SISTEMA DE ENSINO INTEGRAL NAS ESCOLAS ESTADUAIS PAULISTAS: UM ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE PRESIDENTE PRUDENTE SP Gustavo Antonio Valentim - FCT/UNESP Vanda Moreira Machado Lima - FCT/UNESP Resumo É notório o significativo aumento no número de instituições de ensino de Educação Básica no pais que estão incorporando o sistema de Educação em Tempo Integral. Será que o aumento no tempo de permanência do aluno na escola vem acompanhado com a qualidade do uso desse tempo? Pois, o aumento no tempo de permanência do aluno na escola, não deve estar separado da preocupação com a qualidade do uso desse tempo. Este artigo visa apresentar os resultados parciais de uma pesquisa de mestrado que tem como objetivo de analisar a reestruturação ocorrida em uma escola pública estadual no município de Presidente Prudente/SP que aderiu ao sistema de ensino integral. Optamos pela abordagem qualitativa, utilizando a pesquisa bibliográfica, analise documental, questionário, entrevistas e observação. Apresentamos neste artigo os resultados da pesquisa bibliográfica sobre a temática do estudo. Realizamos um levantamento nos bancos de dados de teses e dissertações de dez programas de pós-graduação em educação do estado de São Paulo, tomando como base o período de 2003 a 2013, a fim de verificar como este assunto esta sendo trabalhado nas pesquisas produzidas. Nesta pesquisa foram consultados 7.351 títulos e dentre os dez programas de pós-graduação em educação examinados, sete deles possuem trabalhos que abordam a temática da Escola em Tempo Integral. Dentre os quais, encontramos cinco dissertações e quatro teses, num total de nove trabalhos selecionados para a análise, o que corresponde a aproximadamente 0,1% do total de trabalhos analisados. Constatamos assim, que este é um tema recente no campo da educação. Palavras-chave: Escola de ensino integral. Politicas públicas. Qualidade de ensino. INTRODUÇÃO Com o passar do tempo ocorreram muitas alterações na escola, por exemplo, a escola que antes era voltada a elite teve que se reformular para atender sua nova clientela. Estas reformulações na escola devem também acompanhar as alterações recorrentes pela qual passa a sociedade atualmente. Neste sentido Zeichner (1993) aponta que muitos dos trabalhos atuais para a melhoria da escola não levam em conta a experiência dos professores, ocorrendo uma [...] distribuição de soluções prontas para os problemas da escola, que se afirmam com base em pesquisas, e muitas vezes são muito caros. (ZEICHNER, 1993, p. 44). É neste cenário que o modelo de escola de Tempo Integral está ganhando cada vez mais espaço no Brasil, visando melhorar a educação pública nacional. O conceito de Escola em Tempo Integral esta sendo amplamente difundido, sendo notório o aumento 10007
2 no número de instituições de ensino de Educação Básica no país que estão incorporando este modelo de educação, principalmente nas escolas municipais. Recentemente o estado de São Paulo que possui a maior rede de escolas do país, a fim de melhorar seu ensino publico, criou o Programa de Ensino Integral instaurado pela Lei Complementar nº 1.164/12 (SÃO PAULO, 2012). Conforme informações da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, no ano de 2015 o Estado contava 257 escolas estaduais que atuam no Novo Modelo de Escola de Tempo Integral, o que representa aproximadamente 5% das mais de 5.000 escolas espalhadas por todo o Estado de São Paulo. (SEE/SP). A partir destes apontamentos, esta pesquisa de mestrado visa analisar a reestruturação ocorrida em uma escola pública estadual que aderiu ao sistema de ensino integral, mediante a percepção da equipe gestora, professores e alunos, tomando como recorte territorial a cidade de Presidente Prudente, SP. Visando compreender a lógica em que essa mudança tem se baseado, indagando se ela procura uma melhoria qualitativa na formação do cidadão ou se tem restringido apenas um aumento quantitativo no tempo de permanência na escola. Selecionamos a escola Prof. Joel Antonio de Lima Genésio como referencia, visto que foi a primeira escola do município a aderir ao sistema de ensino integral. Contudo