V-014 ISA/BH: UMA PROPOSTA DE DIRETRIZES PARA CONSTRUÇÃO DE UM ÍNDICE MUNICIPAL DE SALUBRIDADE AMBIENTAL

Documentos relacionados
Objetivo 7 - Garantir a sustentabilidade ambiental

PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA PMCMV Fundo de Arrendamento Residencial - FAR PROJETO BÁSICO

Desafios do saneamento básico em face da crise hídrica

Políticas públicas, Pobreza Urbana e Território

BLOCO 05 SISTEMA DE COLETA DE ESGOTO SANITÁRIO DO DISTRITO NA ÁREA DE ATUAÇÃO DA ENTIDADE

ÓRGÃO: PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

ABORDAGENS METODOLÓGICAS NA ELABORAÇÃO DE PLANOS MUNICIPAIS DE SANEAMENTO BÁSICO

RELATÓRIO SOBRE A GESTÃO DE RISCOS BANCO ABN AMRO S.A. Setembro de 2013

LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELOS DOMICÍLIOS LOCALIZADOS NO DISTRITO INDUSTRIAL DO MUNICÍPIO DE CÁCERES

Contrata Consultor na modalidade Produto

Desafios da Gestão Municipal de Resíduos Sólidos

Auditoria de Meio Ambiente da SAE/DS sobre CCSA

IMPACTO DA ATIVIDADE FISCALIZATÓRIA SOBRE A MELHORIA DA QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO DE DRENAGEM URBANA NO DISTRITO FEDERAL

ESTUDO TÉCNICO N.º 12/2014

Minuta Circular Normativa

Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto USP Departamento de Economia

ANEXO 2 - TERMO DE REFERÊNCIA PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL SIMPLIFICADO PCAS I. CONTEÚDO MÍNIMO DO PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL SIMPLIFICADO PCAS

EDITAL DE LANÇAMENTO E SELEÇÃO DE ALUNOS PESQUISADORES PARA O PROJETO DE PESQUISA

Perspectivas de atuação da Assemae para fomento do saneamento básico no Brasil. Aparecido Hojaij Presidente da Assemae

Relatório elaborado pela. ONG Sustentabilidade e Participação

Análise Qualitativa no Gerenciamento de Riscos de Projetos

PRINCIPAIS UNIDADES PARCEIRAS :

Indicadores Sociais Municipais Uma análise dos resultados do universo do Censo Demográfico 2010

Lei nº de 24 de julho de 2000.

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL - MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO

Adotada Total / Parcial. Fundamento da não adoção. Recomendação. Não adotada. 1. Princípios Gerais

ANEXO III DA RESOLUÇÃO 009/09/DPR GERÊNCIA DE PLANEJAMENTO DE EXPANSÃO - GPLAN

Seminário Internacional Trabalho Social em Habitação: Desafios do Direito à Cidade. Mesa 2: AGENTES PÚBLICOS, NORMATIVOS E DIREÇÃO DO TRABALHO SOCIAL

REGULAMENTO DA POLÍTICA DE MANUTENÇÃO E GUARDA DO ACERVO ACADÊMICO DA ESCOLA DE DIREITO DE BRASÍLIA EDB

A Agenda de Desenvolvimento pós-2015 e os desafios para os Governos Locais. Belo Horizonte 26 de Agosto de 2015

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CHAMADA INTERNA PROEX Nº 02/2014 PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS

RELATÓRIO GERENCIAL AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DOCENTE, CURSO E COORDENADOR DE CURSO GRADUAÇÃO PRESENCIAL

RECOMENDAÇÕES DA OUVIDORIA DA AGERSA

3 Metodologia de pesquisa

O CONGRESSO NACIONAL decreta: CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Minuta de Instrução Normativa

REGULAMENTO DOS ESTÁGIOS CURRICULARES E NÃO CURRICULARES DOS CURSOS DIURNO E NOTURNO DE ODONTOLOGIA. CAPÍTULO I Da caracterização

Experiência: Gestão Estratégica de compras: otimização do Pregão Presencial

Processo de Gerenciamento do Catálogo de Serviços de TIC

mercado de cartões de crédito, envolvendo um histórico desde o surgimento do produto, os agentes envolvidos e a forma de operação do produto, a

PROGRAMA DE VOLUNTÁRIOS DO FMDH MANUAL DO CANDIDATO

Estimativas de Arrecadação de Impostos Próprios Estaduais e Municipais, Transferências Constitucionais e os 25% Constitucionais da Educação

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI PRÓ-REITORIA DE ENSINO PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO

ISS Eletrônico. Formato de Arquivos para Transmissão de Documentos Declarados através do aplicativo OFFLINE. Extensão do Arquivo JUNHO2006.

2.2 Estruturar ação de oficina de integração com gestores, trabalhadores, usuários e familiares da RAPS, redes de saúde e rede intersetorial.

