OS PRONOMES PESSOAIS ÁTONOS NA INTERLÍNGUA ORAL DOS APRENDIZES BRASILEIROS DE ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA



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Transcrição:

OS PRONOMES PESSOAIS ÁTONOS NA INTERLÍNGUA ORAL DOS APRENDIZES BRASILEIROS DE ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA BÁRBARA BALDARENA MORAIS Centro de Comunicação e Letras Universidade Presbiteriana Mackenzie Rua Piauí, 143 01241-001 São Paulo SP Brasil barbara_baldarena@hotmail.com Resumo. Nesse trabalho, analisamos o emprego dos pronomes átonos na oralidade de aprendizes brasileiros de espanhol como língua estrangeira (ELE). Valemo-nos de um corpus oral de entrevistas realizadas com estudantes do Curso de Letras de diferentes níveis. Embasamo-nos em estudos de aquisição/aprendizagem de línguas estrangeiras e nas gramáticas normativas, descritiva e funcional do português e do espanhol. O estudo levantou hipóteses sobre o processo da interlíngua, tal como o fato de que o aparente uso dos clíticos não remeterem necessariamente a aquisição/aprendizagem destes e que este processo que todos os alunos passam, está ligado à transferência de regras de sua língua materna. Palavras-Chave. Aquisição/Aprendizagem. Interlíngua. Átonos. Abstract. We analyze the use of clitics pronoun speaking Brazilian learners of Spanish as a foreign language. To meet our objectives, we use a corpus of oral interviews with students of different levels of Letters. We based on studies in the acquisition/learning of foreign languages and grammars in the normative, descriptive and functional Portuguese and Spanish. The study raised some hypotheses about the process of interlanguage, such as the fact that the apparent use of clitics does not necessarily refer to the acquisition/learning of this process and all students pass this. That is connected to the transfer rules of their mother tongue. Keywords. Acquisition / learning. Interlanguage. Clitics pronoun. 1. Introdução Este trabalho foi financiado em parte pelo Fundo Mackenzie de Pesquisa e apresenta o reconhecimento das dificuldades que os aprendizes enfrentam no seu processo de aprendizagem. Deparando-nos com um problema encontrado pela maioria dos professores de ELE: como analisar de forma ponderada a questão do erro que o aluno comete em sala de aula, principalmente no uso do pronome, que é tão diferente entre o português do Brasil e o espanhol? É claro que não há uma resposta padrão para esta pergunta, no entanto nos basearemos em alguns estudos realizados para um melhor esclarecimento desta questão. 1

Assim, o presente trabalho visa à descrição do uso oral dos aprendizes de espanhol como língua estrangeira em relação ao uso dos pronomes clíticos. Perguntando-nos, se o aluno os emprega na produção oral e se os usam, quanto e como os usam? Ao observar as dificuldades que os aprendizes de espanhol como língua estrangeira enfrentam no seu processo de aprendizagem, nos deparamos com um problema encontrado pela maioria dos professores de ELE: como analisar de forma ponderada a questão do erro que o aluno comete em sala de aula, principalmente no uso do pronome, que é tão diferente entre as línguas citadas? É claro que não há uma resposta padrão para esta pergunta, no entanto nos basearemos em alguns estudos realizados para um melhor esclarecimento desta questão. 2. Objetivos Procuramos comprovar no nosso estudo à existência das transferências dos estudantes brasileiros do espanhol como língua estrangeira em relação à ausência ou presença dos pronomes átonos e quais são as estratégias utilizadas para suprir essa ausência ou para formular as orações na oralidade. Procuramos comprovar também a importância da língua materna do aprendiz para a sua inserção na língua meta. 3. Metodolologia Para alcançar os objetivos propostos, utilizamos um corpus de aprendizes brasileiros. O corpus compõe-se de entrevistas orais entre estudantes de espanhol e a pesquisadora. Os alunos responderam a um questionário aplicado para fins de conversação, porém, não foram comunicados sobre o objetivo específico da pesquisa, ou seja, a análise das produções pronominais, pois esta informação poderia influenciar nas respostas dos aprendizes, e, conseqüentemente, o bloqueio da espontaneidade na produção. Os informantes pertencem ao Curso de Letras, espanhol, da FFLCH, da Universidade de São Paulo (USP). Para este estudo foram utilizadas as produções de sete estudantes, sendo quatro aprendizes de Língua II e três aprendizes de Língua IV de idades variadas. Utilizaram-se também duas entrevistas realizadas pelos aprendizes do Curso Livre de, que estão no nível Intermediário II, ambos também tinham idades e profissões variadas. 4. Análise dos dados linguísticos A análise linguística que realizamos da amostra da interlíngua oral de aprendizes brasileiros se focou nas estruturas pronominais, e se baseou metodologicamente nas questões de transferências propostas por González (1994, 1998). A partir dos dados apresentados, chegamos a algumas considerações que podem explicar as transferências feitas pelos aprendizes observados. Estas, por serem distintas e de 2

