VIVÊNCIA DO GRADUANDO DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE DE INTERNAÇÃO CLÍNICA CIRÚRGICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

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Transcrição:

VIVÊNCIA DO GRADUANDO DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE DE INTERNAÇÃO CLÍNICA CIRÚRGICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA Bruna, Sodré Simon 1 ; Crhis, de Brum Netto 2 ; Helena, Carolina Noal 3 ; Raquel, Pötter Garcia 4 ; Maria Denise, Schimith 5 ; Stefanie, Griebeler Oliveira 6 ; Maria de Lourdes, Denardin Budó 7 ; Simone, Wünsch 8 RESUMO A assistência de enfermagem perioperatória deve envolver o enfermeiro, indivíduo e sua família, necessitando de um levantamento de dados e avaliação integral do paciente. Nesse sentido, é preciso construir um processo sistemático e planejado, para estabelecer ações que melhor se adaptem à realidade. Trata-se de um relato de experiência, realizado em uma Unidade de Internação Clínica Cirúrgica, de um Hospital Universitário, por um graduando em Enfermagem, oportunizada pelo Programa de Formação Complementar em Enfermagem. Nas vivências, observou-se a necessidade do enfermeiro atuar em equipe e realizar uma assistência individualizada, no intuito de desenvolver um cuidado humanizado e que atenda às necessidades dos usuários. Identificou-se também que a educação em saúde deve englobar o período perioperatório. Sendo assim, as atividades possibilitaram que o graduando desempenhasse ações de sua futura profissão, de maneira crítica-reflexiva perante o cotidiano, permitiu a interação com os profissionais, além do melhor conhecimento acerca da atuação da enfermagem. Descritores: Enfermagem Perioperatória; Educação em Saúde; Cuidados de Enfermagem INTRODUÇÃO A assistência de enfermagem perioperatória deve envolver o profissional enfermeiro, o indivíduo e sua família, necessitando de um levantamento de dados e avaliação integral e constante do paciente. Devido a isso, torna-se necessária a construção de um processo sistemático e planejado, no qual ocorra a educação para e com o indivíduo 1, a fim de estabelecer ações que melhor se adéqüem as suas características. Essa assistência tem início com a visita de enfermagem pré-operatória, na 1Apresentador. Acadêmica do sétimo semestre do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem. Bolsista do Fundo de Incentivo à Pesquisa (FIPE)/UFSM 2010. E-mail: bru.simon@hotmail.com 2 Orientador. Enfermeira. Especialista em Saúde Coletiva. Profª Substituta do Departamento de Enfermagem. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado à Saúde das Pessoas, Famílias e Sociedade. E-mail: crhisdebrum@hotmail.com 3 Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Hospital Universitário de Santa Maria. Membro do Grupo de Pesquisa: Cuidado à Saúde das Pessoas, Famílias e Sociedade da UFSM. E-mail: hcn2@pop.com.br 4 Acadêmica do oitavo semestre do Curso de Enfermagem da UFSM. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem. Bolsista do Fundo de Incentivo à Pesquisa (FIPE)/UFSM 2010. E-mail: raquelpotter_@hotmail.com 5 Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Profª Assistente do Dep. de Enfermagem da UFSM. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem. E-mail: ma.denise@yahoo.com.br 6 Enfermeira. Especialista em Saúde Pública e em Acupuntura. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem/UFSM. Profª Substituta do Departamento de Enfermagem. Membro dos Grupos de Pesquisas Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Saúde (NEIS) e do Cuidado, Saúde e Enfermagem/UFSM. E-mail: stefaniegriebeler@yahoo.com.br 7 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Profª Adjunto do Dep. de Enfermagem e do PPGEnf (Mestrado) da UFSM. Vice-Coordenadora do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem. E-mail: lourdesdenardin@gmail.com 8 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem/UFSM. Enfermeira em Saúde Pública. Membro do grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem/UFSM. E-mail: simone.wunsch@gmail.com 1

