Apoio. As histórias e os personagens do mundo das instalações elétricas

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Apoio As histórias e os personagens do mundo das instalações elétricas

Apoio

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06-07

Apresentação Com a missão de suprir a carência de informações históricas e culturais acerca do mundo das instalações elétricas e sua evolução no Brasil, nasceu o projeto da Coleção Elétrica. Trata-se de uma publicação seccionada em quatro edições, que deverá trazer à tona importantes relatos de personagens que, direta ou indiretamente, contribuíram para o desenvolvimento dos projetos e da normalização que rege a engenharia elétrica no País. Com a coordenação do engenheiro eletricista, consultor e presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Materiais Elétricos Nema Brasil, Hilton Moreno, esta Coleção tem o intuito de contar parte da trajetória da eletricidade até os tempos contemporâneos. As quatro edições, a serem lançadas no decorrer do ano de 2008, serão alicerçadas em quatro bases: normalização e certificação de produtos, normalização e certificação de instalações elétricas. Essa estrutura foi eleita por representar as quatro bases juntas os pedestais essenciais à segurança pessoal e patrimonial e por ser, há anos, os principais temas discutidos pela comunidade técnica do setor. Os conceitos de historicidade, normalização e evolução tecnológica intrínsecos às reportagens aqui publicadas são ilustrados nas capas das revistas que constituem esta Coleção. Com uma chave-faca cravada em um livro, conotamos a idéia de um dispositivo que certamente está na memória dos engenheiros mais experientes e, embora não seja adequado à utilização, remonta ao início das experiências com eletricidade e, ao mesmo tempo, o livro simboliza conhecimento, pesquisa e aprendizado. Representaremos cada passo desta Coleção por meio da evolução dos equipamentos elétricos. Dessa forma, cada edição trará uma surpresa na capa, indo ao encontro das soluções desenvolvidas ao longo do tempo para o mundo das instalações elétricas. Caro leitor, esta Coleção é um trabalho realizado com o envolvimento e a dedicação de diversos profissionais, com a colaboração de importantes fontes do setor elétrico, com o apoio de amigos e familiares daqueles que não mais desfrutam dessa vida e com a confiança de empresas que estão apostando nesse trabalho. Esperamos que aprecie esta obra. atitude editorial Boa leitura! Adolfo Vaiser, Sergio Bogomoltz e Flávia Lima Apoio

08-09 prefácio Hilton Moreno, engenheiro eletricista, consultor e presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Elétricos - Nema Brasil Caro amigo do setor de instalações elétricas, Quando fui apresentado pela equipe da Atitude Editorial ao projeto da Coleção Elétrica, que na época ainda nem tinha este nome, fiquei imediatamente fascinado. Disponibilizar para os profissionais brasileiros um conjunto de cadernos especiais com a história dos principais personagens do mundo das instalações elétricas e dos caminhos percorridos em busca de soluções técnicas era, e é, um grande presente que a Atitude Editorial nos dá em reconhecimento à importância que o setor e seus profissionais têm no cenário nacional. O objetivo desta Coleção é oferecer um conjunto de informações históricas, técnicas, normativas, de exercício profissional, educacionais, biográficas, entre outras, focadas no setor de instalações elétricas. Este setor emprega no Brasil milhares de pessoas, fatura milhões de reais, recolhe outros tantos milhões de impostos e, além de tudo, gera e distribui para a população este bem tão indispensável às sociedades modernas a eletricidade. Foi com muita honra, acompanhada da proporcional responsabilidade, que aceitei então coordenar a preparação do conteúdo da Coleção. Ao mesmo tempo, confiei na alta qualidade dos profissionais que estavam sendo reunidos nesta