Projeto de Escopo de Trabalho de Estudo Preparatório para o Projeto de Prevenção de Desastres e medidas mitigadoras para Bacia do Rio Itajaí

Explicando o Bolsa Família para Ney Matogrosso

ESTADO DA PARAÍBA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE EDITAL Nº. 02 /2015/SES/CEFOR-PB

ALFA PVBLICA CONSULTORIA JÚNIOR EM GESTÃO

TERMO DE REFERÊNCIA (TR)

III VALOR AGRÍCOLA E COMERCIAL DO COMPOSTO ORGÂNICO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DA USINA DE IRAJÁ, MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL RIO GRANDE DO SUL SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO E AUDITORIA. PLANO DE AUDITORIA DE LONGO PRAZO a 2017

EQUIPE DE QUALIDADE E GESTÃO AMBIENTAL (DQGA)

O BANCO DE DADOS. QUADRO I- Formas de acesso às informações disponíveis no Banco de Dados

NORMA DE ELABORAÇÃO DE INSTRUMENTOS NORMATIVOS - NOR 101

INFORME ETENE. INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA NO NORDESTE 2ª Edição 1. INTRODUÇÃO

Centro de Promoção do Desenvolvimento Sustentável. BOLETIM ESTÁTISTICO DE VIÇOSA (Atualizado em julho de 2013)

Política de Responsabilidade Socioambiental da PREVI

PORTARIA Nº 72, DE 01 DE FEVEREIRO DE 2012

P24 Criar Plano Diretor de Tecnologia da Informação e Comunicação 2011/2012 Líder: Maria Cecília Badauy

EDITAL DE APOIO A PROJETOS DE PESQUISA INSTITUCIONAIS A SEREM DESENVOLVIDOS NOS CAMPI DO SISTEMA CEFET/RJ EDITAL APP-CAMPI 2014

TERMO DE REFERÊNCIA. 1. Justificativa

TERMO DE REFERÊNCIA. Projeto de Reflorestamento com Espécies Nativas no Bioma Mata Atlântica São Paulo Brasil

Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança EIV

Seminário ABRELPE e BID Política Nacional de Resíduos Sólidos Desafios e Recursos. São Paulo, 15/10/2012

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

Boletim epidemiológico HIV/AIDS /11/2015

Estadual ou Municipal (Territórios de Abrangência - Conceição do Coité,

EDITAL DE SELEÇÃO PARA MESTRADO 2016 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO (UNIFEI)

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO

Fundamentos de Teste de Software

TERMO DE REFERÊNCIA PARA ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO AMBIENTAL PRÉVIO RAP

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO DIRETORIA DE ADMINISTRAÇÃO E TECNOLOGIA

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo, Editora Atlas,

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Gabinete de Consultoria Legislativa

V AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA CONSUMIDA NO MUNICÍPIO DE CAIÇARA DO NORTE - RN

SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 185, DE 2011.

2. ATOS DO DIRETOR-GERAL

CERTIFICAÇÃO. Sistema de Gestão

TERMO DE REFERÊNCIA PARA CONTRATAÇÃO DE CONSULTORIA ESPECIALIZADA (PESSOA FÍSICA) Contrato por Produto Nacional

PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA VOLUNTÁRIO PIC DIREITO/UniCEUB EDITAL DE 2016

O Ministério da Saúde da República Federativa do Brasil

CARTOGRAFIA DE RISCO

Investimento Social no Entorno do Cenpes. Edson Cunha - Geólogo (UERJ) Msc. em Sensoriamento Remoto (INPE)

ORIENTAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Data: 06 a 10 de Junho de 2016 Local: Rio de Janeiro

Regulamento do Núcleo de Apoio à Pesquisa do Curso de Medicina da UNIFENAS-BH

PLANOS DE CONTINGÊNCIA, PROGRAMA DE ALERTA E PREPARAÇÃO DE COMUNIDADES PARA EMERGÊNCIAS LOCAIS

REQUERIMENTO Nº, DE 2016

Conselho Municipal de Meio Ambiente CONSEMAC Câmara Setorial Permanente de Educação Ambiental CSPEA Parecer 03/2013 Março 2013

Relatório de Atividades

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO DIRETORIA DE ASSISTÊNCIA A PROGRAMAS ESPECIAIS

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO TIETÊ. Conheça a Bacia do Alto Tietê Qualidade das Águas

EDITAL PARA INSCRIÇÃO DE TRABALHOS NO III CURSO DE EXTENSÃO SOBRE O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA EDUCAÇÃO DO IFMG

Engenharia de Software II

Registro Hospitalar de Câncer Conceitos Básicos Planejamento Coleta de Dados Fluxo da Informação

Manual de preenchimento da planilha de cálculo do índice de nacionalização

22 al 27 de agosto de 2004 Hotel Caribe Hilton - San Juan, Puerto Rico

Transcrição:

