EFEITO DA TEMPERATURA NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE UMA ESPÉCIE NATIVA DA FLORESTA AMAZÔNICA Jonathan Wesley Ferreira Ribeiro 1 ; Adriana Paula D Agostini Contreiras Rodrigues 2 ; Ademir Kleber Morbeck de Oliveira 3 ; 1 Acadêmico do Curso de Ciências Biológicas, Bolsista de Iniciação Científica do CNPq, e-mail: jwfribeiro@gmail.com. 2 Programa de Pós-Graduação em Produção e Gestão Agroindustrial, e-mail: adricontreiras@hotmail.com. 3 Programa de Pós- Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, e-mail: akmorbeck@hotmail.com. 1,2,3 Universidade Anhanguera-Uniderp, Rua Alexandre Herculano, 1400, Bairro Jardim Veraneio, CEP 79037-280, Campo Grande, MS. Resumo A espécie Parkia gigantocarpa Ducke, árvore conhecida popularmente como Faveira, ocorre em florestas de terra firme da Amazônia, atingindo até 60 m de altura e 1,50 m de diâmentro. Sua madeira é leve e boa para compensado. O presente trabalho teve por objetivo avaliar o efeito de diferentes temperaturas constantes na germinação de P. gigantocarpa. Foram utilizadas quatrocentas sementes, sendo elas submetidas a um tratamento pré-germinativo para superação da dormência. As temperaturas constantes testadas foram de 20, 25, 30 e 35 ºC. As temperaturas não influenciaram a porcentagem final de germinação, entretanto afetaram o vigor e o tempo de germinação das sementes. A temperatura de 30 ºC foi a mais adequada, proporcionando uma germinação mais rápida e com maior alocação de biomassa nas raízes primárias das plântulas formadas. Palavra chaves: Amazônia, espécies florestais, restauração ecológica. Introdução O gênero Parkia, família Fabaceae, subfamília Mimosoideae, é encontrado principalmente em florestas tropicais úmidas, onde existem aproximadamente 17 espécies que ocorrem em áreas de floresta de terra firme, várzea sazonal e floresta secundária (Hopkins, 1986). Dessas espécies, P. multijuga Benth., P. nitida Miquel, P. paraenses Ducke, P. ulei (Harms) Kuhlm. e P. platycephala Benth. são conhecidas como fornecedoras de madeiras comerciais na Amazônia (IBDF, 1987). Parkia gigantocarpa Ducke, árvore conhecida popularmente como Faveira, ocorre em florestas de terra firme da Amazônia, atingindo até 60 m de altura e 1,50 m de diâmetro, com madeira leve, boa para compensado (Paula e Alves, 1997). A exploração madeireira na Amazônia tem ocorrido há mais de trezentos anos; no entanto, nos últimos trinta anos essa exploração tem ocorrido de maneira intensa e predatória. Isso tem motivado o interesse maior em estudar as características silviculturais de determinadas espécies com o objetivo de conhecer os sistemas de regeneração artificial, para que as mesmas sejam utilizadas em programas de reflorestamento. É imprescindível como parte destes estudos obter informações sobre as características fisiológicas das sementes, principalmente no que se refere às condições de germinação e estabelecimento de plântulas (Varela et al., 1987). As informações da espécie P. gigantocarpa são incipientes, principalmente no que se refere aos aspectos da germinação de suas sementes. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de temperaturas constantes sobre a germinação de sementes desta espécie. Material e Métodos As sementes de P. gigantocarpa foram colhidas manualmente, diretamente dos frutos maduros de árvores matrizes durante o mês de junho de 2009, no município de
Paragominas, Pará, Brasil, armazenadas em garrafa pet e transportadas para o Laboratório de Pesquisa e Sistemas Ambientais e Biodiversidade da Universidade Anhanguera-Uniderp, Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil. Foram utilizadas 400 sementes, sendo elas submetidas a um tratamento prégerminativo para a superação de sua dormência tegumentar. Utilizou-se o método de escarificação química através da imersão das sementes em ácido sulfúrico (H 2 SO 4 98%) por 20 minutos, as quais foram colocadas em Becker, acrescentando ácido sulfúrico até cobrir as sementes. Após o tempo de imersão determinado, as sementes foram colocadas em uma peneira metálica e lavadas em água corrente por aproximadamente 10 minutos, para a retirada do ácido. Para a avaliação do efeito da temperatura sobre a germinação foram testadas quatro temperaturas constantes (20, 25, 30 e 35 C). Todos os tratamentos foram realizados com quatro repetições de 25 sementes, com fotoperíodo de 12 h em câmaras de germinação do tipo B.O.D. Os testes foram conduzidos em caixas transparentes (11 x 11 x 3,5 cm) sobre duas folhas de papel germitest previamente umedecidos com o fungicida Rovral a 0,1%. A avaliação da germinação foi diária, sendo iniciada no primeiro dia após a instalação do teste, sendo consideradas germinadas quando apresentaram emissão de radícula, com no mínimo 2 mm de comprimento, com teste encerrado no décimo segundo dia. Ao final do experimento, foi feita a contagem de plântulas normais e anormais, considerando como normais aquelas que apresentassem todas as estruturas essenciais para seu