empreitada. E, com a publicação deste primeiro caderno da Coleção Elétrica, posso afirmar com todas as letras que não errei no meu julgamento inicial. Em particular, este primeiro caderno da Coleção Elétrica presta uma homenagem especial ao grande e imortal ícone de nosso setor, o inesquecível professor Cotrim, de quem somos todos, direta ou indiretamente, alunos. É um tributo a uma pessoa e a um profissional único que nos marcou para sempre com sua breve passagem. Sinceramente, espero que você, leitor, aprecie esta Coleção Elétrica e que ela possa contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Abraços e boa leitura! Hilton Moreno

expediente Diretores Adolfo Vaiser José Guilherme Leibel Aranha Gerência de planejamento Sergio Bogomoltz sergio@atitudeeditorial.com.br Assistente de pesquisa Marina Marques marina@atitudeeditorial.com.br Administração Paulo Martins Oliveira Sobrinho adm@atitudeeditorial.com.br 10 12 grandes questões A importância do aterramento em projetos elétricos. história O nascimento e a evolução do motor elétrico, invento indispensável à vida moderna. índice Jornalista responsável Flávia Lima MTB 40.703 flavia@atitudeeditorial.com.br 18 biografia Ademaro Cotrim: parte da história e do legado de um dos Coordenador técnico Hilton Moreno profissionais mais consagrados do mundo das instalações elétricas. Direção de arte e produção Leonardo Piva leo.piva@terra.com.br Colaboradores Bruno Moreira, Leonardo Faria, Sergio Bogomoltz e Mauro Júnior Revisão Gisele Folha Mós 24 dentro da lei Arquitetos, técnicos em eletrotécnica, engenheiros civis e eletricistas. Quem é responsável por projetos elétricos em instalações de baixa tensão? Publicidade Diretor comercial Adolfo vaiser adolfo@atitudeeditorial.com.br Contatos Publicitários Ana Maria rancoleta anamaria@atitudeeditorial.com.br Vanessa Marquiori vanessa@atitudeeditorial.com.br 28 normalização Reportagem mostra como a padronização técnica chegou ao Brasil. O País se espelhou na Europa e acompanhou a evolução da normalização mundial. Capa Kanji Design Impressão Gráfica Ipsis Distribuição ACF Alfonso Bovero 36 formação A história da eletricidade, as primeiras instituições brasileiras de ensino e a popularização do curso de engenharia elétrica. Atitude Editorial Ltda. Rua Piracuama, 280 cj. 72 / Pompéia CEP 05017-040 / São Paulo - SP Fone/Fax - (11) 3872-4404 www.atitudeeditorial.com.br atitude@atitudeeditorial.com.br 41 descontração Histórias em quadrinhos especialmente criadas, de acordo com a realidade do engenheiro, para a sua diversão. Apoio

grandes questões por Hilton Moreno Aterramento Sistema fundamental para o pleno e seguro funcionamento das instalações elétricas A superfície da Terra é eletricamente condutiva e mantida permanentemente em um potencial negativo por um circuito elétrico global. Este circuito tem três fontes geradoras principais: o vento solar, que penetra pela magnetosfera; o vento da ionosfera; e as tempestades acompanhadas de descargas atmosféricas (raios). Estima-se que milhares de tempestades com raios aconteçam diariamente no planeta, emitindo, conseqüentemente, milhares de descargas elétricas por minuto. Isso gera uma corrente elétrica constante de milhares de ampères, que transfere cargas positivas para as camadas superiores da atmosfera e cargas negativas para a superfície da Terra. Assim, a superfície de nosso planeta é uma abundante fonte de elétrons livres. Nos seres humanos, quando estão em contato direto com a terra (descalços), elétrons livres são conduzidos pela superfície da pele e pelo interior do corpo por meio de membranas mucosas dos sistemas respiratório e digestivo. Dessa forma, o corpo é mantido no mesmo potencial da Terra. Quando não está em contato com o solo (por exemplo, calçando sapatos com solas isolantes), o corpo não aterrado equilibra-se com o potencial da atmosfera ao seu redor, que é eletricamente positivo em condições