização, sinais de alarme ou persistência da febre para além dos poucos dias habituais 3. Quadro febril sem foco, impressão clínica duvidosa Re-observar/internar vigilância/investigação adicional? Conduta de acordo com evolução 23
Criança com febre - Conduta 4. Quadro febril sem foco má impressão clínica Internar Acesso venoso Colheita sangue venoso: hemograma, Proteína C reactiva, hemocultura Colheita asséptica urina : Urocultura/SU Radiografia do tórax Punção lombar? Vigiar Tratar de acordo com resultados e evolução 5. Quadro febril prolongado (> uma semana), sem foco (caso a caso ) Colheita sangue venoso: hemograma, Proteína C reactiva, VS, hemocultura Serologia virus Colheita asséptica urina :urocultura/su Radiografia do tórax/seios perinasais Excluir febre tifoide, brucelose ou outras situações clínicas especificas de acordo com clínica (investigação serviço Pediatria) 24 Eco cardiaca? Eco abdominal?
Alguns exemplos reais.. 25
Febre Recém nascido <3M 26
Febre Sem foco? 27