A ESTABILIDADE DA APRENDIZ GESTANTE E

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Transcrição:

Matheus Florencio Rodrigues OAB/PR nº. 61.587 Assessor Jurídico www.inamare.org.br Fone: (44) 3026-4233 A ESTABILIDADE DA APRENDIZ GESTANTE E SEUS REFLEXOS NO CONTRATO DE APRENDIZAGEM

Para Recordar... ATÉ Setembro de 2012 Manual da Aprendizagem do Ministério do Trabalho e Emprego 65) As hipóteses de estabilidade provisória decorrentes de acidente de trabalho e de gravidez são aplicáveis ao contrato de aprendizagem? As hipóteses de estabilidade provisória acidentária e a decorrente de gravidez não são aplicáveis aos contratos de aprendizagem, pois se trata de contrato com prazo prefixado para o respectivo término. [...]

APÓS Setembro de 2012 Súmula nº 244 do TST GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redação do item III alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, "b" do ADCT). II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade. III - A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado.

A Súmula 244 do TST seria, então, aplicável aos casos de gravidez na constância dos Contratos de Aprendizagem??? 15 de Março de 2013 Segundo a Nota Técnica nº. 70/2013/DMSC/SIT do Ministério do Trabalho e Emprego, NÃO: [...]Dentro desse contexto, entende-se aqui que a estabilidade da gestante desde a confirmação da gravidez até o quinto mês após o parto não se aplica à empregada aprendiz quando o contrato de aprendizagem for regularmente extinto pelo decurso do prazo de suas duração previamente estipulado ( art. 433 da CLT).

Durante 2013 a 2014, reclamações trabalhistas começam a ser propostas, buscando reconhecimento da estabilidade às aprendizes gestantes, com base na Súmula 244 do TST; Ainda em 2014, as ações chegam, em grau de recurso, ao TST, sendo que os primeiros acórdãos são prolatados em 2015;

RECURSO DE REVISTA. ESTABILIDADE DA GESTANTE. CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO. CONTRATO DE APRENDIZAGEM. NORMATIZAÇÃO ESPECIAL E PRIVILEGIADA À MATERNIDADE CONTIDA NA CARTA DE 1988. ARTS. 10, II, "b", DO ADCT, ARTS. 7º, XVIII E XXII, 194, 196, 197, 200, I, 227, CF/88. RESPEITO FIXADO NA ORDEM CONSTITUCIONAL À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, À PRÓPRIA VIDA, AO NASCITURO E À CRIANÇA (ART. 1º, III, E 5º, CAPUT, DA CF). [...]. Note-se que a CLT não prevê a situação da gravidez como situação excepcional a impedir a ruptura contratual no contrato a termo. Contudo o art. 10, II, do ADCT da Constituição, em sua alínea b, prevê a estabilidade provisória à "empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto". Estipula, assim, a vedação à dispensa arbitrária ou sem justa causa. Ressalte-se que a maternidade recebe normatização especial e privilegiada pela Constituição de 1988, autorizando condutas e vantagens superiores ao padrão deferido ao homem - e mesmo à mulher que não esteja vivenciando a situação de gestação e recente parto. É o que resulta da leitura combinada de diversos dispositivos, como o art. 7º, XVIII (licença à gestante de 120 dias, com possibilidade de extensão do prazo, a teor da Lei 11.770/2008, regulamentada pelo Decreto 7.052/2009) e das inúmeras normas que buscam [...]

[...] assegurar um padrão moral e educacional minimamente razoável à criança e ao adolescente (contidos no art. 227, CF/88, por exemplo). [...]. A estabilidade provisória advinda da licença maternidade decorre da proteção constitucional às trabalhadoras em geral e, em particular, às gestantes e aos nascituros. A proteção à maternidade e à criança advém do respeito, fixado na ordem constitucional, à dignidade da pessoa humana e à própria vida (art. 1º, III, e 5º, caput, da CF). E, por se tratar de direito constitucional fundamental, deve ser interpretado de forma a conferir-se, na prática, sua efetividade. Nesse sentido, não pode prevalecer o posicionamento adotado pelo TRT, que conferiu preponderância aos efeitos dos contratos a termo, em detrimento da estabilidade assegurada às gestantes, na forma do art. 10, II, "b", do ADCT. Nessa linha, está realmente superada a interpretação exposta no antigo item III da Súmula 244 do TST, que foi, inclusive, objeto de alteração redacional, incorporando, com maior clareza, a diretriz constitucional exposta. Recurso de revista conhecido e provido. ( RR - 625-72.2012.5.01.0321, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento: 25/02/2015, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 27/02/2015)

RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. RITO SUMARÍSSIMO. CONTRATO DE APRENDIZAGEM. ESTABILIDADE PROVISÓRIA DA GESTANTE. SÚMULA Nº 244, ITEM III, DO TST. [...]. É condição essencial para que seja assegurada a estabilidade à reclamante o fato de a gravidez ter ocorrido durante o transcurso do contrato de trabalho, não sendo exigido o conhecimento da gravidez pelo empregador. No caso concreto, é incontroverso, nos autos, que a reclamante se encontrava grávida quando ainda vigia o contrato de aprendizagem. No entanto, para o Regional, esse tipo de contrato a termo possui natureza especial, cujo objetivo é a formação técnico-profissional do menor aprendiz, o que afasta a estabilidade garantida à gestante. Por outro lado, a jurisprudência prevalecente nesta Corte superior se firmou no sentido da existência de estabilidade provisória da gestante, mesmo nos contratos por prazo determinado, conforme a nova redação dada ao item III da Súmula nº 244, [...]. Logo, o entendimento adotado pela Corte regional, de que a reclamante é detentora da estabilidade provisória, está em conflito com a previsão do artigo 10, inciso II, alínea "b", do ADCT. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido. ( RR - 1952-88.2014.5.03.0139, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, Data de Julgamento: 09/09/2015, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 18/09/2015)

Consequências Práticas: Confirmada a gravidez, o contrato da aprendiz gestante não poderá ser extinto em decorrência de seu termo final, nem por hipótese arbitrária ou sem justa causa, até 5 (cinco) meses após o parto A aprendiz gestante fará jus a licença-maternidade (Art. 7º, inciso XVIII da CF) por 120 (cento e vinte) dias. Assim, aprendiz será afastada de suas atividades a partir do início do período compreendido entre 28º (vigésimo oitavo) dia que antecede o parto até a data de sua ocorrência, e receberá o benefício previdenciário do salário-maternidade por esse período (Art. 71, da Lei nº. 8213/1991);

Consequências Práticas: Durante a licença-maternidade, aplica-se a aprendiz o regime de atividades domiciliares (Lei nº. 6.202/1975), para que ela cumpra suas obrigações educacionais (Dilema: e os cursos que exigem parte de prática simulada ou laboratorial? ); Terminado o período de afastamento, dentro do prazo do contrato de aprendizagem, a aprendiz retoma suas atividades práticas e teóricas, com observância do período restante da estabilidade;

Consequências Práticas: Terminado o período de afastamento, já esgotado o prazo do contrato de aprendizagem... ATÉ 24 de Novembro de 2016 diante do período restante da estabilidade gestante, o contrato de trabalho se mantém, passando a ser a prazo indeterminado, com todas suas implicações de desenvolvimento (FGTS passa a alíquota de 8%; jornada e funções podem ser pactuadas entre empregador e empregado, observando-se o Art. 67 do ECA se esta for ainda for menor de 18 anos; etc) e extinção (se dispensa sem justa causa, devido pagamento de aviso prévio; multa de 40% sobre o saldo do FGTS, etc)

Consequências Práticas 24 de Novembro de 2016 Nota Técnica nº. 295/2016/DMSC/SIT do Ministério do Trabalho e Emprego, que dispôs em síntese: [...] Ante todo o exposto, conclui-se que a intercorrência de garantia no emprego em contrato a prazo determinado, inclusive hipótese de gravidez em contrato de aprendizagem, não modifica a natureza do vínculo contratual inicial. Não há falar, portanto, em transformação do contrato a termo para prazo indeterminado. Devendo permanecer inalteradas todos os pressupostos do contrato inicial, inclusive jornada de trabalho, salário e recolhimentos dos respectivos encargos, podendo, no entanto, a atividade sofrer alterações em razão da peculiaridade de adaptação em cada caso.

