CRIAÇÃO DE PROGRAMAS DE SEGURANÇA SOCIAL BÁSICA



Documentos relacionados
PROTECÇÃO SOCIAL EM MOÇAMBIQUE. Enquadramento, Políticas e Programas em Moçambique

EXPERIÊNCIA DE MOÇAMBIQUE NA IMPLEMENTAÇÃO DA SEGURANÇA SOCIAL BÁSICA

Seminário Acção Social Produtiva em Moçambique: Que possibilidades e opções?

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DAS FINANÇAS

Acção Social Produtiva em Moçambique: algumas questões chave para discussão

Protecção Social para um Crescimento Inclusivo. Nuno Cunha Nações Unidas

Consultoria Para Mapeamento os Actores e Serviços de Apoio as Mulheres Vitimas de Violência no País 60 dias

Protecção Social em Moçambique

A protecção social e as crianças

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

Evolução do Número de Beneficiários do RSI

ISO 9000:2000 Sistemas de Gestão da Qualidade Fundamentos e Vocabulário. As Normas da família ISO As Normas da família ISO 9000

Addis Ababa, ETHIOPIA P. O. Box 3243 Telephone 517 Fax:

TERMOS DE REFERÊNCIA PARA O POSTO DE CONSELHEIRO EM GESTÃO DE FINANÇAS PUBLICAS

Reformas em curso no Sistema de Gestão e Informação do INAS em Moçambique

As Politicas Sociais em Moçambique: A Componente de Assistência Social

Estratégia Europeia para o Emprego Promover a melhoria do emprego na Europa

Descrição de Tarefas para a Posição de Director de Programas, Políticas e Comunicação da AAMOZ

Programa de Desenvolvimento Social

Síntese da Conferência

PROMOTORES: PARCEIROS/CONSULTORES: FUNCIONAMENTO RESUMO

Proteção social e agricultura. rompendo o ciclo da pobreza rural

Programa de Apoio às Instituições Particulares de Solidariedade Social

Modelos Legais e Políticos para o Desenvolvimento de um Programa Nacional de Alimentação Escolar em Moçambique

1. SUMÁRIO EXECUTIVO 2. GERAÇÃO BIZ

REGULAMENTO INTERNO CENTRO COMUNITÁRIO

GUIA PRÁTICO APOIOS SOCIAIS FAMÍLIA E COMUNIDADE EM GERAL

As pensões sociais do regime não em Cabo Verde

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA ECONOMIA E FINANÇAS DIRECÇÃO NACIONAL DO ORÇAMENTO ORÇAMENTO CIDADÃO (Versão Preliminar)

EDITAL Nº5/2015 MEDIDA II - INCENTIVO À PARTICIPAÇÃO INDIVIDUAL EM FORMAÇÃO CONCURSO PARA APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS

Introdução 02. CRER Metodologia Integrada de Apoio ao Empreendedor 04. Passos para criação do CRER Centro de Recursos e Experimentação 05

MODERNIZAÇÃO E CAPACITAÇÃO DAS EMPRESAS

Introdução. Procura, oferta e intervenção. Cuidados continuados - uma visão económica

PROGRAMA DE ACÇÃO SOCIAL PRODUTIVA (PASP)

Grupo de Trabalho para as Questões da Pessoa Idosa, Dependente ou Deficiente de Grândola REGULAMENTO INTERNO

Sistemas de Protecção Social: experiência de Portugal

Orçamento do Estado 2014 Saúde e Segurança Social Para Onde Vamos?

Indicadores Gerais para a Avaliação Inclusiva

Centro de Emprego da Maia. Estágios Emprego. Reativar. Emprego Jovem Ativo. Estímulo Emprego. Mobilidade Geográfica. Empreendedorismo.

EDITAL Nº2/2014 MEDIDA II - INCENTIVO À PARTICIPAÇÃO INDIVIDUAL EM FORMAÇÃO CONCURSO PARA APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS

MINISTÉRIO DA PLANIFICAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA PLANIFICAÇÃO E DESENVOLVIMENTO. SÍNTESE DA 15 a SESSÃO PLENÁRIA DO OBSERVATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA COMISSÃO DE ASSUNTOS EUROPEUS

PROPOSTA DE REGULAMENTO INTERNO

Bilene, Manica e Mogovolas

Os principais constrangimentos, recomendações e sinergias emanados do Annual Review mee9ng

O Programa Bolsa Família

Programa de Estabilidade e Programa Nacional de Reformas. Algumas Medidas de Política Orçamental

REGULAMENTO PROJECTO EMPREGO JOVEM E COESÃO SOCIAL

Serviços de Acção Social do Instituto Politécnico de Viana do Castelo. Regulamento de Atribuição de Bolsa de Apoio Social

REDE TEMÁTICA DE ACTIVIDADE FÍSICA ADAPTADA

OCPLP Organização Cooperativista dos Povos de Língua Portuguesa. Proposta de Plano de Atividades e Orçamento

ESPECIAL PMEs. Volume III Fundos europeus 2ª parte. um Guia de O Portal de Negócios. Março / Abril de 2011

Comemorações do 35º Aniversário do Banco de Cabo Verde. Conferência internacional sobre A mobilização de oportunidades no pós-crise

MEDIDAS DE APOIO AO EMPREGO. 23 de outubro de 2014

PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL CONTINENTE DESCRIÇÃO DA MEDIDA Versão:1 Data:28/10/2013

O modelo de balanced scorecard

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA. site do programa, comunicou a suspensão, a partir de 11 de Fevereiro de 2011, de

FUNCIONAMENTO DA GESTÃO DA RESERVA FINANCEIRA DA REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE MACAU E RESPECTIVOS DADOS

REDE LUTA CONTRA POBREZA URBANA RLCPU PLANO ESTRATÉGICO,

Incentivos à contratação 2013

1. Objectivos do Observatório da Inclusão Financeira

IMF Survey. África deve crescer mais em meio a mudanças nas tendências mundiais

Divisão de Assuntos Sociais

NORMAS INTERNACIONAIS DO TRABALHO Convenção (n.º 102) relativa à segurança social (norma mínima), 1952

PROGRAMA DE ACÇÃO COMUNITÁRIO RELATIVO À VIGILÂNCIA DA SAÚDE PROJECTO DE PROGRAMA DE TRABALHO (Art. 5.2.b da Decisão Nº 1400/97/CE)

"Xiculungo" Relações Sociais da Pobreza Urbana em Maputo, Moçambique

ESTRATÉGIA DE PROTEÇÃO SOCIAL E TRABALHO DO BANCO MUNDIA. and e Oportunidade. Opportunity

Programa de Desenvolvimento Rural do Continente para

MUNICÍPIO DE PAREDES DE COURA. Loja Social de Paredes de Coura. Regulamento

REGULAMENTO DE PROCEDIMENTOS DO PROGRAMA NACIONAL DE MICROCRÉDITO

3. Como podem ser constituídas as equipas dos projetos cooperativos?

Índice. 1. Nota Introdutória Actividades a desenvolver Notas Finais...5

FINALIDADE E BREVE HISTÓRICO

PROGRAMA IMPULSO JOVEM

As mulheres constituem a maioria da população residente em Portugal e vivem até mais tarde do que os homens; adiam a maternidade, têm menos filhos

. evolução do conceito. Inspecção 3. Controlo da qualidade 4. Controlo da Qualidade Aula 05. Gestão da qualidade:

Avaliação do Instrumento de Apoio a Políticas Económicas (PSI)

ipea A EFETIVIDADE DO SALÁRIO MÍNIMO COMO UM INSTRUMENTO PARA REDUZIR A POBREZA NO BRASIL 1 INTRODUÇÃO 2 METODOLOGIA 2.1 Natureza das simulações

PROGRAMA DE AÇÃO E ORÇAMENTO Servir a comunidade; educar para a cidadania e incluir os mais vulneráveis

REGULAMENTO programa de apoio às pessoas colectivas de direito privado sem fins lucrativos do município de santa maria da feira

Linhas de Acção. 1. Planeamento Integrado. Acções a desenvolver: a) Plano de Desenvolvimento Social

1. INTRODUÇÃO 2. ANÁLISE ESTRATÉGICA

FAQ s METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO / ORGANIZAÇÃO

A IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA PROTECÇÃO SOCIAL COMPLEMENTAR. Palestrante: Manuel Moreira

Análise jurídica para a ratificação da Convenção 102 da OIT

PROJECTO DE LEI N.º 90/XII/1.ª REINTRODUZ O PASSE SOCIAL INTERMODAL

O Desenvolvimento Local no período de programação A perspetiva do FSE - 10 de maio de 2013

Perguntas mais frequentes

PROGRAMA DE AJUDA DIRECTA Requisitos & Instruções

CORRENTES CAPITAL TOTAL RECEITAS DESPESAS

Acordo Especial de Cooperação no Domínio do Sector Eléctrico entre a República Popular de Moçambique e a República Portuguesa.

