PROCESSO N SENTENÇA. Relatório dispensado, na forma do art. 38 da Lei n /95. Decido.

Documentos relacionados
Processo nº: Autor: NILO RAMOS VIEIRA Réu: INSS Objeto: Benefício previdenciário por incapacidade

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

2ª TURMA RECURSAL JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

Poder Judiciário Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 24ª Junta de Recursos

RELATÓRIO. TRF/fls. E:\acordaos\ _ doc

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 2ª Câmara de Julgamento

2ª TURMA RECURSAL JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO JUIZADO ESPECIAL CIVEL DE PONTA GROSSA SEÇÃO JUDICIARIA DO PARANÁ. AUTOS:

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 24ª Junta de Recursos

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 29ª Junta de Recursos

RELATÓRIO RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL IVAN LIRA DE CARVALHO - 2ª TURMA VOTO

Superior Tribunal de Justiça

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (2ª Turma) GMMHM/dl/nt

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5.ª REGIÃO Gabinete da Desembargadora Federal Margarida Cantarelli

ACÓRDÃO. Rio de Janeiro, 29 de setembro de Des. Fed. MESSOD AZULAY NETO. Relator

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (5ª Turma) GMCB/crp/cf/ses

Vistos. Foi indeferido o pedido de tutela de urgência (fls. 130/133). Citada, a requerida não apresentou resposta (fls. 139/140). Esse é o relatório.

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 29ª Junta de Recursos

RELAÇÃO DE DOCUMENTOS EXIGIDOS PARA CANDIDATOS A AUXÍLIO ESTUDANTIL 2018

ANEXO VIII RELAÇÃO DETALHADA DOS DOCUMENTOS A SEREM APRESENTADOS PARA COMPROVAÇÃO DA SITUAÇÃO SOCIOECONÔMICA (GRUPOS L1,L2,L9 e L10)

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA PRÓ-REITORIA DE ASSUNTOS ESTUDANTIS. EDITAL Nº 004, de 24 de fevereiro de 2014

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Rio de Janeiro 2 a Vara Federal de Niterói

I-SERVIÇOS SOLICITADOS (Marque com um X o auxílio que necessita)

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA PARA CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE

Direito Previdenciário

ANEXO IV - FORMULÁRIO DE REQUERIMENTO DE ISENÇÃO ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA RESIDÊNCIA MÉDICA

Tribunal Regional Federal da 3ª Região

CAMPUS BARBACENA RESULTADO PROVISÓRIO COMPROVAÇÃO DE RENDA PARA RESERVA DE VAGAS NO PROCESSO SELETIVO 2016/1 CANDIDATOS DA 1ª CHAMADA DE MATRÍCULA.

SENTENÇA. Processo Digital nº: Procedimento Comum - Responsabilidade Civil. Vistos.

Processo Seletivo Residência Médica 2017

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 1ª TURMA RECURSAL JUÍZO A

COMO FICOU COMO ERA. Exigência de prova contemporânea; Nos casos de dependente menor de 16 anos, não havia prazo para

/ (CNJ: )

RELATÓRIO. 3. Não foram apresentadas contrarrazões. 4. É o que havia de relevante para relatar. VOTO

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MIGUEL BRANDI (Presidente sem voto), RÔMOLO RUSSO E LUIZ ANTONIO COSTA.

R E L A T Ó R I O. O Desembargador Federal JOSÉ MARIA LUCENA (Relator):

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Obs.: AS DECLARAÇÕES DEVEM SER ASSINADAS E RECONHECIDAS FIRMA EM CARTÓRIO. DECLARAÇÃO

CAMPUS JUIZ DE FORA RESULTADO PROVISÓRIO

DOCUMENTOS OBRIGATÓRIOS

Enunciados da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNUJEFs)

10.1. Conceito Confissão Documento Testemunha Presunção Perícia. 10. Provas.

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE PERNAMBUCO JUÍZO DE DIREITO DA 26ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE RECIFE- SEÇÃO B SENTENÇA

RELATÓRIO VOTO. É o relatório.

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 04ª Junta de Recursos

UNIFORMIZAÇÃO DAS DECISÕES DAS TURMAS RECURSAIS DOS (JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS)

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI DIRETORIA DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL PROGRAMA AUXÍLIO EMERGENCIAL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA PRÓ-REITORIA DE ASSUNTOS ESTUDANTIS

O DIREITO PREVIDENCIÁRIO EM ESTUDOS DE CASOS PRÁTICOS

ANEXO II RELAÇÃO DETALHADA DOS DOCUMENTOS A SEREM APRESENTADOS PARA COMPROVAÇÃO DA SITUAÇÃO SOCIOECONÔMICA (GRUPOS L1,L2,L9 E L10)

REQUERIMENTO DE PENSÃO: Relação dos documentos necessários

ANEXO II RELAÇÃO DE DOCUMENTOS COMPROBATÓRIOS - FOTOCÓPIAS. ANÁLISE SOCIOECONÔMICA PARA SELEÇÃO DE PROGRAMAS DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL

Programa Universidade Para Todos- ProUni Processo Seletivo ProUni para 2012/1

Endereço: Nº Bairro: Cidade: CEP: Tel. Resid.: Tel. Celular: Data Nascimento: Naturalidade: UF: RG: Órgão Emissor/UF: CPF:

EMENTA A C Ó R D Ã O. Decide a Turma, por unanimidade, dar provimento à apelação. 1ª Turma do TRF da 1ª Região

TERCEIRA TURMA RECURSAL Juizados Especiais Federais Seção Judiciária do Paraná

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. PROVA MATERIAL INSATISFATÓRIA. ECONOMIA FAMILIAR NÃO CARACTERIZADA. RECURSO NÃO PROVIDO.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Superior Tribunal de Justiça

Modelos de. Declarações. Para 2017

APRESENTAÇÃO PREFÁCIO... 19

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDDE FEDERAL DE SANTA MARIA PRÓ-REITORIA DE ASSUNTOS EDTUDANTIS. EDITAL Nº 13/2014, 29 de julho de 2014.

O DIREITO PREVIDENCIÁRIO E A JURISPRUDÊNCIA DO STJ (ESTUDOS DE CASOS PRÁTICOS)

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS PRÓ-REITORIA DE ASSUNTOS ESTUDANTIS COORDENAÇÃO DE INTEGRAÇÃO ESTUDANTIL EDITAL

PROC: ELIZANGELA MARIA FERREIRA DOS SANTOS RECLAMANTE AVENIDA COMERCIO DE ALIMENTOS LTDA RECLAMADA

RELAÇÃO DE DOCUMENTOS PARA AVALIAÇÃO SOCIOECONOMICA. Leia com atenção todos os itens

Dados Básicos. Ementa. Íntegra

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI DIRETORIA DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL PROGRAMA AUXÍLIO-CRECHE

Justiça do Trabalho - 2ª Região 81ª Vara do Trabalho de São Paulo Processo Processo

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA PRÓ-REITORIA DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL

Vara Federal de São José dos Campos 3ª Subseção Judiciária do Estado de São Paulo. Vistos em sentença.

Superior Tribunal de Justiça

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 27ª Junta de Recursos

APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 21ª Junta de Recursos

PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL

COMARCA DE PORTO ALEGRE VARA CÍVEL DO FORO REGIONAL ALTO PETRÓPOLIS Av. Protásio Alves, 8144

Poder Judiciário Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Porto Velho - Fórum Cível Av Lauro Sodré, 1728, São João Bosco,

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE DIREITO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO

TEMPO RURAL E SEUS REFLEXOS NA APOSENTADORIA

SP ULIANE RODRIGUES MILANESI DE MAGALHAES CHAVES : SP EDSON RICARDO PONTES. : SP GLAUCIA GUEVARA MATIELLI RODRIGUES e outro

1 DOCUMENTOS DE IDENTIFICAÇÃO DO CANDIDATO E DOS MEMBROS DE SEU GRUPO FAMILIAR

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 05ª Junta de Recursos

PROCESSO: PROCEDIMENTO COMUM AUTORA: MONIQUE SANTANA DA RESTAURAÇÃO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL INSS DECISÃO

SENTENÇA C O N C L U S Ã O

:: e-proc - ::

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5.ª REGIãO Gabinete do Desembargador Federal Marcelo Navarro

PODER JUDICIÁRIO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL PREVIDENCIÁRIO DA 3ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL Justiça do Trabalho - 2ª Região 71ª Vara do Trabalho de São Paulo Capital Proc. n.º

INSTRUÇÃO NORMATIVA N o 7 DE 22 DE NOVEMBRO DE 2007 Dispõe sobre o registro de empresas de trabalho temporário. O Secretário de Relações do Trabalho

FORMULÁRIO PADRÃO para requerimento da ISENÇÃO de IPTU e/ou TCL nos termos da legislação municipal:

/2014/ / (CNJ: )

Modelos de. Declarações. Para 2017

Transcrição:

