AGRUPAMENTO DE CENTROS DE SAÚDE OESTE NORTE UNIDADE DE SAÚDE PUBLICA ZÉ POVINHO PLANO DE CONTINGÊNCIA PARA AS ONDAS DE CALOR 2015
Índice página Título do programa... 1 Equipa responsável... 1 Nota introdutória... 1 Objectivo... 2 Responsabilidade... 3 Planeamento... 3 Avaliação... 8 Documentos recomendados... 8
Título do Programa Plano de Contingência para as Ondas de Calor 2015 Equipa responsável Jorge Sousa Nunes - Delegado de Saúde Coordenador telemóvel n.º 964935443 Cristina Pecante Delegada de Saúde telemóvel nº 92548075 Fátima Pais Delegada de Saúde telemóvel nº 966343582 Maria João Melo Delegada de Saúde telemóvel nº 966343553 Fernando Guerreiro Delegado de Saúde telemóvel nº 966343557 Teresa Amélia Delegada de Saúde telemóvel nº 961959213 Anabela Santos Técnica de Saúde Ambiental telemóvel nº 925486008 Nota introdutória Em Portugal tem-se verificado um aumento da temperatura média e um acréscimo do número de dias por ano com temperaturas elevadas. As temperaturas elevadas têm repercussão sobre a saúde humana, com potencial para aumentar o número de mortes, a quantidade de problemas relativos ao sistema cardio-respiratório, por vezes relacionados com a poluição atmosférica recorrente, as doenças de transmissão hídrica e alimentar para além das doenças transmitidas por vectores. A Região Oeste Norte tem um clima temperado com verões frescos e nublados. Assim, a probabilidade de ocorrência de algum fenómeno relativo a temperaturas extremas será pequena. No entanto, a eventual repercussão de uma onda de calor sobre a saúde humana não depende apenas das temperaturas atingidas mas também da vulnerabilidade, que é maior em determinados grupos populacionais. Esta maior vulnerabilidade está relacionada particularmente com o grupo etário, com o estado de saúde e com situações de carência social. Assim, o risco é maior para as crianças nos primeiros anos de vida, os idosos, particularmente os maiores de 75 anos onde a taxa de mortalidade é maior, os portadores de doença crónica, os obesos, os acamados e as pessoas com problemas de saúde mental. Também é maior nas situações de isolamento social e quando as condições de habitabilidade são más. 1
O risco é, assim, acrescido quando se aliam vários daqueles factores como acontece com os idosos que, frequentemente, são portadores de doenças crónicas, submetidos a medicação variada, que também pode aumentar a vulnerabilidade, e que vivem isolados em habitação insalubre. Portanto mesmo temperaturas relativamente elevadas podem ter impacto grave sobre a saúde dos grupos populacionais mais vulneráveis. Para além disso, porque o clima é habitualmente moderado, a susceptibilidade da população a uma eventual onda de calor é maior por ausência de aclimatação a temperaturas elevadas. Por outro lado, a ocorrência de fenómenos climáticos extremos parece ser cada vez mais aleatória e independente das características climáticas predominantes. Finalmente, são os fenómenos raros que, por serem inesperados, encontram, muitas vezes, as instituições impreparadas agravando o seu impacto populacional que seria, pelo menos parcialmente, prevenível se para isso houvesse um plano de acção prévio. Este Plano do Agrupamento de Centros de Saúde Oeste Norte, para 2015, tem como principal objectivo minorar os possíveis efeitos do calor sobre a saúde das populações através de uma intervenção atempada e concertada, privilegiando a articulação com suas várias Unidades de Saúde Funcionais do ACeS, Centro Hospitalar do Oeste, Serviços Privados de Saúde, Câmaras Municipais, Protecção Civil, Bombeiros, Instituições de Apoio a idosos, Instituições de Apoio a Crianças e outros que venham a revelar-se de utilidade para a adopção de medidas de prevenção. Objectivo O objectivo do Plano de Contingência Específico para as Ondas de Calor é contribuir para a redução da morbilidade e mortalidade associada ao calor extremo. Para isso pretende-se capacitar a população em geral para lidar com esse problema, através de divulgação de informação disponibilizada pela Direção-Geral da Saúde e pelo reforço da vigilância da população em risco. Responsabilidade A elaboração dos Planos de Contingência de Ondas de Calor é da responsabilidade das respectivas Comissões Municipais de Protecção Civil, sob a orientação das Autoridades de Saúde. O desenvolvimento das actividades previstas e acordadas pelos agentes que integram as Comissões Municipais de Protecção Civil, nomeadamente Serviços de Saúde, Segurança Social, Freguesias, Corpos de Bombeiros e demais entidades ou instituições, deve ser coordenado pela Autoridade de Saúde. 2