este artigo tem como objetivo apresentar a pesquisa bibliográfica sobre a temática do estudo, realizada em teses e dissertações defendidas nos Programas de Pós Graduação em Educação de dez universidades do estado de São Paulo, no período de 2003 a 2013. METODOLOGIA A fim de alcançar os objetivos propostos da pesquisa optamos pela abordagem qualitativa. Os procedimentos metodológicos se constituirão no seguinte: pesquisa bibliográfica, analise documental, questionário, entrevistas e observação. A investigação destacada no presente trabalho se deu por meio da pesquisa bibliográfica, que teve o intuito de ter o contato direto com o que foi escrito sobre o tema pesquisado (MARCONI; LAKATOS, 2010). Os critérios elencados para a realização desta pesquisa bibliográfica compreenderam buscar teses e dissertações defendidas nos Programas de Pós Graduação em Educação de dez universidades do estado de São Paulo, no período de 2003 a 2013, a fim de verificar como este assunto 10008
3 esta sendo trabalhado nas pesquisas produzidas. As universidades pesquisadas foram: UNESP-Presidente Prudente, UNESP-Rio Claro, UNESP-Marília, UNESP-Araraquara, PUC-SP, UFSCAR, UNIMEP, UNINOVE, USP e UNICAMP. RESULTADOS PARCIAIS E DISCUSSÃO Consultamos 7.351 títulos buscando expressões ou palavras como escola de ensino integral e escola de tempo integral e dentre os dez programas examinados, sete possuem trabalhos que abordam a temática da Escola em Tempo Integral. Dentre os quais, encontramos cinco dissertações e quatro teses, num total de nove trabalhos selecionados para a análise. Nesta análise dos trabalhos verificou-se que três pesquisas tomam como referencia instituições municipais de ensino. Cusati (2013) fez uma analise das atividades desenvolvidas nas aulas de matemática no turno regular e nas oficinas do Projeto de Intervenção Pedagógica desenvolvido na cidade de Belo Horizonte-MG; Azevedo (2012) analisou o programa o Programa Cidadescola instituído pela prefeitura de Presidente Prudente-SP e Valadares (2011) abordou a implementação das Escolas Municipais de Tempo Integral em Goiânia-GO. Outros seis trabalhos abordam políticas públicas de ensino no âmbito estadual. Mecca (2012) analisou a experiência desta política publica no âmbito de implantação no Estado de São Paulo de uma maneira mais geral. Fiorelli (2011) trata da experiência na cidade de Presidente Prudente a partir da experiência com a Oficina Hora da Leitura. Na mesma linha Antolino (2012) estuda as oficinas de arte nas escolas de tempo integral na região metropolitana de Campinas. A pesquisa de Fontana (2013) aborda a Escola de Tempo Integral na cidade de Barretos, com a comparação de duas instituições. Em seu trabalho Dib (2010) discute esta temática tomando como base o caso da cidade de Assis. E encontramos ainda a pesquisa de Stock (2004) que aborda a educação de tempo integral a partir da política de implementação dos Centros Integrados de Educação Publica, tomando como recorte a cidade de Americana, SP. Observamos que a temática da Escola de Tempo Integral esta sendo pouco explorada nos trabalhos acadêmicos, pois, a quantidade de trabalhos encontrados sobre este tema corresponde a aproximadamente 0,1% do total de trabalhos analisados. Durante a leitura dos trabalhos tivemos contato com diferentes formas de implementação da escola de tempo integral e ficou claro a relevância desta temática e os 10009
4 benefícios que esta politica traz a educação púbica. Entretanto, observamos que ainda há um longo caminho para a real efetivação da escola em tempo integral, pois, em todos os trabalhos apresentam algum tipo de problema ou dificuldade que estas instituições enfrentam. As dificuldades mais recorrentes que observamos são: estrutura física dos prédios, apoio pedagógico para os professores e integração entre as disciplinas regulares e as oficinas. Cabe ressaltar ainda que as pesquisas analisadas abordam experiências em localidades distintas, com realidades diferentes de acordo com a cultura local. Apesar de existirem duas pesquisas que tem como recorte a cidade de Presidente Prudente, elas trazem uma analise diferente da que será proposta em nosso trabalho