RELAÇÃO DOS CONSUMIDORES COM A ROTULAGEM NUTRICIONAL DE ALIMENTOS THOMAS, Vanessa Luana¹; CADONÁ, Eliana Aparecida²; DEIMLING, Leisi Cristiani Demarchi³; SILVA Danni Maísa 4 ; VASCONCELOS, Marlon de Castro 5 ; WEBER, Fernanda Hart 6. 1- Acadêmica do Curso de Bacharelado em Gestão Ambiental - Universidade Estadual do Rio Grande do Sul CEP 96000-000 Três Passos RS Brasil, Telefone: (55) 35222895 e-mail: (vanessathomash@hotmail.com) 2- - Centro de Ciências Agrárias Universidade Federal de Santa Catarina, Rodovia Admar Gonzaga, 1396, Florianópolis/SC, e-mail: (elianacadona@yahoo.com.br) 3- Pós graduada em Segurança Alimentar e Agroecologia Universidade do Estado do Rio Grande do Sul- CEP 96000-000- Três Passos RS Brasil. Telefone (55) 35222895 e-mail: (leisicristiani@yahoo.com.br) 4- Professora Universidade do Estado do Rio Grande do Sul- CEP 96000-000- Três Passos RS Brasil. Telefone (55) 35222895 e-mail (danni-silva@uergs.edu.br) 5- Professor Universidade do Estado do Rio Grande do Sul- CEP 96000-000- Três Passos RS Brasil. Telefone (55) 35222895 e-mail (vasconcelos@uergs.edu.br) 6 Professora Universidade do Estado do Rio Grande do Sul- CEP 96000-000- Três Passos RS Brasil. Telefone (55) 35222895 e-mail (Fernanda-hart@uergs.edu.br) RESUMO A alimentação dos brasileiros e da população de um modo geral atualmente difundida, apresenta teores elevados de gorduras saturadas, sódio, açúcares, constituindo os alimentos ultraprocessados, que podem ocasionar sobrepeso, obesidade e demais doenças relacionadas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária instituiu a obrigatoriedade da rotulagem dos alimentos, visando que, o público-alvo do consumo desses alimentos, esteja informado acerca das características nutricionais do alimento no momento da compra. A presente pesquisa teve o objetivo geral de avaliar a forma de utilização da rotulagem nutricional pelo consumidor e sua influência nas escolhas alimentares no Município de Três Passos no período de agosto/2015 a junho/2016, com 160 consumidores de estabelecimentos comerciais do município. Realizou-se entrevista com questionário quali e quantitativo. Observou-se nessa pesquisa, que a grande maioria dos entrevistados não realiza a leitura dos rótulos, não sabe o significado do termo segurança alimentar, e que as mulheres se preocupam mais com a saúde. ABSTRACT The eating habits of the Brazilian population and the general population nowadays, have shown an increase in the consumption of high contents of saturated fat, sodium, and sugar found in processed foods; which may cause overweight, obesity and other related diseases. The National Health Surveillance Agency instituted the mandatory labeling of food, aiming that the target audience for these foods are informed about the nutritional characteristics of the food at the time of purchase. This research has the objective of evaluating in general, how to use nutrition labeling for consumers and its influence on food choices in the City of Three Steps from August / 2015 to June / 2016 with 160 consumers of commercial establishments in this region. We conducted interviews with qualitative and quantitative questionnaires. It was observed in this study, that the vast majority of respondents do not read the labels, do not know the meaning of the term food safety, and that women are more concerned with health.
PALAVRAS-CHAVE: Segurança Alimentar; Rotulagem Nutricional; Qualidade Alimentar. KEYWORDS: Food Safety; Nutritional labeling; Food Quality. 1. INTRODUÇÃO O crescimento de alternativas alimentares que caracteriza a sociedade moderna trazem algumas influências negativas que vêm piorando o padrão de consumo da população. A alimentação inadequada está vinculada ao estímulo de alimentos em quantidade excessiva e qualidade inadequada, com excesso de açúcares, sódio, gorduras e deficiência de fibras e micronutrientes (Pontes et al, 2009). A taxa mundial de doenças não transmissíveis aumentou rapidamente no Brasil: 40% da população brasileira adulta têm excesso de peso. A natureza da problemática nutricional requer ações para tratar a má-nutrição em sua globalidade, seja a manifestada pela carência ou pelo desequilíbrio no consumo energético (Pinheiro, 2005). O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) através da Lei nº 11.346/2006 relata que todo mundo tem direito a uma alimentação saudável, acessível, de qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente, ficando assim, declarado o conceito de Segurança Alimentar e Nutricional. Esta deve ser baseada em práticas alimentares promotoras da saúde, sem nunca comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, sendo um direito de alimentação devidamente adequada, respeitando particularidades e características culturais de cada região. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), ligada ao Ministério da Saúde, é responsável, entre outras atribuições, por fiscalizar a produção e a comercialização dos alimentos, além de normatizar a sua rotulagem. Embora a elaboração de leis para controle e vigilância de alimentos tenha tido início na década de 1950, somente com a criação da ANVISA, em 1999, a rotulagem nutricional tornou-se obrigatória (Paiva 2005 apud Camara et. al., 2008). Com o desenvolvimento do setor alimentício, o direito do consumidor à informação sobre o valor nutritivo de cada alimento e das condições sanitárias dos mesmos tem sido controverso, quais seriam os graus de informações obrigatoriamente fornecidas ao consumidor. Na elaboração de um rótulo de um alimento, deve sempre existir preocupação com o consumidor e, as informações devem estar ao alcance da sua compreensão (Smith et al., 2011). Os rótulos representam um espaço de informação ao consumidor, e quando bem compreendidos permitem que as escolhas alimentares ocorram de forma mais criteriosa. Para que a rotulagem exerça o papel que lhe é inerente, as informações disponibilizadas devem ser fidedignas, legíveis e acessíveis a todos os segmentos sociais (Marins, et.al., 2008). Dessa forma, com o objetivo de avaliar a forma de utilização da rotulagem nutricional pelo consumidor e sua influência nas escolhas alimentares no Município de Três Passos, Rio Grande do Sul, realizou-se o presente trabalho, de suma importância para o diagnóstico da relação dos consumidores com os rótulos dos produtos. 2. METODOLOGIA O presente trabalho é parte integrante da pesquisa intitulada Segurança Alimentar: influências da rotulagem nutricional nas escolhas do consumidor, desenvolvida no município de Três Passos/RS, no período de agosto/2015 junho/2016. O trabalho foi conduzido fundamentalmente a partir da realização da aplicação de um questionário semiestruturado (Richardson, 1985). O público alvo da pesquisa foram os consumidores, com idade acima de 15 anos, dos supermercados e estabelecimentos
comerciais de produtos alimentícios do município, totalizando 160 questionários aplicados. Ao término da coleta de informações através dos questionários aplicados, os dados foram analisados, quantificados, e na análise estatística foi utilizado o Teste Exato de Fischer, de modo a verificar o comportamento dos consumidores em relação à rotulagem nutricional. O questionário foi trabalhado baseado em três hipóteses: A hipótese 1 é que quanto maior a escolaridade, maior a preocupação com a segurança alimentar e com a saúde. Hipótese 2: Que as mulheres tem uma maior preocupação com a saúde. Hipótese 3: que pelo fato de as mulheres serem responsáveis pela alimentação dos familiares, teriam maior conhecimento do termo segurança alimentar. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO No total foram entrevistados 160 consumidores da cidade de Três Passos. Esse grupo é composto por 91 consumidores do sexo feminino e 69 consumidores do sexo masculino, a faixa etária variou dos 15 ao 74 anos, sendo que, 40,60 % estão englobados na faixa etária dos 15 a 20 anos, 41,30 % encontramse na faixa dos 21 a 40 anos; e 18,10 % na faixa acima dos 40 anos. Dentro do grupo entrevistado, 10,14 % recebem até um salário mínimo, 36,95 % recebem de um a dois salários mínimos; 32,60 % recebem de dois a cinco salários mínimos; 6,52 % de cinco a dez salários mínimos; 1,44 % recebem mais do que dez e 10,86 % não informaram a renda. Do total de entrevistados, 79,71 % afirmaram saber o que significa rotulagem nutricional, e 20,29 % não sabem o que o termo significa. Observa-se que, os entrevistados ao serem questionados acerca do hábito de leitura dos rótulos, 13,75 % responderam que nunca leem, 10 % que sempre leem os rótulos, e 76,25 % leem as vezes. Esse resultado chama a atenção pelo fato de que tem mais pessoas que nunca leem os rótulos, do que os que leem sempre, demostrando que uma parcela da população ainda não se preocupa com a informação nutricional. E sua grande maioria lê ás vezes, não sendo a leitura dos rótulos um hábito. No estudo de Rodrigues et al. (2014) no que se refere à leitura das informações nutricionais presente nos rótulos dos alimentos, verifica-se que 74,90 % dos clientes entrevistados não possuem o hábito de fazer a leitura no supermercado. Já em casa somente 35,30 % dos clientes costumam fazer a leitura das informações nutricionais e 75,70 % dos clientes não possuem o hábito de fazer comparações das informações nutricionais presentes nos alimentos. Outro resultado importante, é se a Informação Nutricional contida nos rótulos tem contribuído para mudanças nos hábitos alimentares dos consumidores: 44,92 % responderam que sim, 42,04 % responderam que não houve mudanças, e 13,04 % disseram que não observam as informações dos rótulos. Isso demonstra a equidade em relação ao habito de observar ou não os rótulos, e principalmente se as informações expressas modificam as escolhas dos consumidores de acordo com suas necessidades. Para a melhor compreensão dos rótulos e embalagens, os entrevistados sugeriram letras em tamanho maior, com maior visibilidade das informações, e também a linguagem mais acessível ao entendimento, sendo que relataram desconhecer a maioria dos termos utilizados na rotulagem, o que prejudica