Por Edwin Kaseke Universidade de Witwatersrand, Escola de Humanos e Desenvolvimento Comunitário

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Gabinete de Consultoria Legislativa

Medida Solar Térmico 2009 Impulsionar a Eficiência Energética e a Economia Nacional

Fundamentação. Artigo 1º Âmbito

Programa de Parcerias e Submissão de Propostas 2014/15

Transcrição:

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA MULHER E DA ACÇÃO SOCIAL CRIAÇÃO DE PROGRAMAS DE SEGURANÇA SOCIAL BÁSICA NO QUADRO DA OPERACIONALIZAÇÃO DA ESTRATÉGIA NACIONAL DE SEGURANÇA SOCIAL BÁSICA Maputo, Agosto de 2011

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA MULHER E DA ACÇÃO SOCIAL CRIAÇÃO DE PROGRAMAS DE SEGURANÇA SOCIAL BÁSICA NO QUADRO DA OPERACIONALIZAÇÃO DA ESTRATÉGIA NACIONAL DE SEGURANÇA SOCIAL BÁSICA Maputo, Agosto de 2011

ÍNDICE I. INTRODUÇÃO... 5 1.1 Contexto Nacional... 5 1.2 Contexto Internacional... 6 II. INTERVENÇÕES E OPÇÕES DE PROGRAMAS... 8 2.1. Responsabilidades no âmbito da Segurança Social Básica...8 2.2. Programas de Segurança Social Básica de responsabilidade de implementação do MMAS...9 2.2.1. Transferências monetárias regulares por tempo indeterminado...9 2.2.2. Transferências sociais por tempo determinado...11 2.2.3. Serviços Sociais de Acção Social... 14 2.2.4. Acção Social Produtiva... 16 III. METAS GLOBAIS... 20 IV. ORÇAMENTO... 21 V. ACÇÕES COMPLEMENTARES E MECANISMOS DE INTERLIGAÇÃO...22 VI. RESPONSABILIDADES INSTITUCIONAIS NA IMPLEMENTAÇÃO DOS PROGRAMAS...24 VII. FACTORES CRÍTICOS... 26

ABREVIATURAS AF CEDSIF DFID ENSSB HIV E SIDA INAS INE INEFP INGC IOF MICS MMAS OE PASD PDC PIB PSA PNUD SADC SETSAN TARV UNICEF Agregados Familiares Centro de Desenvolvimento de Sistemas de Informação em Finanças Departamento de Desenvolvimento Internacional Estratégia Nacional de Segurança Social Básica Vírus de Imunodeficiência Humana Instituto Nacional da Acção Social Instituto Nacional de Estatística Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional Instituto Nacional de Gestão de Calamidades Inquérito ao Orçamento Familiar Multiple Indicator Cluster Survey Ministério da Mulher e da Acção Social Orçamento do Estado Programa de Apoio Social Directo Programa de Desenvolvimento Comunitário Produto Interno Bruto Programa Subsídio de Alimentos Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Southern African Development Community Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutrição Tratamento Anti Retroviaral Fundo das Nações Unidas para a Infância

I. INTRODUÇÃO 1.1 Contexto Nacional Durante os últimos anos, Moçambique tem registado avanços nos domínios económico e social verificando-se progressos em termos de indicadores macroeconómicos. Contudo, segundo dados da 3ª Avaliação da Pobreza e do mais recente Inquérito ao Orçamento Familiar (IOF) demonstram que ainda há grandes desafios no combate à pobreza tendo em conta que nas zonas rurais 56,9% de pessoas vivem ainda a abaixo da linha de pobreza, enquanto nas zonas urbanas, o índice de pessoas vivendo nas condições referidas anteriormente é de 49,6%. Como se pode notar, os dados acima não têm uma diferença significativa entre as zonas rural e urbana, o que indica que a vulnerabilidade é também muito elevada nas zonas urbanas (descida de apenas 1,9% em relação ao IOF 2003/03), o que contribui para o desenvolvimento de uma abordagem complementar, de modo a abranger as populações vulneráveis de ambas zonas. Ainda segundo o IOF, os Agregados Familiares (AF) sem capacidade temporária e definitiva para trabalhar são os que apresentam uma maior representação nos Quintis mais pobres da distribuição (utilizando um índice de riqueza como marco de referência). Como estes AF são a maioria da população (em conjunto representam cerca de 90% dos AF), este grupo não pode ficar de fora dos Programas de Segurança Social Básica, dai a proposta de desenvolver uma componente associada à Acção Social Produtiva, através de transferências sociais conjugadas com a participação em trabalhos públicos. Estes dados mostram ainda que os AF mais pobres apresentam maior índice de dependência, isto é, o rácio entre aqueles que estão dependentes e aqueles que podem trabalhar. Este deve ser também um critério interessante para utilizar na definição do processo de elegibilidade. Nos últimos 5 anos, os AF que vivem abaixo da linha de pobreza, em especial, que correspondem a cerca de 54% do universo da população moçambicana, foram também afectados pelas flutuações internacionais dos preços de combustível e de produtos alimentares, situação que contribuiu para agravar a sua vulnerabilidade, e, portanto, esta estratégia surge como contribuição para que os grupos mais vulneráveis possam lidar com o impacto do agravamento de preços acima referido. Outro dado importante dos padrões de vulnerabilidade é a variação da insegurança alimentar ao longo do ano, em particular nas zonas rurais. Segundo dados do IOF, o número de pessoas que indicaram falta de alimentos é extremamente superior entre os meses de Outubro e de Fevereiro, aspecto que deve ser considerado no momento de definição dos Programas. O quadro a seguir apresenta alguns dados estatísticos sobre os principais grupos expostos à pobreza e vulnerabilidade.

