S 1º SEMESTRE 2017
1º SEMESTRE 2016 2 Faturamento em dólar das exportações do agronegócio sobe 6% no 1º semestre As vendas externas do agronegócio brasileiro começaram este ano em alta. No primeiro semestre do ano, o faturamento em dólar do setor subiu mais de 6% quando comparado ao mesmo período de 2016, atingindo US$ 48 bilhões. No entanto, quando convertido para Real, o faturamento do setor recuou cerca de 9% no mesmo período, devido à apreciação da moeda nacional. O crescimento do faturamento externo (em dólar) foi assegurado pelo crescimento de aproximadamente 15% dos preços médios em dólar no período, já que o volume exportado caiu quase 6%; assim, o desempenho favorável das exportações no primeiro semestre, em termos de receita em dólar, se deveu à apreciação dos preços de quase todos os principais produtos exportados pelo País, com exceção das cotações do grupo papel e celulose. Por outro lado, a maioria dos produtos apresentou redução nos embarques no primeiro semestre deste ano, com exceção da soja em grão, óleo de soja, frutas, celulose, açúcar e madeira. O câmbio real do agronegócio (calculado pelo Cepea com base numa cesta de 10 moedas) registrou queda de aproximadamente 18% na comparação da média do primeiro semestre de 2017 com a do mesmo período de 2016. A valorização do Real no período anulou o ganho de preço; com isso, a atratividade das exportações do agro caiu mais de 4%. Quando avaliado o comportamento dos produtos individualmente, verifica-se preços internalizados em alta apenas para açúcar, carne de suínos e etanol no primeiro semestre de 2017 frente a igual período de 2016. A Figura 1 mostra a evolução das vendas do setor nos últimos 18 anos, de 2000 a 2017. Observa-se que o volume exportado (medido pelo IVE-Agro/Cepea) apresentou aumento de quase 300% na comparação das médias anuais, e os preços médios em dólares (IPE-Agro/Cepea) dos produtos exportados pelo agronegócio registraram alta de 75%. Embora desde 2011, ano que apresentou pico de valorização dos produtos agro no mercado internacional, tenha prevalecido tendência de queda dos preços em dólar, em 2016 e 2017, os valores externos (em dólar) estão mais resistentes e indicam até alguma recuperação (Figura 1). A taxa de câmbio efetiva real do agronegócio (IC-Agro/Cepea), por sua vez, se mostrou mais estável nos últimos dois anos (2016 e 2017), apesar das crises domésticas. Mesmo nesse cenário, e retirando o efeito da inflação, o Real continua valorizado. No período de 2000 a 2017, a valorização da moeda nacional foi de 53% na comparação da média do primeiro semestre de 2017 com a de 2000. Com isso, os preços internalizados (em Reais) das exportações (IAT-Agro/Cepea) diminuíram aproximadamente 18%, comparando-se a média do primeiro semestre de 2017 com a de 2000, mas ficaram mais estáveis nos últimos dois anos.