V-014 ISA/BH: UMA PROPOSTA DE DIRETRIZES PARA CONSTRUÇÃO DE UM ÍNDICE MUNICIPAL DE SALUBRIDADE AMBIENTAL Marcos Helano Fernandes Montenegro (1) Engenheiro e mestre em engenharia civil, consultor da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, ex presidente da CEDAE-RJ e da CAESB-DF, ex superintendente do SEMASA de Santo André, presidente da ASSEMAE 1989-1993 e diretor nacional da ABES 1996-2000, ex pesquisador do IPT de São Paulo. Ricardo de Miranda Aroeira Engº Civil (EEUFMG 1981), atuação: projeto e consultoria de saneamento ambiental. Diretor Depto. de Desenvolvimento Ambiental - Secretaria de Meio Ambiente/PBH (1995/1996). Coordenador Grupo de Meio Ambiente/SUDECAP/PBH (1997/2000). Coord. Grupo de Trabalho da Concessão/PBH (1998/2000). Atual Coord. Grupo de Saneamento/ SUDECAP/PBH. Sônia Mara Miranda Knauer Geóloga (UFPR 1983), servidora da Secretaria de Meio Ambiente/PBH (1993/1996). Coordenadora do Grupo de Meio Ambiente/URBEL/PBH (1997/1999). Membro do Grupo de Trabalho da Concessão/PBH (1998/2000). Atualmente participando do Grupo de Saneamento/ SUDECAP/PBH. José Eduardo Torres Engenheiro Civil (EEUFMG 1973), com especialização em engenharia econômica e em engenharia sanitária e ambiental. Desenvolvimento de trabalhos na área de saneamento básico para a área pública. Sistemas de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário. Atualmente engenheiro da equipe da SUDECAP no Grupo Gerencial do Saneamento de Belo Horizonte - MG. Eulo Sérgio Guimarães Beggiato Engenheiro Civil (EEUFMG 1976), com especialização em engenharia econômica. Desenvolvimento de trabalhos na área da engenharia consultiva e projetos para a área pública. Sistemas de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário, Estudos Econômico-Financeiros para implantação de sistemas. Atualmente engenheiro da equipe da SUDECAP - Grupo Gerencial do Saneamento de Belo Horizonte-MG. Alex Moura de Souza Aguiar Engenheiro Civil (EEUFMG 1986) e Mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos (E.E. UFMG 2000). Técnico do Grupo Gerencial de Saneamento da SUDECAP Superintendência de Desenvolvimento da Capital da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Fernanda Persilva Araújo Engenheira Civil (Escola de Engenharia Kennedy 1989). Desenvolvimento de trabalhos relacionados com saneamento básico e meio ambiente nas áreas consultiva e pública. Atualmente engenheira da equipe da SUDECAP - Grupo Gerencial de Saneamento de Belo Horizonte MG. Endereço (1) : Eng. Marcos H. F. Montenegro-SQS 108 Bloco E ap. 604 - Plano Piloto-Brasília DF CEP 70.347 050. 9-Fone: (61) 244-0327 E-mail: mhfm@uol.com.br RESUMO A Política Municipal de Saneamento encaminhada pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH) para apreciação pela Câmara Municipal, estabelece entre seus instrumentos o Plano Municipal de Saneamento e um Relatório Anual contendo a avaliação e a caracterização da Situação de Salubridade Ambiental do Município, por meio de indicadores sanitários, epidemiológicos e ambientais. Este trabalho, atualmente em discussão no âmbito da Administração Municipal, apresenta proposta de diretrizes para construção coletiva de um Índice Municipal de Salubridade Ambiental ISA/BH, abordando: os pressupostos; a composição, detalhamento e descrição dos indicadores setoriais; a fórmula de cálculo para determinação do ISA/BH contendo algumas simulações; e ainda uma reflexão sobre as unidades espaciais de análise. Suas principais características são: a integração com a Política Municipal de Saneamento; a abrangência e a intersetoriedade e ainda permitir o acompanhamento no tempo, da evolução da salubridade ambiental e do acesso aos serviços e à infra-estrutura, para cada componente, para as diferentes unidades espaciais e para o conjunto do Município. O ISA de Belo Horizonte será determinado em função de seis indicadores setoriais: Índice de abastecimento de água (I ab ); Índice de esgotamento sanitário (I es ); Índice de resíduos sólidos (I rs ); Índice de drenagem urbana (I du ), Índice de saúde ambiental (I am ) e Índice de salubridade da moradia(i sm). ABES - Trabalhos Técnicos 1

