DESCRIPTIVE STUDY OF ANORECTAL MANOMETRY TESTS PERFORMED AT THE DIGESTIVE MOTILITY LABORATORY OF SANTA CASA DE MISERICÓRDIA, PORTO ALEGRE, BRAZIL

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Transcrição:

ESTUDO DESCRITIVO DOS EXAMES DE MANOMETRIA ANORRETAL REALIZADOS NO LABORATÓRIO DE MOTILIDADE DIGESTIVA DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA, PORTO ALEGRE, BRASIL. DESCRIPTIVE STUDY OF ANORECTAL MANOMETRY TESTS PERFORMED AT THE DIGESTIVE MOTILITY LABORATORY OF SANTA CASA DE MISERICÓRDIA, PORTO ALEGRE, BRAZIL Carlos Zaslavsky 1 Cleber Allem Nunes 2 1 Médico do Laboratório de Motilidade Digestiva da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre; Mestre e Doutor em Gastroenterologia; Pesquisador Responsável. 2 Médico do Laboratório de Motilidade Digestiva da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre; Cirurgião Proctologista; Membro Associado da Sociedade de Coloproctologia. Agradecimentos: Enfermeira Elenice Costella Rode, Acadêmica de Enfermagem Giele Aparecida Silveira, Técnica de Enfermagem Vera Regina Nogueira dos Santos; Estatística Daniela Benzano. Endereço para correspondência: Carlos Zaslavsky Avenida Independência 128/42-90035-070- Porto Alegre,RS, Brasil (51) 97836818 carlos@drzaslavsky.com.br

RESUMO Objetivo: A manometria anorretal é atualmente o padrão ouro, como método de diagnóstico laboratorial dos distúrbios evacuatórios. O objetivo do presente estudo é descrever uma experiência brasileira, da realização da manometria anorretal, valorizando-a como meio diagnóstico. Métodos: É um estudo retrospectivo, com revisão dos laudos dos exames, no Laboratório de Motilidade Digestiva da Santa casa de Misericórdia de Porto Alegre, Brasil. Foram incluídos os pacientes consecutivos, acima de 12 anos de idade, submetidos a manometria anorretal, entre março de 2003 e outubro de 2015. Resultados:.No período foram realizados 1319 exames, em pacientes com média de idade de 53,4±19,4 anos, sendo 70,7% do sexo feminino. A incontinência anal, com 62,4% dos exames, foi a principal indicação da manometria anorretal, a segunda foi constipação com 29,4% e por outros motivos em 8,2% dos pacientes. No período entre 2011 e 2015 houve um aumento significativo dos exames realizados por incontinência anal, em relação ao de 2003 até 2010. Conclusões: As duas principais indicações da manometria anorretal, no presente estudo e na literatura, são constipação e incontinência anal. O aumento significativo dos exames por incontinência anal, após 2011, sugere uma maior consciência dos médicos e pacientes em relação ao seu diagnóstico. Este é o primeiro estudo brasileiro, que discute as indicações da manometria anorretal e as características dos pacientes encaminhados para o exame. Os autores propõem a valorização da manometria anorretal em nosso meio, como método diagnóstico nas disfunções evacuatórias.

ABSTRACT Objective: Anorectal manometry is currently the gold standard method for laboratory diagnosis of evacuation disorders. The objective of this study is to describe the experience of a Brazilian center with anorectal manometry, emphasizing the value of this test as a diagnostic method. Methods: In this retrospective study, results of anorectal manometry tests performed at the Digestive Motility Laboratory of Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Brazil, were reviewed. All patients aged 12 years or older and undergoing anorectal manometry between March 2003 and October 2015 were consecutively included in the study. Results: Over the period assessed, a total of 1,319 anorectal manometry tests were performed. Mean age was 53.4±19.4 years; 70.7% of the patients were female. Fecal incontinence was the main indication for the test, accounting for 62.4% of cases. The second most frequent indication was constipation, with 29.4%, and other reasons accounted for 8.2%. Between 2011 and 2015, a significant increase was observed in the number of tests performed due to fecal incontinence when compared to 2003-2010. Conclusions: The two major indications for anorectal manometry, both in the present study and in the literature, are constipation and fecal incontinence. The significant increase in the number of tests performed due to fecal incontinence after 2011 suggests greater awareness among practitioners and patients with regard to diagnosis. This is the first Brazilian study to discuss indications for anorectal manometry and the characteristics of patients referred for the test. The authors suggest that anorectal manometry be more valued as a method to diagnose evacuation disorders.