a interpretação e posterior entendimento das informações expressas. Os motivos que levam os consumidores a lerem os rótulos, são descritos a seguir: Colesterol elevado, Intolerância a lactose, Redução de peso, Hipertensão arterial, Intolerância ao glúten, Ganho de peso, Diabetes, Alergias alimentares, Triglicerídeos, Problemas renais, Hipotireoidismo. A alimentação saudável e curiosidade também foram citadas, demonstrando que a grande maioria dos consumidores lê os rótulos porque precisa controlar os ingredientes devido a algum problema de saúde, ou controle do peso. Outros consumidores afirmaram não possuir problemas de saúde, porém observam os rótulos de forma preventiva a futuros problemas que possam vir a ocorrer devido a uma má alimentação. Pode-se identificar que não existe associação significativa entre os níveis de escolaridade e a preocupação com a saúde e a segurança alimentar, onde os diferentes níveis de ensino tem resultados parecidos quanto a essas informações. Já no trabalho desenvolvido por Cassimiro et. al. (2006), os
resultados encontrados foram diferentes, onde a maior utilização da informação nutricional se dá com o aumento do grau de instrução do consumidor, onde em sua pesquisa foi constatado que 79% dos entrevistados que possuíam curso superior demonstraram mais interesse pela leitura dos rótulos. No presente estudo não houve diferença significativa. As mulheres segundo os resultados obtidos (Figura 1) tem uma preocupação maior, com relação à diferença de gênero para o questionamento sobre a preocupação com a saúde em relação a alimentação, o resultado está demonstrado na Figura 1, onde verificou-se que existe uma associação de diferença, onde as mulheres se preocupam mais com a saúde relativa aos alimentos, e também existe a questão cultural, onde a mulher seria a responsável pela alimentação e cuidados para com sua família. Figura 1: Resultados sobre o questionamento de preocupação com a saúde em relação à alimentação. De acordo com os resultados não existe associação significativa nos resultados quando a investigação foi se as mulheres teriam maior conhecimento sobre o termo segurança alimentar, pois a concepção do termo pela população em geral ainda é pouco conhecida e divulgada, e que homens e mulheres possuem a mesma percepção deste termo. 3. CONCLUSÕES O questionário trouxe em seu roteiro alternativas que foram apontadas pelos entrevistados, como forma de melhor compreensão das informações contidas nos rótulos, como maior visibilidade e linguagem acessível, sendo essa a maior dificuldade em interpretar a rotulagem. Observou-se nessa pesquisa, que a maioria dos entrevistados não realiza a leitura dos rótulos, não sabe o significado do termo segurança alimentar, e que as mulheres se preocupam mais com a saúde relacionada à alimentação. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANVISA -AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (2005). Rotulagem nutricional obrigatória: manual de orientação às indústrias de alimentos. 2ª versão. Brasília. BRASIL, Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Lei nº 11.346 de 15 de setembro de 2006. CÂMARA, M.C.C; MARINHO, C.L.C; GUILAM, M.C; BRAGA, A.M.C.B. (2008) A produção acadêmica sobre a rotulagem de alimentos no Brasil. Rev. Panam Salud Publica. Disponível em: http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/v23n1/a07v23n1. Acessado em: 02/03/16. CASSOTI, L.; RIBEIRO A.; SANTOS C.; RIBEIRO P (1998). Consumo de alimentos e nutrição: dificuldades práticas e teóricas. Cad Debate. VI: 26 39. CASSIMIRO, I. A.; COLAUTO, N. B.; LINDE, G. A (2006). Rotulagem Nutricional: Quem lê e Por quê?.arq. Ciênc. Saúde. Unipar, Umuarama, v. 10, nº 01, p. 9-16, jan./abr. Marins, B.R; Jacob, S. do C; Peres, F (2008). Avaliação qualitativa do hábito de leitura e entendimento: recepção das informações de produtos alimentícios. Revista de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, SP. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cta/v28n3/a12v28n3. Acessado em: 12/05/16. MURADIAN, L.B.A; SMITH, A. C. L. (2011) Rotulagem de alimentos: avaliação da conformidade frente à legislação e propostas para a sua melhoria. Rev. Inst. Adolfo Lutz, 70 (4). PINHEIRO, A. R. de O. (2005) A alimentação saudável e a promoção da saúde no contexto da segurança alimentar e nutricional. Revista Saúde em Debate, 29(70), 125-139. PONTES, T.E; COSTA, T. F.; MARUM, A. B.; BRASIL, A. L; TADDEI, J. A. Orientação nutricional de crianças e adolescentes e os novos padrões de consumo: propagandas, embalagens e rótulos. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/jose_taddei/publication/250053281_orientao_nutricional_de_cr ianas_e_adolescentes_e_os_novos_padres_de_consumo_propagandas_embalagens_e_rtulos/links/54b e47d00cf218d4a16a5812.pdf. Acessado em: 02/03/16. RICHARDSON, R.J (1985). Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas. SILVA, M.Z.T. (2003) Influência da Rotulagem Nutricional sobre o Consumidor. (Dissertação de mestrado). Universidade Federal do Pernambuco, Recife.