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Transcrição de Entrevista nº 3 E Entrevistador E3 Entrevistado 3 Sexo Feminina Idade 41 anos Área de Formação Engenharia Química Área de Marketing E - Acredita que a educação de uma criança é diferente perante o facto de ser homem/mulher? Mais protecção, brinquedos e brincadeiras diferentes Não acredito Se calhar dou-lhe um bocadinho do meu background de porque é que muitas dessas coisas eu não sinto muito, (hum ) eu sou a terceira filha de quatro irmãos, sendo que os dois mais velhos são rapazes e nós mais novas somos raparigas, portanto somos quatro, dois de cada (hum ) e os meus pais são ambos professores (hum ) do ensino secundário e universitário (hum ) a única coisa que eu acho que eventualmente condiciona, é que se eu olhar somo de facto três, (hum..), um médico e três engenheiros, ou seja, e os meus pais são ambos professores na área de ciência e da área humanística Mas posso dizer que por exemplo (hum) que o meu pai sendo de ciências sempre gostou de escrever, o meu irmão mais velho é médico mas ao mesmo tempo é licenciado e mestre em história, eu tenho ao mesmo tempo um curso de engenharia química como biotecnologia (risos), tenho formação superior de piano e educação musical e na verdade trabalho em marketing, portanto eu não sou a pessoa certa para lhe dizer que acho que a educação condiciona ( ) tenho três filhas e tento não as condicionar (pausa...) Se calhar tive a sorte de ter dois pais que são antes de mais educadores e portanto, se calhar têm preocupações diferentes na forma como precisamente educam e condicionam ou não o crescimento. E - Acredita que o facto de ser mulher criou diferentes expectativas por parte da família ou para o seu futuro profissional? Qual julga ser a razão? Não, acho que não (risos) não, acho que há muitos estereótipos daquilo que é um universo feminino e um universo masculino, (hum) mas também trabalhando eu em comunicação, se calhar trabalhando em comunicação de tecnologia nos anos (hum) no século XXI, portanto o agora, acho que esses estereótipos inclusive estão quase a

inverter-se (hum) e portanto também acho que o que era, já não é, e se calhar já não vai voltar a ser portanto todos esses estereótipos estão um bocadinho em transformação (e, e) e hoje em dia vemos muito mais a comunicação masculina quase com linguagem, que há uns tempos, há umas décadas atrás era utilizada para produtos femininos a (hum) e tipicamente femininos e vemos uma linguagem muito assertiva para aquilo que é uma mulher profissional, bem-sucedida e ao mesmo tempo (hum ) mãe de família portanto acho que há estereótipos que continuam a tentar criar-se mas que serão diferentes inclusive do que já foram. E - Qual foi a motivação para a escolha da profissão? (hum ) portanto uma vez mais não sou exactamente um muito bom exemplo, aquilo que sempre me pautou e o que sempre me (pausa) foi o desejo de continuar a aprender e por isso é que me fez ser engenheira química, e depois fiz uma especialização em biotecnologia, depois comecei a trabalhar em análise financeira, depois mudei para relações públicas e agora trabalho em marketing e em tecnologia, portanto E - Qual foi a reacção da família e amigos? Acho que foi acontecendo de forma natural, acho que não foi uma surpresa só no sentido de (pausa) por personalidade gosto de me deparar com coisas diferentes, que nunca tinha feito antes e portanto eles já têm a expectativa que eu de repente apareça a dizer que vou fazer uma coisa completamente diferente. E - Acredita que o facto de ser homem/mulher condiciona ou pode condicionar a escolha da profissão? Quais as razões na sua opinião? Acho que pode condicionar as oportunidades, as portas que se abrem e a forma como os outros nos vêm, não acho que me tenha até aqui condicionado a título pessoal, mas (mas) acho que essas circunstâncias ainda vão acontecendo. E - Acredita na existência de uma cultura masculina no que refere às tecnologias? Como explica esse facto?

