Evapotranspiração da Cultura da Berinjela Irrigada com Diferentes Concentrações de Sais na Água.

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Transcrição:

Evapotranspiração da Cultura da Berinjela Irrigada com Diferentes Concentrações de Sais na Água. Luiz Antonio Augusto Gomes 1 ; Débora Candeias Marques de Moura 2 ; Jacinto de Assunção Carvalho 2. 1 Universidade Federal de Lavras (UFLA) Departamento de Agricultura, CP: 37, CEP: 37.200-000; 2 Departamento de Engenharia Agrícola, e-mail:debcandeias@yahoo.com.br. RESUMO Este trabalho teve como objetivo o estudo da evapotranspiração e do fator de resposta Ky na produção da berinjela, em casa de vegetação, sob diferentes lâminas de irrigação e salinidade. O experimento foi realizado na Universidade Federal de Lavras, no delineamento de blocos casualizados (DBC) com fatorial 4 x 4 (quatro lâminas e quatro níveis de salinidade), com 5 repetições. A quantidade de água aplicada em cada irrigação foi calculada em função de um percentual da evaporação do tanque classe A, para cada tratamento. Obteve-se que a evapotranspiração da cultura diminuiu linearmente com o aumento da concentração de sais na água de irrigação. E a evapotranspiração média da cultura, ao longo do ciclo, correspondeu a 0,62 vezes a evaporação do tanque classe A. A produção da cultura foi afetada com o déficit hídrico. PALAVRAS-CHAVE: Solanum melongena, irrigação e salinidade. ABSTRACT Evapotranspiration of the eggplant crop irrigated with different concentrations of in the water. The goal of this work was to study the consumption of water and production of the eggplant, cultivated in greenhouse under different salinity concentrations and depth water irrigation. The experiment was accomplished at the Universidade Federal de Lavras in Lavras, using a drip irrigation system and a fully randomized block experimental design, in a factorial 4 x 4 (4 irrigation water depths x 4 different salinity levels) with 5 replications. The amount of salt to be applied was obtained using an equation in function of the electric conductivity wanted for each treatment. It was obtained that the evapotranspiration of the culture decreased lineally with the increase of the concentration of salts in the irrigation water. The average evapotranspiration of the culture along the cycle corresponded to 0.62 fold to the evaporation of the class A pan. KEYWORDS: Solanum melongena, irrigation end salinity.

INTRODUÇÃO A qualidade da água tem se tornado, nos últimos anos, um tema bastante discutido. Seu uso indiscriminado, para os mais diversos fins, tem sido questionado. Segundo Hamdy (2002), o rápido crescimento populacional, juntamente com o sócio-econômico, industrial e o desenvolvimento da agricultura, está associado ao aumento substancial da demanda por água, exercendo grande pressão sobre este recurso, limitado em todo mundo. Paralelamente a isto, a necessidade de produção, em diversas regiões do mundo tem levado à utilização de diferentes tipos de solo, como por exemplo os solos salinos. Assim, a produtividade de uma determinada cultura pode ser seriamente comprometida caso estes fatores não sejam manejados adequadamente. Bernardo (1995) afirma que o cultivo em solos salinos, a freqüência na irrigação, bem como a localização do plantio em relação ao emissor de água é de suma importância. Menor será o efeito da salinidade sobre a cultura quanto maior for a freqüência com que se pratica a irrigação em solo salino, ou com água de menor qualidade. O presente trabalho teve por objetivo estudar a evapotranspiração e o fator de resposta Ky na produção da cultura de berinjela, em casa de vegetação sob diferentes lâminas de irrigação e níveis de salinidade. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em casa de vegetação na Universidade Federal de Lavras, em Lavras, MG. Utilizou-se o híbrido Ciça desenvolvido pela EMBRAPA. O experimento foi conduzido no delineamento de blocos casualizados (DBC), com esquema fatorial de 4x4 e cinco repetições, sendo quatro níveis de salinidade (S1=0,18; S2=1,5; S3=3,5 e S4=5,5 ds m -1 a 25 C) e quatro lâminas de água de irrigação (L1=0,25; L2=0,45; L3=0,65 e L4=0,85 vezes a evaporação do tanque classe A). Dispôs-se os vasos com as mudas sobre bancada de madeira, de forma a permitir a coleta de água percolada, utilizando-se um espaçamento de 0,60 m entre as plantas e 1,00 m entre as fileiras. O sistema de irrigação utilizado foi o gotejamento. A distribuição da solução de água com sal foi feita por gravidade, utilizando-se 16 galões de 60 L instalados em suporte de ferro a 1,5 m de altura. De cada galão, a solução de água com o sal era distribuída aos vasos por tubos de polietileno de 13 mm de diâmetro (½) nos quais foram conectados spaghetts com gotejadores da marca Netafim com vazão de 2,5 L/h. O sal utilizado neste experimento foi o cloreto de sódio (NaCL) puro para análise. Para o manejo da irrigação, foi instalado no interior da casa de vegetação, um tanque classe A para medir a evaporação, cujas leituras eram realizadas diariamente, pela manhã. 2

