DEFINIÇÃO DE PRIORIDADES NA GESTÃO DA TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO 1

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Transcrição:

DEFINIÇÃO DE PRIORIDADES NA GESTÃO DA TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO 1 Ebert, L. C. 2 Silva Ferrer, P. G 3. Schlosser, J.F 4. 1 Trabalho de Pesquisa _UFSM 2 Curso de Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 3 Doutorado em Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 4 Professor Titular do Departamento de Engenharia Rural da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil E-mail: leandroebert@yahoo.com.br, psilvaferrer@gmail.com, josefernandoschlosser@gmail.com RESUMO As deficiências de planejamento da aplicação de agrotóxicos pode a tornar insustentável, aumentando o potencial de risco ambiental e diminuindo o retorno econômico dos tratamentos. Devido à grande complexidade dos fatores que influenciam o estudo da eficiência da tecnologia de aplicação, torna-se relevante a identificação dos fatores considerados prioridades em tecnologia de aplicação. Este trabalho objetivou definir as prioridades em gestão da tecnologia de aplicação. Uma enquete foi proposta a uma 52 produtores rurais da Região Quarta Colônia da Imigração italiana do Rio Grande do Sul. Foi aplicada a metodologia de matriz de Mudge para determinar o grau de importância dos fatores identificados na enquete. Após, os fatores foram ordenados, definindo as prioridades na gestão da tecnologia de aplicação. As variáveis relacionadas com aspectos operacionais dos pulverizadores demonstraram ordem intermediária de prioridade, menor do que os aspectos ambientais e de saúde, porém, superiores aos fatores de avaliação e eficiência. Palavras-chave: Fatores de Influência, aplicação de agrotóxicos, mecanização agrícola. 1. INTRODUÇÃO Os agrotóxicos, embora desempenhem papel de fundamental importância dentro do sistema de produção agrícola vigente, têm sido alvo de crescente preocupação por parte dos diversos segmentos da sociedade em virtude de seu potencial de risco ambiental (Barcellos et al., 1998). A evolução da agricultura ocorreu de forma a depender quase exclusivamente da aplicação de agrotóxicos para proteção das culturas, tendo em vista que são valorizados pela sua uniforme e rápida eficiência, facilidade de aplicação e transporte, e ainda, vida relativamente longa. Por definição, a tecnologia de aplicação não se resume ao ato de aplicar o produto, mas envolve também a interação de fatores, que buscam a máxima eficiência dos 1

tratamentos, economicidade, eficiência operacional, adequação de máquinas, menor contaminação ambiental e segurança do operador (MATTHEWS,1992). O objetivo da tecnologia de aplicação é colocar a quantidade certa de ingrediente ativo no alvo desejado, com a máxima eficiência e da maneira mais econômica possível, sem afetar o ambiente (Durigan, 1989). As máquinas de aplicação, por sua vez, são responsáveis por regular a forma e a distribuição de produto fitossanitário e, portanto, sua eficácia e riscos de contaminações. Estima-se que grande parte das falhas ocorridas durante as aplicações fitossanitárias podem estar associadas à falta de manutenção do equipamento ou a erros de regulagens e de calibração do maquinário utilizado, o que compromete o adequado desempenho destas máquinas e a eficiência da aplicação. Associado a esses fatores, o incorreto ou ausente planejamento da operação de aplicação de agrotóxicos pode tornar a aplicação insustentável, aumentando o potencial de risco ambiental e diminuindo o retorno econômico dos tratamentos. Geralmente, em casos envolvendo a eficácia da aplicação, a responsabilidade é dada ao produto (defensivo). Entretanto, ela pode estar no mau uso dos equipamentos de pulverização, que culmina em uma pulverização ineficiente e que irá apenas aumentar o custo da produção, sem benefício no controle de pragas, doenças e plantas infestantes. (Alvarenga 2010). Devido à grande complexidade de fatores que influenciam o estudo da eficiência e da eficácia da tecnologia de aplicação, torna-se relevante a identificação dos fatores considerados prioridades em tecnologia de aplicação de agrotóxicos no controle de pragas. Nesse contexto, uma definição do grau de importância dos fatores de influência pode auxiliar e trazer benefícios e/ou limitações no planejamento e gestão de pragas nas culturas, estabelecendo, critérios e variáveis fundamentais a considerar para uma tomada de decisão em controle fitossanitário. O objetivo desse trabalho foi definir as prioridades consideradas na gestão da tecnologia de aplicação de agrotóxicos nas propriedades agrícolas, determinando os fatores de influência e ordenando-os, de acordo com o respectivo nível de importância no uso das tecnologias de aplicação. 2. METODOLOGIA Este trabalho foi realizado no Núcleo de Ensaio de Máquinas Agrícolas (Nema) da Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, estando inserido em um projeto de Doutorado em Engenharia Agrícola, denominado Sistema de Apoio à Decisão em Tecnologia de Aplicação de Precisão (SISD-TAP) para a otimização da gestão de pragas 2