(hum ) eu acho que isso se dilui cada vez mais, portanto acho que até pode ter sido no principio, até se calhar porque há (pausa) enfim um ( ) a tecnologia começou o seu (o seu ) boom de desenvolvimento há duas três décadas atrás e o acesso à formação que há três décadas atrás tinha homens e mulheres do ponto de vista da formação superior era um que é diferente daquele que existe hoje, portanto (hum ) acho que foi natural que nessa altura do boom da tecnologia houvesse algumas condições que levavam a ( ) mas não tenho a certeza se isso hoje ainda é muito válido (hum ) (pausa) mas também não deixo de ter que dizer que nós temos aqui a trabalhar mais homens que mulheres, é verdade (risos). E - Na sua opinião qual a explicação para uma significativa ausência das mulheres no campo da tecnologia? (hum) é um facto, portanto eu estudei num técnico e posso confirmar que à excepção do meu curso (hum ) que devia ter para ai cinquenta por cinquenta entre rapazes e raparigas (hum ) tudo o resto eram cursos (hum ) acima de tudo cursos (hum ) masculinos, talvez tenha a ver com alguns estereótipos do passado, relativamente à tecnologia em particular, eu acho que tem a ver com isso, com (com) uma percepção que se criou no início do mundo da tecnologia, que a tecnologia era (era) geek, portanto era (era, eram) códigos de programação horrorosos escritos a laranja em cima de um ecrã preto, que certamente só homens gostariam de fazer ( ) portanto o mundo da tecnologia hoje em dia é um mundo completamente diferente e aquilo que se (hum ) inclusive as oportunidades de trabalho e profissionais que surgem no mundo da tecnologia são muito diferentes das que surgiram no tempo em que se desenvolvia a tecnologia, hoje em dia um trabalho na área da tecnologia vai muito além de produzir tecnologia é preciso vender tecnologia, é preciso (hum ) saber posicionar o valor da tecnologia, é preciso criar projectos, acima de tudo optimizar processos com tecnologia, portanto (hum) há muitas outras tarefas e (hum ) muitas outras áreas de trabalho na tecnologia para além da produção de tecnologia, acho que é um bocadinho essa diferença que se calhar a sociedade ainda não apreendeu na totalidade. E - Acredita existir algum motivo para que os homens se identifiquem mais com a tecnologia? Quais?

Não sei todos temos um bocadinho o estereótipo que eles gostam de montar e desmontar coisas e portanto gostam dos gadgets e de ler os livros de instruções mas (hum ) mas eu não acho que isso seja necessariamente uma questão masculina ou feminina (pausa) E - Referiu anteriormente que o curso de Engenharia Química apresentava valores idênticos entre homens e mulheres, no entanto, estando num técnico e no que refere a outros cursos, notou a existência de uma imagem masculinizada? Acredita que a visão mais técnica da tecnologia pode desmotivar a entrada das mulheres na tecnologia? Sim Confesso que nunca tinha pensado exactamente qual é razão que leva a que assim seja, de facto tem muito a ver o estereótipo criado de que tudo o que é, e posso lhe dar como exemplo, eu fui durante uns anos monitora do técnico e não era monitora no curso de química, era monitora do curso, precisamente de electrotécnica, mecânica e de minas e materiais e por exemplo em mecânica já havia imensas raparigas, portanto (hum ) eu acho que de facto a electrónica, a informática, foram muito, durante muito tempo estereotipadas pelo código de programação e que fazer tecnologia é fazer programação e de facto, tal como há muitos homens que não gostam também haverá muitas mulheres que não lhe acham graça nenhuma E - Acredita que os homens sentem a sua identidade afectada pela entrada das mulheres no mundo tecnológico? De que forma? E porquê? Eu não tenho a mínima dúvida (risos), aliás como lhe disse, acho que esses estereótipos estão quase a inverter-se. E - Acha que os homens se sentem incomodados com a presença feminina, num mundo que é à partida considerado masculino? Acho que há muitas situações em que, e principalmente muitos ambientes, que eram tipicamente muito masculinos onde se perde um bocadinho o jeito, o não saber muito bem como reagir na presença de uma mulher, não acho que seja porque ficam nem intimidados, nem por têm medo, nem porque têm receio, mas porque, de repente há um corpo estranho que eventualmente não usa a mesma linguagem verbal, não usa a