Planeamento Alertas Os critérios para a definição de níveis de alerta são os definidos pela Direção-Geral da Saúde (Figura 1), devidamente adaptados às condições climáticas locais e à vulnerabilidade da população identificada como tendo um risco acrescido em termos de morbi-mortalidade. Figura 1. Níveis de alerta. Imagem retirada de Direção-Geral da Saúde. Norma nº007/2015, de 29 de Abril Operacionalização do Plano de Contingência para Temperaturas Extremas Adversas Módulo Calor. Para cada nível de alerta deve ser planeada a intervenção concertada dos parceiros das Comissões Municipais de Protecção Civil com intervenção directa neste plano no desenvolvimento das acções programadas. A comunicação do alerta é da responsabilidade da Autoridade de Saúde, de acordo com o nível emitido a nível regional e adaptado à realidade local, após consulta de outras entidades se necessário. Informação A comunicação entre as várias entidades será feita através de telemóvel e/ou e-mail com utilização da grelha com todos os respectivos contactos. A informação a transmitir à população em geral e aos grupos específicos é a criada pela Direcção-Geral da Saúde e presente no módulo Calor do respectivo site. A informação geral será afixada nos locais de maior utilização pública e deve ser assegurada pelos serviços das Câmaras Municipais e respectivas Freguesias (Folhetos Calor: a saúde em perigo, Calor e radiação UV: cuidados a ter com as crianças e Calor e radiação UV: cuidados a ter para proteger a sua saúde, este último em 3
português e inglês, dirigido a turistas, todos eles disponíveis no respectivo microsite da Direcção-Geral da Saúde). Deverá estar prevista a colaboração dos media locais na divulgação dessa informação, assim como dos níveis de alerta. A distribuição da informação dirigida às Creches e Infantários deve ser assegurada pelos Agrupamentos de Escolas e pela Segurança Social. As amas, sempre que estejam identificadas, devem ser sujeitas a essa mesma informação. A distribuição da informação dirigida aos estabelecimentos de acolhimento de idosos deve ser da responsabilidade dos Serviços de Segurança Social. A localização dos locais identificados como eventuais abrigos temporários de livre acesso deve ser igualmente publicitada. A organização de eventos ao ar livre (festivais, procissões, entre outros), durante a fase de vigilância (15 de Maio-30 de Setembro) do PCOC, deve ser do conhecimento das Comissões Municipais de Protecção Civil, porque se houver coincidência com uma onda de calor, poderá haver necessidade de organizar algum plano de intervenção mais específico. Identificação das pessoas vulneráveis em risco Deve proceder-se à identificação dos indivíduos mais susceptíveis aos efeitos de uma onda de calor tendo em consideração o seu estado de saúde e as condições sociais e habitacionais. Os grupos de população mais susceptíveis estão definidos pela Direcção-Geral da Saúde e são os seguintes: 1- Crianças com idade inferior a 5 anos; 2- Idosos com idade superior a 65 anos, particularmente com idade superior a 75 anos em que as taxas de mortalidade são maiores; 3- Pessoas com doenças crónicas (doenças cardíacas, respiratórias, renais, diabetes, alcoolismo, e outras), imunodeprimidas, com obesidade, e/ou a tomar medicamentos susceptíveis de afectarem a resposta do organismo ao calor (anti-hipertensores, anti-arrítmicos, diuréticos, antidepressivos, neurolépticos, entre outros); 4- Acamados ou com mobilidade condicionada; 5- Doentes mentais; 6- Residentes em habitações degradadas, sem abrigo e isoladas ou com acessibilidade difícil. 4