A fórmula para o cálculo do ISA, representa a média aritmética ponderada dos índices setoriais e deverá refletir a importância relativa de cada aspecto na salubridade ambiental e permitir o acompanhamento no tempo das variações das condições de salubridade para cada um dos seus componentes e para o conjunto do Município. O ISA deverá subsidiar os processos de integração de políticas públicas, priorização dos investimentos relevantes para a melhoria da salubridade ambiental no Município e de informação e apropriação pela sociedade civil organizada. PALAVRAS-CHAVE: Índice de Salubridade, Saneamento Ambiental, Atenção Ambiental, Plano Municipal, Saneamento Integrado. INTRODUÇÃO Belo Horizonte tem hoje ocupada com uso urbano aproximadamente 95% da área do seu território. As áreas não ocupadas são aquelas definidas legalmente como parques e áreas de proteção ambiental. O município apresenta índices elevados de atendimento pelos serviços de saneamento, quando comparados à realidade nacional. Dos quase 2,2 milhões de habitantes, 98% têm sistema público de abastecimento de água à sua disposição, 83% são atendidos por coletas de esgotos, 92% têm o lixo que produzem coletado e destinado ao aterro sanitário, as áreas sujeitas a inundações são relativamente pequenas e as epidemias como a dengue e a leptospirose têm sido controladas. Mesmo assim, enquanto todos os moradores não estiverem atendidos, não podemos dizer que a situação esteja satisfatória, já que cerca de 48.000 pessoas ainda não recebem água tratada, 20.000 sofrem com falta d água, 340.000 não têm seus esgotos coletados, 200.000 não são atendidas por coleta de lixo. O déficit de atendimento por serviços de saneamento concentra-se justamente na população mais pobre, moradora em áreas de urbanização precária as vilas e as favelas onde vivem cerca de 400 mil pessoas, das quais cerca de 75.000 em áreas de risco geotécnico ou de inundação recorrente. A adequada gestão do entulho da construção civil, cuja geração em massa é equivalente à do lixo domiciliar e comercial, só foi equacionada parcialmente, mas o município dispõe de um plano abrangente. A maioria dos córregos que cortam a região urbanizada de Belo Horizonte encontra-se canalizada e todos estão poluídos por lançamentos de efluentes domésticos e industriais, ainda não totalmente interceptados pelo sistema. Além disso, a descontinuidade da interceptação existente não garante sequer uma despoluição parcial, pois os interceptores, atualmente, somente concentram e lançam os esgotos nos cursos d água receptores. Como ainda não existe tratamento de esgotos, BH se constitui no maior poluidor da bacia do Rio das Velhas, contribuindo, sobremaneira, para o agravamento da poluição dos municípios a jusante dos Ribeirões do Arrudas e da Onça. A proposta de Política Municipal de Saneamento encaminhada pela Prefeitura de Belo Horizonte para exame pela Câmara Municipal, define Salubridade Ambiental como o estado de qualidade ambiental capaz de prevenir a ocorrência de doenças relacionadas ao meio ambiente e de promover as condições favoráveis ao pleno gozo da saúde e do bem-estar da população. A referida proposta estabelece entre seus instrumentos o Plano Municipal de Saneamento, quadrienal e revisado a cada dois anos, e o Relatório da Situação de Salubridade Ambiental do Município, a ser produzido com periodicidade anual. O Plano Municipal de Saneamento deverá conter, dentre outros elementos, a avaliação e caracterização da situação da salubridade ambiental do Município, por meio de indicadores sanitários, epidemiológicos e ambientais. Por seu turno o Relatório da Situação de Salubridade Ambiental do Município deverá realizar a avaliação da salubridade ambiental em cada Administração Regional. Na perspectiva de utilizar uma metodologia simples e objetiva para a elaboração sistemática e a atualização periódica dos diagnósticos de salubridade ambiental previstos nos Planos e nos relatórios mencionados, pretende-se adotar como ferramenta principal desses diagnósticos o Índice de Salubridade Ambiental (ISA/BH), indicador específico que virá se juntar ao IQVU ( Índice de Qualidade de Vida Urbana) e ao IVS (Índice de Vulnerabilidade Social), já utilizados pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH). 2 ABES - Trabalhos Técnicos

A proposta tomou como referência o Indicador de Salubridade Ambiental do Estado de São Paulo. O ISA também pode ser encarado como importante instrumento da atenção primária ambiental, a qual é definida pela Organização Pan-americana de Saúde como: Atenção primária ambiental é uma estratégia de ação ambiental, basicamente preventiva e participativa em nível local, que reconhece o direito do ser humano de viver em um ambiente saudável e adequado, e a ser informado sobre os riscos do ambiente em relação à saúde, bem-estar e sobrevivência, ao mesmo tempo que define suas responsabilidades e deveres em relação à proteção, conservação, e recuperação do ambiente da saúde. A OPAS identifica os seguintes problemas ambientais locais, como os mais freqüentes em nossas cidades: a) contaminação atmosférica b) contaminação acústica c) contaminação da água d) abastecimento de água potável e) resíduos sólidos f) uso indevido do solo g) vetores de doenças h) ruas sem pavimentação i) segurança e qualidade dos alimentos j) incinerações não autorizadas k) falta de áreas verdes l) manejo inadequado dos canais de drenagem m) desastres naturais e emergências químicas. No quadro referencial da Atenção Primária Ambiental, a OPAS estabelece como requisitos: a informação deverá ser analisada, avaliada e utilizada no nível local e poderá ser fornecida aos níveis regionais e nacionais para análise, processamento e retroalimentação; devem ser desenvolvidos indicadores mais adequados para refletir a situação ambiental local; e sugere a seguinte listagem como referência para a definição dos indicadores locais em uma situação específica: a) porcentagens da população atendida com abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de resíduos; b) porcentagem de lixo tratado e disposto adequadamente; c) porcentagem do lixo reciclado; d) geração de lixo per capita; e) parâmetros locais de qualidade do ar e dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos; f) consumo de energia e água; g) qualidade bacteriológica da água; h) porcentagem de moradias não habitáveis i) porcentagem da população em extrema pobreza; j) disponibilidade de áreas verdes per capita; k) níveis de ruído; l) porcentagens de ruas sem pavimentação; m) número de organizações ecológicas; n) presença de animais silvestres; o) número de indústrias; p) presença de vetores de doenças; q) número de profissionais de saúde por 10.000 habitantes; r) incidência e prevalência de doenças devidas ao inadequado manejo ambiental (dengue, malária, cólera, leishmaniose, leptospirose, hantavírus, peste). PRESSUPOSTOS Na construção do ISA de Belo Horizonte foram considerados os seguintes pressupostos: ABES - Trabalhos Técnicos 3