climáticas normais. Quando um corpo não aterrado está em pé ou deitado dentro de uma edificação, ele torna-se eletrificado pelo campo eletromagnético do ambiente. Alguns estudos evidenciaram que as tensões elétricas de corpos humanos não aterrados diminuíram de uma média de 3,27 V para 0,007 V após o aterramento. Isso contribuiu, dentre outros efeitos benéficos, para a regularização dos perfis de cortisol e redução de disfunções do sono, dores e estresse. Em uma instalação elétrica de baixa tensão, o aterramento é uma parte fundamental para a garantia do funcionamento adequado dos sistemas de proteção contra choques elétricos, sobretensões, descargas atmosféricas, descargas eletrostáticas, além de ajudar a garantir o pleno funcionamento dos equipamentos de tecnologia de informação (computadores, centrais telefônicas, modems, controladores lógicos, etc.). As normas de instalações elétricas e as boas práticas de engenharia fornecem diversas recomendações para realizar adequados sistemas de aterramento (e de eqüipotencialização), de modo a serem atingidos ótimos graus de proteção e de operação das instalações e seus equipamentos. 10-11

Histórico Os primeiros sistemas telegráficos eletromagnéticos de grandes comprimentos instalados a partir de 1820 nos Estados Unidos usavam dois ou mais condutores para conduzir os sinais. Foi descoberto, provavelmente pelo cientista alemão Carl August Steinheil, entre 1836 e 1837, que o solo poderia ser utilizado como caminho de retorno das correntes elétricas para completar os circuitos, tornando, assim, os condutores de retorno, até então utilizados, desnecessários. Entretanto, houve problemas com esse sistema, como o desenvolvimento de uma grande resistência de aterramento durante o verão seco, obrigando que as hastes de aterramento fossem regadas para permitir que funcionassem o telégrafo e os telefones. Mais tarde, quando o telefone começou a substituir o telégrafo, foi descoberto que as correntes que circulavam pela terra induzidas pelos sistemas de potência, redes ferroviárias elétricas, redes de outros sistemas telefônicos e fontes naturais, inclusive as descargas atmosféricas, causavam interferências inaceitáveis aos sinais de áudio e, dessa forma, o sistema a dois fios foi novamente utilizado. Na área de instalações elétricas, a primeira edição do Código Norteamericano de Eletricidade (National Electrical Code NEC) de 1897 não fazia menção ao aterramento, sendo este tema incluído na edição de 1903 como uma recomendação e, na edição de 1913, como obrigatório. Neste ano, o NEC incluiu regras de aterramento para circuitos em corrente alternada. Uma das regras fundamentais era que deveria ser feito o aterramento do ponto neutro da alimentação quando e onde possível. Como se sabe, tal prescrição mantém-se até hoje não apenas no NEC, mas na maioria das normas de instalações elétricas de todos os países. É curioso o fato de que, já em 1890, a associação New York Board of Fire Underwriters condenava a prática de aterrar o neutro da alimentação, enquanto a concessionária de energia elétrica da cidade (Edison Company) utilizava largamente essa prática (para economizar cobre e, conseqüentemente, dinheiro). Outra curiosidade remete aos anos da Segunda Guerra Mundial, em que as carcaças de equipamentos elétricos nos Estados Unidos eram aterradas pelo condutor neutro como forma de economizar cobre para uso em material bélico (tal prática foi terminantemente proibida pela edição do NEC de 1996). Em função dessa medida, a maioria das tomadas instaladas até 1960 nos Estados Unidos não possuía contato de aterramento, até que, finalmente, a edição de 1962 do NEC exigiu que todas as instalações e tomadas fossem aterradas. Comparando-se com o Brasil, a primeira norma brasileira de instalações elétricas de baixa tensão foi a NB 3, publicada em 1941. Embora baseada no NEC, a NB 3, que teve sua última edição publicada em 1960, nunca exigiu