A quantidade de água aplicada em cada irrigação foi calculada em função de um percentual da evaporação do tanque classe A, para cada tratamento. O volume da água de irrigação para cada unidade experimental foi calculado levando em consideração a área ocupada (espaçamento) e o percentual da evaporação relativo a cada tratamento. Vol 1000. A. Ev. K (1) em que: Vol = volume de água a ser aplicada, ml; A = área ocupada pela unidade experimental, 0,6 m 2 ; Ev = evaporação do tanque classe A, mm; K = razão de ajuste em função de cada tratamento. Diariamente eram coletados os volumes de água percolados em cada unidade experimental. A partir do balanço hídrico e a área ocupada pela unidade experimental estimou-se a evapotranspiração real da cultura para cada tratamento. I D Etr 600 (2) em que: Etr = evapotranspiração real da cultura, mm; I = volume de água de irrigação, ml; D = volume de água percolado, ml. Especificamente para o tratamento L4, foram utilizadas lâminas de irrigação iguais ou maiores que 0,85 Ev, de forma a garantir uma reposição integral da água consumida, conforme equação do balanço hídrico. Relacionando-se os valores de Etr e evaporação do tanque classe A, obteve-se um coeficiente K 1 ajustado para cada um dos tratamentos utilizados. 1 Etr K Ev (3) em que: K 1 =coeficiente ajustado; Etr= evapotranspiração real da cultura, mm; Ev= evaporação do tanque classe A, mm. O fator de resposta Ky da cultura de berinjela foi obtido pelo rendimento relativo da cultura com déficit da evapotranspiração relativa obtido pela equação 6, conforme metodologia descrita por Doorenbos & Kassam (1994). (4) 1 Yr Ym Ky1 Etr Etm em que: Etr= evapotranspiração real da cultura; Etm= evapotranspiração máxima da cultura; Yr=produção relativa; Ym= produção máxima e Ky= fator de resposta da cultura. 3

O consumo de água pela cultura foi observado durante todo o período do experimento, para todos os tratamentos que tiveram reposição integral de água, tomando como base a relação entre a evapotranspiração e a evaporação do tanque classe A. As análises estatísticas foram realizadas no Software Sisvar para Windows, versão 4.3 (Ferreira, 2000). RESULTADOS E DISCUSSÃO O consumo de água pela berinjela, independente da qualidade da água utilizada, foi maior entre os 87 e 124 DAS (Tabela 1), o qual coincide com o período de formação de frutos e maturação. Sendo que seu consumo médio durante todo o período foi de 1.482 ml/dia. Se a irrigação for realizada de acordo com o consumo médio, durante a fase vegetativa estaria sendo aplicada água em excesso, ocasionando problemas de desperdício, aumento de custos, além da lixiviação dos nutrientes. Durante a fase de florescimento e enchimento dos frutos aconteceria um déficit hídrico, prejudicando o bom desenvolvimento do fruto, enquanto que na fase final da colheita novamente se estaria aplicando água em excesso, favorecendo ainda a maior ocorrência de pragas e doenças. TABELA 1. Consumo médio de água pela cultura da berinjela, durante o período do FASES DO experimento DESENVOLVIMENT DAS* CONSUMO MÉDIO LÂMINA MÉDIA O DIÁRIO (ml dia -1 ) DIÁRIA (mm) Vegetativa 40-86 916 1,53 Reprodutiva 87-124 2182 3,64 Consumo médio 1482 2,47 * Dias após a semeadura. Relacionando os valores de consumo de água pela planta durante o ciclo, para o tratamento com a aplicação de água sem adição de sais, com os dados da evaporação do tanque classe A no período, obtiveram-se os valores de K corrigidos (Tabela 2 ). TABELA 2. Valores reais da relação (K) entre a evapotranspiração da cultura da berinjela durante o seu ciclo e a evaporação do tanque classe A no mesmo período CONDUTIVIDADE ELÉTRICA (ds m -1 ) VALORES REAIS DE K (Etr/Ev) 0,18 0,62 1,5 0,51 3,5 0,47 5,5 0,33 4