a) o ISA/BH deverá ser um índice composto que contemple os diversos componentes associados à salubridade do meio e a provisão e o acesso aos serviços e à infra-estrutura sanitária, quais sejam: abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos, drenagem urbana, saúde ambiental - com ênfase em controle de vetores - e condições sanitárias do domicílio; b) o ISA/BH deverá permitir o acompanhamento no tempo das variações das condições de salubridade associada ao conjunto dos seus componentes ou a de cada um deles em particular; c) o ISA/BH deverá permitir sua determinação para o conjunto do território do Município bem como para subdivisões territoriais, em particular as administrações regionais, as três bacias hidrográficas principais de Belo Horizonte (Arrudas, Onça e Isidoro) e as bacias elementares definidas pelo Plano Diretor de Drenagem nas quais estão divididas, e, se possível, os bairros ou outras que se julgar convenientes; d) na composição do ISA/BH devem ser preferidas as variáveis cujos valores já sejam coletados e determinados sistematicamente por órgãos da administração pública ou por terceiros; e) o ISA/BH deve ser construído de modo a informar o processo de integração de políticas públicas relevantes para a melhoria da salubridade ambiental no Município e de priorização dos investimentos, obras e ações relacionadas; f) a simplicidade e a possibilidade de entendimento pelo leigo são aspectos importantes a serem observados na formulação do ISA/BH, de modo a permitir que as lideranças das associações de moradores e de outras organizações populares e aquelas participantes dos Conselhos Municipais Setoriais a exemplo dos de Meio Ambiente, de Saúde e de Habitação, e do Conselho e das comissões do Orçamento Participativo possam utilizá-lo na ação cotidiana; g) a adoção na composição do ISA/BH de indicadores setoriais e secundários que já sejam utilizados na determinação do IQVU e do IVS, deve ser feita de modo a evitar superposições, adotando a perspectiva do ISA vir a compor tanto o IQVU quanto o IVS, substituindo alguns dos indicadores setoriais correlacionados, evitando assim a caracterização de um mesmo fenômeno por diferentes indicadores. FORMULAÇÃO DO ISA Atendendo aos pressupostos acima, propõe-se adotar para a determinação do ISA/BH, uma função de seis índices setoriais ou temáticos, assim constituída: ISA = f ( a.i ab ; b.i es ; c.i rs ; d.i du ; e.i am ; f.i sm ) onde: I ab = índice de abastecimento de água, I es = índice de esgotamento sanitário, I rs = índice de resíduos sólidos, I du = índice de drenagem urbana, I am = índice de saúde ambiental, I sm = índice de salubridade da moradia, e a, b, c, d, e, e f são coeficientes que refletem a importância relativa (peso) que se quer dar a cada um dos setores ou temas componentes do ISA/BH. Propõe-se que a faixa de variação teórica do ISA/BH seja de 0 a 100 e que os índices setoriais variem no mesmo intervalo. Para tanto, os coeficientes acima referidos devem ter obrigatoriamente soma unitária. A título de exemplo, apresentam-se alguns conjuntos de valores possíveis para os coeficientes que darão os pesos relativos aos índices setoriais: 4 ABES - Trabalhos Técnicos

Tabela 1: Hipóteses Dos Pesos Para Os Coeficientes COEFICIENTE HIPÓTESE 1 HIPÓTESE 2 HIPÓTESE 3 HIPÓTESE 4 a 0,166 0,20 0,15 0,20 b 0,167 0,20 0,20 0,20 c 0,166 0,20 0,15 0,15 d 0,167 0,20 0,15 0,15 e 0,167 0,10 0,15 0,10 f 0,167 0,10 0,20 0,20 Evidentemente, os pesos que forem adotados deverão refletir a percepção dos membros da equipe multisetorial e multidisciplinar que tomará a decisão sobre a importância relativa de cada setor ou tema na salubridade ambiental, visto o atual quadro do Município e as perspectivas de evolução vislumbradas. Na tabela acima, a hipótese 1 reflete uma visão eqüitativa dos diversos índices setoriais, enquanto as demais privilegiam alguns deles. Na seleção da função para cálculo do ISA/BH, evidenciam-se duas alternativas, entre muitas que poderiam ser propostas. Alternativa 1: somatória (média aritmética ponderada) ISAa = a.i ab + b.i es + c.i rs + d.i du + e.i am + f.i sm Alternativa 2: produtória (média geométrica ponderada): ISAg = [(I ab ) a.(i es. ) b.(i rs ) c.(i du ) d.(i am ) e.(i sm ) f ] observando que em qualquer das duas alternativas deve-se ter: a + b + c + d + e + f = 1 Na Tabela 2, são apresentados os resultados de algumas simulações que ilustram o comportamento dos valores assumidos pelo ISA/BH nas duas alternativas para diferentes valores dos índices setoriais e diversos conjuntos de coeficientes. ABES - Trabalhos Técnicos 5