nas culturas. Os dados foram coletados a partir do trabalho da dissertação de mestrado de Casali (2012), onde uma enquete foi proposta a uma amostragem de 52 produtores rurais da Região Quarta Colônia da Imigração italiana do Rio Grande do Sul. Visando caracterizar a gestão agrícola das aplicações de agrotóxicos utilizada por esses agricultores nos últimos anos em relação à adoção e utilização de diferentes técnicas aplicação de defensivos agrícolas nas propriedades, foram estudadas dez questões de múltipla escolha propostas aos agricultores. Os temas abordados nas questões da enquete constam na tabela 1: Tabela 1: Fatores de influência em tecnologia de aplicação Fator 1. Freqüência da Inspeção 2. Calibração do pulverizador 3. Uso do manômetro 4. Procedimento de Regulagem 5. Seleção do volume aplicado 6. Recomendação do defensivo 7. Seleção dos Bicos 8. Danos ao ambiente 9. Riscos à Saúde/pessoas 10. Avaliação da Eficiência A cada escolha de resposta pelos agricultores foi atribuído um valor, sendo para a resposta ideal o valor 5, para uma resposta medianamente aceitável, 3 e para uma resposta não adequada o valor 1. Em seguida, foi efetuado o somatório do valor das respostas de acordo com a divisão de fatores, o que resultou num total de valor para cada um dos dez fatores, utilizado para comparação entre eles na metodologia de matriz de Mudge. Foi aplicada a metodologia de matriz de Mudge (Csillag, 1995; Bonin de Mello, 2005 e Machado dos Santos et al, 2008), para efetuar uma análise numérica funcional e comparar distintos fatores, em pares, de acordo com o grau de importância que um apresenta em relação ao outro. Após, de acordo com o grau de importância obtido no diagrama, os fatores foram ordenados por grau de importância, definindo as prioridades na gestão da tecnologia de aplicação de agrotóxicos nas propriedades agrícolas. 3

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES As culturas exploradas pelos agricultores entrevistados consistiam basicamente em soja e arroz, com algumas explorações de milho e pastagem, em áreas de 12 até 2000 hectares, sendo que a maioria obtinha áreas em torno de 100 hectares. A tabela 2 apresenta o Diagrama de Mudge, que relaciona a influência dos fatores e o grau de importância destes em tecnologia de aplicação. As letras A, B e C representam respectivamente: mais importante que; medianamente mais importante que; menos importante que, sendo atribuídas a partir do somatório dos valores das respostas. Tabela 2: Diagrama de Mudge Fatores de Influência em Tecnologia de aplicação Fatores 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Soma % Rel. 1. Freqüência Inspeção 2B 1B 4A 5A 1C 1B 8A 9A 1B 9 6,87 2. Calibração pulverizador 2B 2B 5A 2B 2B 8A 9A 2C 19 14,50 3. Uso do manômetro 4A 5A 6A 3B 3C 9A 10A 14 10,69 4. Proced.de Regulagem 4B 4C 7B 8B 9B 4B 7 5,34 5. Seleção vol. aplicado 5C 7B 7C 7C 10B 16 12,21 6. Recomend. defensivo 7B 8A 9A 6B 8 6,11 7. Seleção doas Pontas 8A 8A 7B 12 9,16 8. Danos ao ambiente 8A 10A 28 21,37 9. Riscos Saúde/pessoas 10A 23 17,56 10. Avaliação da eficiência 18 13,74 A partir do diagrama, podem-se identificar as prioridades consideradas na gestão da tecnologia de aplicação, enumeradas em ordem de prioridade conforme a tabela 3. Tabela 3: Ordem de prioridade dos fatores de influência em tecnologia de aplicação Ordem de prioridade Fator % 1º Danos ao ambiente 21,37 2º Riscos à Saude/pessoas 17,56 3º Calibração do pulverizador 14,5 4º Avaliação da Eficiência 13,74 5º Selecão do volume aplicado 12,21 6º Uso do manômetro 10,69 7º Seleção das Pontas 9,16 8º Freqüência da Inspeção 6,87 9º Recomendacao do defensivo 6,11 10º Procedimento de Regulagem 5,34 4