qual o enfermeiro deve considerar que o indivíduo que necessita de seus cuidados tem uma história de vida e um contexto sociocultural e familiar que o envolve. Assim, para que esse contexto seja conhecido pelo profissional, se faz necessário o estabelecimento de uma comunicação em que seja possível a criação de vínculo e confiabilidade entre profissional-indivíduo-família 2. A visita de enfermagem sistematizada auxilia na identificação de fatores que poderão interferir no processo de hospitalização e enfrentamento de um procedimento anestésico cirúrgico 1. Nesse sentido, a comunicação é fundamental para que ocorra uma interação entre o indivíduo e profissional, proporcionando troca de experiências e conhecimentos entre eles para que assim seja instituída uma assistência de enfermagem humanizada. Sendo assim, é possível por meio do diálogo e observação, realizar o levantamento de dados ou informações, que venham a colaborar na elaboração da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e, posteriormente, no planejamento de ações mais específicas e de acordo com as necessidades do indivíduo. A implementação da SAE necessita ocorrer de maneira individualizada, planejada e contínua, pois tem por princípios possibilitar uma assistência mais organizada na qual caracterize o indivíduo como um ser singular, e envolvendo todas suas necessidades do período perioperatório 3. Nesse sentido, o papel do enfermeiro em uma Unidade de Internação Clínica Cirúrgica (UICC), caracteriza-se por ser complexo devido à necessidade de interligar as ações da equipe de enfermagem, atentar para as necessidades da unidade por meio de funções administrativas e gerenciais e também buscar a elaboração de uma assistência individualizada e de qualidade para cada indivíduo 4. Assim, esse estudo tem por objetivo relatar as vivências acadêmicas de um projeto de extensão desenvolvido em uma Unidade de Internação Clínica Cirúrgica. METODOLOGIA Trata-se de um relato de experiência, o qual foi realizado em uma Unidade de Internação Clínica Cirúrgica, de um Hospital Universitário situado no Sul do país, por um graduando do quinto semestre do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Esta atividade foi oportunizada por meio do Programa de Formação Complementar em Enfermagem (PROFCEN), o qual proporciona aos futuros enfermeiros vivenciar a realidade de diversos serviços de saúde, possibilitando a atuação na área da gestão e da assistência. Além disso, o PROFCEN tem por principal objetivo ofertar vivências aos graduandos no intuito de promover competências e desenvolver habilidades técnicas, científicas, éticas, políticas, sociais e educativas do profissional enfermeiro, por meio da troca de experiências entre ensino e serviços de saúde 5. As atividades desenvolvidas tiveram a supervisão de uma professora do curso de enfermagem, e de uma enfermeira assistencial da UICC. As atividades foram realizadas no período de outubro a dezembro de 2009, perfazendo um total de 93 horas. RESULTADOS E DISCUSSÕES Durante as vivências, foi possível acompanhar e desenvolver ações pertinentes às enfermeiras da unidade, desde a admissão do indivíduo, sua preparação para o procedimento anestésico cirúrgico, encaminhamento para o centro cirúrgico, retorno à unidade após a cirurgia, até o preparo para a alta hospitalar. Além disso, foi possível desempenhar o papel gerencial e administrativo do enfermeiro; exemplo: no início de cada manhã eram identificadas as prioridades da unidade, favorecendo uma melhor organização das atividades a serem desempenhadas. Dessa forma, ressalta-se que as ações gerenciais de enfermagem são utilizadas como alternativa de efetivação das políticas de saúde, o que contribui na formulação de um modelo assistencial condizente com as premissas da profissão, além de ações pautadas na multidimensionalidade do cuidado 6. A elaboração da sistematização da assistência de enfermagem foi outro objetivo 2

das vivências, possibilitando uma maior interação e vínculo com os indivíduos, pois o graduando mantinha uma comunicação a fim de identificar as necessidades desses indivíduos e elaborar uma prescrição de enfermagem integral, individualizada e coerente com seus anseios. Esse diálogo com os indivíduos permitiu desenvolver a habilidade da comunicação, além da troca de experiências e saberes com o outro. No decorrer das atividades foi possível também estudar e conhecer patologias até então não conhecidas e muitas vezes de pouca incidência, como por exemplo, a Síndrome de Raynaud. Tal síndrome caracteriza-se por ser a compressão das arteríolas, e pode ocasionar necrose da área afetada, tendo como causa o estresse emocional e a hipersensibilidade à temperatura baixa 7. O acompanhamento da enfermeira juntamente com a equipe médica durante o processo de reanimação em uma parada cardiorespiratória (PCR), foi outra vivencia oportunizada. Durante esse processo, observou-se a relevância da realização de um trabalho em equipe, o qual englobou médicos, residentes de medicina, enfermeiros e técnicos de enfermagem. Para tanto, a assistência ao paciente em PCR mobiliza as equipes médicas e de enfermagem, exigindo que cada um dos envolvidos realize suas competências de maneira rápida e organizada, de modo que a ação coletiva vise salvar a vida do indivíduo 8. Nessa UICC existe ainda uma diversidade de curativos, como os curativos em feridas operatórias, em úlceras por pressão, inserções de drenos, úlceras venosas e arteriais, cateter venoso central. A realização de tais curativos possibilitou o aprimoramento das habilidades técnicas, e o aprendizado para avaliação das variadas lesões de pele que um indivíduo pode apresentar. Dessa forma, as vivências, proporcionaram ao graduando associação entre a teoria e a prática, uma vez que foi necessária a busca de referenciais teóricos que embasassem as ações. Durante todo o período, buscou-se realizar práticas de educação em saúde com os indivíduos que estavam internados, porém a ênfase foi aos ostomizados, devido a grande demanda na unidade. Neste contexto, o processo de educação em saúde ao ostomizado deve iniciar desde o período pré-operatório, em que a enfermeira estabelece um vínculo com o indivíduo e sua família, o orienta quanto à realização e a importância do procedimento anestésico cirúrgico. Já no pós-operatório, o processo de ensinoaprendizagem se relaciona com o autocuidado da pele ao redor do ostoma, troca da bolsa e alimentação, além disso, a auto-imagem e a reinserção deste em seu contexto social e familiar também são abordadas 9. Ressalta-se, que durante as vivências, presenciou-se a morte de alguns indivíduos. Sabe-se que a morte é um acontecimento biológico que acomete o final da vida; e tal temática poderá causar desconforto e sentimento de impotência entre os profissionais de saúde, uma vez que esses possuem sua formação fundamentada na manutenção da vida e não no seu fim 10. Frente a tal acontecimento, executou-se o a assistência de enfermagem diante do óbito do indivíduo, após acompanhou-se a enfermeira na elaboração do preenchimento do formulário de enfermagem, o qual é encaminhado juntamente com o atestado médico. Diante disso, sentimentos como insegurança, despreparo emocional e psicológico, permeou esse momento, evidenciando a falta de uma abordagem mais ampla sobre o processo de morte e morrer durante os semestres da graduação. Estudos informam que o primeiro profissional a enfrentar o processo morte e morrer é o enfermeiro; e que mesmo a morte sendo um acontecimento que faz parte do seu cotidiano de serviço, muitos desejam que isso não aconteça em seu turno de trabalho; além disso, relatam que toda a equipe de enfermagem sofre com a morte de um indivíduo da unidade, porém tal sofrimento tende a ser disfarçado pela execução das rotinas de trabalho 10. Perante o exposto, a atuação do enfermeiro em uma unidade de internação demanda habilidades técnicas, científicas e éticas, as quais foram possíveis à identificação nesta UICC, uma vez que o graduando acompanhou uma das enfermeiras e pode executar algumas tarefas inerentes a profissão durante o período das vivências. 3