1º SEMESTRE 2017 Figura 1 - Índice de Preços de Exportação do Agronegócio (IPE-Agro/Cepea) em dólar, Índice de Volume de Exportação do Agronegócio (IVE-Agro/Cepea), Índice de Atratividade das Exportações do Agronegócio (IAT-Agro/Cepea) e o Índice da Taxa de Câmbio Efetiva Real do Agronegócio (IC-Agro/Cepea). Dados anualizados. Para 2017, considera-se a média de janeiro a junho Desempenho das vendas externas do agronegócio brasileiro entre 2016 e 2017 Ovolume exportado pelo agronegócio brasileiro (IVE-Agro/Cepea) iniciou 2017 apresentando crescimento expressivo entre março e maio, período de maior concentração dos embarques da soja em grão. Em junho, atingiu o maior patamar entre 2016 e 2017, apresentando alta de quase 14% em relação ao observado no mesmo mês do ano anterior. No entanto, ao serem comparados os seis primeiros meses de 2017 com o mesmo período de 2016, observa-se queda de 5,9% no volume exportado (Figura 2). Em relação aos preços médios em dólares dos produtos exportados pelo agronegócio brasileiro (IPE-Agro/Cepea), após altas entre janeiro e março de 2017, houve recuo a partir de abril deste ano. Ainda assim, observa-se elevação de quase 2,15% no comparativo de junho/17 com junho/16 e, ao comparar os seis primeiros meses de 2017 com o mesmo período de 2016, o aumento foi de aproximadamente 15% (Figura 2). Quanto ao Índice da Taxa de Câmbio Efetiva Real do Agronegócio (IC-Agro/Cepea), houve tendência de queda a partir de dezembro de 2016 que prevaleceu até fevereiro de 2017. Já a partir de março deste ano, observa-se um período de alta. Na comparação entre os primeiros semestres de 2017 e 2016, o Real se valorizou aproximadamente 17,8% (em termos reais); já no comparativo mensal (junho/17 frente a junho/16), há valorização real da moeda nacional de quase 1,7% (Figura 2). Em consequência de os preços em dólar estarem maiores em 2017 na comparação com 2016, os preços em reais (IAT-Agro/Cepea) também seguem tendência de alta observada a partir de janeiro deste ano. Em junho, este indicador aumentou 0,43% frente ao mesmo mês do ano passado. Contudo, em função principalmente do Real mais desvalorizado no primeiro semestre de 2016 em relação ao mesmo período de 2017, observa-se queda de 4,23% dos preços em Reais na média dos primeiros meses de 2017 frente ao mesmo intervalo de 2016 (Figura 2). 3
1º SEMESTRE 2016 Figura 2 - Índice de Preços de Exportação do Agronegócio em dólar (IPE-Agro/Cepea), Índice de Volume de Exportação do Agronegócio (IVE-Agro/Cepea), Índice de Atratividade das Exportações do Agronegócio (IAT-Agro/Cepea) e Índice da Taxa de Câmbio Efetiva Real do Agronegócio (IC-Agro/ Cepea). Dados mensais de janeiro de 2016 a junho de 2017 (Base 100=jan/15) Fonte: Cepea/Esalq/USP; com base em dados do MIDC Em termos anualizados, de julho de 2016 a junho de 2017 contra julho de 2015 a junho de 2016, o volume exportado pelo agronegócio brasileiro (IVE-Agro/Cepea) recuou 15,6%. Por outro lado, os preços médios em dólares recebidos pelos exportadores do agronegócio aumentaram em 12,6% (IPE-Agro/Cepea). E, dada a valorização média de 27,41% da taxa de câmbio efetiva real do agronegócio (IC-Agro/Cepea) nesse período, a atratividade do setor caiu cerca de 18% (Figura 3). 4
1º SEMESTRE 2017 Figura 3 - Variação percentual do: Índice de Preços de Exportação do Agronegócio em dólar (IPE-Agro/Cepea); Índice de Volume de Exportação do Agronegócio (IVE- Agro/Cepea); Índice de Atratividade das Exportações do Agronegócio (IAT-Agro/ Cepea) e Índice de Câmbio do Agronegócio (IC-Agro/Cepea). Comparação entre as médias de julho de 2016 a junho de 2017 com as de julho de 2015 a junho de 2016 Fonte: Cepea/Esalq/USP; com base em dados do MIDC. 5