Tabela 2: Comparação por simulação dos valores do ISA a e ISA g Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Iab 100 95 95 80 Ies 70 80 60 80 Irs 100 85 70 80 Idu 100 80 60 50 Iam 100 85 60 50 Ism 100 50 60 40 Hipótese 1 Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 ISAa 95,0 79,1 67,5 63,3 ISAg 94,2 77,7 66,4 60,9 Hipótese 2 Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 ISAa 94,0 81,5 69,0 67,0 ISAg 93,1 80,4 67,8 64,8 Hipótese 3 Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 ISAa 94,0 77,8 66,8 63,0 ISAg 93,1 76,1 65,8 60,5 Hipótese 4 Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 ISAa 94,0 78,3 68,5 64,5 ISAg 93,1 76,5 67,3 61,9 Os resultados da simulação indicam pouca diferença entre os valores calculados pelas duas alternativas para os diversos casos. Assim, preliminarmente, sugere-se a adoção da alternativa 1 pela simplicidade do cálculo e, portanto, pela maior facilidade de entendimento pelo leigo. A opção por um índice composto por índices setoriais pretende facilitar a análise da situação de salubridade do Município globalmente e também por cada aspecto componente do ISA/BH, seja regionalmente ou para todo o município. A Tabela 3 a seguir apresenta a matriz dos índices setoriais e regionais que estarão disponibilizados pela adoção desta metodologia. 6 ABES - Trabalhos Técnicos

Tabela 3: Matriz de Índices Setoriais e Regionais Índices Regional 1 Regional 2 Regional... Regional n Município I ab Iabr1 Iabr2 Iabr... Iabrn IAB I es Iesr1 Iesr2 Iesr... Iesrn IES I rs Irsr1 Irsr2 Irsr... Irsrn IRS I du Idur1 Idur2 Idur... Idurn IDU I am Iamr1 Iamr2 Iamr... Iamrn IAM I sm Ismr1 Ismr2 Ismr... Ismrn ISM ISA ISAr1 ISAr2 ISAr... ISArn ISA FORMULAÇÃO DOS ÍNDICES SETORIAIS A seguir, são apresentados os indicadores que preliminarmente são propostos para compor cada um dos índices setoriais (ou temáticos). É conveniente que os índices sejam calculados por fórmulas simples, preferencialmente como média simples ou ponderada dos valores dos indicadores, assumindo como valor máximo teórico 100, o que corresponde à condição de satisfação ideal das exigências de salubridade ou de oferta dos serviços de saneamento, e valor zero para o extremo oposto. As proposições dos indicadores e das suas respectivas conceituações seguramente poderão ser melhoradas pelas críticas que tratarem tanto da natureza, significado e conveniência da adoção de cada um deles, da forma de determinação quanto da maior ou menor dificuldade em obter os dados e as informações necessárias às suas determinações e da coerência com os indicadores já utilizados pela PBH (IQVU e IVS). ÍNDICE DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA I AB Indicador de atendimento de água (ica) Expresso pela porcentagem dos domicílios atendidos com ligação oficial de água da rede pública de distribuição em uma área considerada. Indicador de qualidade da água distribuída (iqa) Avalia a condição de potabilidade da água utilizada para consumo humano em uma área considerada. Pode ser expresso pela média das porcentagens dos domicílios que a cada mês consomem água considerada potável de acordo com os critérios 1 estabelecidos pelo Ministério da Saúde em uma determinada região. Uma outra alternativa é expressá-lo pelo percentual das amostras de água coletadas em determinada área para fim de controle de qualidade que apresentam resultados satisfatórios face às exigências do Ministério da Saúde. Indicador de regularidade do abastecimento (ira) Expresso pela porcentagem média do tempo que as ligações oficiais de água em uma área considerada estão em carga (alimentadas pela rede pública). Indicador de perdas na distribuição (ipd) 1 Ver Portaria n 1469, de 29 de dezembro de 2000, que aprova a norma de qualidade da água para consumo humano. ABES - Trabalhos Técnicos 7