de modo claro o aterramento de instalação e tomadas. Foi apenas com a substituição da NB 3 pela NBR 5410, em 1980, que o assunto começou, de fato, a ser tratado de modo mais específico e com prescrições mais rigorosas em relação aos quesitos de segurança contra choques elétricos, envolvendo, assim, os assuntos de aterramento. Principais funções do aterramento Aterrar os sistemas, ou seja, ligar intencionalmente o condutor neutro à terra tem o objetivo de controlar a tensão em relação à terra dentro de limites previsíveis, além de fornecer um caminho para a circulação de correntes de falta ou de fuga entre os condutores vivos e a terra. O controle dessas tensões limita as solicitações elétricas sobre as isolações dos condutores, diminui as interferências eletromagnéticas e permite a redução dos perigos de choques elétricos para as pessoas e os animais. Aterramentos adequados também permitem o correto funcionamento de sistemas de proteção contra sobretensões, descargas atmosféricas, sistemas de telecomunicações, sistemas de informática, televisão a cabo, entre outros. Sistemas de aterramento e eqüipotencialização segundo a NBR 5410 A Figura 1 resume a estrutura de um sistema de aterramento e eqüipotencialização, de acordo com as prescrições da norma ABNT NBR 5410:2004 Instalações elétricas de baixa tensão. É importante tratar, nesse ponto, a diferença entre aterramento e eqüipotencialização. O conceito de aterramento envolve, necessariamente, algum tipo de ligação das massas e os elementos condutores com a terra, visando a levar todos os componentes do sistema de aterramento a ficarem no potencial mais próximo possível da terra. Assim, por exemplo, quando aterramos a carcaça condutiva de um equipamento, queremos que sua massa fique idealmente no potencial da terra. A eqüipotencialização, por sua vez, não envolve diretamente a terra, mas está relacionada ao objetivo de colocarmos todas as massas e os elementos condutores no mesmo potencial entre si, independentemente de qual seja esse potencial em relação à terra. Isso sempre remete-nos ao exemplo clássico do avião, em que todas as massas e os elementos condutores da aeronave são interligados (eqüipotencializados), mas, obviamente, é impossível ligar tais massas e elementos condutores à terra propriamente dita. LEGENDA: 1 - Eletrodo de aterramento (infraestrutura de aterramento) 2 - Condutor de aterramento 3 - BEP (Barramento de Eqüipotencialização Principal) 4 - Condutor de eqüipotencialização principal 5 - Condutor de proteção principal 6 - Condutor de eqüipotencialização suplementar 7 - Condutor de proteção 8 - BEL (Barramento de Eqüipotencialização Local) 9 - Elemento condutor estranho à instalação elétrica 10 - Massa Apoio

história Por Bruno Moreira Criado por August Haselwander, este gerador trifásico - com potência de 2,7 kw - entrou em operação em 1887 em uma fábrica alemã. O mundo em movimento A história do motor elétrico, invenção que acelerou a industrialização mundial e transformou radicalmente o modo de vida das pessoas O advento do motor elétrico no final do século XIX trouxe ao mundo facilidades que até então não eram sequer sonhadas. Simples tarefas como a fabricação de materiais ou o transporte de uma grande carga a uma pequena distância exigiam, por parte de seus realizadores, a aplicação de força de muitos homens, a utilização de animais ou, mais tarde, o uso de máquinas ainda não tão desenvolvidas. Gastava-se dias para a realização dessas tarefas, o que retardava o início de novos trabalhos. Em um mundo cada vez mais industrializado e capitalizado, o resultado era sentido no retardamento da produção e na conseqüente diminuição do lucro. Pode-se imaginar qual não foi o alvoroço quando em 1866, o cientista berlinense, Werner Von Siemens, resolveu mostrar à população alemã a sua mais nova criação: o gerador de corrente 12-13 Fotos extraídas do livro O motor elétrico, publicado pela Weg.