Segundo a ANDEF (2010) quando se pensa em pulverização, deve-se ter em mente que fatores como o alvo a ser atingido, as características do produto utilizado, a máquina, o momento da aplicação e as condições ambientais não estarão agindo de forma isolada. A interação destes fatores é a responsável direta pela eficácia ou ineficácia do controle. Qualquer uma destas interações que for desconsiderada, ou equacionada de forma errônea, poderá ser a responsável pelo insucesso da operação. Os fatores relacionados que obtiveram o maior grau em importância de acordo com a matriz de Mudge, podendo ser considerados os dois primeiros em ordem de em tecnologia de aplicação, foram Danos ao ambiente e Riscos à Saúde/pessoas, respectivamente. Este resultado sugere que os agricultores da Quarta Colônia estão conscientizados quanto aos impactos da atividade de aplicação de agrotóxicos no ambiente e priorizam este fator em tecnologia de aplicação, assim como os efeitos indesejados para a saúde deles e dos demais envolvidos nas aplicações. De acordo com Dornelles (2008) as aplicações até podem produzir o efeito desejado, porém, de forma ineficiente, porque não se utilizou a melhor técnica ou devido à calibração insuficiente das máquinas Nesse sentido, foram consistentes as respostas dos produtores ao refletir como terceiro em ordem de prioridade o grau de importância atribuído à Calibração do pulverizador, sugerindo que na gestão de pragas é realizada alguma forma de planejamento, bem como, realizando ações para assegurar uma aplicação com um nível aceitável de segurança. Quanto ao fator Avaliação da Eficiência, apesar de ficar colocado como o quarto em ordem de prioridade, através das respostas do questionário pode-se observar que, quando efetuada a verificação da aplicação, na maioria dos casos, consistia apenas em constatação da eliminação do alvo, não sendo efetuada a contagem de número de gotas por área, que seria a recomendação de avaliação, havendo portanto, falhas nesse processo. A Selecão do volume aplicado foi definida como a quinta em ordem de prioridade através do estudo. Conforme a ANDEF (2010) o volume de pulverização a ser utilizado será sempre consequência da aplicação eficaz e nunca uma condição pré-estabelecida, pois depende de fatores tais como: o alvo desejado, o tipo de ponta utilizado, as condições climáticas, a arquitetura da planta e o tipo de produto a ser aplicado. Sendo assim, este fator deveria ser considerado de importante análise, entretanto, deve ser objetivado através dos demais fatores que compõe a aplicação. O fator Uso do manômetro que, segundo Dornelles (2008), é considerado uma das partes mais importantes dos pulverizadores e permite que a calibração final seja efetuada,foi listado apenas como o sexto em ordem de prioridade através deste questionário. Esta baixa atenção dada aos manômetros confirma o segundo lugar em reprovação, quando este mesmo autor realizou as inspeções técnicas de pulverizadores no Rio Grande do Sul. 5

O fator Seleção das Pontas foi colocado como apenas o sétimo em ordem de prioridade em tecnologia de aplicação. A ponta é o principal componente do pulverizador sendo responsável pela vazão, distribuição da calda e pela formação de gotas (COUTINHO & CORDEIRO, 2003), a distribuição de tamanho de gotas produzidas por pontas de pulverização precisam ser conhecidas para orientar os ajustes na aplicação em relação à deposição de cobertura e deriva e, consequentemente, a eficiência e eficácia dos os controles, sendo fundamental este fator na gestão de pragas, o que não foi verificado com o resultado do trabalho. Quanto à Freqüência da Inspeção, observou-se uma baixa adequação dos produtores, sendo atribuído um menor grau de importância e consequente tomando como o oitavo em prioridade em tecnologia de aplicação. Este panorama é preocupante, pois a baixa frequência de revisão do pulverizador, e consequente deficiência em manutenção do mesmo, podem comprometer a eficácia da aplicação e aumentar os riscos ambientais. Segundo Gil (2007), a inspeção periódica de pulverizadores é uma importante ferramenta para melhorar a tecnologia de aplicação de defensivos. A Recomendação do defensivo ficou com a penúltima colocação em ordem de prioridade no trabalho. Atualmente, com maior preocupação quanto à contaminação do ambiente com herbicidas e outros defensivos, torna-se essencial a tomada de decisão embasada em recomendações técnicas seguidas do acompanhamento e monitoramento das operações de pulverização. (SHIRATSUCCHI & FONTES, 2002). Nesse contexto, fica reforçada a baixa adequação dos produtores da região nesse fator. Conforme a ANDEF (2010) é muito comum os aplicadores ignorarem a regulagem e realizarem apenas a calibração, o que pode provocar perdas significativas de tempo e de produto. Situação encontrada através deste trabalho, onde o Procedimento de Regulagem foi relacionado como a última prioridade em tecnologia de aplicação. Situação que é previsível de acontecer devido à deficiente formação e instrução dos produtores neste aspeto técnico, além das falhas ou insuficiência de programas de extensão agrícola na área de conhecimento específica à tecnologia de aplicação. Pode se afirmar que na opinião dos produtores, os aspectos operacionais são considerados relevantes para a otimização das aplicações. Todavia, a maior preocupação ocorre com os problemas de contaminação e exposição aos defensivos utilizados na atividade. 5. CONCLUSÕES O estudo possibilitou definir as prioridades consideradas na gestão da tecnologia de aplicação de agrotóxicos nas propriedades agrícolas, determinando os fatores: Danos ao ambiente ; Riscos à Saúde/pessoas ; Calibração do pulverizador ; Avaliação da 6

eficiência ; Seleção do volume aplicado ; Uso do manômetro ; Seleção das Pontas ; Freqüência da Inspeção ; Recomendação do defensivo e Procedimento de Regulagem, neste ordem de prioridade. As variáveis relacionadas com aspectos operacionais dos pulverizadores demonstraram ordem intermediária de prioridade em gestão da tecnologia de aplicação de agrotóxicos nas propriedades agrícolas, menor do que os aspectos ambientais e de saúde, porém, superiores aos fatores agrupados à avaliação e à eficiência. Nesse contexto é possível concluir que a ordenação e a definição dos fatores de influência permite caracterizar a gestão agrícola da tecnologia de aplicação de agrotóxicos e, desta forma, auxilia no planejamento da gestão de pragas nas culturas, identificando os pontos críticos e estabelecendo critérios e variáveis fundamentais a considerar para uma tomada de decisão visando o adequado desempenho e a eficiência e sustentabilidade da aplicação. REFERÊNCIAS ALVARENGA, C. B. de; CUNHA, J. P. A. R. da. Aspectos qualitativos da avaliação de pulverizadores hidráulicos de barra na região de Uberlândia, Minas Gerais. Engenharia Agrícola, Jun 2010, vol.30, no.3, p.555-562. ANDEF. Manual de tecnologia de aplicação/andef - Associação Nacional de Defesa Vegetal. -- Campinas. São Paulo: Linea Creativa, 2004. BARCELLOS, L. C.; CARVALHO, Y. C.; SILVA, A. L. Estudo sobre a penetração de gotas de pulverização no dossel da cultura da soja [Glycine max (L.) Merrill]. Eng. Agric., v. 6, n. 2, p. 81-94, 1998. BONIN DE MELLO, J. A. 2005. Uma metodologia para engenharia de requisitos para pequenas equipes de desenvolvimento de software. Rev. Ciências Empresariais da UNIPAR, Toledo, v.6, n.1, jan./jun. CASALI, A. L. Atendimento à NR-31 em propriedades rurais e acompanhamento das condições de uso das máquinas agrícolas utilizadas nos processos de pulverização na região central do estado do Rio grande do Sul. Santa Maria. 2012. 139p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola / Mecanização Agrícola) - Centro de Ciências Rurais, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2012. COUTINHO, P; CORDEIRO, C. M. A ponta de pulverização: cuidados na escolha. In: Encontro Técnico. Tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas. COOPAVEL/COODETEC/BAYER. Crop Science. Cascavel, 2003, 122 p. CSILLAG, J.M. Análise do valor. 4.ed. São Paulo: Atlas, 1995. 357p. DORNELLES, M. E. de C. Inspeção Técnica de Pulverizadores Agrícolas no Estado do Rio Grande do Sul, 2008. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) Universidade Federal de Santa 7

Maria, Santa Maria, 2008. DURIGAN, J. C. Comportamento de herbicidas no ambiente. In: Seminário técnico sobre plantas daninhas e o uso de herbicidas em reflorestamento, 1989, Rio de Janeiro. Anais. Rio de Janeiro: SBS/ABRACAV/SIF, 1989. GIL, E. Inspection of sprayers in use: a European sustainable strategy to reduce pesticide use in fruit crops. Applied Engineering in Agriculture, St. Joseph, v.23, n.1, p.49-56, 2007. MACHADO DOS SANTOS, P., SCHLOSSER, J. F., ROMANO, L. N., ROZIN, D., TURATTI,J. da C., WITTER, M. 2008. Prioridades de requisitos para projeto de postos de operação de tratores quanto à ergonomia e segurança. Pesquisa agropecuária brasileira. Brasília, v.43, n.7, p.869-877, jul. MATTHEWS, G. A. Pesticide application methods. 2nd ed. London: Longman, 1992. 405 p. SHIRATSUCCHI, L. S.; FONTES, J. R. A. Tecnologia de Aplicação de Herbicidas. EMBRAPA Cerrados. Documentos, Planaltina, 2002. 8