difícil aquisição no seu processo de aquisição/aprendizagem, se valem de sua língua materna, ou seja, o PB (português do Brasil) para se expressarem no espanhol, não seguindo as regras que regem a língua meta e havendo, muitas vezes, a ocorrência de erros de estruturação, colocação e até de entendimento do que se quer dizer. O seguinte gráfico revela o percentual dessas transferências de acordo com o paradigma do português: 33,33 6,6 Curso Livre de 60 Gráfico 1. Percentual de transferências de acordo com o paradigma do português Estes processos apresentados, está diretamente relacionado ao estágio da interlíngua em que se encontram, mostrando que o aluno está em fase de processo. Assim, o aluno utiliza as suas intuições da língua materna para formular as estratégias de utilização do espanhol e por isso, encontramos exemplos de transferências linguísticas, hipergeneralizações e distorções de regras. O gráfico abaixo revela o uso excessivo dos pronomes sujeito, marca registrada do PB, que é transposta para o espanhol pelos aprendizes: 13 Curso Livre de 53 48 Gráfico 2. Uso excessivo dos pronomes sujeito Com base em algumas afirmações desta mesma autora, levantadas por González (1994), chegamos à seguinte hipótese: o aprendiz que tem um contato mais próximo com a língua espanhola percebe que o uso dos clíticos é muito usual e, às vezes, imprescindível, porém este por receio de equivocar-se ou até mesmo por não saber usar corretamente, se esquiva e dá preferências para outras formas para suprir a necessidade de fazer-se 3

compreender. Este seria segundo a mesma autora uma estratégia de evitamento 1. Assim confirmamos uma hipótese para o baixo nível do uso dos clíticos no estágio mais avançado dos nossos aprendizes, Curso de Letras IV. 58 28 146 Curso Livre de Gráfico 3. Uso dos clíticos 5. Considerações finais Nosso trabalho teve o intuito de analisar as estratégias que os estudantes brasileiros se valem no emprego dos pronomes e suas dificuldades para o aprendizado do espanhol, afinal as duas línguas são neolatinas, pertence à mesma família, porém, ao analisarmos detalhadamente percebemos como são divergentes em vários pontos, nesta área gramatical, que, conforme vimos segundo González (1994, 1998, 2005) apresentam assimetrias diferentes. Concluímos assim que estes processos de transferências que os alunos passam é totalmente normal e aceitável afinal, esse é o processo da interlíngua, e não têm como não passar por este processo no aprendizado de uma língua estrangeira. No entanto, soluções prontas para estas transferências produzidas não existem, mas alguns métodos de ação podem corrigir ou neutralizar a possibilidade da fossilização neste estágio em que se encontra o aluno. Neste âmbito, acreditamos que o professor de língua estrangeira deve identificar e procurar suprir a necessidade de seu discente de maneira que não ocorra uma inibição maior para o aprendizado da língua meta, e sim a tentativa de solucionar os problemas que lhes serão apresentados. Referências BARALO, Marta. La adquisición del español como lengua extranjera. Madrid: Ed. Arco Libros, 2004. 1 Para González (1994, 1998), este evitamento é reconhecido como avoidance, ou seja, a não percepção ou a não compreensão de determinadas estruturas, assim, estas não são incorporadas pelos aprendizes. 4

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