Embora a evapotranspiração da cultura da berinjela seja variável ao longo de seu desenvolvimento, o consumo médio para todo o ciclo pode ser estimado pela relação Etr/Ev, a qual, para este experimento, foi igual a 0,62. Relacionando-se os consumos de água das plantas irrigadas por água de diferentes concentrações de sais, com aquele obtido utilizando água sem adição de sais (0,18 ds m -1 ) obteve-se a redução de evapotranspiração, cuja variação é mostrada na Figura 1. Observa-se, neste caso, que o consumo de água pelas plantas, durante o ciclo da cultura, diminuiu linearmente com o aumento da salinidade da água de irrigação, evidenciando um déficit de evapotranspiração em torno de 45% entre plantas irrigadas com água nas concentrações de 0,18 e 5,5 ds m -1. Comportamentos semelhantes também foram observados por Gervásio et al. (2000) com a cultura da alface. Redução da evapotranspiração (%) 50 40 30 20 10 0 y = 8,1243x R 2 = 0,9481 0 1,5 3 4,5 6 CEa (ds m-¹) FIGURA 1. Redução de evapotranspiração em função da condutividade elétrica da água de irrigação durante o ciclo da cultura da berinjela Relacionando a redução da evapotranspiração com as quedas relativas das produções total e comercial, obteve-se o coeficiente ky (Figura 2), o qual traduz a sensibilidade de produção de uma cultura ao déficit hídrico. O coeficiente angular da equação, que representa o fator de resposta Ky, foi maior para a produção comercial (1,26), mostrando uma grande sensibilidade da cultura ao déficit hídrico com relação à qualidade dos frutos. Já a produção total foi menos sensível, apresentando um valor menor para Ky (0,71). Vieira (1994) também observou sensibilidade da cultura da berinjela ao déficit hídrico nos períodos de abertura da gema floral e início da frutificação, prejudicando, dessa forma, a produção da cultura. 5

Redução da produção (%) 80 60 40 20 0 Redução de PC = 1,2642x R 2 = 0,8688 Redução de PT = 0,7134x R 2 = 0,8032 0 10 20 30 40 50 Redução da evapotranspiração (%) FIGURA 2. Redução da produção total e comercial em função da redução da evapotranspiração O consumo de água pela cultura é muito importante para o planejamento da irrigação, principalmente levando-se em conta lugares onde este recurso é um fator limitante. É importante saber se a água aplicada está sendo utilizada pela planta, caso contrário, o fornecimento a mais de água está sendo desnecessário, somente aumentando os custos da produção, quando se leva em consideração o custo da água no processo produtivo. Neste trabalho verificou-se que a evapotranspiração da cultura diminuiu linearmente com o aumento da concentração de sais na água de irrigação e que a evapotranspiração potencial média da cultura, ao longo do ciclo, correspondeu a 0,62 vezes a evaporação do tanque classe A. A produção da cultura foi afetada com o déficit hídrico. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERNARDO, S. Manual de irrigação. Viçosa: UFV, 1995. 657p. FERREIRA, D.F. Manual do sistema Sisvar para análises estatísticas. Lavras: UFLA, 2000. 66p. GERVÁSIO, E. S.; CARVALHO, J. A.; SANTANA, M. J. Efeito da salinidade na água de irrigação na produção da alface americana. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 4, n.1, p. 125-128, 2000. HAMDY, A. Use of soil conditioners under saline irrigation: effect of wheat. Acta Hortculturae, Gent-Oostakker, n.573, p.339-348, mar. 2002. VIEIRA, A.R.R. Influencia da deficiência hídrica do solo nos parâmetros vegetativos e produtivos da berinjela (Solanum melongena L.). 1994. 134p. Dissertação (Doutorado em Agronomia)-Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba. 6