CONSIDERAÇÕES FINAIS Observou-se a necessidade do enfermeiro atuar em equipe e realizar uma assistência individualizada aos indivíduos, a fim de desenvolver um cuidado mais humanizado e que atenda às necessidades conforme o contexto no qual estão inseridos. Identificou-se que a educação em saúde deve englobar o período perioperatório, sendo no pré-operatório ofertado informações ao indivíduo e seus familiares sobre o procedimento, a fim de transmitir segurança e tranquizá-los; já no pós-operatório desenvolver orientações para uma melhor recuperação e reabilitação do indivíduo e preparação para a alta hospitalar. Portanto, as vivências oportunizaram que o graduando desempenhasse ações de sua futura profissão, de maneira a ter uma atuação críticareflexiva perante a realidade encontrada. Ainda, foi possível relacionar a teoria abordada em aula com a prática diária da unidade, permitindo a interação com os demais profissionais da UICC, além do melhor conhecimento acerca da atuação da enfermagem na assistência perioperatória. REFERÊNCIAS 1- SMELTZER S. C.; BARE B. G. Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. Rio de Janeiro. Ed. Guanabara Koogan, 2005. 2- SILVA W. V.; NAKATA S. Comunicação: uma necessidade percebida no período préoperatório de pacientes cirúrgicos. Rev Bras Enferm. 58(6):673-6; nov-dez 2005. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s003471672005000600008&script=sci_abstract &tlng=pt> Acesso em:19 mai. 2010. 3- PICCOLI M.; GALVÃO C. M. Enfermagem perioperatória: identificação do diagnóstico de enfermagem risco para infecção fundamentada no modelo conceitual de Levine. Rev Latino-am Enfermagem. 9(4):37-43; julho 2001. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0104-11692003000500010>. Acesso em: 21 mai. 2010. 4- URSI E.S.; GALVÃO C. M. Prevenção de lesões de pele no perioperatório: revisão integrativa da literatura. Rev Latino-am Enfermagem. 14(1):124-31; janeiro-fevereiro 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0104-11692006000100017>. Acesso em: 19 mai. 2010. 5- BEUTER M.; NEVES E. T.; MAGNAGO T. S.B. S.; WEILLER T. H. Programa de Formação Complementar em Enfermagem-PROFCEN. Universidade Federal de Santa Maria, 2009. 6- PROCHNOW A. G.; LEITE J. L.; ERDMANN A. L.; TREVIZAN M. A. O conflito como realidade e desafio cultural no exercício da gerência do enfermeiro. Rev Esc Enferm USP; 41(4):542-50; 2007. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0080-62342007000400002&script=sci_arttext>. Acesso em: 20 mai. 2010. 7- ABC DA SAÚDE. Síndrome de Raynaud. Disponível em: < http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?489>. Acesso em: 20 mai. 2010. 8- LUZIA M. F.; LUCENA A. F. Parada cardiorrespiratória do paciente adulto no âmbito intra-hospitalar: subsídios para a enfermagem. Rev Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS). 30(2): 328-37; jun 2009. Disponível em: < 4

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