Aula 6 A Pessoa Jurídica - I: Por Marcelo Câmara

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Transcrição:

Por Marcelo Câmara

Sumário:

1- Conceito; 1.1-Natureza jurídica: 1.2 Classificação: 1.3 Constituição: 2 - Representação da pessoa jurídica: 3 - Responsabilidade da pessoa jurídica. 4 - Pessoa jurídica e direitos de personalidade.

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: Desenvolvimento:

1- Conceito: Existe muita discussão têm ocorrido sobre o verdadeiro conceito de pessoa jurídica. Para alguns, as pessoas jurídicas são seres de existência anterior e independente da ordem jurídica, se apresentando ao direito como realidades incontestáveis (teoria orgânica da pessoa jurídica).

1- Conceito: Para outros, as pessoas jurídicas são criações do direito e, assim, fora da previsão legal correspondente, não se as encontram em lugar algum (teoria da ficção da pessoa jurídica). Hoje, para a maioria dos teóricos, a natureza das pessoas jurídicas é a de uma idéia, cujo sentido é partilhado pelos membros de uma comunidade jurídica, que a utilizam na composição de seus interesses.

1- Conceito: Sendo assim, ela não preexiste ao direito. A pessoa jurídica é um sujeito de direito personalizado, assim como as pessoas físicas, em contraposição aos sujeitos de direito despersonalizados, como o nascituro, a massa falida, o condomínio horizontal, etc.

1- Conceito: Desse modo, a pessoa jurídica tem a autorização genérica para a prática de atos jurídicos bem como de qualquer ato, exceto o expressamente proibido. Feitas tais considerações, cabe conceituar pessoa jurídica como o sujeito de direito inanimado personalizado.

1- Conceito: Pessoa jurídica é, assim, a entidade ou instituição que, por força das normas jurídicas criadas, tem personalidade e capacidade jurídicas para adquirir direitos e contrair obrigações. Sendo assim suas expressas previsões legais na Lei 10.406 de 2002, senão vejamos:

1- Conceito: Título II - Das Pessoas Jurídicas Capítulo I - Disposições Gerais Arts. 40 ao 52; Capítulo II - Das Associações Arts. 53 Ao 61; Capítulo III - Das Fundações Arts. 62 Ao 69. Livro II - Do Direito De Empresa Art. 966 ao 1.195.

1- Conceito: Ela nasce do instrumento formal e escrito que a constitui (art. 45 CC), ou diretamente da lei que a institui.

1- Conceito: Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.

1- Conceito: Pessoa Jurídica, considerada como agrupamentos que se equiparam à própria pessoa, preenchendo determinados requisitos legais e com capacidade para ser sujeito das relações jurídicas. A pessoa jurídica, embora formada por pessoas naturais, tem vida própria e autônoma não se confundindo com a vida de seus membros.

1.1-Natureza jurídica: Segundo Maria Helena Diniz, embora divergentes as correntes que definem, podemos, basicamente, particioná-las da seguinte forma: 1.1.1 Teoria da Ficção Legal e Doutrinária: 1.1.2 Teoria da Equiparação: 1.1.3 Teoria Orgânica: 1.1.4 Teoria da realidade das instituições jurídica:

1.1.1 Teoria da Ficção Legal e Doutrinária: A pessoa jurídica é uma ficção legal e artificial ligada à pessoa privadas. Inaplicável, considerando a existência da administração pública como sujeito de direitos e deveres. Pois em sendo assim, o mesmo Estado não existiria.

1.1.2 Teoria da Equiparação: A pessoa jurídica é equiparada à pessoa natural. Igualmente inaplicável, considerando equivaler a pessoa jurídica em sua classificação de bem adquirível a um ser humano.

1.1.3 Teoria Orgânica: A pessoa jurídica não tem vontade própria. Pois empregam uma conjugação de ações e valores que inexistem no ser humano por ser sujeito de vontade subjetiva. Logo, inaplicável.

1.1.4 Teoria da realidade das instituições jurídica: A vontade humana se manifesta através de seus atos e interesses. Que uma vez reunidos de forma jurídica podem conceber a existência da pessoa jurídica. É a mais aceita.

1.2 Classificação: Podemos classificar a pessoa jurídica pela sua nacionalidade, estrutura interna, quanto às funções e capacidade. 1.2.1 Nacionalidade: 1.2.2 - Estrutura interna: 1.2.3 - Quanto às funções:

1.2.1 Nacionalidade: Podem ser nacionais e estrangeiras. Em sendo nacional, deve seguir as determinações, dentre outras, das seguintes fundamentações:

1.2.1 Nacionalidade: Decreto-Lei nº 4.657 de 1942. Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (Redação dada pela Lei nº 12.376, de 2010). Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituirem.