Princípio de um gerador elétrico: primeiro dínamo elétrico, de Werner von Siemens (1866). contínua auto-induzida. A invenção de Siemens é considerada, por consenso, o primeiro motor elétrico produzido pelo homem, contudo, como todas as grandes obras inventadas na história do mundo, muito teve de ser desenvolvido e experimentado em épocas anteriores para que a máquina criada pelo inventor alemão obtivesse êxito e fosse considerada modelo para outros cientistas em aprimoramentos futuros. O começo O início dessa história pode ser creditado ao filósofo grego Tales de Mileto que, em 41 a.c., ao esfregar um pedaço de resina fóssil denominada âmbar-amarelo a um pano, teria percebido que a resina adquirira uma força de atração com corpos leves, como seus fios de cabelo. Quinze séculos mais tarde, o experimento de Mileto seria completado pelo físico e médico inglês da corte elizabethiana, William Gilbert, que, em 1600, descobriu que além do âmbar, muitos outros materiais poderiam atrair se fossem friccionados. Muitos outros inventos surgiram desde então. Em 1663, o cientista alemão Otto Von Guericke construiu a primeira máquina eletrostática, que consistia em uma esfera de enxofre em cima de um eixo, que transformava energia mecânica em energia elétrica. Era uma invenção estratégica, já que tempos depois, no final do século XVIII, verificou-se que, por meio do princípio eletrostático, poderia ser possível também gerar energia mecânica. Antes dessa constatação, o físico norte-americano Benjamin Franklin observou, em 1752, durante seu experimento, no qual empinou uma pipa em uma tempestade, que a eletricidade podia ser captada e conduzida por fios. E o professor italiano de medicina e anatomia, Luigi Galvani, verificou, em 1786, que as coxas de uma rã contraíam-se depois de separadas do corpo, se colocadas em um suporte de ferro. Denominou esse fenômeno como eletrecidade animal, mas não soube explicá-lo. A solução desse fenômeno só viria com outro italiano, o físico Alessandro Volta, que ao colocar dois metais distintos imersos em um líquido condutor de corrente observou que ao contrário do que pensava Galvani não era necessário tecido animal para gerar eletricidade. Foi somente após o final do século XVIII, porém, com o físico dinamarquês Hans Christian Oersted e o físico francês André Marie Ampère que foi dado, verdadeiramente, o primeiro passo rumo ao surgimento do motor elétrico. Oersted, ao observar a agulha magnética de sua bússola desviar da posição original nortesul perto de um condutor de energia elétrica e voltar à posição inicial ao ser afastado dele, verificou a conexão entre magnetismo e eletricidade. Já Ampére, em 1821, um ano após a constatação de Oersted, complementou a experiência do cientista nórdico, criando a lei da mão direita que tomou como base a orientação de uma agulha imantada no sentido da corrente. Os cientistas ingleses William Sturgeon e Michael Faraday, inspirados pelas descobertas de seus contemporâneos foram os responsáveis pelos últimos passos rumo à construção do Apoio

Motor trifásico patenteado em 1889 pelo cientista radicado na Alemanha, Dolivo-Dobrowolsky. motor elétrico. Sturgeon inventou, em 1825, o eletroimã, que posteriormente teria grande papel na construção de máquinas elétricas gigantes. Já Faraday foi responsável por descobrir, finalmente, a indução eletromagnética. Ele verificou que uma corrente elétrica era induzida nos terminais de um condutor elétrico quando este se movimentava em um campo magnético e provou, definitivamente, a ligação entre magnetismo e eletricidade que já havia sido intuída por Tales de Mileto há quase dois mil anos. Era 1831 quando Faraday comprovou o eletromagnetismo. Ainda faltavam 35 anos para que o primeiro motor elétrico da história surgisse. Isso não impediu, no entanto, que durante esse período relativamente pequeno, outras máquinas com o mesmo