INTRODUÇÃO Os distúrbios evacuatórios estão presentes em 10 a 15% da população, sendo os mais comuns a incontinência anal e a constipação 1-2. O diagnóstico destas situações começa pela história e exame físico, inclusive com toque retal, realizado por profissional médico experiente 3-4. A manometria anorretal é atualmente o padrão ouro, como método de diagnóstico laboratorial dos distúrbios evacuatórios 5-6. Quantifica a função tônica e de contração do esfíncter anal, avalia o reflexo anorretal e a sensibilidade retal 7-8-9. É importante para caracterizar a disfunção do esfíncter anal, possibilitando o tratamento específico em adultos 10 e em crianças 11. A manometria anorretal é útil no tratamento por biofeedback, na avaliação pré-operatória em cirurgia de cólon e anorretal e como medida objetiva de resposta ao tratamento 9-12. As sociedades científicas norteamericanas de gastroenterologia a recomendam, em algoritmo, nas doenças anorretais benignas 2-3. A manometria anorretal foi descrita inicialmente por Gowers em 1887 e aperfeiçoada, com tecnologias mais complexas, como o método mais usado para medir a fisiologia anorretal 13-14- 15-16. É considerada como parte da rotina na prática clínica em pacientes com incontinência anal ou constipação que não respondem ao tratamento clínico inicial 5-17. A sensibilidade e especificidade da manometria anorretal são similares as da biópsia retal, no diagnóstico da Doença de Hirschsprung 18-19. Os objetivos do presente estudo, desenvolvido no Laboratório de Motilidade Digestiva do Pavilhão Pereira Filho da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, são: a) descrever a frequência das indicações da manometria anorretal, as características dos pacientes encaminhados para fazer o exame b) valorizar em nosso meio a manometria anorretal como método diagnóstico e terapêutico nas disfunções evacuatórias. O presente estudo é o primeiro brasileiro, desenvolvido em Laboratório de Motilidade Digestiva, com os objetivos acima propostos.

MÉTODOS Foram incluídos os pacientes consecutivos, acima de 12 anos de idade, que realizaram a manometria anorretal no Laboratório de Motilidade Digestiva do Pavilhão Pereira Filho da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, no período entre março de 2003 e outubro de 2015. Com 1300 pacientes aproximadamente foi possível descrever uma frequência de indicações de 50%, com margem de erro de entre 2,5 e 3 pontos percentuais e uma confiança de 95%.O estudo foi retrospectivo, observacional, com amostra de conveniência, através de revisão dos laudos dos exames. Foram avaliadas as seguintes variáveis: sexo, idade, indicações dos exames, distribuição anual das manometrias anorretais realizadas e as indicadas por incontinência anal e constipação. A manometria anorretal foi realizada com aparelho desenvolvido pela Alacer Biomédica, com equipamento Multiplex II. O sistema é de perfusão hidráulica, com cateter de 08 canais, distribuídos de forma radial, com fluxo de perfusão contínuo e de baixo débito, (0,5ml/min). O cateter possui um canal central, na extremidade distal do qual está colocado um balão de borracha, usado para insuflação retal. A técnica para a realização do exame é a da retirada lenta do cateter. Os seguintes parâmetros são avaliados na manometria anorretal: pressão de repouso e comprimento do esfíncter anal funcional; pressão máxima da contração esfincteriana voluntária; duração e pressão da contração voluntária mantida; relaxamento do esfíncter anal ao esforço evacuatório; contração esfincteriana involuntária com a manobra da tosse; reflexo anorretal; sensação retal com o balão: primeira sensação, urgência para evacuar e o máximo volume tolerado. A unidade de pressão é mmhg e a de tempo é em segundos. O procedimento é indolor e sem sedação, tem a duração estimada de 20 minutos, desde a introdução do cateter até a sua retirada, com o paciente deitado em decúbito lateral esquerdo. O preparo é feito, nas 3-4 horas que antecedem ao exame, com enema de esvaziamento. Todos os exames foram realizados pelos autores do estudo (CZ; CAN), com a participação das colaboradoras (GAS; VRNS). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (ISCMPA) com seguinte número CAAE/CONEP 461915.0.000.5335.

Análise estatística Os dados foram digitados no Programa Excel e exportados para o Programa SPSS v. 18.0 para análise estatística. Foram descritas as variáveis quantitativas com distribuição simétrica pela média e o desvio padrão. As variáveis categóricas foram descritas por frequências e percentuais e comparadas pelo teste de Qui-quadrado ou teste Exato de Fisher. Foi considerado um nível de significância de 5%. RESULTADOS Foram incluídos 1319 pacientes, consecutivos, submetidos ao exame de manometria anorretal, entre março de 2003 e outubro de 2015, sendo 110 por ano. Novecentos e trinta e dois (70,7%) eram mulheres e 387 (29,3%) homens. A média de idade do grupo estudado era de 53,4 anos e o desvio padrão de 19,4 anos. Entre os anos de 2003 e 2015, as indicações para a realização do exame foram: incontinência anal em 822 pacientes (62,4%) (59,7-65,0 IC95%), constipação em 387 (29,4%) (26,9-31,9 IC95%) e outros motivos em 110 pacientes (8,2%) (6,7-9,8 IC95%). Quanto às duas principais indicações dos exames, de 2003 até 2010, inclusive, 56,1% das manometrias foram por incontinência anal e 43,9% por constipação. De 2011 a 2015, 76,4% foram por incontinência anal e 23,6% por constipação (Figura 1). Houve uma diferença estatisticamente significativa entre estes dois períodos, em relação a indicação de manometria anorretal por incontinência anal (P<0,001).

100% 80% 60% 40% 20% 56,1% 43,9% 76,4% 23,6% Incontinência anal Constipação 0% Até 2010 De 2011 a 2015 Figura 1.- Gráfico da comparação entre os dois principais motivos de indicação de manometria anorretal, até 2010 e a partir de 2011..

DISCUSSÃO A incontinência anal e a constipação são disfunções evacuatórias prevalentes e com impacto na qualidade de vida das pessoas 5-12. No atendimento clínico destas situações, além da história e do exame físico, deve fazer parte a manometria anorretal, para a avaliação motora do esfíncter anal, da coordenação anorretal e da sensibilidade retal destes pacientes 2-3-5-7-8-12-17-20-21-22. A manometria anorretal, conforme a técnica descrita nos Métodos foi realizada com o cateter de perfusão hidráulica. Os cateteres de alta resolução ou alta definição, com tecnologia mais avançada, não apresentaram ainda vantagens na prática clínica, em relação a manometria anorretal convencional com cateter de perfusão hidráulica 5-16-17-23-24. As publicações brasileiras sobre a manometria anorretal descrevem a sua utilização em crianças constipadas 25-26 e com Hirschsprung 27, em pacientes com Doença de Chagas 28, na relação do exame com os distúrbios evacuatórios 29-30-31-32 e no biofeedback para incontinência anal 33-34. Nas Bases de Dados Lilacs e Medline, não foi encontrado nenhum estudo descritivo laboratorial desenvolvido no Brasil, sobre a população submetida a manometria anorretal. Neste estudo, foram incluídos 1319 pacientes consecutivos, submetidos à manometria anorretal, entre março de 2003 e outubro de 2015, com a média de 110 exames por ano. Nas três experiências internacionais que descrevem a realização de manometria anorretal em pacientes com incontinência anal e/ ou constipação, foram realizados 100 exames anuais, no período de três anos 22 ; 81anuais no período de quatro anos 20 e 67 anuais no período nove anos 35. Em relação ao sexo dos pacientes estudados, novecentos e trinta e dois (70,7%) eram mulheres. Este achado é semelhante ao da literatura, com as populações predominantemente feminina, 85,6% 22, 86,5% 35 e 86,7% 20. É possível que a predominância feminina, ocorra devido aspectos epidemiológicos próprios da incontinência anal e da constipação, principais indicações de manometria anorretal no presente estudo. No Rio Grande do Sul a prevalência de constipação é maior nas mulheres (36,8%) do que nos homens (13,9%) 36. Quanto à associação entre o sexo e a incontinência anal, as prevalências são similares em homens e mulheres 37-38, ambos procuram assistência médica com a mesma severidade do sintoma 39-40, mas os homens