A determinação dos indivíduos susceptíveis em risco resultará de uma avaliação, mais ou menos subjectiva, da existência de vários destes factores na mesma pessoa de acordo com o quadro 1. Quadro 1. Caracterização da população vulnerável em risco. Saúde Social Habitação Nível de vulnerabilidade Sem necessidades acrescidas Autónomo Insalubre I Sem necessidades acrescidas Dependente Insalubre II Com necessidades acrescidas Dependente Insalubre III A identificação destes indivíduos é da responsabilidade de qualquer instituição que deles tenha conhecimento, nomeadamente serviços de saúde (USF, UCSP, UCC, URAP e ECCI), forças policiais (GNR e PSP), Instituições Particulares de Solidariedade Social, Segurança Social, Juntas de Freguesia, entre outros. Identificação e qualificação de abrigos A identificação de potenciais locais de abrigo caberá em primeiro lugar às Câmaras Municipais. Os abrigos podem ser de 3 tipos: 1- Abrigos temporários de livre acesso, constituídos, preferencialmente, por edifícios públicos ou estabelecimentos abertos ao público, em horário diurno, climatizados, sem restrições de acesso (cumprindo com as regras de acessibilidade para pessoas de mobilidade condicionada) e com instalações sanitárias e abastecimento de água potável; 2- Abrigo temporário com apoio social, constituído por local, disponibilizado pela Protecção Civil ou Segurança Social, com condições de climatização e alimentação possibilitando a frequência diurna, por alguns dias, se necessário, de pessoas vulneráveis com vigilância da sua condição social por pessoal para isso habilitado; 3- Abrigo permanente com apoio social e de saúde, constituído por local, disponibilizado pela Protecção Civil, com condições de salubridade e de alimentação possibilitando a pernoita de pessoas vulneráveis, por alguns dias, se necessário, com apoio local de equipa de prestação de cuidados de saúde e de apoio social. A avaliação e caracterização dos abrigos serão concretizadas pelas Câmaras Municipais e Técnicos de Saúde Ambiental com preenchimento da grelha respectiva. A cada nível de vulnerabilidade corresponderá um tipo de resposta adequada conforme o quadro 2. 5
Quadro 2. Correspondência entre nível de vulnerabilidade e tipo de abrigo. Níveis de vulnerabilidade Resposta I II III Abrigo temporário de livre acesso Abrigo temporário com apoio social Abrigo permanente com apoio social e de saúde Para os abrigos com apoio (resposta a vulneráveis de níveis II e III) deverá ser nomeado um responsável que, em conjunto com o seu grupo operacional, define as acções de organização do abrigo e passa a responder pela sua gestão, assegurando designadamente: - O registo das pessoas em situação de abrigo; - A continuação da prestação de cuidados que deve ser assegurada pela entidade prestadora habitual; - A segurança, higiene e manutenção. Em situações de emergência e/ou activação dos abrigos deve ser assegurada a prestação de cuidados. Para isso deve estar prevista a constituição de equipas de profissionais das diferentes áreas de intervenção. O transporte das pessoas vulneráveis deve ser assegurado pelas Comissões Municipais de Protecção Civil. Para tal, a Autoridades de Saúde em articulação com as equipas de saúde devem elaborar e disponibilizar uma listagem de pessoas com mobilidade condicionada e necessidade de apoio à deslocação. Vigilância Esta fase inicia-se a 15 de Maio, coincidindo com o accionamento do Plano de Contingência para as Ondas de Calor, e termina a 30 de Setembro. Esta fase contempla as seguintes acções: - Identificação da população vulnerável, avaliação do risco e ajuste dos níveis de alerta emitidos a nível regional; - Comunicação do nível de alerta às Comissões Municipais de Protecção Civil; - Informação aos profissionais de saúde; - Divulgação pública do nível de alerta através dos media locais; - Actualização de dados acerca da população vulnerável e recursos (abrigos, fontes alternativas de abastecimento de água, equipas de prestação de cuidados de saúde); 6
- Divulgação de medidas de prevenção em relação aos efeitos do calor sobre a saúde. O grau de risco para a saúde para as populações deve ser determinado com base nos níveis de alerta emitidos e as características da população identificada, podendo ser aplicada a matriz descrita no quadro 3. Para ajuste local dos níveis de alerta devem ser consideradas outras informações provenientes dos parceiros das Comissões Municipais de Protecção Civil que condicionem o risco para a saúde como a ocorrência de incêndios ou outros. Quadro 3. Matriz de avaliação do risco para a saúde. Grupos vulneráveis Alerta Distrital I II III Outros grupos específicos/eventos especiais Verde Baixo Baixo Médio Médio Amarelo Médio Médio Elevado Elevado Vermelho Médio Elevado Elevado Elevado Acompanhamento domiciliário As equipas que fazem visitação domiciliária, independentemente da instituição a que pertencem, deverão prestar especial atenção à eventual presença de sintomas e sinais decorrentes de exposição ao calor e fazer aconselhamento sobre as medidas a tomar perante a presença de uma onda de calor. Se for considerado necessário, os serviços de saúde assegurarão a formação dessas equipas no que naquela necessidade disser respeito. Quando o grau de risco for considerado de grau médio/elevado as equipas deverão proceder a visitação mais assídua aos indivíduos com maior vulnerabilidade. Para suprir as dificuldades destas equipas e para assegurar uma vigilância mais efectiva da população mais vulnerável, particularmente os idosos que vivem sozinhos, deverão ser fortalecidas as relações familiares e de vizinhança que assegurem o suprimento das suas necessidades em situação de risco acrescido para a saúde. Esta acção poderá ser, eventualmente, dinamizada pelos presidentes das juntas das freguesias respectivas e pelas forças policiais que terão uma relação de maior proximidade com as populações. 7
Fase de emergência Inicia-se com a activação do alerta vermelho para os diferentes grupos de população vulnerável. Pressupõe o desenvolvimento das seguintes acções: Comunicação do estado de alerta e pedido do accionamento dos Planos de Emergência Municipais, se necessário; Divulgação do alerta e das medidas de protecção da saúde da população vulnerável através dos meios de comunicação locais; Vigilância da qualidade dos recursos disponibilizados, nomeadamente água e alimentos; Monitorização da procura dos cuidados de saúde; Monitorização da morbilidade e da mortalidade; Informação dos coordenadores das Unidades de Saúde e dos directores dos Hospitais de referência; Informação de retorno ao Delegado de Saúde Regional. Avaliação Deverá ser elaborado um relatório síntese mencionando as acções desenvolvidas localmente assim como os constrangimentos encontrados no desenvolvimento do Plano Contingência de Ondas de Calor. Este relatório será posteriormente remetido ao Delegado de Saúde Regional, com utilização dos suportes de informação previamente definidos pelo Plano de âmbito regional. Documentos Recomendados (consultar www.dgs.pt) Circular Informativa nº 24/DA de 09/07/2009; Circular Informativa nº 25/DA/DSR de 20/07/2009; Circular Informativa nº 29/DSAO de 21/07/2010; Circular Informativa nº 30/DSAO de 21/07/2010; Circular Informativa nº 31/DSAO de 21/07/2010; Circular Informativa nº 32/DSAO de 21/07/2010; 8
Circular Informativa nº 33/DSAO de 21/07/2010; Circular Informativa nº 34/DSAO de 21/07/2010; Orientação da Direcção-Geral da Saúde nº 14/2011 de 16/05/2011; Plano Contingência Temperaturas Extremas Adversas Módulo Calor. Departamento de Saúde Pública. ARSLVT, I.P., 2014-2015; Plano de Contingência para Temperaturas Extremas Módulo Calor 2014. Direção de Serviços de Prevenção da Doença e Promoção da Saúde. Divisão de Saúde Ambiental e Ocupacional. Lisboa, 2014; Portugal, Gabinete do Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, Despacho nº 4113-A/2015, Diário da República, 2ª série nº 79, de 23 Abril; Direção-Geral da Saúde. Norma nº007/2015, de 29 de Abril Operacionalização do Plano de Contingência para Temperaturas Extremas Adversas Módulo Calor. Caldas da Rainha, 30 de Abril de 2015 9