1.2.1 Nacionalidade: CRFB/1988: Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País.

1.2.1 Nacionalidade: Lei 10.406 de 2002. Art. 1.126. É nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha no País a sede de sua administração. (...)

1.2.1 Nacionalidade: Art. 1.133. Dependem de aprovação as modificações do contrato ou do estatuto de sociedade sujeita a autorização do Poder Executivo, salvo se decorrerem de aumento do capital social, em virtude de utilização de reservas ou reavaliação do ativo.

1.2.1 Nacionalidade: Já as sociedades estrangeiras tem seu funcionamento regrado pela mesma lei (10.406 de 2002) nos artigos 1.134 a 1.141, senão vejamos (por amostragem)

1.2.1 Nacionalidade: Seção III - Da Sociedade Estrangeira Art. 1.134. A sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não pode, sem autorização do Poder Executivo, funcionar no País, ainda que por estabelecimentos subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos expressos em lei, ser acionista de sociedade anônima brasileira.

1.2.1 Nacionalidade: Art. 1.137. A sociedade estrangeira autorizada a funcionar ficará sujeita às leis e aos tribunais brasileiros, quanto aos atos ou operações praticados no Brasil.

1.2.2 - Estrutura interna: Podem ser classificadas como: Universitas personarum conjunto de pessoas que gozam de certos direitos e o exercem por meio de uma vontade única, v.g., sociedades; Universitas bonorum o patrimônio é destinado a um fim que lhe dá existência. Ex: fundações.

1.2.3 - Quanto às funções e Capacidade: a) De direito público externo art. 42 do CC: Regidas pelo Direito Internacional, abrangendo: ONU, OEA, UNESCO, FIFA, Nações Estrangeiras; entre outros. São criadas através de tratados internacionais, fatos históricos, criação constitucional.

1.2.3 - Quanto às funções e Capacidade: a) De direito público externo art. 42 do CC: Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.

1.2.3 - Quanto às funções e Capacidade: b) De direito público interno art. 41 do CC: Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: I - a União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios; IV - asautarquias; IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.

1.2.3 - Quanto às funções e Capacidade: b) De direito público interno art. 41 do CC: Art. 41. (...) Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.

1.2.3 - Quanto às funções e Capacidade: b) De direito público interno art. 41 do CC: Vamos estudá-las:

1.2.3 - Quanto às funções e Capacidade: b.1) Administração Direta: -União; -Estados; -Territórios (retorno dos territórios pelo CC 2002); -Municípios; -Distrito Federal.

b.2) Administração Indireta: Órgãos criados por lei de forma descentralizada com personalidade jurídica própria para o exercício de atividades de interesse público.

b.2.1) Autarquias (art. 41, IV), ex: INSS, INPI, CADE, FUNARTE, etc. -Demais entidades de caráter público criadas por lei (art. 41, V) exemplos:

b.2.2) Associações Públicas Consórcios púbicos com personalidade jurídica de direito público que conjugam esforços de entidades públicas que firmam acordos para a execução de objetivo de interesse público.

b.2.3) Fundações Públicas Entidade dotada de personalidade jurídica de direito público, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio e funcionamento custeado por recursos da união e outras fontes. Ex. Fundação Casa de Rui Barbosa.

b.3) Agências Reguladoras: Autarquias especiais federais com intuito de normatizar e fiscalizar e disciplinar a proteção de certos bens e serviços de grande interesse do público. Exemplos:

b.3) Agências Reguladoras (Federais): -Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL): -Agência Nacional de Petróleo (ANP): -Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL): -Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS): -Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA): -Agência Nacional de Águas (ANA): -Agência Nacional do Cinema (ANCINE):

b.3) Agências Reguladoras (Federais): -Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT): -Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC): -Agência Nacional de Mineração (ANM):

b.3) Agências Reguladoras (Estado do RJ): -Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (AGETRANSP): -Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro (AGENERSA):

b.4) Fundações Públicas: Fim específico, sem fins lucrativos. Surgem quando a lei individualiza um patrimônio a partir de bens pertencentes a uma pessoa jurídica de direito público, afetando-o à realização de um fim administrativo e dotando-o de organização adequada. Fundação Nacional de Cultura, instituída por lei.

b.5) Pessoa Jurídica de Direito Privado art. 44 do CC: b.5.1) Associações: b.5.2) Sociedades: b.5.3) Fundações: b.5.4) Organizações religiosas: b.5.5) Partidos políticos:

b.5.1) Associações Privadas art. 53 do CC: Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos. Caracterizam-se pela multiplicidade de pessoas na sua formação, com ausência de fins lucrativos e pelo objetivo comum que as move.