princípio fossem inventadas, a começar por um gerador construído pelo próprio Faraday e que consistia em um disco de cobre com diâmetro de 30 cm. Ele girava no campo magnético formado entre os pólos de um imã com forma de ferradura e produzia eletricidade. Outro inglês, ainda na década de 1830, o cientista W. Ritchie inventou o comutador, peça que seria importante na composição do motor elétrico e o mecânico francês H. Pixii colocou o invento em prática. Pixii construiu um gerador composto de um imã em ferradura que girava na frente de duas bobinas presas com um núcleo de ferro. Este núcleo, utilizado pela primeira vez em um experimento, permitiu o aumento do fluxo magnético e da tensão da indução, fazendo a tensão alternada das bobinas ser transformada pelo comutador em uma tensão contínua pulsante. No final dessa mesma década, o arquiteto e professor de física alemão, Moritz Hermann von Jacobi, deu um objetivo para a nova invenção. Instalou um motor movido a pilhas galvânicas dentro de uma lancha e transportou 14 pessoas durante algumas horas. Mostrou-se, pela primeira vez, que a energia elétrica podia ser utilizada a favor do trabalho mecânico. Contudo, as baterias galvânicas eram muito caras e descarregavam rapidamente, tornando a invenção um artigo de luxo. A mudança de perspectiva viria com Siemens, que, em 1866, já tendo criado um gerador de tensão elétrico baseado no princípio de indução eletromagnética desenvolvido por Faraday, construiu um dínamo e provou que a tensão necessária para o magnetismo podia ser extraída do próprio enrolamento do rotor. Ou seja, a máquina podia gerar sua própria energia e não ficar dependente dos imãs. Assim, a invenção barateou o gerador, que também funcionava como motor quando alimentado por energia elétrica. Com preço menor, estavam criadas as condições para uma maior difusão do novo velho invento. A evolução Em 1879, uma empresa criada, anos antes, por Siemens em conjunto com Johann George Halske para fabricar telégrafos, expandiu sua gama de produtos e, na feira industrial de Berlim, apresentou ao público a nova invenção aplicada: uma locomotiva movida por um motor elétrico de dois quilowatts. O motor, apesar de mais barato que no início, continuava com o custo muito elevado para ser produzido em escala industrial, além de apresentar problemas de ordem técnica. Nomes como o do italiano Galileu Ferraris, do iugoslavo Nicolau Tesla e do alemão Friedrich Haselwander surgiram para tentar tornar mais viável a nova máquina. Suas descobertas pareciam solucionar os problemas em um primeiro momento, mas logo se mostram ineficazes. Em 1890, as atenções se voltaram para o cientista russo radicado na Alemanha, Michael von Dolivo- Dobrowolsky, que já um ano antes, trabalhando como construtor da AG berlinense, desenvolve um motor trifásico de corrente alternada com potência contínua de 80 watts e rendimento de aproximadamente 80%. O equipamento mostrou-se ideal para os planos da indústria crescente, por apresentar alto rendimento, ótima partida, relativo silêncio durante o funcionamento e baixa complexidade o que facilitava a manutenção, alta resistência e nenhuma interferência de correntes parasitas, tornando-o mais seguro para a operação. Em 1891, o construtor russo já tinha conseguido produzir o novo equipamento em série. Concomitantemente, começaram a aparecer as primeiras indústrias de motores que logo se tornaram muitas. Os equipamentos se padronizaram e aos poucos diminuíram 14-15

Primeiro motor elétrico fabricado pela brasileira Weg. Gerador, criado pelo mecânico parisiense H. Pixii, foi instalado pelo arquiteto e professor de física alemão Moritz Hermann von Jacobi em uma lancha, no fim da década de 1930. Apoio