Quadro 1. Dados ilustrativos da pobreza e vulnerabilidade no país DESCRIÇÃO ESTATÍSTICAS FONTE Pessoas vivendo em pobreza 54.7% da população vivem abaixo da linha de pobreza (urbano 49.6%; rural 56.9%). INE, IOF, 2008 Desnutrição crónica 46.4% das crianças menores de 5 anos de idade. MICS, 2008. INE/UNICEF Desnutrição aguda (severa e moderada) AF vivendo em insegurança alimentar Crianças órfãs e vulneráveis 1,4% das crianças menores de 5 anos com desnutrição aguda severa e 3,8% das crianças menores de 5 anos com desnutrição aguda moderada. 350,000 Pessoas com extrema insegurança alimentar e nutricional; aproximadamente 80.000 AF. Nota: uma redução de 22% do número de AF em INSAN. Fevereiro de 2010). 1.2 Milhões de órfãs. 600.000 Crianças vulneráveis Total. 1.8 Milhões. MICS 2008, SETSAN, Outubro 2010. MICS, 2008. INE/UNICEF Crianças vivendo em infantários 12,767 Crianças MMAS, 2010 AF chefiados por crianças (sem adultos) 0.04% de AF : estimativa de 20,000 AF. MICS, 2008. INE/UNICEF Pessoas idosas vivendo em pobreza 727,598 INE-2011 Pessoas com deficiências vivendo em pobreza 286,176 INE-2011 A assistência e integração social dos grupos mais desfavorecidos e vulneráveis são definidas como acções prioritárias no Programa Quinquenal do Governo 2010 2014 para a redução dos índices de pobreza, afirmando o seu compromisso em relação à protecção social. Esta integração é vista como impulsionadora do processo de empoderamento das populações mais vulneráveis, garantindo a sua inclusão no processo de desenvolvimento. Outrossim, o Plano de Acção para a Redução da Pobreza 2011-2014 coloca em ênfase o desafio da expansão do número de beneficiários cobertos pelos programas de protecção social entre as pessoas mais vulneráveis e pelas redes de protecção produtivas com benefícios comunitários, tomando em conta a necessidade de actualização dos valores dos subsídios. No mesmo documento, a Segurança Social Básica surge como uma das prioridades enquadradas no Objectivo de Desenvolvimento Humano e Social. Neste contexto, o Governo tem aprovado políticas e estratégias para a consolidação e expansão dos programas de protecção social básica, com destaque para a Política da Acção Social Resolução n 12/98, de 9 de Abril, a Lei de Protecção Social Lei n.º 4/2007, de 07 de Fevereiro, o Regulamento do Subsistema de Segurança Social Básica, aprovado pelo Decreto n.º 85/2009, de 29 de Dezembro, a Estratégia Nacional de Segurança Social Básica 2010 2014 (ENSSB), aprovada pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 17/2010 de 27 de Maio. A ENSSB integra-se nos esforços do governo no âmbito de assistência aos agregados familiares em situação de pobreza e de vulnerabilidade e estabelece 3 objectivos centrais, nomeadamente: a. Aumentar a cobertura e o impacto das intervenções da protecção social básica às pessoas mais pobres e vulneráveis; b. Aumentar a eficiência do sistema de protecção social básica e; c. Assegurar a harmonização e coordenação dos diferentes programas e serviços de protecção social básica.

1.2 Contexto Internacional Nas últimas duas décadas, os programas de assistência e protecção social ganharam importância a nível mundial e, em simultâneo, sofreram transformações significativas, demonstrando uma vontade crescente de enfatizar o desenvolvimento do capital humano (tendo em conta o seu impacto em áreas como a nutrição, educação e saúde) e no estabelecimento de ligações entre a protecção social e políticas activas de emprego, de forma a tornar num elemento promotor da inclusão dos mais vulneráveis na economia e na sociedade e deixar o papel meramente distributivo. A nível internacional, existe um acordo entre as principais agências (lideradas pelas Nações Unidas), visando a sensibilização dos países para, nas suas estratégias de desenvolvimento e de combate a pobreza, darem importância e definirem prioridades em relação aos programas que garantam a segurança social básica dos grupos mais vulneráveis. Exemplo deste esforço é a realização de eventos permanentes de advocacia sobre estas questões, exercícios de medição do impacto, em especial, enquadrados na materialização da cooperação sul-sul, proporcionando oportunidades para que Moçambique aprenda com outras experiências, não só, mas que também partilhe, com os outros países, os avanços registados nos últimos anos no que tange à aprovação de instrumentos legais e estratégias nesta área. Em alguns eventos internacionais, o enquadramento legal em particular a Lei de base de protecção social, o Regulamento de Segurança Social Básica, bem como a Estratégia Nacional de Segurança Social de Moçambique, têm sido apresentados como boas práticas internacionais no sentido da promoção gradual de um Piso de Protecção Social Básico no Continente Africano. A nível da União Africana, em 2008, os Estados membros aprovaram o Quadro da Política Social para África, um instrumento que orienta, dentre outras questões, a necessidade de priorizar a protecção social dos grupos mais vulneráveis como estratégia de fortalecimento do capital humano e do desenvolvimento dos países. Este instrumento foi igualmente analisado nas Nações Unidas, tendo sido orientado para o maior investimento no desenvolvimento de programas integrados e harmonizados na área de segurança social básica. A nível da SADC foi, em 2004, aprovada a Carta dos Direitos Sociais Fundamentais da SADC, ratificada por Moçambique, pela Resolução do Conselho de Ministros n.º34/2004, de 09 de Julho, que prevê a necessidade de priorizar, em todos os programas e estratégias de desenvolvimento, os grupos mais vulneráveis da população. Em termos de programas em curso, um conjunto de países realizou um investimento significativo em programas de segurança social básica, sendo de destacar a Etiópia, a África do Sul, o Malawi, o Brasil, Cabo Verde, o México e a Índia. Os Programas que têm apresentado maior dimensão e recebido mais atenção são os destinados a AF com crianças (por exemplo, Bolsa Família e Subsídio para Infância e Oportunidades no Brasil, África do Sul e México), idosos (Pensão Social na África do Sul, Cabo Verde e Namíbia), bem como programas de transferências sociais para população em idade activa, associada à participação em trabalhos públicos (por exemplo na Etiópia e Índia). O anexo 1 apresenta um resumo das características dos programas em vários Países do mundo, tal como o custo dos mesmos.

II. INTERVENÇÕES E OPÇÕES DE PROGRAMAS 2.1. Responsabilidades no âmbito da Segurança Social Básica As intervenções na área de segurança social básica, a serem providenciadas pelo Governo, devem garantir a provisão, protecção e promoção dos grupos vivendo em situação de pobreza extrema, com ou sem capacidade para o trabalho, e a prevenção e promoção dos grupos vivendo em situação de pobreza com capacidade para o trabalho. As intervenções compreendem 4 eixos fundamentais: v Programas que se enquadram no eixo da Acção Social Directa, sob gestão do MMAS: nesta vertente, destacam-se os programas de transferências sociais monetárias por tempo indeterminado, as transferências sociais por tempo determinado e os Serviços sociais de Acção Social; v Programas que se enquadram no eixo da Acção Social da Saúde, sob gestão do Ministério da Saúde: aqui enquadram-se os programas que asseguram o acesso universal das populações mais vulneráveis aos cuidados primários de saúde, compreendendo as acções que têm por objectivo melhorar a sua qualidade de saúde. v Programas que se enquadram no eixo da Acção Social Escolar, sob gestão do Ministério da Educação: nesta vertente enquadram-se os programas que visam propiciar a participação dos grupos populacionais mais vulneráveis no sistema de ensino. v Programas que se enquadram no eixo da Acção Social Produtiva, sob gestão partilhada dos Sectores da Mulher e da Acção Social, Obras Públicas e Habitação, Administração Estatal, Planificação e Desenvolvimento, Agricultura e Trabalho. Nesta vertente, enquadram-se os programas focalizados nas pessoas em situação de pobreza, mas com capacidade física para trabalhar, tendo como objectivo proporcionar a assistência social e a inserção dos grupos abrangidos em actividades produtivas, explorando, por exemplo, o uso da mão-de-obra intensiva. Nestes termos, fica evidente que na garantia da segurança social básica, há necessidade de harmonizar as intervenções levadas a cabo nos vários sectores, como é o caso de Saúde, Educação, Trabalho (INEFP), Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), Obras Públicas e Habitação, que abrangem os grupos mais vulneráveis da população, com vista a garantir que o Governo responda a estas questões de forma mais integrada. Para tal, será necessário fortalecer os mecanismos que asseguram que os beneficiários de um Programa de Segurança Social Básica tenham acesso aos benefícios dos diferentes serviços prestados pelos sectores. Entretanto, neste programa, cabe ao Ministério da Mulher e da Acção Social intervir na materialização das seguintes componentes: a) Transferências sociais monetárias por tempo indeterminado; b) Transferências sociais por tempo determinado; c) Serviços sociais de Acção Social; d) Componente de Trabalhos Públicos no quadro da Acção Social Produtiva. Seguidamente, são apresentados os programas para cada uma das componentes acima descritas e as respectivas projecções até 2014.