Considerações Relevantes Art. 428, 3º da CLT: [...] 3 o O contrato de aprendizagem não poderá ser estipulado por mais de 2 (dois) anos, exceto quando se tratar de aprendiz portador de deficiência. (Redação dada pela Lei nº 11.788, de 2008) Manual da Aprendizagem, 9ª Edição: 37) O contrato de aprendizagem pode ser prorrogado? Não, porque o contrato de aprendizagem, embora pertencente ao gênero dos contratos de prazo determinado, é de natureza especial. A duração do contrato está vinculada à duração do curso de aprendizagem, cujo conteúdo é organizado em grau de complexidade progressiva, conforme previsão em programa previamente elaborado pela entidade formadora e validado no Cadastro Nacional de Aprendizagem, o que é incompatível com a prorrogação.

Estabilidade da Aprendiz Gestante e seus Considerações Relevantes A prorrogação do contrato de aprendizagem, consequentemente faz que a aprendiz realize mais horas práticas do que as fixadas no programa de Aprendizagem (inscrito no CMDCA, se atende menores de 18 anos, e, em todos casos no JuventudeWeb) Art. 5º c/c Art. 22, 4º de Decreto nº. 5598/2005: Art. 5 o O descumprimento das disposições legais e regulamentares importará a nulidade do contrato de aprendizagem, nos termos do art. 9 o da CLT, estabelecendo-se o vínculo empregatício diretamente com o empregador responsável pelo cumprimento da cota de aprendizagem. [...] Art. 22. As aulas teóricas do programa de aprendizagem devem ocorrer em ambiente físico adequado ao ensino, e com meios didáticos apropriados. 4 o Nenhuma atividade prática poderá ser desenvolvida no estabelecimento em desacordo com as disposições do programa de aprendizagem. Rompe a proporcionalidade teoria e prática, fixada no Art. 10, 3º da Portaria nº. 723/2012, um dos requisitos para inscrição.

Dúvidas Relevantes A instituição formadora e qualificadora deverão participar dessa Prorrogação do contrato de aprendizagem??? Se não há mais curso, quais serão as obrigações das instituições? (corresponsáveis, por relação que passa a ser apenas entre aprendiz e empregador)??? A prorrogação desse contrato de aprendizagem é computada para efeitos do cumprimento da cota prevista no Art. 429 da CLT???

Hierarquia das Normas e Atos Normativos: Constituição Federal Emenda Constitucional Lei Complementar Lei Ordinária Medida Provisória * [...] Uma nota técnica (NT) é um documento com a fundamentação legal, institucional e histórica sobre determinada política pública, projeto de lei ou outro objeto de interesse da equipe que a formula. Nela, são apresentados os possíveis entraves e as propostas de soluções a problemas relacionados ao tema central da NT [...] Fonte: Secretaria de Governo da Decreto Presidência da República. Notas Técnicas. Disponível: Resolução <http://www.secretariadegoverno.gov. Portaria br/iniciativas/mrosc/notas-tecnicas>. Instrução Normativa Acesso em 13 de mar. de 2017 [...] Nota Técnica*

Concluindo: A Nota Técnica nº. 295/2016/DMSC/SIT vincula APENAS atos e decisões do M.T.E., podendo ser alterada; O posicionamento do INAMARE é CONTRÁRIO a conclusão da Nota Técnica, pelo conjunto de questionamentos e implicações que afrontam o conjunto das leis e normas que versam sobre a Aprendizagem Profissional; A decisão sobre qual posição a ser adotada caberá a empresa, pois é de seu interesse a análise de risco do contencioso trabalhista, e de sua respectiva assessoria jurídica;

Concluindo: O INAMARE entende que, diferente do contrato de aprendizagem original, caberá às instituições formadoras e qualificadoras decidirem se participam ou não dessa prorrogação ; Se buscarem orientação do Instituto, esta será no sentido de desaconselhar que firmem a prorrogação A Nota Técnica NÃO possui elementos jurídicos suficientes que afastem seu questionamento legal e judicial;

Matheus Florencio Rodrigues Assessor Jurídico www.inamare.org.br juridico@inamare.org.br Fone: (44) 3026-4233