GESTÃO DA GEOINFORMAÇÃO: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE BANCO DE DADOS E APLICAÇÕES WEBGIS PARA O TURISMO EM ARACAJU-SE DIAS JÚNIOR, W. U. 1 ; BASTOS JÚNIOR, E. M. 2 ; SANTANA, J. M. de 3 RESUMO: O surgimento de uma nova era de SIGs cujas arquiteturas têm na internet um componente fundamental, trazem novas possibilidades para o planejamento e gestão de atividades econômicas como o turismo. Nesse sentido, o presente estudo buscou o desenvolvimento de uma base de dados georreferenciados de infra-estrutura turística do Município de Aracaju (SE), e a disponibilização desses dados à população através de uma aplicação SIGWEB. Para tanto, utilizou-se de Tecnologia Livre, através de soluções em geoprocessamento não-proprietárias. Os dados de cartografia básica foram obtidos através da SEPLAN/SE, enquanto a infra-estrutura turística está sendo levantada em campo. Apesar de encontrar-se em fase de desenvolvimento, o GEOTUR WEBGIS já demonstra níveis satisfatórios de navegabilidade e funcionamento das ferramentas básicas de navegação. Palavras-chave: SIGWEB, geoinformação, turismo. ABSTRACT: A new moment to the Geographic Information Systems, that have in the Internet an important component of their architectures brings new possibilities to the planning and management of economic activities as the tourism. Like this, this article shows the development of a spatial database of tourist infrastructure of the Aracaju City, Sergipe State, Brazil, and a distribution of these geographical data through a WEBGIS application. For this, we used Open GIS technology with Freeware GIS solutions. The basic cartography was obtained at the Clerkship of Planning of Sergipe State (SEPLAN/SE), while the tourist infrastructure is being lifted in field with GPS technology. Although the "GEOTUR WEBGIS" still be in construction, it already shows positive levels of navigability and navigation tools performance. Key-words: WEBGIS, geographic information, tourism. INTRODUÇÃO: Principalmente após a emergência das sociedades pós-industriais ou pós-modernas aumenta a necessidade da atividade turística (SANTOS, 2002), ao mesmo tempo em que cresce a importância de planejamento e gestão do turismo, uma vez que, aumenta o seu significado social, econômico, ambiental e político (HALLAL e MÜLLER, 2004). Assim como nas demais atividades econômicas, um dos principais fatores contemporâneos do turismo é a gestão da informação. Nesse contexto, insere-se a geoinformação, que significa, de modo geral, 1 Licenciado e Bacharel em Geografia (UFS), Pós-graduando-Geotecnologias (CEFET/SE); Membro GEOPLAN/UFS; Professor de Geografia (SEED/Governo de Sergipe). Endereço: GEOPLAN/UFS, Av. Marechal Rondon s/n, Jardim Rosa Elze, São Cristóvão. CEP: 49100-000. E-mail: walter.uchoa@ig.com.br, (79) 3217-5407. 2 Licenciado/Bacharelando-Geografia (UFS); Pós-graduando-Geotecnologias (CEFET/SE); Membro GEOPLAN/UFS; Téc. Agrário- INCRA. 3 Licenciada/Bacharelanda-Geografia (UFS); Pós-graduanda-Adm. Estratégica (UNIT); Membro GEOPLAN/UFS; Téc. Operacional-ECT.