2.2. Programas de Segurança Social Básica, sob responsabilidade do MMAS 2.2.1. Transferências monetárias regulares por tempo indeterminado Definição Transferências monetárias regulares por tempo indeterminado consistem na assistência aos AF em valores monetários, de forma regular (periodicidade definida), onde os beneficiários, ao longo da sua vida, recebem valores monetários, desde que a sua condição de elegibilidade relacionada com a incapacidade física para trabalhar não se altere, como é o caso das crianças quando chegam à idade adulta. Objectivos As Transferências monetárias regulares por tempo indeterminado têm como objectivos: i) Garantir a sobrevivência das pessoas permanentemente incapacitadas para o trabalho e vivendo em pobreza extrema; ii) Investir nos Agregados Familiares (AF) de modo a promover o capital humano futuro (caso de crianças); iii) Garantir que todos membros dos Agregados Familiares das pessoas incapacitadas para o trabalho tenham acesso aos serviços sociais básicos. Grupos alvo São grupos alvo das Transferências Monetárias por Tempo Indeterminado apenas os AF com pessoas permanentemente incapacitadas para o trabalho, vivendo em pobreza, nomeadamente: v v v AF com pessoas idosas; AF que integram pessoas com de deficiência, incapacitadas para o trabalho; AF que integram pessoas com doenças crónicas ou degenerativas (não acamados) 1 ; Vantagens v A provisão de uma transferência regular e previsível ajuda a prevenir a destituição e garante a sobrevivência de pessoas em situação de pobreza extrema e expostas aos riscos e factores de vulnerabilidade. Além disso, dadas as características demográficas de Moçambique, onde o número de crianças que vivem em AF elegíveis para a recepção destas transferências é significativo, estas são um investimento no capital humano do País. v As transferências direccionadas às localidades onde há escassez da circulação da moeda podem contribuir para o aumento da procura local, estimulando o mercado e, consequentemente, a produção local. O anexo 1 ilustra resultados das experiências internacionais e demonstra o impacto positivo no estado nutricional da criança e no aumento dos níveis de escolaridade. 1 Neste grupo poderão ser também incluídas as pessoas vivendo com HIV/AIDS incapacitadas permanentemente para o trabalho

Situação actual Para o ano de 2011, o Plano Económico e Social prevê garantir o acesso às transferências sociais monetárias regulares por tempo indeterminado, beneficiando 252.842 AF, através do Programa Subsidio de Alimentos. O valor global necessário para cumprir a meta prevista é de 571.282,310,00 MT, onde a contribuição do Governo corresponde a 70% e dos Parceiros (DFID e Embaixada do Reino dos Países Baixos) corresponde a 30% 2. Programa No âmbito das transferências monetárias regulares por tempo indeterminado, será implementado o Programa de Subsídio Social Básico, que terá como base o actual Programa Subsídio de Alimentos. O novo Programa implica a revisão do valor da transferência como forma de garantir um maior impacto e um maior enfoque nas crianças como beneficiários indirectos (dependentes). A transferência será direccionada para o Agregado Familiar, que deverá receber um valor inicial sobre o qual serão acrescidos 25% por cada dependente até ao máximo de 4 dependentes. Em termos de valor, as propostas analisadas têm como base uma percentagem que garanta a satisfação de necessidades mínimas de um indivíduo, tomando como proxy as estimativas do IOF, na sua abordagem sobre as linhas de pobreza. Importa salientar que a Linha de Pobreza Nacional oficial, calculada tendo em conta os dados mais recentes do IOF, a preços de 2008, é de 18,3 Mts por dia e por pessoa, mas com o nível de Inflação que ocorreu desde então, espera-se que em 2012, o valor da Linha de Pobreza seja estimada em 655 Mts. Ainda na óptica do IOF, com o valor mediano, as pessoas conseguem satisfazer apenas 75% das suas necessidades básicas, ficando os restantes 25% por satisfazer. Assim, considerando que os beneficiários deste programa se encontram entre os decis mais baixos da população, as suas insuficiências calóricas deverão ser superiores. Por outro lado, dado que este gap é apenas em termos de calorias e, reconhecendo que as necessidades não são apenas calóricas, a proposta é de que a transferência seja equivalente a 33% da Linha de Pobreza actualizada a valores de 2011 (239 Mts em 2012), acrescido de 25% (60 Mts) por beneficiário adicional. Entretanto, tendo em conta a tipologia de AF, a transferência média aponta para 311 Mts. Abrangência O programa terá cobertura nacional, abrangendo potenciais beneficiários residentes nas zonas rurais e urbanas. Contudo, até 2014, não terão sido abrangidos todos os AF elegíveis pela dificuldade de garantir a cobertura real, tendo em conta limitações ao nível dos recursos humanos, materiais e financeiros. Estimativa do universo das pessoas elegíveis Na óptica do programa, são considerandos AF elegíveis aqueles que não possuem qualquer membro com capacidade para o trabalho. Segundo dados apurados em 2011, o universo de AF elegíveis seria de 369 mil, chefiados por idosos; 9 mil com pessoas com deficiência ou doentes crónicos incapazes de trabalhar. Um dos objectivos do Programa será garantir a inclusão de todos os beneficiários dependentes (por exemplo, todas as crianças residindo com idosos neste tipo de AF). De acordo com os dados mais recentes, a dimensão, em média, de um AF com idosos e sem qualquer elemento adulto capaz de trabalhar é de 2,1 pessoas, sendo 2 A contribuição do DFID para o ano de 2011 é de 2.000.000,00 libras esterlinas o equivalente a 110.380.000,00 Mts a taxa de câmbio de 55,19 Mt do Ministério das Finanças e a contribuição do EKN é de 1.300.000,00 Euros o equivalente a 60.866.000,00 Mts a taxa de câmbio de 46,82 Mt totalizando 171.246.000,00 Mts sendo que todo o montante destina se para o PSA. 10

que 0,8 são crianças. No caso de AF com pessoas com deficiência ou doentes crónicos incapazes de trabalhar, a dimensão sobe para 2,7 pessoas e o número médio de crianças é de 1,7 pessoas (IOF, 2008/9). Contudo, no actual PSA, uma parte substancial de beneficiários indirectos (crianças) ainda não está contemplada devido à falta de registo de nascimento. Por isso, é necessário aliar os programas de transferência monetária às iniciativas de promover o registo de nascimento junto das autoridades competentes e contemplar mecanismos alternativos de reconhecimento destes beneficiários até que esta situação se encontre resolvida. Metas e Orçamento A proposta limita-se aqueles AF que não têm nenhum membro com capacidade para trabalhar, pelo que em comparação com os números propostos na ENSSB, existe uma redução do número de AF. Por outro lado, há uma proposta de aumento dos valores da transferência o que, de alguma forma, equilibra as metas previstas em termos de custo, quando comparadas com as propostas anteriores. O objectivo é cobrir 90% dos AF sem nenhum membro com capacidade para o trabalho até 2014, considerando que apenas 80% seriam candidatos a este benefício. Esta proposta tem em conta que uma parte deles já se beneficiam de pensões e de outros sistemas, mas também a dificuldade de conseguir que em apenas três (03) anos se garanta, em termos operacionais, a cobertura de todos os potenciais elegíveis. Tabela 1: Cobertura e custos do Programa de Subsídio Social Básico 2012 2013 2014 AF Beneficiários 280,244 287,637 311,238 Beneficiários Totais 557,251 611,604 684,028 Crianças en AF Beneficiários 199,159 232,793 266,714 Escalão Mínimo 239 256 270 Escalão Máximo 478 512 541 Transferência média 311 333 352 Custo total 10ˆ3 Mts 3 1,287,854 1,452,811 1,684,805 2.2.2. Transferências sociais por tempo determinado Definição Transferências sociais por tempo determinado são benefícios em espécie e/ou o pagamento de serviços que se destinam a fazer face a situações de choques que agravam o grau de vulnerabilidade dos AF. Os benefícios podem incluir, também, uma combinação destes benefícios com uma componente monetária, e o apoio pode acontecer numa única vez (caso de um choque pontual) ou ter lugar durante um período determinado, por forma a auxiliar o AF a reduzir a sua vulnerabilidade (por exemplo, no caso de AF com crianças em situação de malnutrição aguda). Os choques que geram uma situação de vulnerabilidade são vários e incluem incidentes, doenças, falecimentos, actos humanos/acidentes que resultam em danos humanos ou dos bens do AF. 3 Inclui Custos Administrativos (30% em 2012, 30% em 2013 e 25% em 2014) 11