Expressa a porcentagem de água consumida em relação em relação à quantidade de água disponibilizada para o consumo em uma determinada área. Indicador da disponibilidade de água potável na RMBH (ida) A ser utilizado apenas quando se objetivar o cálculo do indicador setorial para todo o Município ou o ISA do Município. Deve permitir a avaliação da oferta de água na RMBH atender a demanda de Belo Horizonte e dos demais municípios da região. ÍNDICE DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO I ES Indicador de atendimento por coleta de esgoto (ice) Expresso pela porcentagem dos domicílios atendidos com ligação oficial de esgotos à rede pública de coleta em uma área considerada. Indicador de interceptação de esgotos (iie) Expresso pela porcentagem da extensão de coletores troncos e interceptores em operação em relação a extensão total destas tubulações necessárias em uma área considerada. Indicador de poluição dos cursos d água por esgotos (ipe) Avalia a porcentagem da extensão dos cursos d água da rede primaria e secundária de drenagem natural de uma área considerada que apresentam permanentemente teor de oxigênio dissolvido acima de 4 ppm. Indicador de tratamento dos esgotos (ite) A ser utilizado apenas quando se objetivar o cálculo do indicador setorial para todo o Município ou o ISA do Município. Deve considerar o percentual do volume tratado em relação ao volume de esgoto gerado no município em um determinado período, a adequação da qualidade do efluente ao enquadramento de qualidade do corpo receptor, a adequação da destinação final do lodo e a saturação das instalações de tratamento em relação à previsão de evolução da demanda. ÍNDICE DE RESÍDUOS SÓLIDOS I RS Indicador de cobertura por coleta do lixo domiciliar (icl) Expresso pela porcentagem dos domicílios de uma área atendidos com coleta sistemática de lixo do tipo porta a porta. Indicador de varrição (ivr) Avalia o grau de adequabilidade da execução dos serviços de varrição em relação ao planejamento proposto em uma área determinada. Indicador de reuso/reciclagem de entulho (ire) A ser utilizado apenas quando se objetivar o cálculo do indicador setorial para todo o Município ou o ISA do Município. Avalia o grau de reaproveitamento e/ou reciclagem do entulho coletado na cidade. Indicador de tratamento e disposição final (idf) A ser utilizado apenas quando se objetivar o cálculo do indicador setorial para todo o Município ou o ISA do Município. Avalia o grau de recuperação de materiais recicláveis em relação ao total de lixo aterrado, através dos resultados anuais da coleta seletiva, da compostagem de matéria orgânica e da produção das usinas de reciclagem de entulho. Deve avaliar também a disponibilidade residual, em número de anos, de atender a demanda do Município por tratamento e disposição final de lixo domiciliar e comercial, a qualidade da operação das instalações, incluindo a adequação do tratamento do chorume. ÍNDICE DE DRENAGEM URBANA I DU Indicador de vulnerabilidade a inundação (ivi) Porcentagem das edificações de uso permanente em uma determinada área que estejam sob risco de inundação com período de retorno menor que 25 anos. Indicador de vulnerabilidade a alagamentos (iva) Porcentagem da extensão linear dos logradouros públicos em uma determinada área que esteja sob risco de alagamento (considerado como situação de lâmina de água superior a 1/3 da largura do leito carroçável), com período de retorno menor que 5 anos. Indicador de conservação e assoreamento das galerias de águas pluviais (igp) Avalia as condições de conservação e assoreamento das galerias e canais revestidos de uma determinada área. Indicador das condições dos fundos de vale (ifv) 8 ABES - Trabalhos Técnicos

Avalia as condições sanitárias e urbanísticas dos fundos de vale abertos de uma determinada área. Expresso pela porcentagem ponderada em função das condições referidas da extensão linear dos fundos de vale em uma determinada área. ÍNDICE DE SAÚDE AMBIENTAL I AM Indicador de dengue (idg) Avalia as condições de infestação por Aedes Aegypti e a prevalência da dengue em uma determinada área. Indicador de leptospirose (ilp) Avalia as condições de infestação por ratos combinada com risco de inundação e a prevalência da leptospirose em uma determinada área. Indicador de leishmaniose (ilm) Avalia as condições de infestação por flebótomo e prevalência da leishmaniose em uma determinada área. Indicador de esquistossomose (ieq) Avalia as condições de infestação por caramujo e prevalência da esquistossomose em uma determinada área. Indicador de mortalidade infantil por doenças de veiculação hídrica (imh) Avalia a incidência de mortalidade infantil por doenças de veiculação hídrica. Expresso pela taxa de mortalidade tardia de crianças de até 1 ano por mil nascidos vivos. Indicador de mortalidade infantil e de idosos por doenças respiratórias (imr) Avalia a incidência de mortalidade ligada a condições de poluição do ar de grupos vulneráveis da população. Expresso pela taxa de mortalidade de crianças de 0 a 4 anos e de idosos com mais de 65 anos decorrente de doenças respiratórias. ÍNDICE DE SALUBRIDADE DA MORADIA I SM Indicador de qualidade da moradia (iqm) Expressa a qualidade das moradias em uma determinada área considerada a repartição dos domicílios nas categorias normal (100) e subnormal e, nesta segunda, a distribuição entre aqueles que dispõem de ligações oficiais às redes de distribuição de água e de coleta de esgotos(80); os que só dispõem de ligação de água(60); os que não dispõem de nenhuma das duas ligações mas contam com latrina ou equipamento assemelhado para a disposição das fezes (40); os que não dispõem nem das ligações nem das latrinas (20) e, por último, aqueles que se localizam em áreas sujeitas a risco de deslizamento, desmoronamento ou de inundação, com recomendação de remoção (zero). 2 Indicador de número de moradores por dormitório (ido) Expressa a adequação da quantidade de moradores às características do domicílio em uma determinada área. É expresso por uma relação associada ao número de moradores por dormitório, classificado o domicílio em três categorias: bom (100) com até três moradores por dormitório; regular (50) com mais de três até quatro moradores por dormitório e ruim (zero), com quatro ou mais moradores por dormitório. 3 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS UNIDADES TERRITORIAIS DE ANÁLISE Como já foi registrado, a exigência do relatório Situação de Salubridade Ambiental do Município é que a avaliação da salubridade ambiental seja realizada para cada uma das 9 administrações regionais. Do ponto de vista ambiental, a bacia hidrográfica e suas subdivisões (no caso de Belo Horizonte, as bacias elementares definidas pelo Plano Diretor de Drenagem) são inquestionavelmente as unidades que melhor se adequam ao planejamento de ações que tenham por finalidade a elevação da salubridade ambiental no Município. Dos aspectos contemplados nos seis indicadores setoriais propostos para compor o ISA/BH, apenas a distribuição de água não se coaduna com a lógica das bacias, já que os setores de abastecimento em geral se conformam com os territórios entre fundos de vales e não entre divisores de água. 2 Os números entre parênteses indicam uma proposta de valores a serem utilizados como pesos no cálculo do indicador como média ponderada dos percentuais de domicílios na categoria normal e nas subcategorias da categoria subnormal. 3 Os números entre parênteses indicam uma proposta de valores a serem utilizados como pesos no cálculo do indicador como média ponderada dos percentuais de domicílios nas categorias bom, regular e ruim. ABES - Trabalhos Técnicos 9