1º SEMESTRE 2016 6 Exportações setoriais A maioria dos produtos exportados pelo agronegócio brasileiro apresentou queda nos embarques no primeiro semestre de 2017 quando comparado ao mesmo período de 2016. O valor das exportações brasileiras nesses primeiros meses de 2017 esteve concentrado nos produtos do grupo cereais/leguminosas/ oleaginosas, que representaram 41,8% do total embarcado pelo setor, seguido de: cana e sacarídeas (12,1%), produtos florestais (11,3%), suínos e aves (9,1%), bovídeos (9%), café e estimulantes (5,9%) e frutas (2,9%). Destaca-se que a soja em grão e o óleo de soja foram os produtos que apresentaram maior crescimento de volume exportado: 14,1% e 8,2%, respectivamente. Outros produtos que também aumentaram os embarques nesse período foram: frutas (5,6%), papel e celulose (2,4%), açúcar (2,1%) e madeira (1,2%). Os demais produtos apresentaram queda no volume exportado, com destaque para o milho (-73,1%), o algodão pluma (-57,2%) e para o etanol (-45,6%) (Figura 4). Figura 4 - Variação do Volume das Exportações para Produtos Específicos (IVE-Agro/Cepea) variações percentuais referentes ao primeiro semestre de 2017 comparados ao mesmo período de 2016 As exportações de milho foram afetadas pela quebra de safra em 2016, que reduziu a produção brasileira com consequente redução de estoques e indisponibilidade do produto para exportação. Da mesma forma, a diminuição da oferta de laranja no mercado doméstico reduziu a disponibilidade do suco e, consequentemente, as vendas externas do produto nesse período. O setor de carnes, por outro lado, enfrentou a imposição de restrições de seus parceiros comerciais, e viu as vendas se reduzirem no início de 2017. Quanto à variação nos preços de exportação (IPE-Agro/Cepea), no primeiro semestre de 2017 frente ao mesmo período de 2016, observa-se que, com exceção do grupo papel e celulose, que se desvalorizou 4%, respectivamente, os preços dos demais produtos apresentaram variação positiva. O açúcar foi o produto com alta mais acentuada, de quase 37,3%, e a carne suína se valorizou 32,6%. Também registraram avanços os valores em dólar do etanol (26,6%), do algodão em pluma (16,5%), do café (18%), da carne de aves (14,4%), do óleo de soja (9,6%), do suco de laranja (6,5%), da carne bovina (6,8%), do farelo de soja (5,8%), da soja em grão (5,2%), das frutas (3,8%), da madeira (2,6%) e do milho (2,4%) (Figura 5).
1º SEMESTRE 2017 Figura 5 - Variação do preço das exportações para produtos específicos (IPE-Agro/Cepea) variações percentuais referentes aos seis primeiros meses de 2017 comparadas às do mesmo período de 2016 A valorização média do Real no primeiro semestre de 2017, medida pelo IC-Agro/Cepea, frente ao primeiro semestre de 2016, reduziu os ganhos dos preços em dólar (IPE-Agro/Cepea) da maioria dos produtos exportados pelo agronegócio nacional no início de 2017. Com isso, a perda de atratividade prevaleceu para praticamente todos os produtos exportados pelo agronegócio nacional. As exceções foram o açúcar, as carnes de suínos e o etanol, que tiveram aumento de 13%, 9% e 4%, respectivamente, no mesmo comparativo. Assim, o preço internalizado em Reais (IAT-Agro/Cepea) da maioria dos produtos apresentou variação negativa, com quedas mais expressivas para papel e celulose (21%), milho (16%), madeira (15,8%), frutas (15%), soja em grão (13,7%), farelo de soja (13%), suco de laranja (12,7%) e carne bovina (12,4%). Recuos menos acentuados foram observados para o óleo de soja (10%), as carnes de aves (6%), algodão em pluma (4,5%) e o café (3,2%) (Figura 6). Figura 6 - Índice de Atratividade da Exportação para Produtos Específicos (IAT-Agro/Cepea) variações percentuais referentes a comparações entre os seis primeiros meses de 2017 e o mesmo período de 2016 7
1º SEMESTRE 2016 Destinos das exportações do Agronegócio Brasileiro No primeiro semestre de 2017, a China permaneceu como o principal destino das exportações do agronegócio brasileiro, com participação de quase 33% do total, seguida dos países da Zona do Euro (15,14%) e dos Estados Unidos (6,33%) (Figura 7). A demanda chinesa nesse período continuou concentrada nos produtos do grupo cereais/ leguminosas/oleaginosas, que representou quase 81,1% das compras desse país mais uma vez, o destaque nesse grupo foi a soja em grão. A China foi responsável pela aquisição de 77,63% da oleaginosa exportada pelo Brasil. Quanto aos países que compõem a Zona do Euro, 35,33% da