Processo nº: Autor: NILO RAMOS VIEIRA Réu: INSS Objeto: Benefício previdenciário por incapacidade

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1 Processo nº: Autor: NILO RAMOS VIEIRA Réu: INSS Objeto: Benefício previdenciário por incapacidade Fls 152 SENTENÇA tipo A I Dispensado o relatório. II Consta no sistema Plenus da Previdência que a parte autora fruiu do seguinte período de auxílio doença, conforme abaixo: de 24/11/1994 a 17/04/1995. Postula-se a concessão do benefício de auxílio-doença, requerido administrativamente em 29/04/2014 e indeferido em razão de perda da qualidade de segurado (fl. 24). Bem assim, a conversão deste em aposentadoria por invalidez. A ação foi ajuizada em 18/03/2016. Partes sem provas adicionais, às fls. 133/137. Da incapacidade. 1

2 A incapacidade era incontroversa. O laudo administrativo de fl. 128 informa que o autor é portador de sequelas de doenças cerebrovasculares, o que lhe provoca incapacidade para o exercício de sua atividade declarada, de topógrafo. O laudo administrativo reconheceu a existência da incapacidade até 31/12/2014. A atividade laborativa do autor está comprovada, em vista de seu último vínculo empregatício, encerrado em 06/10/2011 (fl. 83). O laudo administrativo informa a dada de início da incapacidade (DII) em 14/10/2013. O autor, na inicial, argumentou que detinha a qualidade de segurado e cumprido a carência na data de início da incapacidade, 14/10/2013, quando sofreu o AVC. Fls 153 Da qualidade de segurado e da carência. Conforme as informações constantes do CNIS, o autor teria iniciado suas contribuições em 01/06/1975. Verifica-se. entretanto, que nas informações do CNIS não constam alguns vínculos empregatícios comprovados pelo autor com a CTPS (fls. 25/91). As anotações constantes na CTPS são aparentemente contemporâneas e gozam de presunção relativa de veracidade e, desse modo, devem ser consideradas, eis que não houve qualquer impugnação ao seu conteúdo. Confeccionamos, desse modo, abaixo, uma tabela com todos os vínculos empregatícios do autor, a fim de verificar todo o período contributivo e se o autor faz jus ou não à prorrogação do período de graça, nos termos do 1º do art. 15 da LPBS. Nessa tabela, lançamos os vínculos da CTPS não constantes do CNIS, bem como, quando houve conflito de informação entre CNIS e CTPS, consideramos as datas informadas na CTPS do autor. Sequência Início do vínculo Término do vínculo Contribuições Contribuições acumuladas sem a perda da qualidade de segurado 1 fl /12/ /02/ fl /08/ /11/ fl /11/ /01/ fl /04/ /05/ fl /06/ /06/ fl /09/ /04/ fl /04/ /01/ fl /02/ /03/ fl /06/ /02/

3 10 fl /02/ /05/ fl.27 24/05/ /08/ fl /01/ /07/ fl /08/ /07/ fl /11/ /07/ fl /07/ /07/ fl /09/ /09/ fl /11/ /12/ fl /12/ /08/ fl /09/ /11/ fl /01/ /08/ fl /09/ /12/ fl /01/ /03/ fl /01/ /02/ fl /04/ /07/ fl /10/ /07/ fl /08/ /11/ fl /01/ /02/ fl /04/ /05/ fl /05/ /06/ fl /12/ /06/ fl /06/ /02/ fl /08/ /04/ fl /09/ /10/ fl /04/ /05/ fl /10/ /06/ fl /09/ /10/ Fls 154 Nessa situação, em que se permitiu considerar válidas todas as informações constantes da CTPS e do CNIS, o autor, em sua primeira série de contribuições, sem interrupção que acarretasse a perda da qualidade de segurado, entre 28/12/1972 e 31/05/1981 (vínculos 1 a 10) acumulou um total de 90 contribuições. Em seguida, o autor ficou 23 meses fora do RGPS e readquiriu a qualidade de segurado quando iniciou vínculo empregatício em 24/05/1983 (vínculo 11). Nessa série, efetuou 22 contribuições sem interrupção que acarretasse a perda da qualidade de segurado. Após o encerramento do vínculo 13, em 26/07/1985, passou 14 meses fora do RGPS e somente readquiriu a qualidade de segurado em 05/11/1986 (vínculo 14). 3

4 Na sequência de contribuições seguinte, o autor efetuou um total de 112 contribuições sem interrupção que acarretasse a perda da qualidade de segurado. Nessa série, houve o deferimento do auxílio doença acima mencionado, entre 24/11/1994 a 17/04/1995, período em que não há contribuições. O último vínculo dessa série terminou em 31/05/1998 (vínculo 28). O autor perdeu a qualidade de segurado, por ter passado 22 meses fora do RGPS. Em seguida, o autor readquiriu a qualidade de segurado em 08/05/2000 (vínculo 29) e, nessa série, efetuou 29 contribuições sem a perda da qualidade de segurado, até 17/02/2003 (término do vínculo 31). Passou 17 meses sem contribuir. Manteve em seguida dois vínculos, no período de 24/08/2004 a 03/10/2005 (vínculos 32 e 33), quando efetuou 10 contribuições. Passou 30 meses fora do RGPS e, em seguida, manteve mais dois vínculos, entre 28/04/2008 e 10/06/2009 (vínculos 34 e 35), em que acumulou um total de 10 contribuições. O autor juntou, à fl. 21, ofício, datado de 03/11/2014, do Ministério do Trabalho e Emprego, em que se informa que ele recebeu o seguro desemprego relativo ao vínculo que perdurou de 10/10/2008 a 10/06/2009 (vínculo 35), o que fez com que a qualidade de segurado relativa a esse vínculo se prorrogasse por mais 12 meses, nos termos do 2 do art. 15 da LBPS. É que o deferimento do seguro desemprego significa inscrição automática no cadastro de desempregados. De todo modo, o autor perdeu a qualidade de segurado após o vínculo que perdurou de 10/10/2008 a 10/06/2009 (vínculo 25) em 16/08/2011, dia seguinte ao do vencimento da contribuição de 07/2011, a primeira exigível após o vencimento do período de graça de 24 meses a que fazia jus. Readquiriu a qualidade de segurado em 19/09/2011 (início do vínculo 36). Esse último vínculo perdurou até 18/11/2011 (3 contribuições). Assim, mesmo ao se atribuir como válidas todas as contribuições do autor constantes em sua CTPS, em conjunto com as informações do CNIS, não houve um mínimo de 120 contribuições sem interrupção que acarretasse a perda da qualidade de segurado. Na série mais longa em que não houve a perda da qualidade de segurado, conforme constatado, o autor somente acumulou 112 contribuições. Portanto, o autor não faz jus à prorrogação do período de graça, nos termos do 1º do art. 15 da LPBS. Não há informação nos autos sobre se o autor recebeu o seguro desemprego, em relação ao último vínculo, encerrado em 06/10/2011. As informações constantes do sítio do Ministério Fls 155 4

5 do Trabalho e Emprego, abaixo, indicam somente que houve um indeferimento, pelo motivo mais de 02 anos da data da demissão/suspensão. Fls 156 De todo modo, o autor não faz jus às hipóteses de prolongação do período de graça, constantes dos 1º e 2º do art. 15 da LBPS. O recebimento do seguro desemprego significa a inscrição automática no cadastro de desempregados do Ministério do Trabalho (Lei 7.998/1990, art. 8º, I). A parte autora defende que a condição de desempregado pode ser comprovada por outros meios. No entanto, o autor não ofereceu qualquer comprovação nesse sentido. Nesse ponto, não custa fixar que desempregado não é apenas aquele que não está empregado, mas aquele que está em busca de emprego, aquele que se coloca formalmente à disposição do mercado de trabalho para um emprego. No Brasil, praticamente 50% da população economicamente ativa não está empregada. No entanto, são considerados desempregados apenas 11% aproximadamente, que significa justamente o contingente de trabalhadores em busca de emprego. Nesse sentido dispõe o 2º do art. 15 da LBPS. Exige-se ali a comprovação do desemprego pelo cadastro no órgão de intermediação de mão de obra do Ministério do Trabalho. A jurisprudência admite que essa condição de busca de emprego possa ser provada por outros meios (inscrições em agências de emprego; em órgãos privados de intermediação de mão de obra etc.). No entanto, não houve, por parte do autor, qualquer comprovação equivalente. 5

6 Logo, o autor perdeu a qualidade de segurado em 16/01/2013, um dia após o vencimento da contribuição de 12/2012, a primeira exigível após o período de graça a que faz jus, de 12 meses. segurado. Assim, na data de início da incapacidade, 14/10/2013, o autor não detinha a qualidade de Fica mantida a decisão administrativa. Isso posto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO. Sem custas (LJE, art. 54). Sem honorários (LJE, art. 55, caput). III Interposto recurso tempestivo, intime-se a parte contrária a apresentar contrarrazões e, decorrido o prazo legal, remetam-se os autos às Turmas Recursais. Transitada em julgado, dê-se baixa e arquivem-se. P. R. I. Volta Redonda, 12 de julho de Fls 157 JOÃO MARCELO OLIVEIRA ROCHA Juiz Federal 6