mesma linguagem física e portanto há alguns cuidados que se calhar ( ) e portanto acho que se estranha mais do que se receia eu pelo menos não tenho experiência nenhuma de puder dizer que têm receio (hum) acho que às vezes ficam sem jeito, sem saber muito bem como lidar. E - Como caracteriza a atmosfera no departamento laboral? Existe colaboração? Ou é um espaço muito competitivo? Como caracterizaria a relação entre homens e mulheres? É um clima tão competitivo como seria se fossem só mulheres, ou como se fossem só homens. E - Prefere trabalhar com homens ou mulheres? Porquê? Eu gosto muito de trabalhar com homens (risos), mesmo muito, porque acho que os homens são muito menos complicados de trabalhar do que as mulheres (hum ) embora trabalhe com muitas mulheres e tenha sempre trabalhado com muitas mulheres e tenho três filhas e portanto ( ) mas acho que a forma de (hum ) de pensar, trabalhar e falar dos homens é tipicamente mais prática, mais pragmática (hum ) simples e as mulheres têm claramente uma estrutura mental mais complexa, portanto mais elaboração, o que às vezes dificulta na forma de trabalhar, mas também às vezes se torna mais rica, portanto E - Qual acredita ser a perspectiva da empresa relativamente ao trabalho masculino e feminino? Existe alguma política que promova a Igualdade de Género? Se sim, qual? Existem uma preocupação relativamente à diversidade (hum ) não trabalho na área de recursos humanos não posso dizer E - Alguma vez se sentiu favorecida ou lesada no contexto profissional por ser mulher? Não. E - Acredita existir mais barreiras/ser mais difícil a progressão de carreira das mulheres? Como explica na sua perspectiva este facto?

Eu acho que não existe, hoje em dia, ou pelo menos nas organizações por onde eu tenho passado não sinto que exista ao nível da organização nem daquilo que são as regras que a organização estipula... a directora geral da empresa era uma mulher (hum) e há mais do que uma directora, a directora de recursos humanos é uma mulher, a directora financeira é uma mulher, a directora da área de consumo é uma mulher, portanto (hum) e nas outras organizações onde passei nunca (hum ) nunca senti de forma alguma essa barreira acho que pode haver é cedências na vida pessoal e profissional que as mulheres fazem de forma diferente dos homens mas pela sua vida pessoal e não pela sua vida profissional. E - No que refere ao espaço doméstico existe simetria nas tarefas domésticas? Está a perguntar o que eu acho no geral ou na minha vida em particular? E - Na vida pessoal Existe alguma diria, na totalidade (risos) E - Sente pressão para conciliar com igual dedicação o espaço doméstico e o profissional? E qualquer pessoa que lhe resposta que não, está a mentir porque como é óbvio nos somos só uma pessoa e temos duas vidas e todos os dias temos de gerir o equilíbrio, há uns em que trabalhamos mais e temos menos tempo para nós e há outros em que só temos para nós e não trabalhamos, portanto E - Alguma vez sentiu que o trabalho interferiu com planos pessoais ou familiares? De que forma? E no que refere ao tempo despendido com o espaço doméstico, prejudica a progressão e dedicação à carreira? Acho que isso acontecesse apenas se a pessoa fizer a escolha pessoal de que assim aconteça, mas não porque a organização assim o imponha. E - No que refere à assimetria entre homens e mulheres no campo da tecnologia, acredita que é possível a mudança?

Não tenho a mínima dúvida, até porque (hum ) as estatísticas provam que as mulheres têm hoje em dia (hum ) tendo igual acesso à educação têm tipicamente mais sucesso na forma como completam a formação e nas suas competências, portanto eu acho que uma vez dada igual oportunidade de acesso àquilo que é a base da carreira profissional que é a formação curricular (hum ) acho que daqui a uma década ou duas teremos o inverso, se calhar vamos ter aí empresas a lutar pelas cotas masculinas, seja isso na tecnologia ou em qualquer outra coisa. E - Apresenta alguma sugestão e ideias que promovam a igualdade de género no campo tecnológico? Eu acho que o que acontece é o que lhe dizia a pouco, que as pessoas ainda associam a área da tecnologia à programação e vai um mundo inteiro entre a programação e a tecnologia, aliás (se) se se fizéssemos uma distribuição estatística dos profissionais de tecnologia entre os que fazem desenvolvimento, investigação, programação portanto tecnologia pura, hoje em dia já tem uma distribuição quase equivale (hum ) equivalente da industria química, que é sim, continua a haver imensa gente que a única coisa que faz é investigação, programação e desenvolvimento de produtos químicos, mas depois há uma parafernália de posições e (de, de) de necessidades de carreira que rodam à volta daquilo que esses produzem e eu acho que o que falta é dar visibilidade a tudo isso que acontece à volta da tecnologia, para que haja uma maior percepção que a tecnologia não é só programar, a tecnologia é muito mais que isso e nesse momento terá mais, se calhar mais mulheres e se calhar também outros homens que hoje não se interessam pela tecnologia e passarão a interessar-se. As pessoas fazem hoje em dia uma utilização tal da tecnologia na sua vida que é por isso, na minha opinião, que mais e mais vão perceber que a tecnologia não é só o bit e o byte (risos) que acho que é onde ainda muita gente está. Agradeço a disponibilidade!