toda informação com uma localização geográfica conhecida, ou georreferenciada. Os ambientes computacionais que processam e lêem esse tipo de informação são denominados Sistemas de Informações Geográficas (SIG). No caso do turismo, os SIGs são utilizados como suporte à análise interna, que compõe a análise macroambiental, considerada por Petrocchi (2001:74) como o primeiro passo na formulação do planejamento do turismo. Nesse sentido, as aplicações WEBGIS, que representam uma evolução dos SIGs desktop para SIGs distribuídos na internet (PENG e TSOU: 2003), constituem uma interface gráfica potencial para apresentação de dados georreferenciados de forma interativa e integrada quando comparada com websites convencionais, abrindo novos canais de comunicação entre gestores e turistas. De acordo com KANEGAE (2003), o webmapping alia a facilidade de uso de uma interface Web à facilidade de interpretação da representação de dados visuais (mapas, gráficos, relatórios formatados) em uma solução simples para publicação de dados para o usuário final. Assim, o presente estudo visa auxiliar a gestão do turismo a partir de um banco de dados geográficos (BDG) e de uma aplicação WEBGIS, visando à integração de informações relacionadas à atividade turística no Município de Aracaju. MATERIAL E MÉTODOS: O BDG foi composto por dados de cartografia básica obtidos na Secretaria de Planejamento do Estado de Sergipe (SEPLAN/SE) e dados que compõem a cartografia do turismo levantados em campo com receptor GPS código C/A. A definição dos pontos de interesse turísticos foi respaldada por visitas técnicas aos órgãos de gestão da atividade turística nos níveis estadual e municipal, dentre os quais se podem destacar: hotel, pousada, chalé, mercado, museu, galeria de arte, instalação esportiva, templo religioso, calçadão / passeio, praia, shopping, parque, teatro. Os dados foram processados e integrados no Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas (SPRING) versão 4.3. A composição da aplicação WEBGIS foi realizada através do MapServer 4.6.1 com a utilização da linguagem Php 5.0.5. RESULTADOS E DISCUSSÃO: O Município de Aracaju representa atualmente no principal concentrador de equipamentos turísticos e infra-estrutura suporte a esta atividade. De fato, Aracaju é a expressão mais significativa no Estado de Sergipe da densidade e rugosidades urbanas na experiência espacial contemporânea. Constitui, por esta razão, o principal núcleo da microrregião geoeconômica que leva o seu nome, composta juntamente com os municípios de Nossa Senhora do Socorro, São Cristóvão e Barra dos Coqueiros. Assim, buscando captar esta realidade espacial, os governos estadual e municipal buscaram recentemente soluções em Geotecnologias visando potencializar a gestão urbana e o planejamento territorial através da atualização da base cartográfica municipal. Tais dados serviram de base para a construção do BDG que compõe o GEOTUR WEB, o Atlas Turístico de Aracaju. Os dados vetoriais e matriciais cedidos pela Secretaria de Planejamento do Estado de Sergipe (SEPLAN/SE) datam de 2005, resultantes de restituição aerofotogramétrica de vôo realizado em dezembro de 2003, e correspondem aos temas de sistema viário, hidrografia, obras e edificações de interesse.
Quanto ao conteúdo turístico e informações complementares buscou-se a partir de trabalho de campo levantar informações acerca dos equipamentos de hospedaria, bem como de Pontos de Interesse Turístico (PITs) que abrange atrativos turísticos, como templo religioso, parques e praças, museus lazer de modo geral. Em caráter complementar procedeu-se ao levantamento de informações sobre infra-estrutura suporte, como alimentação, transporte, segurança pública. Destarte, a montagem do BDG seguiu basicamente as etapas abaixo: a) modelagem conceitual orientada para plataforma SPRING: a modelagem dos dados corresponde à estruturação do BDG considerando as características do Banco de dados, do projeto, dos modelos de dados e dos planos de informação que serão gerados dentro desses modelos. Nesta etapa definiram-se os atributos dos planos de informação e sua vinculação aos modelos de dados apropriados. b) pré-processamento (nível CAD): Nesta etapa procedeu-se o tratamento dos dados cedidos pela SEPLAN/SE correspondentes à área de abrangência do projeto, ou seja, o Município de Aracaju. Um primeiro tratamento foi realizado no software QCAD. Devido à abrangência do recorte espacial da pesquisa, considerando a articulação geral do levantamento aerofotogramétrico, foi necessário fazer a junção das folhas que abrangem o Município de Aracaju. A partir disso realizou-se uma limpeza gráfica, preservando os temas relevantes definidos na modelagem conceitual. Figura1. Processamento nível CAD no software QCAD. c) montagem do projeto (SPRING): com base na modelagem, definida na etapa a, procedeu-se a montagem do projeto no SPRING, com a definição dos modelos de dados e planos de informação. d) importação, processamento e alimentação (nível SIG): Neste nível os dados foram importados para o SPRING e, através das ferramentas de edição topológica, realizou-se um segundo processamento para eliminação de ambigüidades e duplicações de dados, bem como os ajustes topológicos entre os vetores. As fotografias aéreas ortorretificadas serviram de base para a identificação de informações turísticas não contempladas no levantamento em campo, reduzindo custos operacionais.
Figura2. Processamento nível SIG no software SPRING 4.2. Por sua vez, para o desenvolvimento da aplicação WEBGIS, foram definidas as seguintes etapas: a) configuração do ambiente Mapserver: Seguindo a metodologia proposta por Kanegae (s/d), a configuração do ambiente Mapserver segue as etapas, a saber: 1. instalação do Apache Webserver; 2. instalação do PHP language script; 3. instalação biblioteca PROJ 4; 4. instalação do Mapserver e do PHP mapscript. b) exportação dos temas no formato shapefile (SPRING): os shapefiles exportados a partir do SPRING foram armazenados na pasta do servidor web, garantindo um correto armazenamento das informações e um acesso eficaz a partir do mapserver. c) criação dos arquivos MAP: os arquivos MAP contêm as configurações necessárias ao acesso aos dados do shapefile. É através do mapfile que os mapas são de fato gerados e recuperados em um arquivo template do tipo HTML. d) definição de ferramentas e funcionalidades: a partir de observação de aplicações webmapping existentes, verificaram-se as ferramentas e funcionalidades disponibilizadas de forma predominante. Para esta etapa inicial da pesquisa, desenvolveram-se as ferramentas de navegação básica (zoom in, zoom out, zoom extents, e pan) e um módulo de consulta a feições. e) definição de interface de usuário (HTML e PHP): para interface do usuário, o layout do website foi traçado visando fácil navegabilidade entendimento e manuseio das ferramentas. O arquivo-template foi baseado em linguagem HTML e alguns scripts PHP, e corresponde à interface gráfica do website, a partir de onde o Mapserver lê os arquivos shapefile armazenados no servidor e gera um resultado gráfico da solicitação feita pelo usuário em forma de imagem. f) verificação e testes de navegabilidade e funcionalidades: de acordo com os testes em servidor web, as ferramentas apresentam um bom funcionamento, oferecendo uma resposta eficiente na visualização dos dados espaciais georreferenciados. Embora a metodologia utilizada aponte para uma navgegação baseada em mapas-chave (DAVIS JR SOUZA e BORGES, s/d: 349), cuja a visualização de dados se
dá partir da geração de imagens tipo PNG ou JPG como resultado da interação com o usuário, a aplicação WEBGIS constitui um importante objeto de pesquisa e desenvolvimento cujo objetivo é a disponibilização cada vez mais interativa de dados vetoriais georreferenciados na Internet. CONCLUSÕES: Até o momento, o GEOTUR WEBGIS - Atlas turístico de Aracaju encontra-se em desenvolvimento e testes no laboratório do GEOPLAN/UFS. Os dados levantados estão servindo de base para uma análise (quantitativa e qualitativa) da distribuição espacial do turismo, como forma de contribuir para um melhor conhecimento e gestão dos atrativos turísticos que caracterizam a atividade no Município de Aracaju. No tocante a operacionalidade da aplicação, esta versão beta do Atlas tem demonstrado níveis satisfatórios de navegabilidade (velocidade e apresentação dos temas) bem como funcionamento das ferramentas básicas de navegação de dados cartográficos. AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem à Profª. Drª. Rosemeri Melo e Souza, coordenadora do GEOPLAN, pela disponibilização da infra-estrutura laboratorial e apoio institucional a partir do vínculo científico com o referido grupo de pesquisa; e ao Prof. Msc. Marcos Aurélio Santos da Silva pelas importantes interlocuções acerca dos aspectos gerais do trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DAVIS JR, C. A.; SOUZA, L. A. de; BORGES, K. A.V. Disseminação de dados geográficos na Internet. In: CÂMARA, G. et al. Banco de Dados Geográficos. Disponível em: <http://www.dpi.inpe.br/livros/bdados/cap10.pdf>. Acesso em 20 mai 2006. HALLAL, Dalila Rosa e MÜLLER Dalila. Planejamento turístico: algumas reflexões. In: Revista Eletrônica de Turismo (RETUR). Volume 03 - nº. 01 - maio/2004. Disponível em: <www.presidentekennedy.br/retur>. Acesso em: 31/05/2006. KANEGAE, Eduardo Patto. Democratizando a geoinformação através do Webmapping. Jun/2003. Disponível em: <http://www.webmapit.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=34& Itemid= 48&lang=pt_BR>. Acesso em: 01-06-2006.. Preparando um ambiente de desenvolvimento Mapserver em uma estação Windows. Ago de 2005. Disponível em: <http://www>. Acesso em: 20 jun de 2006. PENG, Zhong-Ren; TSOU, Ming-Hsiang. Internet GIS: distribued geographic information services for the internet and wireless networks. New Jersey: John Wiley & Sons, Inc., 2003. PETROCCHI, Mário. Turismo: planejamento e gestão. 5ª Edição. São Paulo: Futura, 2001. SANTOS, Clézio. Globalização, turismo e seus efeitos no meio ambiente. In: Terra Livre. São Paulo: Ano 18, n. 19 p. 191-198 jul./dez. 2002. CÂMARA, G et al. SPRING: Integrating remote sensing and GIS by object-oriented data modelling. Computers & Graphics, 20: (3) 395-403, May-Jun 1996.