b.5.2) Sociedades Privadas art. 997 do CC: Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:

b.5.2) Sociedades Privadas art. 997 do CC: (...) As sociedades podem ser civis ou mercantis. A diferença basilar entre elas está na prática, ou não de atos de comércio como operações de rotina, quando então terá natureza comercial, será sociedade civil, ainda que opte pela forma comercial (empresarial).

b.5.2.1) Sociedade Simples: Organização empresarial do gênero sociedade personificada, constituída de capital dos sócios ou da prestação de serviços de alguns deles. Em regra não tem fins lucrativos. Ex: OAB.

b.5.2.2) Sociedade Empresarial: Organização empresarial do gênero sociedade personificada, constituída de capital dos sócios ou da prestação de serviços de alguns deles. Tem fins lucrativos. São empresárias as sociedades constituídas por uma das formas reguladas pelos artigos 1.039 a 1.096, quais sejam:

b.5.2.2) Sociedade Empresarial: - Nome coletivo art. 1039 a 1044; - Comandita simples art. 1045 a 1051; - Limitada art. 1052 a 1087. OBS - Simples- Exploram suas atividades de modo não empresarial, ou seja, sem profissionalismo ou sem a organização dos fatores de produção. São elas:

b.5.2.2) Sociedade Empresarial: - Comandita por ações art. 1090 a 1092 e Lei 6404/76: - Cooperativa- art. 1094 a 1096: - Anônima art. 1088 e 1089 e Lei 6404/76:

b.5.3) Fundações Privadas - art. 62 do CC: Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.

b.5.3) Fundações Privadas - art. 62 do CC: É o conjunto de atos de gestão, com universalidade de bens eminentemente particulares com fins de cumprimento dos objetivos do seu fundador. Ex: Fundação Bradesco, Fundação Roberto Marinho, etc.

b.5.4) Organizações religiosas art. 53 do CC: Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos. Organização de conformidade com as normas de direito comum interno. Prestam obediência às suas autoridades. Ex: Igrejas, Confrarias, Ordens Monásticas, etc.

b.5.5) Partidos políticos: Associações civis que têm por escopo assegurar dentro do regime democrático, os direitos fundamentais estatuídos pela CF/88. Foram considerados como pessoa jurídica de direito privado pela Lei 9.096, de 19.09.1995, que dispõe em seu art. 1o:

1.3 Constituição: O conceito de sociedade trata de um perfil doutrinário para designar as sociedades empresárias, haja vista outras pessoas jurídicas atuarem no con jurídico. O momento da personificação da sociedade se dá com o registro bem como estabelece os artigos 45 e 985, ambos do CC.

1.3 Constituição: CC Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.

1.3 Constituição: CC Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150).

1.3 Constituição: Sua elaboração deve obedecer as normas legais, contendo cláusulas que são essenciais para seu arquivamento na Junta Comercial como, por exemplo, o nome da sociedade, qualificação dos sócios, indicação da sede, dentre outros.

1.3 Constituição: CC Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.

1.3 Constituição: CC Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha: I - o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens; II - a firma, com a respectiva assinatura autógrafa; III - o capital; IV - o objeto e a sede da empresa.

2 - Representação da pessoa jurídica: A pessoa jurídica é representada pelos administradores, na forma e limites do ato constitutivo, art. 47, CC e o art. 75 do NCPC.

2 - Representação da pessoa jurídica: CC: Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo.

2 - Representação da pessoa jurídica: NCPC: Art. 75. passivamente: Serão representados em juízo, ativa e I - a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão vinculado; II - o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores;

2 - Representação da pessoa jurídica: NCPC: Art. 75. (...) III - o Município, por seu prefeito ou procurador; IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do ente federado designar; V - a massa falida, pelo administrador judicial; VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador; VII - o espólio, pelo inventariante;

2 - Representação da pessoa jurídica: NCPC: Art. 75. (...) VIII - a pessoa jurídica, por quem os respectivos atos constitutivos designarem ou, não havendo essa designação, por seus diretores; IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus bens;

2 - Representação da pessoa jurídica: NCPC: Art. 75. (...) X - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil; XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico.

2 - Representação da pessoa jurídica: OBS: V - Massa Falida - Serve para designar a situação jurídica em que se coloca o negócio ou o estabelecimento comercial, em virtude da declaração de falência de seu proprietário, firma ou comerciante.

2 - Representação da pessoa jurídica: OBS: VI - Herança Jacente e Vacante (herança sem dono) é entendida a herança que não se apresentam herdeiros do de cujus, por não os ter deixado ou por não os ter capazes para sucede-lo como, mesmo, quando livres, por não terem aceito.