demoram mais para procurar ajuda 41. Quanto ao aspecto da população masculina minoritária, no presente estudo, cabe uma reflexão. Segundo o Ministério da Saúde (2014), nos homens, o câncer de próstata é o mais frequente em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul. Até 26% destes pacientes, quando submetidos à radioterapia, apresentarão disfunção anorretal como efeito colateral, podendo receber tratamento especifico com a realização da manometria anorretal, antes e depois do tratamento 42. Esta indicação por câncer de próstata em homens e no pré-operatório de cirurgia anorretal ou colônica 8-15 ainda são pouco conhecidas em nosso meio. A prevalência da dupla incontinência, urinária e anal, aumenta com a idade, em homens e mulheres 43. Portanto, os homens com incontinência urinária devem ser também questionados sobre o hábito intestinal. No presente estudo, somente 8,2% dos exames não foram realizados pelas indicações de constipação e incontinência anal. A média de idade do grupo estudado foi de 53,4±19,4 anos. Este dado foi semelhante ao encontrado nos outros estudos descritivos na literatura internacional, 59±13 anos 20, 51,9±1 22 e 51 35 (15-88) anos. As médias de idade dos grupos do presente estudo e os da literatura decorrem possivelmente também das duas principais indicações da manometria anorretal, incontinência anal e constipação. A idade é um fator de risco definido para a incontinência anal, ocorrendo em 6% acima de 40 anos de idade 44 até15, 2% acima de 50 anos de idade 43-45. Além disto, a maioria dos pacientes com incontinência anal não procura atenção profissional, esconde dos médicos e da família, retardando o seu diagnóstico e tratamento 46. Na constipação, a automedicação e tratamento em farmácias retardam a ida ao médico, determinando o aumento da média de idade dos pacientes quando submetidos a manometria anorretal diagnóstica 47. No presente estudo, entre 2003 e 2015, as duas principais indicações para a realização da manometria anorretal foram: incontinência anal e constipação. Até 2010, 56,1% foram por incontinência anal e 43,9% por constipação e de 2011 a 2015, 76,4% foram por incontinência anal e 23,6% por constipação. Houve um aumento significativo dos exames indicados por incontinência anal, entre 2011 e 2015 (p<0,001). Inicialmente, esta diferença entre os dois períodos, pode ser mais bem entendida pela história da manometria anorretal como método diagnóstico. Em 1877 foi demonstrado experimentalmente o

fundamento do método, o relaxamento do esfíncter anal interno após a insuflação retal com ar 15. Foi utilizada naquele momento, no diagnóstico da Doença de Hirschsprung e na constipação crônica da infância 48-49-50. Atualmente, a manometria anorretal persiste como o melhor método diagnóstico, em pacientes com constipação crônica, para o diagnóstico do distúrbio da defecação 5. Quanto à incontinência anal, em literatura internacional mais recente, a manometria anorretal é indicada para o diagnóstico nas alterações funcionais do esfíncter anal e para o seu tratamento com biofeedback 2-5-51. No Brasil, até 2011, assim como na literatura internacional, a manometria anorretal, como método diagnóstico, foi identificada como meio de diagnóstico diferencial na constipação na infância e nos adultos 25-26-27-31-52-53-54-55. Na prática clínica brasileira, somente a partir de 2011, as publicações brasileiras descreveram a manometria anorretal para o diagnóstico das alterações anorretais da incontinência anal 29-32-33-56-57 Após 2012, foram publicados estudos brasileiros de prevalência da incontinência anal 44-58-59-60 e propostas de tratamento clínico simples e eficaz 32-34-61-62. As publicações europeias 23-63 e norte- americanas 2-3 incentivaram a atenção para o problema da incontinência anal, propondo algoritmos na sua investigação e tratamento. No presente estudo, o aumento significativo, após 2011, das indicações de manometria anorretal para incontinência anal, também pode ser devido à sua maior valorização, nas publicações brasileira e internacional. É possível também, que a incontinência anal esteja sendo menos negligenciada no seu atendimento profissional 64, assim como os pacientes a estejam relatando espontaneamente 65, determinando uma maior procura ao seu diagnóstico e tratamento 39. CONCLUSÕES As duas principais indicações para a realização da manometria anorretal, no presente estudo e na literatura, são constipação e incontinência anal. A descrição do aumento significativo dos exames por incontinência anal, após 2011, sugere uma maior consciência dos médicos e pacientes em relação ao seu diagnóstico. Os autores propõem a valorização em nosso meio da manometria anorretal no diagnóstico diferencial das disfunções evacuatórias.

No Brasil, este é o primeiro estudo que descreve a frequência das indicações da manometria anorretal em Laboratório de Motilidade Digestiva.

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