Objectivo Os programas de transferências sociais por tempo determinado têm como objectivo aliviar situações transitórias de vulnerabilidade, podendo ser: a. Vulnerabilidade aguda transitória, que acontece devido a choques pontuais que levam o AF a necessitar de assistência durante um curto período de tempo, de modo a ultrapassar a crise. b. Vulnerabilidade transitória mais prolongada, que se refere aos casos de AF que sofrem de choques, cujos impactos resultam na vulnerabilidade para um ou mais membros do AF. Este Programa pode também servir como apoio temporal até que o AF possa participar noutra componente. Por exemplo, no caso de mulheres chefes de agregado familiar, em que estas são os únicos elementos capazes de garantir, através do seu trabalho, o sustento da sua família, e nos casos em que estas se encontram em situações de incapacidade temporal (doença, gravidez que a incapacite fisicamente de trabalhar), o Programa pode providenciar esta função. Grupos alvo v AF chefiados por crianças de 12 a 18 anos; v Famílias de acolhimento, que receberão um kit no acto de integração. 4 v AF com crianças em situação difícil onde, em termos de prioridade e como forma de identificação destas crianças utilizar-se-á como referência as crianças que foram apoiadas pelo Ministério da Saúde, devido a uma situação de desnutrição aguda; v Pessoas assolados por choques que agravam o grau de vulnerabilidade; v Pessoas com deficiência, necessitando de meios de compensação; v Idosos e Pessoas vivendo com doenças crónicas ou degenerativas (acamados); v Pessoas vivendo com HIV e SIDA (em tratamento anti-retroviral, até 6 meses); v Crianças, idosos e repatriados em processo de reunificação e/ou reintegração familiar; v Chefes de Agregados Familiar temporariamente incapacitadas para o trabalho. Vantagens Os programas de transferências sociais por tempo determinado oferecem flexibilidade de resposta a diferentes circunstâncias e necessidades dos AF que sofram de incidentes 5. Por outro lado, tem a vantagem de permitir uma pronta resposta à situações de incidentes e de infortúnios que assolam as populações pobres e vulneráveis. Situação Actual Em 2011, o número de beneficiários a atender no âmbito do Programa Apoio Social Directo é de 37.328, estando orçado em 79.260.800,00 MT, do Orçamento do Estado, do qual apenas 458.014.580,00 Meticais estão disponíveis, existindo um déficit no valor de 378.753.780,00MT 4 Posteriormente, o AF pode passar a ser beneficiário da Acção Social Produtiva. Mas numa primeira fase, deve receber o apoio caso a sua comunidade não beneficie dos trabalhos públicos, ou a situação de integração desta criança não coincida com a o momento de desenvolvimento do Programa. 5 Por exemplo, no caso do morte materna deixando um recém-nascido sem possibilidades de amamentar pode-se avaliar as necessidades do Af para garantir a alimentação do bebe; no caso de falecimento de os encarregados das crianças num AF, as crianças órfãs podem receber assistência até atingir a idade de maioridade. 12

Programas No âmbito das transferências sociais por tempo determinado será implementado o Programa Apoio Social Directo que será subdividido em duas componentes: 1. Apoio pontual Nesta componente, incluem-se apoios materiais e/ou pagamentos de serviços perante infortúnios que agravam a situação de vulnerabilidade, como por exemplo, a disponibilização de meios de compensação, vestuários, apoio alimentar, pagamento de serviços de transporte e outros, conforme as necessidades Este apoio pode ser também direccionado para situações de reintegração e reunificação familiar e morte. 2. Apoio prolongado Esta componente consiste num apoio sistemático para um período determinado, em função da tipologia do problema. Neste caso, incluiu-se, por exemplo, o apoio em espécie a AF chefiados por crianças entre os 12 e os 18 anos; o apoio a AF com crianças com má-nutrição aguda, doentes crónicos (acamados) e mulheres chefes de agregado, temporariamente incapacitadas para o trabalho. No caso de AF chefiados por crianças, o apoio prestado nesta componente incluirá uma combinação entre benefícios em espécie e uma componente monetária, que irá cessar quando o chefe de agregado familiar atingir 18 anos, transitando para outra componente, nomeadamente, a Acção Social Produtiva. As crianças em situação de pobreza e vulnerabilidade abaixo dos 12 anos serão atendidas institucionalmente de forma transitória, através dos serviços da acção social. Metas e orçamento Os cenários a seguir apresentam projecções do número de AF a serem contempladas nos programas governamentais, bem como dos custos associados às diferentes componentes do Programa. Os valores médios utilizados para a realização destas estimativas tiveram como base o valor de uma Cesta Básica, implementada actualmente pelo Ministério da Saúde. Tabela 2: Estimativa do valor médio das transferências 2012 2013 2014 Valor AF Valor AF Valor AF Médio Médio Médio Transferência para Crianças Chefes de Agregado Familiar 985 5,071 1,056 5,956 1,115 6,120 Transferência para AF com crianças em fase de recuperação de uma situação de desnutrição aguda 985 10,145 1,056 15,589 1,115 21,343 Transferência para AF em situação temporária de incapacidade para o trabalho 6 985 15,872 1,056 18,649 1,115 23,957 Meios de Compensação 6,000 4,616 7,500 4,817 7,500 5,027 Outros Serviços 15,000 1,539 18,750 1,606 18,750 1,676 TOTAL 37,243 46,617 58,023 6 Inclui os AF com pessoas recebendo TARV 13

Nota: o valor estimado para as transferências para AF chefiados por crianças contempla a possibilidade de a transferência ser realizada directamente em bens, valores monetários ou através do recurso à senhas e os mecanismos de distribuição serão determinados no manual de procedimentos. Ademais, o Ministério está a implementar um programa denominado Cesta Básica, beneficiando pessoas vivendo com HIV/SIDA e em Tratamento Anti-Retroviral (TARV), onde são atendidas 3.500 pessoas vivendo nas capitais províncias por um período de 6 meses, recebendo uma cesta básica equivalente a 990.000,00Mt, devendo, esta componente, ser integrada na componente de Apoio Social Directo. Estes beneficiários são contabilizados entre o grupo de AF em que há uma incapacidade temporária para o trabalho. Por outro lado, dada a sua dimensão reduzida, algumas das categorias não foram incluídas nas estimativas, o que não significa que as mesmas não sejam contempladas pelos Programas. Tabela 3: Beneficiários e custos totais do PASD 2012 2013 2014 AF Beneficiários 37,243 46,617 58,023 Custo total 10ˆ3 Mts 7 287,637 393,467 498,526 2.2.3. Serviços Sociais de Acção Social Definição Os Serviços Sociais da Acção Social consistem no acolhimento e assistência em Unidades Sociais e na comunidade de pessoas vulneráveis, vivendo em situação de pobreza, que perderam a sua família, foram abandonadas ou marginalizadas. Objectivos Os Serviços Sociais de Acção Social têm o objectivo de garantir o atendimento institucional dos grupos mais vulneráveis, desamparados e vivendo em situação de pobreza, e compreendem: Infantários, Centros de Apoio à Velhice, Centros de Trânsito, Centros Comunitários Abertos, Centros de Acolhimento à Criança, Centros Infantis e as Escolinhas Comunitárias. Grupos alvo v Crianças em situação difícil; v Pessoas idosas desamparadas; v Pessoas com deficiência; v Repatriados; v Pessoas vítimas de violência doméstica e/ou tráfico; v População vivendo na rua (em processo de reintegração). Vantagens Embora o atendimento institucional seja a última alternativa, o mesmo permite o acolhimento institucional dos grupos mais vulneráveis, desamparados e a satisfação das suas necessidades básicas; garante a protecção 7 Inclui custos administrativos (35%, 31%, 28% respectivamente). 14

e a assistência social segura e permite o seccionamento regrado dos apoios aos grupos mais vulneráveis, no âmbito do combate à mendicidade e do fenómeno da criança da e/ou na rua. Situação actual Estão sob gestão do MMAS, 15 Centros Infantis públicos, 15 Infantários públicos, 12 Centros de Apoio a Velhice e 6 Centros de Trânsito e, em 2011, prevê-se que sejam atendidos 2.694 beneficiários, num orçamento de 67.193. 950,00 Meticais, estando disponíveis apenas 26.932.660,00 Meticais, o que significa existir um défice de 40.261.290,00 Meticais em relação ao planificado no PES do presente ano. Importa realçar que nem todas as províncias têm unidades sociais necessárias, havendo necessidade de fazer o mapeamento de necessidades e plano de expansão destas unidades. Programa O Programa Serviço Social de Acção Social consiste na garantia de atendimento institucional em Infantários, Centros de Apoio à Velhice, Centros de Trânsito, Centros de Acolhimento à Criança e Centros de Acolhimento de Pessoas com Deficiência Aguda desamparadas, bem como providenciar a orientação e reunificação familiar dos grupos mais vulneráveis desamparados e vivendo em situação de pobreza. No âmbito deste programa serão implementadas duas componentes: 1. Atendimento Institucional Esta componente consiste no atendimento e acolhimento em Unidades Sociais públicas, nomeadamente, Infantários, Centros de Apoio à Velhice e Centros de Trânsito, que são as unidades actualmente em funcionamento. Tendo em conta a emergência de novos fenómenos sociais que não se enquadram nas actuais estratégias de atendimento institucional, como é o caso do abandono de Pessoas com Deficiência, serão criadas novas unidades sociais, nomeadamente Centros de Acolhimento à Criança (que podem ser abertos, fechados ou mistos) e Centros de Acolhimento de Pessoas com Deficiência Profunda, abandonadas. Os Centros de Trânsito deixarão de acolher apenas Pessoas com Deficiência, passando a acolher todos os grupos alvo que necessitam de um acolhimento transitório, com excepção de crianças que serão atendidas nos infantários. Esta componente passará a responder aos problemas de rejeição familiar e/ou comunitária, abandono, violência e a orfandade. 2. Orientação e Reunificação Familiar Esta componente irá responder as seguintes situações: a. Combate à mendicidade e ao fenómeno da criança da/na rua, privilegiando a reunificação e apoio psicosocial da crianças, idosos, pessoas com deficiência. Neste contexto, apoiar-se-á também na assistência nas Unidades Sociais, incluindo os Centros de Acolhimento da Criança e Centros Comunitários Abertos. b. Informação e orientação social (Serviços de informação e orientação social), com o objectivo de providenciar informação e encaminhamento das pessoas pobres e vulneráveis aos diferentes benefícios e serviços implementados pelos diferentes sectores no âmbito da segurança social básica. 15

Metas e orçamento Tabela 4: Custo Médio Mensal e número de utentes Custo Médio 2012 2013 2014 Nº Utentes Custo Médio Nº Utentes Custo Médio Nº Utentes Infantário 2,500 842 3,125 946 3,906 987 Centro de Apoio à Velhice 1,700 1,058 2,125 1,059 2,656 1,105 Centro de Trânsito 1,600 259 2,000 248 2,500 259 Centro Aberto 1,000 4,500 1250 4700 1562.5 5000 Centro de Acolhimento a Pessoas com Deficiência Aguda desamparadas 3,125 60 3,906 120 Centro de Acolhimento à Criança 2,500 350 3,125 1,100 3,906 3,500 Tabela 6: Custos e cobertura totais da componente Serviços Sociais 2012 2013 2014 AF Beneficiários 7,009 8,113 10,971 Custo total 10ˆ3 Mts (incluindo 5% CA) 9,693,000 15,202,625 29,389,822 Tabela 7: Necessidades de Construção de Unidades sociais Necessidades 2011 2012 2013 2014 Total Orçamento 10ˆ3 Mts Centro de Apoio a Velhice 1 1 1 3 15,000 Infantário 1 2 3 30,000 Centro de Acolhimento da Criança (podendo ser aberto ou fechado) 1 3 4 3 11 165,000 Centro de Trânsito 1 1 2 15,000 Centro de Acolhimento a Pessoas com Deficiência Aguda desamparadas 1 2 60,000 TOTAL 285.000 2.2.4. Acção Social Produtiva Definição Acção Social Produtiva é um Programa que consiste na providência de transferências sociais e participação dos beneficiários em actividades produtivas, visando responder aos problemas de insegurança alimentar crónica, agravada pelos choques e riscos estruturais e impactos das mudanças ambientais e/ou choques económicos e contribuir para a inclusão económica e social dos mesmos. Objectivos A componente de Acção Social Produtiva tem como objectivo promover a inclusão socioeconómica das populações mais vulneráveis, com capacidades físicas para o trabalho. 16

Grupos alvo A Acção Social Produtiva tem como grupos alvo AF em situação de vulnerabilidade que possuam, pelo menos, um membro com capacidades para o trabalho, priorizando: v AF chefiados por mulheres; v AF com pessoas com deficiência, doença crónica ou idoso, v AF com crianças em situação de desnutrição; v AF com alto nível de dependência 8 ; v Famílias de Acolhimento em situação de pobreza e vulnerabilidade. O programa deverá ter em conta as necessidades específicas dos AF por forma a que as actividades previstas não promovam a sua exclusão. Situação Actual Neste momento, o Governo está a desenhar, com o apoio do Banco Mundial e outros parceiros, um programa de trabalhos públicos, utilizando mão-de-obra intensiva, que deverá servir como I Fase deste Programa. Programas O Programa Nacional de Acção Social Produtiva possui as seguintes componentes: 1. Trabalhos públicos com o uso de mão-de-obra intensiva A Componente de Trabalhos públicos com o uso de mão-de-obra intensiva permitirá uma segurança de rendimento para garantir a protecção dos AF em situação de riscos e de vulnerabilidade, através da atribuição de uma transferência monetária em troca de prestação de serviços públicos. Assim, é essencial assegurar que o valor transferido seja suficiente para garantir esta função e que o seu desembolso seja previsível para que o beneficiário possa planificar a estratégia de utilização do mesmo. O custeamento foi realizado tendo como base o montante de 655 Mts (equivalente ao valor da Linha de Pobreza), independentemente da dimensão do Agregado Familiar. Número de horas de trabalho mensal A definição do número de horas para cada participante do Programa de Trabalhos Públicos baseou-se no valor do Salário mínimo mais baixo (do Sector Agro-pecuario). Atendendo que a Legislação moçambicana sobre o Salário Mínimo não permite que um trabalhador labore acima de 48 horas semanais, o que faz com que o valor mínimo de remuneração por hora seja de 10,4 Mts. Partindo do pressuposto do valor de transferências sociais proposto, faz-nos crer que o limite máximo de tempo de trabalho por cada beneficiário seja de 63 horas mensais. Os trabalhos públicos consistem em realizar actividades de benefício público a serem identificadas pelas autoridades municipais e distritais, centradas, por exemplo, na manutenção e/ou construção de estradas, plantio de árvores para o reflorestamento, abertura de represas, construção/reabilitação de pontes, trabalhos de manutenção e remoção dos solos e outros. 8 Trata-se de AF numerosos que dependem de 1 ou poucas pessoas com capacidade para o trabalho. 17

a) Âmbito rural No âmbito rural, a estratégia será implementada pelas autoridades distritais, tendo em conta a sazonalidade existente em termos de insegurança alimentar. Os AF poderão participar no Programa anualmente, por um período máximo de 4 meses, na época de menor actividade agrícola, de modo a que durante o ciclo agrícola, os membros possam dedicar-se às actividades de produção de alimentos. Os beneficiários poderão participar no programa por um período de 3 anos no máximo, findo o qual deverão graduar para outros programas. Entretanto, nas zonas rurais, o Programa visa responder a situações críticas de insegurança alimentar e deverá ser concentrado nas zonas mais problemáticas, com destaque para as zonas áridas e semi-áridas. Os distritos a participar na fase inicial do programa serão seleccionados na base de critérios tais como a insegurança alimentar, índices de pobreza, aglomerado populacional, índices de desemprego e a implementação da transferência deverá ser complementada com acesso a serviços de poupança. A meta para o Programa de Trabalhos Públicos Rurais será cobrir 4 decis da população em 2020 (cerca de 7 674 000 AF) e, para o efeito, o ritmo de expansão seria de 15% em 2012, 25% em 2013 e 35% em 2014, percentagens que equivaleriam a 6%, 10% e 14% dos AF nessas condições, isto é, do total dos AF com capacidade para trabalhar em áreas rurais. b) Âmbito Urbano As transferências sociais associadas aos Trabalhos Públicos Urbanos serão implementados por um período de 6 meses, por forma a permitir que os beneficiários, findo o projecto, possam constituir uma base monetária e estejam capacitados para o desenvolvimento de actividades geradoras de rendimento. Neste período, os participantes irão beneficiar-se de capacitação e orientação para aceder a outros programas, tais como o acesso aos fundos disponíveis no âmbito de combate à pobreza urbana, programas de formação em gestão e desenvolvimento de negócio, bem como a possibilidade de serem incluídos nos programas de apoio ao desenvolvimento de Pequenas Empresas de Prestação de Serviços Sociais (por exemplo, serviços de prestação de cuidados a crianças, idosos, recolha de resíduos sólidos, etc). A formação profissional orientada para o desenvolvimento deverá também ser uma opção ea implementação desta componente será da responsabilidade dos Conselhos Municipais. Por sua vez, a meta para o Programa de Trabalhos Públicos Urbanos será de cobrir 1 quartil (25%) da população em 2020 (cerca de 7674 000 AF). Para atingir esta percentagem, o ritmo de expansão seria de 25% em 2012, 40% em 2013 e 60% em 2014, o que equivale a 6,25%, 10% e 15% dos AF, com membros com capacidade para trabalhar em áreas urbanas, respectivamente. 2. Uma componente de apoio ao desenvolvimento de actividades de geração de rendimentos Esta componente será colocada em prática através da promoção de acesso aos mecanismos que garantam aos beneficiários o acesso a um conjunto de serviços que promovam a sua inclusão sócio-económica, como por exemplo, acesso aos sistemas de poupança, micro-crédito, acesso aos programas de formação profissional, desenvolvimento de habilidades, acesso a inputs agrícolas, entre outros elementos que visam criar oportunidades para a saída dos beneficiários da situação de pobreza. Ainda nesta componente, serão desenvolvidas ligações com programas de várias instituições, como por exemplo, os Programas do INEFP, as Feiras de Insumos Agrícolas, Fundo Distrital de Desenvolvimento, fundos alocados no âmbito da implementação do PERPU, iniciativas de crédito agrícola, entres outros. Atendendo que diferentes sectores do Governo têm actividades potenciais no âmbito dos projectos de trabalhos públicos com o uso da mão-de-obra intensiva e na componente de geração de rendimentos, será garantido 18

o alinhamento destas actividades de modo que sejam harmonizadas e orientadas para a materialização do Programa Nacional da Acção Social Produtiva nas vertentes aqui definidas. Deverá ser garantida a coordenação intersectorial entre os diferentes intervenientes. Metas e Orçamento Tabela 8: Cobertura e Custo do Programa de Trabalhos Públicos em zonas rurais 2011 2012 2013 2014 AF Beneficiários 10,842 86,858 149,752 216,941 Beneficiários Totais 27,770 271,338 465,481 670,792 Crianças em AF Beneficiários 24,348 194,290 332,162 477,106 Montante da Transferência 655 717 768 811 Custo total 10ˆ3 Mts 33,264 9 336,281 612,129 915,391 NB: O Orçamento disponível para 2011 (33,264,000.00mt) corresponde a,1,108,800.00usd (valor disponibilizado pelo Banco Mundial), ao câmbio de 30,00mt/1USD. Tabela 9: Cobertura e Custo do Programa de Trabalhos Públicos em zonas urbanas 2011 2012 2013 2014 AF Beneficiários 3,759 88,136 145,877 226,422 Beneficiários Totais 8,596 271,486 447,877 690,458 Crianças em AF Beneficiários 7,467 191,523 314,334 483,748 Montante da Transferência 655 717 768 811 Custo total 10ˆ3 Mts 14,256 10 511,841 894,433 1,433,094 NB: O Orçamento disponível para 2011 (14,256,000.00mt) corresponde a 475,200.00USD, ao câmbio de 30,00mt/1USD. 9 Não inclui custos administrativos em 2011. A partir de 2012 inclui Custos Administrativos. 10 Não inclui custos administrativos em 2011. A partir de 2012 inclui Custos Administrativos. 19

III. METAS GLOBAIS Nos últimos anos tem sido implementados programas de assistência social que beneficiaram um total de 303.339 pessoas vulneráveis no ano de 2010, com destaque para crianças em situação difícil, mulheres, pessoas com deficiências, pessoas idosas, pessoas com doenças crónicas e degenerativas conforme a tabela abaixo, tendo se demonstrado que há necessidade da sua expansão e redimensionamento. Tabela 10: Evolução dos programas de 2006-2010 Programas 2006 2007 2008 2009 2010 Benefic Orçamento Benefic Orçamento Bene. Orçamento Benefic. Orçamento Benefic. Orçamento PSA 100,571 166,108,364.71 112,977 180,329,580.00 143,455 264,961,000.00 166,396 403,512.00 217,683 521,930.40 PASD 22,767 33,548,517.35 18,985 44,206,370.00 24,224 58,588,965.51 25,555 64,026.60 26,628 74,800.00 US 0 0.00 0 0.00 1,827 14,924,200.00 3,788 17,413.15 2,058 21,600.00 BST 4,716 21,130,300.00 6,059 27,914,660.00 6,275 30,432,067.17 4,488 34,418.84 4,029 34,735.50 PGR 3,825 55,250,200.00 5,284 37,382,194.40 7,350 40,995,296.60 8,875 44,453.50 3,089 51,947.67 PDC 60,000 62,301,779.19 561,335 59,051,370.00 515,672 23,525,952.53 534,485 23,770.80 49,852 25,820.00 Total 191,879 338,339,161 704,640 348,884,174.40 698,803 433,427,481.81 743,587 587,594.89 303,339 730,833.57 A ENSSB 2010-2014 tem como meta abranger 945.382 AF até 2014,através dos programas de Segurança Social Básica, nos eixos da acção social directa e acção social produtiva, o que corresponde a um total de 20% dos AF correspondentes a um quinto dos AF vivendo abaixo da linha de pobreza em Moçambique. Conforme o previsto na Lei de base de Protecção Social, no Regulamento do Subsistema de Segurança Social Básica e na ENSSB 2010-2014, os grupos alvo prioritários dos programas a serem implementados continuarão a ser as crianças em situação difícil, as pessoas idosas, as pessoas com deficiências, as pessoas com doenças crónicas e degenerativas, as mulheres, todos vivendo em situação de pobreza e vulnerabilidade. Os programas focalizam-se em duas vertentes essenciais, sendo: v Os que abrangem os AF com pessoas incapacitadas para o trabalho e; v Os que se direccionam aos AF com membros com capacidade para trabalhar. O processo de revisão dos Programas e a consequente mudança em algumas variáveis relacionadas com a implementação dos Programas (incluindo o valor das transferências), bem como o impacto da crise dos preços dos combustíveis e alimentos, obrigou a um reajustamento de algumas das metas, passando a ser a seguinte a distribuição do total dos beneficiários. Tabela 11: Número de AF Beneficiários por Programa 2012 2013 2014 Programa Subsidio Social Básico 280,244 287,637 311,238 Programa Apoio Social Directo 37,243 46,617 58,029 Serviços Sociais de Acção Social 2,159 2,253 2,351 Programa de Acção Social Produtiva 174,994 295,629 443,363 TOTAL 496,652 634,149 816,995 20

IV. ORÇAMENTO Os programas que têm sido implementados até ao momento tiveram uma evolução na alocação orçamental, contando apartir de 2008 com a comparticipação dos parceiros, conforme se demonstra na tabela 10. Contudo, verifica-se que o valor dos benefícios concedidos aos grupos mais vulneráveis necessita de ser incrementado para aumentar o seu impacto. O objectivo definido na ENSSB é de garantir que até 2014 se consiga uma alocação de fundos a estes programas equivalentes a 2,18% do Orçamento de Estado (OE). Contudo, a materialização dos programas apresentados corresponde a um total de 1.65% (2012), 1.99% (2013) e 2.35% (2014) do OE. Tabela 12: Custo Total por Programa Custo Total 2012 2013 2014 10ˆ3 Mts % PIB % OE 10ˆ3 Mts % PIB % OE 10ˆ3 Mts % PIB % OE Programa Subsidio Social Directo 1,287,854 0.30 0.86 1,452,811 0.30 0.86 1,684,805 0.30 0.86 Programa Apoio Social Directo 291,264 0.07 0.19 393,467 0.08 0.22 498,526 0.09 0.25 Serviços Sociais de Acção Social 54,406 0.01 0.04 71,885 0.01 0.04 85,574 0.01 0.04 Programa de Acção Social Produtiva 841,122 0.20 0.56 1,506,561 0.30 0.87 2,348,485 0.41 1.2 TOTAL 2,474,646 0.58 1.65 3,424,724 0.69 1.99 4,617,390 0.81 2.35 A implementação dos programas será com base no Orçamento de Estado e dos parceiros e a proposta de aumento da cobertura e do valor das Transferências Sociais no quadro da operacionalização da Estratégia Nacional de Segurança Social Básica baseia-se na hipótese de crescimento do Espaço Fiscal disponível para o sector. A partir de ganhos nas receitas e repriorização das despesas no Orçamento de Estado para 2012, este Espaço Fiscal adicional poderá situar-se entre os 1 a 1,3% do PIB, projecções estas que têm como princípio o historial mais recente ao nível dos indicadores macroeconómicos e o aumento da mobilização de receitas, bem como a possibilidade de redução de algumas das despesas que nos exercícios orçamentais mais recentes que incluem a eliminação dos subsídios dos combustíveis, introduzidos em 2009. O espaço adicional máximo para 2012 pode ser decomposto nos seguintes factores: (i) (ii) Um aumento de 0,3% do PIB no envelope total da Rubrica Transferências do Orçamento de Estado para 2012 (que inclui todas os diferentes subsídios). O envelope subiria de 4,4% do PIB em 2011 para 4,7% do PIB em 2012. A eliminação prevista ainda para 2011 do Subsídio aos Combustíveis, isto representa uma possibilidade de alocação adicional de 1% do PIB. Este raciocínio parte da visão de que as medidas de Protecção Social Básica têm entre outros objectivos constituir um elemento de mitigação do impacto dos choques sobre as populações mais vulneráveis com necessidade de apoio. 21

V. ACÇÕES COMPLEMENTARES E MECANISMOS DE INTERLIGAÇÃO A ENSSB 2010-2014 prevê uma abordagem harmonizada e integrada em que todos os intervenientes e programas prestam uma assistência complementar, onde a interacção dos programas têm um efeito multiplicador. O objectivo é o de aumentar a cobertura e o impacto das intervenções, bem como aumentar a eficiência do sistema e assegurar a harmonização e coordenação dos diferentes programas e serviços. Para o funcionamento de um sistema integrado e harmonizado é preciso o desenvolver mecanismos de cooperação que facilitem a comunicação entre os intervenientes e os programas, onde se podem destacar os seguintes aspectos: v v v v v v v Apoio Psico-Social a implementação de todos os programas será acompanhada de acções de apoio psico-social. Conselho de Coordenação do Subsistema de Segurança Social Básica Este Conselho é responsável pela orientação, monitoria e coordenação do sistema de Segurança Social Básica. Considerando que outros sectores do Governo (em especial a Saúde, Educação, Agricultura, Trabalho, Administração Estatal, Planificação e Desenvolvimento, Obras Públicas e Habitação) e diferentes organizações não governamentais implementam acções na área de segurança social básica, deverá ser garantida a articulação entre os diferentes programas nesta área. O sucesso desta articulação contribuirá para a complementaridade das intervenções e a obtenção de benefícios integrados por parte dos grupos mais vulneráveis. Cartão de Assistência Social É um instrumento de identificação dos beneficiários da Segurança Social Básica através de um Cartão de beneficiário que permitirá o acesso aos diferentes benefícios e serviços sociais básicos existentes no país. Um dos objectivos deste cartão é permitir que um AF que seja identificado como beneficiário de apoio no quadro de um dos programas possa também beneficiar-se de outros programas dos diferentes sectores. Caderneta de Assistência Social é um documento que complementa o cartão e será utilizado para registar as diferentes formas de assistência a que o AF teve acesso. Estes incluem todas as intervenções no quadro da Segurança Social Básica. As informações de Cartão e Caderneta serão incluídos no sistema de Gestão de Informação. Sistema de Informação O MMAS/INAS está a desenvolver, com a colaboração técnica do Centro de Desenvolvimento de Sistemas de Informação em Finanças (CEDSIF) do Ministério de Finanças, um sistema de informação sobre os Agregados Familiares a beneficiarem-se de programas de Acção Social. Este sistema deverá cobrir, gradualmente, todos os Programas implementados pelo Governo, incluindo o controlo das candidaturas, entradas, pagamentos, saídas e a monitoria de algumas condições económico-sociais dos participantes. Mapeamento de Vulnerabilidades Tendo em conta o facto de em algumas localidades ser difícil a diferenciação em termos de situação de vulnerabilidade entre os diferentes AF e sendo que os recursos financeiros apenas permitirão uma expansão gradual dos benefícios, será importante encontrar um mecanismo que permita hierarquizar, em termos de situação de vulnerabilidade, os diferentes territórios. Este índice vai permitir delinear de uma forma mais objectiva os planos de expansão. Mecanismo de Acompanhamento de casos a nível local (Comités Comunitários de Acção Social ou Permanentes) O MMAS/INAS irá rever a forma de acompanhamento, tendo em conta a constatação do facto de a vulnerabilidade e pobreza serem fenómenos dimensionais e o sucesso das intervenções 22