PROCESSO N. 2010.70.57.002560-2 SENTENÇA Relatório dispensado, na forma do art. 38 da Lei n. 9.099/95. Decido. Aposentadoria por Idade Rural Segurado Especial O benefício é garantido aos segurados especiais que tenham a idade mínima de 55 anos, para mulheres, ou 60 anos, para homens, e comprovem o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período correspondente à carência (Lei n. 8.213/91, art. 48, 1º e 2º). Havendo atividade anterior à Lei n. 8.213/91, a carência deve observar a tabela progressiva constante do art. 142 do referido diploma normativo. Como a autora requereu o benefício no ano de 2010 mesmo ano em que completou a idade mínima de 55 anos para a jubilação, pois nasceu em 24/03/1955, o benefício será devido se comprovada a carência de 174 meses de atividade rural anteriores à data do requerimento, nos termos do art. 142 da Lei n. 8.213/91, compreendidos entre os anos de 1995 a 2010. Exame do caso concreto Para a comprovação dos requisitos atinentes à qualidade de segurado e carência durante o período controvertido, a parte autora apresentou as seguintes provas materiais: 1 Certidão de casamento, lavrada em 23/06/1973, na qual consta a profissão do ex-esposo da autora como agricultor (evento n. 01, doc. n. 05); 2 Matrícula de imóvel rural em nome do genitor desde 30/07/1990 e divididos entre os herdeiros em 08/06/2000 (evento n. 01, docs. ns. 06 a 09); 3 Certificado de cadastro de imóvel rural emitido pelo INCRA para os anos de 2003 a 2009 (evento n. 12, doc. n. 03, fls. 03 e 04) 4 Notas fiscais de venda de produtos agrícolas para os anos de 2009 e 2010 (evento n. 01, docs. ns. 12 e 13). Além disso, foi produzida prova oral na via administrativa e em âmbito judicial, cujo resumo se encontra abaixo:

Justificação Administrativa

Audiência Judicial Autora Lourdes da Cruz: 1ª Testemunha Walmir João Hoff: 2ª Testemunha Antelmo Garcia Dutra:

3ª Testemunha Adelino José de Barros: Tomadas as declarações em audiência judicial, é possível apreender que os depoimentos da autora e de suas testemunhas não foram suficientemente idôneos a fim de formar o convencimento quanto ao real trabalho da demandante no meio rural, principalmente nos últimos dez anos, tendo em vista a evidente contradição com a prova material apresentada nos autos e com os termos de depoimentos colhidos e assinados por eles na justificação administrativa. Em que pese as testemunhas terem afirmado que não declararam, na via administrativa, que a requerente se afastou das tarefas agrícolas há dez anos para cuidar de sua genitora, analisando com cautela os testemunhos, observo que existem várias divergências que colocam em descrédito os depoimentos prestados judicialmente. Ressalta-se, ao mesmo tempo, que a demandante afirma, em audiência, que cultiva somente para o consumo, pois trabalha sozinha, mas apresenta notas fiscais de venda de milho para os anos de 2009 e 2010. Também, declara que planta apenas feijão, fato que, mais uma vez, vai de encontro com as notas em anexo, o que leva a concluir que esses documentos não são dotados de veracidade. Além disso, as terras onde a autora e sua mãe residem pertencem a um sobrinho da requerente Sr. Valdemir da Cruz o qual comprou a propriedade dos herdeiros do genitor da demandante, sendo que não existe nenhum tipo de contrato entre eles, o que corrobora o fato de a autora apenas residir e não efetivamente trabalhar no meio rural, já que não há qualquer outro documento no processo que a vincule ao trabalho rurícola. Ainda, o servidor do INSS, responsável pela oitiva na justificação administrativa, é dotado de fé pública, a qual presume ser verdadeiro o teor dos documentos redigidos por ele até que exista prova em contrário, o que, mesmo após a instrução judicial, não restou evidente.

Importante observar que o Ministério Público Federal já foi intimado nos autos e está averiguando possível crime de falso testemunho, uma vez que, mesmo após a insistência das testemunhas em pronunciar o contrário, há inúmeros indícios de que a requerente deixou de trabalhar na lida agrícola e passou a cuidar de sua genitora, a qual quebrou a perna há 10 anos e recebe dois benefícios previdenciários pensão por morte e aposentadoria por idade situação que torna mais difícil acreditar que a autora necessite realizar qualquer labor rural que vá além dos cuidados despendidos com a sua horta. Assim, ante as divergências apontadas acima e considerando, precipuamente, a fragilidade da prova testemunhal produzida em juízo, porquanto facilmente tendenciosa e insegura quanto ao que ocorreu nos relatos realizados na via administrativa, concluo que não restou comprovada a efetiva atuação da autora no meio rurícola durante todo o período de carência. Por conseqüência, impõe-se a improcedência do pedido. DISPOSITIVO Ante o exposto, resolvo o mérito da causa (CPC, art. 269, I) e julgo improcedente a demanda, sendo indevido o benefício por idade ao trabalhador rural que foi postulado (art. 39, I, da lei n. 8.213/1991), visto que não foi comprovado o exercício de atividade rural durante a carência estabelecida pelo art. 142 da Lei n. 8.213/1991. Não há custas nem honorários advocatícios (art. 55 da Lei n. 9.099/95). Sentença publicada e registrada eletronicamente. Intimem-se. Decido, desde logo, que eventual recurso apresentado em face da presente decisão será recebido apenas no efeito devolutivo. Assim, se tempestivamente interposto recurso, abra-se vista à outra parte para, querendo, contra-arrazoar. Decorrido o prazo para as contrarrazões, remetam-se os autos à Turma Recursal. Francisco Beltrão, datado e assinado eletronicamente. DIEGO VIEGAS VÉRAS Juiz Federal Substituto