futuro, pois, uma aborda o ensino integral no âmbito da rede municipal, e a outra tem como enfoque a experiência das oficinas de leitura realizadas nas escolas estaduais de tempo integral. Outro fator que diferenciam estas pesquisas são as políticas publicas que deram origem aos objetos de estudo, os trabalhos analisados abordam experiências de ensino integral, baseadas em outras leis e diretrizes, que se diferem das diretrizes criadas em 2012 (SÃO PAULO, 2012). CONSIDERAÇÕES FINAIS Consultamos 7.351 títulos e dentre os dez programas examinados, sete possuem trabalhos que abordam a temática da Escola em Tempo Integral. Dentre os quais, encontramos cinco dissertações e quatro teses, num total de nove trabalhos selecionados para a análise, o que corresponde a aproximadamente 0,1% do total de trabalhos analisados. Constatamos que este é um tema recente no campo da educação. A análise destes trabalhos permitiu um aprofundamento em experiências de Escolas de Tempo Integral, além de possibilitar um contato maior com diferentes tipos de pesquisas, experiências e metodologias utilizadas, gerando assim uma vasta gama de conhecimentos. REFERÊNCIAS ANTOLINO, Alik Santos. Escolas de tempo integral: Oficinas de arte e seus professores. 2012. 136 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Educação, Unicamp, Campinas, 2012. AZEVEDO, Nair Correia Salgado de. Programa cidadescola no 1º ano do ensino fundamental em uma escola de Presidente Prudente: entre a ludicidade e a sala de 10010
5 aula. 2012. 214 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Educação, Faculdade de Ciências e Tecnologia - Unesp, Presidente Prudente, 2012. CUSATI, Iracema Campos. Educação em tempo integral: resultados e representações de professores de matemática e de alunos do terceiro ciclo da rede de ensino de Belo Horizonte. 2013. 216 f. Tese (Doutorado) - Curso de Educação, Usp, São Paulo, 2013. DIB, Marlene Aparecida Barchi. O Programa Escola de Tempo Integral na região de Assis: implicações para a qualidade do ensino. 2010. 207 f. Tese (Doutorado) - Curso de Educação, Faculdade de Filosofia e Ciências - Unesp, Marília, 2010. FIORELLI, Erika Cristina Mashorca. Oficina hora da leitura na escola de tempo integral: contribuições para a formação do leitor. 2011. 96 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Educação, Faculdade de Ciências e Tecnologia - Unesp, Presidente Prudente, 2011. FONTANA, Silene. Escola de tempo integral ou escola fora do tempo escolar: o caso de Barretos. 2013. 160 f. Tese (Doutorado) - Curso de Educação, Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2013. GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Diretrizes do Programa Ensino Integral. São Paulo, 2012. Disponível em: <http://www.educacao.sp.gov.br/a2sitebox/arquivos/documentos/342.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2014. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia científica. 7 ed. Atlas S.a.: São Paulo, 2010. MECCA, Marcia di Giaimo. Educação integral: texto e contexto na rede pública de ensino do estado de São Paulo. 2012. 108 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Educação, Uninove, São Paulo, 2012. SÃO PAULO (Estado). Lei Complementar nº 1.164, de 04 de janeiro de 2012. Institui o Regime de dedicação plena e integral - RDPI e a Gratificação de dedicação plena e integral - GDPI aos integrantes do quadro do Magistério em exercício nas escolas estaduais de ensino médio de período integral, e dá providências correlatas. Disponível em: <http://www.al.sp.gov.br/norma/?id=165008>. Acesso em: 30 mar. 2015. STOCK, Suzete de Cassia Volpato. Entre a paixão e a rejeição: a trajetória dos CIEPs no Estado de São Paulo - Americana. 2004. 215 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Educação, Unicamp, Campinas, 2004. VALADARES, Florence Rodrigues. Implantação e implementação das escolas municipais em tempo integral na cidade de Goiânia. 2011. 205 f. Tese (Doutorado) - Curso de Educação, Faculdade de Ciências e Letras - Unesp, Araraquara, 2011. ZEICHNER, Kenneth M. El maestro como profesional reflexivo. In:. Cuadernos de Pedagogía. n. 220, Madrid, 1993. p. 44-49. 10011