2 - Representação da pessoa jurídica: OBS: VII Espólio é a soma da totalidade dos bens deixados por uma pessoa, após sua morte. IX- A sociedade e associações irregulares (falta um dos elementos para tal, sua legalidade é questionável).

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 2 - Representação da pessoa jurídica: OBS: XI - o condomínio administrador profissional ou síndico.

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 2 - Representação da pessoa jurídica: Enunciado n. 145, III Jornada de Direito Civil: O art. 47 não afasta a aplicação da teoria da aparência.

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 3. Responsabilidade da pessoa jurídica: As pessoas jurídicas respondem, com seu próprio patrimônio, pelos atos que os seus agentes, nesta qualidade, pratiquem (art. 43, CC).

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 3. Responsabilidade da pessoa jurídica: CC Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 3. Responsabilidade da pessoa jurídica: Pessoas jurídicas de direito privado: teoria objetiva da responsabilidade. Aplicando-se, casuisticamente, a Lei 10.406/2002 e a Lei 8.078/1990 (na qualidade de fornecedor).

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 3. Responsabilidade da pessoa jurídica: CC: Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 3. Responsabilidade da pessoa jurídica: CC: Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação.

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 3. Responsabilidade da pessoa jurídica: CC: Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 3. Responsabilidade da pessoa jurídica: CDC: Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 3. Responsabilidade da pessoa jurídica: CDC: Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 3. Responsabilidade da pessoa jurídica: Pessoas jurídicas de direito público e de direito privado prestadoras de serviço público: teoria objetiva da responsabilidade (risco administrativo). Consoante o parágrafo 6º do art. 37 da CRFB/1988:

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 3. Responsabilidade da pessoa jurídica: CRFB: Art. 37. (...) 6. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 3. Responsabilidade da pessoa jurídica: CERJ: Art. 77 (...) 7º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 4. Pessoa jurídica e direitos de personalidade: O Código Civil de 2002, em seu art. 52, inovou ao conferir às pessoas jurídicas, no que couber, proteção aos direitos de personalidade.

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 4. Pessoa jurídica e direitos de personalidade: CC: Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. Ex: CC arts. 12, 16, 17, 18 e 20.

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 4. Pessoa jurídica e direitos de personalidade: Enunciado n. 286, IV Jornada de Direito Civil: Os direitos da personalidade são direitos inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos.

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 4. Pessoa jurídica e direitos de personalidade: A pessoa jurídica é uma criação de ordem legal, não tem capacidade de sentir emoção e dor. Entretanto, ao sofrer uma perturbação de sua imagem perante a sociedade, é legitima a sua pretensão em buscar a compensação por danos morais Especialmente o seu bom nome.

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 4. Pessoa jurídica e direitos de personalidade: Embora despida de certos direitos que são próprios da personalidade humana integralidade física, psíquica e da saúde, esta é titular de alguns direitos especiais da personalidade v.g. o bom nome, a imagem, a reputação, sigilo de correspondência.

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 4. Pessoa jurídica e direitos de personalidade: OBS: Honra objetiva Externa ao sujeito. É a visão que a sociedade faz da pessoa que sofreu o dano. Honra subjetiva Inerente à pessoa natural. É a ofensa ao psiquismo que atinjam a sua dignidade, respeito próprio auto estima, etc. É a visão interna que o ser humano faz de sí próprio.

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 4. Pessoa jurídica e direitos de personalidade: Súmula 227 do STJ - A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: OBS: Data do Julgamento, 08/09/1999; Referência Legislativa: CRFB/1988 art. 5, X; Lei 3.071 de 1916 CC: Art. 159. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano.

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 4. Pessoa jurídica e direitos de personalidade: CRFB/1988: X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 4. Pessoa jurídica e direitos de personalidade: Lei 10.406 de 2002 (CC): Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 4. Pessoa jurídica e direitos de personalidade: Lei 10.406 de 2002 (CC): Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 4. Pessoa jurídica e direitos de personalidade: Lei 10.406 de 2002 (CC): Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 4. Pessoa jurídica e direitos de personalidade: Lei 10.406 de 2002 (CC): Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 4. Pessoa jurídica e direitos de personalidade: OBS: Lei 8.078 de 1990 (CDC): Art. 2 Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.

Aula 6 A Pessoa Jurídica I: 4. Pessoa jurídica e direitos de personalidade: OBS - Lei 8.078 de 1990 (CDC): Art. 6º São direitos básicos do consumidor: VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;

Conclusão:

Que a Força esteja com Todos! Vida Longa e Próspera: