Infecções e Gestação : Atenção ao Filho de Mãe com Toxoplasmose. I Encontro da rede Mãe Paranaense



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Agenda Visão do pediatra e do médico generalista Sintomas Como investigar Como tratar Acompanhamento

Transmissão infecção primária ou reativação em imunodeprimidas, raramente re-infecção 17% - 1º T 25% - 2º T 65% - 3º T Gestação Bull NY Acad med 290:1110-6, 1974

Principais alterações Maioria assintomático ou subclínico J Pediatr, 115: 765-9, 1989 Bull N Y Acad Med, 50(2):160-81, 1974

Alterações clínica e laboratoriais Pré ou pós maturidade Retardo de crescimento intra-uterino Icterícia Hepatoesplenomegalia Púrpura trombocitopênica Anemia Eosinofilia Alteração auditiva Alteração do DNPM Ann Pediatr, 31: 855-8, 1984

Mãe com doença aguda Mãe com doença duvidosa

IgM + ou RN sintomático Criança infectada Mãe com doença recente Investigar* e iniciar tratamento IgM - e RN assintomático Repetir exames com 1 mês *Hemograma, sorologias (IgG e IgM), fundo de olho, rx de crânio, USG transfontanela e LCR Se criança sintomática ou alterações nos exames realizar TAC crânio Tratamento por 1 ano ou IgG IgG Criança não infectada Suspender tto e acomp. até negativação do IgG

Mãe com doença duvidosa Sorologia do RN IgM + ou RN sintomático Criança infectada IgG > limite de corte IgG limite Investigar e tratar por 1 ano Se exames alterados Investigar e não tratar Não investigar nem tratar Repetir exames com 1 mês

Repetir exames com 1 mês IgG* ou IgG Criança não infectada Criança infectada Novo exame a cada 3-4 mês Investigar Negativo Alta Tratamento por 1 ano *IgM negativo http://www.curitiba.pr.gov.br/saude/sms/protocolos/protocolo_prenatal.pdf

Diagnóstico do RN Sorologia IgG e IgM positivos Títulos de IgG persistentes (> 1ano) Títulos ascendentes de IgG Investigar Hemograma Fundo de olho SNC (USG / RX / TAC/ LCR) Acompanhamento neurológico, auditivo e visual http://www.curitiba.pr.gov.br/saude/sms/protocolos/protocolo_prenatal.pdf http://www.spp.pt/userfiles/file/infecciologia_perinatal_2007/infecciologia_perinatal_toxoplasmose.pd f

Tratamento Gestação Redução de seqüela neo-natal Diminuir transmissão Sulfadiazina + Pirimetamina + Ácido folínico (SPAF) Espiramicina (E) RN Melhora sintomas agudos e diminui reativação SPAF Corticóide Por 1 ano Mem Inst Oswaldo Cruz, 104(2): 320-44, 2009

Esquema de tratamento 2 primeiros meses Sulfadiazina 100 mg/kg/d 12 /12h Formulado 100 mg/ml = 0,5 ml/kg/dose Pirimetamina 2 mg/kg/d, 1x/d, por 2 dias Formulado 2 mg/ml = 1 ml/kg/dose 1 mg/kg/d, 1x/d, todos os dias Formulado 2 mg/ml = 0,5 ml/kg/dose

Esquema de tratamento Ácido folínico 30 mg/sem, 1x/d, às 2 as, 4 as e 6 as feiras Formulado 2 mg/ml Dose fixa = 5,0 ml/ dia Corticóide = prednisolona Quando sinais de doença em atividade 1 a 1,5 mg/kg/d 12 /12h 3 mg/ml = 0,2 ml/kg/dose Retirar gradativamente com melhora do parâmetro de introdução

Esquema de tratamento 10 meses subsequentes Sulfadiazina Pirimetamina 1 mg/kg/d, 1x/d, 2 as, 4 as e 6 as feiras Formulado 2 mg/ml =0,5 ml/kg/dose Ácido folínico Na retirada do esquema, manter ácido folínico por mais uma semana Espiramicina usada apenas em situações especiais

Alterações no HMG Atenção ao Filho de Mãe com Toxoplasmose Cuidados Se neutrófilos < 1.000 cel/ml Dobrar dose do ácido folínico Se neutrófilos < 500 cel/ml Dobrar dose do ácido folínico Suspender 15 dias a pirimetamina Retorno da droga, com dose dobrada do ácido folínico, quando HMG normal Entrar em contato com a referência (infectologia pediátrica)

Regressão das lesões com tratamento Mem Inst Oswaldo Cruz, 104(2): 320-44, 2009

Lembretes Definir adequadamente o diagnóstico materno Investigar e tratar o RN individualmente Controle com HMG quando em uso de medicação Pirimetamina diária: 15/15d Pirimetamina 3x/sem: mensal Casos confirmados: avaliação oftalmológica, auditiva e neurológica

Toxoplasmose congênita é uma doença evitável Jack Remington Precocidade do diagnóstico e tratamento Melhora o prognóstico Importância do screening gestacional, medidas profiláticas e terapêuticas (mãe/rn)

Obrigada pela atenção! dearossoni@gmail.com