No entanto, os dados e informações necessárias para a determinação dos indicadores não estão, na maioria dos casos, disponíveis por bacia elementar, estão agregados por divisões territoriais específicas decorrentes de conveniências setoriais associadas a manipulação dos mesmos. Por outro lado, é impossível desconsiderar três sistemas de organização do território municipal: as unidades de planejamento da PBH, que têm as vantagens de se constituírem em subunidades da divisão em administrações regionais e de serem compatíveis com os setores censitários; os bairros divisão que a população utiliza no seu cotidiano para se referenciar geograficamente na cidade e, por último, as administrações regionais, que são unidades de referência para a maior parte das ações do Poder Público local. É, assim, indispensável realizar uma avaliação abrangente da disponibilidade dos dados e informações necessárias para a construção dos indicadores, associada a cada um destes sistemas de divisão territorial e das dificuldades metodológicas envolvidas na eventual transferência das informações de um sistema de referências territoriais para outro. Entretanto, as discussões preliminares já apontam para as bacias elementares como a unidade territorial precípua para fins de análise e planejamento e as regiões administrativas como a unidade territorial para fins de síntese dos resultados. COMPOSIÇÃO ESQUEMÁTICA DO ISA PROPOSTO PARA BELO HORIZONTE Índice de abastecimento de água I ab Indicador de atendimento de água (ica) Indicador de qualidade da água distribuída (iqa) Indicador de regularidade do abastecimento (ira) Indicador de perdas na distribuição (ipd) Indicador da disponibilidade de água potável na RMBH (ida) Índice de esgotamento sanitário I es Indicador de atendimento por coleta de esgoto (ice) Indicador de interceptação de esgotos (iie) Indicador de poluição dos cursos d água por esgotos (ipe) Indicador de tratamento dos esgotos (ite) Índice de resíduos sólidos I rs Indicador de cobertura por coleta do lixo domiciliar (icl) Indicador de varrição (ivr) Indicador de tratamento e disposição final (idf) Índice de drenagem urbana I du Indicador de vulnerabilidade a inundação (ivi) Indicador de vulnerabilidade a alagamentos (iva) Indicador de conservação e assoreamento das galerias de águas pluviais (igp) Indicador das condições dos fundos de vale (ifv) Índice de saúde ambiental I am Indicador de dengue (idg) Indicador de leptospirose (ilp) Indicador de leishmaniose (ilm) Indicador de esquistossomose (ieq) Indicador de mortalidade infantil por doenças de veiculação hídrica (imh) Indicador de mortalidade infantil e de Idosos por doenças respiratórias (imr) Índice de salubridade da moradia I sm Indicador de qualidade da moradia (iqm) Indicador de número de moradores por dormitório (ido) 10 ABES - Trabalhos Técnicos

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO - ISA Indicador de Salubridade Ambiental Manual Básico. Secretaria de Recurso Hídricos, Saneamento e Obras. São Paulo. 1999. 2. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Atenção Primária Ambiental - APA. (OPAS/BRA/HEP/001/99) Brasília. 2000. 3. MINISTÉRIO DA SAÚDE/FUNASA - Portaria n 1469, de 29 de dezembro de 2000, DOU 10/01/2001, seção 1, página 26; http://www.funasa.gov.br/amb/amb00.htm. 4. PREFEITURA DE BELO HORIZONTE IQVU: Índice de Qualidade de Vida Urbana. Acessoria de Comunicação Social. Belo Horizonte. Junho.1999. http://www.pbh.gov.br/smpl/iqvu/ 5. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BELO HORIZONTE Mapa da Exclusão Social de Belo Horizonte. Resultados da Pesquisa. Prefeitura de Belo Horizonte. Belo Horizonte. Dezembro.1999. ABES - Trabalhos Técnicos 11