Dínamo desenvolvido por Thomas Edison. de tamanho ao ponto de ainda no início de sua produção seriada já terem seu tamanho reduzido em 25%. Nada comparado com os motores de hoje, cujo peso representa somente 8% das máquinas com a mesma potência fabricadas no início do século XIX. Contudo, nos dias atuais, a tendência da diminuição do tamanho do motor elétrico está sendo revertida. Para o diretor de engenharia da Weg, Siegfried Kreutzfeld, isso acontece por causa da carência da oferta de energia elétrica em quase todo o mundo. Faz-se necessária a adoção de medidas para economia de energia que, no caso do motor elétrico, aumenta o rendimento do equipamento. E para aumentar o rendimento é preciso o emprego de materiais como cobre e chapa, o que, conseqüentemente, acarreta em mais peso, afirma. De volta ao passado, após a invenção de um princípio ideal de funcionamento para o motor elétrico, as atenções dos cientistas voltaram-se para o aprimoramento da fórmula estabelecida e questões como aumento de potência, melhor rendimento do aparelho, maior durabilidade e economia foram colocadas em foco. Para que desenvolvimentos e inovações ocorressem, no entanto, foram necessários diversos motivos. O primeiro deles pode ser creditado na conta dos estudiosos da área, que ao analisar mais detalhadamente os aspectos técnicos do motor elétrico, consolidaram a teoria necessária para que construtores pudessem a partir delas realizar melhorias. O segundo fator deve-se à competição. Em busca de maiores fatias do mercado, indústrias de motores buscavam destaque, lançando equipamentos diferentes da concorrência. Neste afã, eram colocados à disposição dos consumidores motores com potência igual à do competidor só que com menor tamanho. Essa variedade de tipos ocasionava um problema já que não havia como substituir modelos de fabricantes diferentes sem ajustes. Por essa questão é que se fez premente uma normalização que ditasse os parâmetros de construção dos equipamentos. A terceira razão foi o uso de matérias-primas mais nobres e apropriadas na estrutura dos motores e a quarta, e talvez mais importante, foi o uso em grande escala dos motores pela população mundial que impulsionou os fabricantes a desenvolverem mais e melhores produtos. Aplicações Prestando minimamente atenção no mundo que nos cerca percebe-se sem muito esforço que o uso de motores elétricos não ficou restrito somente à lancha de von Jacobi e nem à locomotiva exposta pela empresa de Halske e Siemens na feira industrial de Berlim. Depois dessas primeiras utilizações, o invento começou a ser empregado nas indústrias que se proliferavam nos países mais ricos do mundo. Não demorou muito tempo, no entanto, para se perceber que, se os motores elétricos eram úteis para os países mais desenvolvidos, certamente deveriam ser mais úteis ainda para nações mais pobres, em que o desenvolvimento industrial era ainda incipiente. Assim, começou a surgir indústrias especializadas na fabricação de motores elétricos. Logo, o equipamento, antes restrito ao ambiente industrial, alcançou estabelecimentos comerciais e residenciais. Na área doméstica, por exemplo, houve o surgimento de diversas máquinas que utilizavam o novo invento. Torradeiras, liquidificadores e espremedores propiciaram às donas de casa a otimização de seus afazeres, possibilitando, conseqüentemente, que houvesse mais tempo para outras atividades. Nos Estados Unidos, de acordo com o livro Mundo Elétrico, quase todos os eletrodomésticos apareceram entre 1890 e 1910. Na fronteira entre comércio e atividade doméstica, a confecção de roupas foi transformada pela invenção da máquina de costura. Profissionais liberais como dentistas também se beneficiaram com o surgimento do motor; suas velhas ferramentas foram substituídas por equipamentos elétricos e o trabalho ficou mais preciso e seguro. 16-17

Os primeiros motores elétricos foram instalados no Brasil em 1898, sendo um de 30 CV Westinghouse, na fábrica de tecidos Bernardo Mascarenhas, e outro de 20 CV, italiano, na firma Pantaleone Arcuri & Timpani, ambos em Juiz de Fora (MG). O equipamento consolidou-se e mesmo com o advento da era digital no século XX, permaneceu firme. A máquina que teve seu tamanho diminuído e tornou-se silenciosa com o passar dos anos e hoje pode ser encontrada em todos os lugares em que um ser humano esteja realizando uma atividade. Brinquedos, escadas rolantes, portões eletrônicos, impressoras, computadores, condicionadores de ar, caixas eletrônicos, banheiras de hidromassagem, limpadores de pára-brisa e muitos outros equipamentos utilizam de alguma forma o motor elétrico em suas composições. Aliada com a eletrônica, a eletricidade e seus aplicativos são os principais impulsionadores do progresso humano. Segundo o diretor de engenharia da Weg, Siegfried Kreutzfeld, o motor elétrico de indução foi, é, e continuará sendo considerado o impulsor ou a força motriz da indústria em todo mundo. No Brasil Se no final do século XIX e início do século XX, o motor elétrico já era realidade em diversos países da Europa e nos Estados Unidos, o mesmo não podia ser dito em relação ao Brasil. Se antes de 1900, os motores trifásicos de indução já eram utilizados nas indústrias dos países desenvolvidos e se nas vésperas da primeira guerra mundial, Estados Unidos e Alemanha já despontavam como potências nessa área, o Brasil apresentava uma economia totalmente atrelada a produtos agrícolas, como a borracha, a cana-de-açúcar e o café. Nas primeiras décadas do século XX, as indústrias eram quase todas movidas a vapor ou a força hidráulica. A eletricidade, quando existente, era, em geral, somente para a iluminação. Era difícil convencer a muitos dos industriais daquela época que o pequeno motor elétrico substituía com vantagem as barulhentas e fumegantes caldeiras e máquinas a vapor, afirma Pedro Carlos da Silva Telles, em seu livro História da Engenharia no Brasil. A situação só se modificou com a queda da produção cafeeira no País que afetou a taxa de câmbio e encareceu em demasia os produtos de importação. Como eles eram muitos e fariam falta para a sociedade brasileira, só restou uma solução ao governo da época: incentivar a produção interna por meio de indústrias. Os governos de Getúlio Vargas de 1934 a 1945 e depois de 1950 a 1954 foram um dos grandes responsáveis pelo primeiro empurrão rumo à difusão das indústrias no País. Mais indústrias demandavam mais energia e o País não possuía, pelo menos naquele momento, meios que aumentassem sua produção energética, A perspectiva começou a se modificar no governo de Juscelino Kubitschek (JK), entre 1956 e 1960. Foi na sua gestão, por exemplo, que foram construídas as usinas de Furnas e Três Marias. Os investimentos deram certo e a capacidade de produção de energia passou de 3,5 milhões de quilowatts para 4,7 milhões de quilowatts no final de 1960. Estava criada uma infra-estrutura suficiente para atender à demanda de produção industrial brasileira que havia crescido cerca de 80% durante o mandato de JK. A partir de então, o País entrou de vez na era industrial e os motores elétricos, tomando carona nessa onda, começaram a ser comercializados em grande escala. As empresas fabricantes do equipamento se situaram, em um primeiro momento, na região Sudeste do País, mais especificamente em São Paulo, como Siemens, General Electric, Arno, Búfalo, Wazgner, Brasil Motores e Indústria Paulista de Motores. Posteriormente, a região Sul também entrou no mapa da produção de motores elétricos do País com o surgimento no Estado de Santa Catarina de empresas como a Weg, a Motores Eberle (atual Metal Corte) e a Kolbach. Na atualidade, o progresso tecnológico do motor elétrico tem sido surpreendente tanto em termos de otimização de volume e peso, em virtude das inovações de materiais isolantes, como das novas ferramentas de engenharia no uso do cálculo dos motores elétricos. Pesquisa: O motor elétrico, publicação da Weg. Apoio