desenvolvimento (raiz primária, hipocótilo, epicótilo e eófilos). Para determinar a média de massa seca da raiz primária, utilizaram-se as raízes provenientes das plântulas normais de cada tratamento, as quais foram acondicionadas em saco de papel do tipo Kraft devidamente identificados, levados para estufa de ventilação forçada à temperatura de 60 C por 24 horas. Posteriormente as raízes foram pesadas individualmente em balança analítica, sendo expresso o resultado em gramas (média). Foi avaliada a percentagem de germinação, percentagem de formação de plântulas normais e anormais, percentagem de sementes mortas, índice de velocidade de germinação e o tempo médio de germinação. Os dados foram tabulados, submetidos à análise de variância e quando necessário transformados em arcsen(x/100) 1/2, sendo que para o experimento 1 procedeu-se a regressão polinomial e para o experimento 2 as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (Rodrigues et al., 2010). Resultados e Discussão Não houve efeito significativo das temperaturas na percentagem final de germinação das sementes de P. gigantocarpa. A espécie apresentou bom desempenho germinativo em todas as temperaturas, com porcentagens finais acima de 79%. A porcentagem de plântulas normais e anormais e sementes mortas também não apresentaram diferenças estatísticas significativas. Foi possível observar um aumento linear no índice de velocidade de germinação (IVG) e, consequentemente, uma queda linear no TMG conforme o aumento de temperatura (20, 25, 30, 35ºC) (Fig. 1 e 2). Para o IVG, as temperaturas constantes de 30 e 35 ºC apresentaram os maiores valores (4 e 5, respectivamente). As sementes germinaram em menor tempo nas temperaturas constantes de 30 e 35 ºC (3,7 e 4,5 dias, respectivamente). A alocação de biomassa seca foi maior nas temperaturas constantes de 25 e 30 ºC (Fig. 3).
Figura 1. Índice de velocidade de germinação (IVG) de sementes de Parkia gigantocarpa em diferentes temperaturas. Figura 2. Tempo médio de germinação de sementes de Parkia gigantocarpa em diferentes temperaturas. Figura 3. Média de massa seca (g) de raiz primária em plântulas de Parkia gigantocarpa submetidas a diferentes temperaturas.
Estes resultados estão de acordo com a colocação de Marcos Filho (2005), o qual menciona que, na ausência de outros fatores limitantes, a germinação ocorre sob limites relativamente amplos de temperatura. Alves et al. (2002) indicaram que temperaturas entre 15 e 30 ºC como sendo aquelas que oferecem melhores condições para a germinação da maioria das espécies tropicais. Resultados semelhantes foram encontrados por Zucareli et al. (2010), no qual a temperatura não afetou significativamente a germinação das sementes de Dioclea violacea, com somente a 15 ºC ocorrendo queda na percentagem de germinação (83%) em relação às outras temperaturas constantes (20, 25, 30, 35 ºC); no entanto mostrou efeito sobre o tempo médio de germinação e no índice de velocidade de germinação, de forma que o tempo de germinação diminui conforme houve aumento da temperatura e o IVG, comportamento contrário, aumentando o valor conforme aumentou-se a temperatura. Conclusões As temperaturas avaliadas não afetaram a porcentagem final de germinação das sementes, entretanto o vigor foi alterado. A temperatura de 30 ºC proporcionou as melhores condições para a germinação, diminuindo o tempo médio de germinação e aumentando o teor de massa seca nas raízes primárias. Referências Bibliográficas ALVES, E.U.; PAULA, R.C.; OLIVEIRA, A.P.; BRUNO, R.L.A.; DINIZ, A.A. Germinação de sementes e Mimosa caesalpiniaefolia Benth. em diferentes substratos e temperaturas. Revista Brasileira de Sementes, v.24, n.1, p.169 178, 2002. HOPKINS, H. C. F. Parkia (Leguminosae: Mimosoideae). In: HOPKINS, H. C. F. Flora Neotrópica. New York: The New York Botanical Garden, 44p. 1986. IBDF - INSTITUTO BRASILEIRO DEDESENVOLVIMENTO FLORESTAL. Padronização da nomenclatura comercial brasileira das madeiras tropicais amazônicas. Brasília: 85p. 1987. MARCOS FILHO, J. Fisiologia de sementes de plantas cultivadas. Piracicaba: FEALQ, 495p, 2005. Forestalis, v. 61, p.133-143, 2002. PAULA, J. E.; ALVES, J. L. H. Madeiras nativas: anatomia, dendrologia, dendrometria, produção e uso. Brasília: Fundação Mikiti Okada MOA, 543p. 1997. RODRIGUES, A. P. D. C.; LAURA, V. A.; PEREIRA, S. R.; SOUZA, A. L.; FREITAS, M. E. Temperatura de germinação em sementes de estilosantes. Revista Brasileira de Sementes, v.32, n.4, p.166-173, 2010. VARELA, V. P., AQUINO, P. A. N. e AZEVEDO, C. P. Tratamentos Pré-germinativos em sementes de espécies florestais da Amazônia. III. Faveira-Arara-Tucupi (Parkia decussata Duke) Leguminosae. Acta Amazônica, 16/17, 557-562p. 1986/87. ZUCARELI, V.; AMARO, A.C.E.; SILVÉRIO, E.V.; FERREIRA, G. Métodos de superação da dormência e temperatura na germinação de sementes de Dioclea violácea. Semina: Ciências Agrárias, v. 31, suplemento 1, p.1305-1312, 2010.
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