demanda por produtos do agronegócio brasileiro foi concentrada no grupo cereais/leguminosas/oleaginosas, seguido dos grupos: produtos florestais (14,88%), café e estimulantes (15,59%) e frutas (10,97%). Os Estados Unidos demandaram produtos dos grupos: produtos florestais (33,1%), café e estimulantes (17,8%), bovídeos (14,9%), cana e sacarídeas (10,6%) e frutas (8,3%). Figura 7 - Principais destinos das exportações do agronegócio brasileiro (US$ FOB) e as respectivas participações (%) no total exportado pelo agronegócio brasileiro 8 Em relação aos destinos dos principais produtos exportados pelo agronegócio brasileiro, o Irã é responsável por demandar 59,62% do total de milho embarcado pelo Brasil, seguido pelo Vietnã (9,38%) e pela Argélia (7,44%). Os principais destinos dos envios do etanol foram os Estados Unidos, com quase 76% das exportações brasileiras do produto, e a Coreia do Sul (12,67%). No caso do farelo de soja, o destaque em termos de destino das exportações nacionais foi a Holanda, que comprou 21,62% do produto. No caso do óleo de soja, o destaque também foi a China, responsável por quase 38% do total exportado, seguida da Índia, que demandou 30,24% desse produto. Em relação à carne suína, os países que se destacaram foram a Rússia, responsável por 47,12% das exportações desse produto, e Hong Kong, com 17,58%. Já a respeito das carnes de aves, os principais países demandantes foram a Arábia Saudita (16,58%), o Japão (12,7%) e a China (11,28%). Os destinos mais importantes da exportação de açúcar foram a Argélia (9,62%), seguida da Índia (9,59%) e de Bangladesh (9,33%). No caso da carne bo-
1º SEMESTRE 2017 CONCLUSÕES vina, os principais países importadores foram Hong Kong, que demandou 23,5% do total exportado, a China (16,98%) e a Rússia (10,27%). As exportações do agronegócio brasileiro iniciaram 2017 em alta, em termos de faturamento em dólar. Em ano de supersafra nacional, foram os preços em dólar que contribuíram para o resultado positivo do setor, uma vez que o volume agregado caiu quase 6% no primeiro semestre deste ano, mesmo com as vendas externas recordes da soja em grão. O Real se valorizou frente às moedas dos parceiros comerciais mais importantes do País. Com isso, a atratividade das exportações agrícolas se reduziu no primeiro semestre de 2017, assim como a competitividade dos produtos exportados pelo setor no mercado internacional. No primeiro semestre de 2017, só cresceram (em volume) as exportações de soja em grão, óleo de soja, frutas, papel e celulose, açúcar e madeira. Os preços da celulose no mercado internacional, por sua vez, recuaram. Vendas externas mais atrativas foram observadas apenas para açúcar, carne suína e etanol. Para o segundo semestre deste ano, espera-se um ambiente econômico interno mais favorável, o que pode contribuir para que o câmbio se mantenha estável, assim como a atratividade das exportações agrícolas e a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional. Do lado da oferta, após o clima desfavorável em 2016, que provocou perda significativa na safra de grãos, em 2017, as condições climáticas estão melhores e o País deve colher a maior safra de grãos da história. Desse modo, não deve faltar produto para que as exportações continuem crescendo em 2017. No segundo semestre, as atenções e preocupações devem se voltar mais ao desenvolvimento da safra norte-americana e aos possíveis eventos climáticos que possam reduzir a oferta dos produtos agrícolas naquele país. Já do lado da demanda, a disposição dos nossos parceiros comerciais, principalmente dos asiáticos, em adquirir os produtos alimentares, parece se manter firme. 9 EXPEDIENTE COORDENAÇÃO GERAL: Geraldo Sant Ana de Camargo Barros, Ph.D, Pesquisador Chefe/Coordenador Científico do Cepea-Esalq/USP PESQUISADORA DO CEPEA: Andréia Cristina de Oliveira Adami, Dra. EQUIPE TÉCNICA: Thierry Fuger Reis Couto, graduando do curso de Ciências Econômicas CONTATOS: (19) 3429-8836/37 CEPEA - CENTRO DE cepea@usp.br ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP MAIS INFORMAÇÃO: www.cepea.esalq.usp.br