Direito Constitucional Aula 05 Os direitos desta obra foram cedidos à Universidade Nove de Julho
Este material é parte integrante da disciplina oferecida pela UNINOVE. O acesso às atividades, conteúdos multimídia e interativo, encontros virtuais, fóruns de discussão e a comunicação com o professor devem ser feitos diretamente no ambiente virtual de aprendizagem UNINOVE. Uso consciente do papel. Cause boa impressão, imprima menos.
Aula 05: Poder constituinte, reforma e transição constitucional Objetivo: apresentação dos fundamentos do Poder Constituinte, suas espécies e características. Poder Constituinte A ideia de que a Constituição é fruto de um poder distinto daqueles que ela própria estabelece, a existência de um Poder Constituinte, a fonte da Constituição e dos poderes constituídos são contemporâneas da constituição escrita. Conforme estudamos na primeira aula, o constitucionalismo antigo já manifestava a existência de uma vontade constituinte na vida das sociedades organizadas, justificada na vontade da divindade ou do soberano. Com as reflexões formuladas por pensadores do XVIII, acrescentou-se às titularidades divina e monárquica uma outra, a da Nação, relacionada à ideia da soberania do Estado. Atualmente, predomina a ideia de que a titularidade do Poder Constituinte pertence ao povo, já que o Estado decorre da soberania popular, cujo conceito é mais abrangente que o de nação. Podemos então afirmar que a vontade constituinte é a vontade do próprio povo de que seja elaborada uma constituição, expressa por meio de representantes escolhidos especificamente para tal fim. Modalidades de Poder Constituinte As modalidades de poder constituinte são classificadas em: poder constituinte originário, poder constituinte derivado e poder constituinte difuso. Poder constituinte originário é aquele que cria a primeira constituição de um Estado e as constituições posteriores, organizando a estrutura essencial do Estado, definindo seu formato, as bases do seu sistema político, os poderes estatais que regerão os interesses do povo e os direitos e garantias fundamentais.
O poder constituinte derivado ou reformador é um poder inserido na própria Constituição de um Estado que prevê no seu texto um processo para sua alteração. Consiste na possibilidade de se alterar o texto constitucional, respeitando-se a regulamentação especial prevista na própria Constituição Federal, sendo exercido por determinados órgãos com caráter representativo. Já o poder constituinte decorrente consiste na possibilidade que os Estadosmembros possuem, em razão de sua autonomia político-administrativa, de se autoorganizarem por meio de suas respectivas constituições estaduais, sempre respeitando as regras limitativas estabelecidas pela Constituição Federal. Reforma e mutação constitucional As constituições dos Estados, quando elaboradas, possuem uma pretensão de estabilidade, justificada pelo seu objetivo principal que é o de promover a estruturação fundamental do Estado. Embora possuam um determinado grau de permanência na história, não existem textos constitucionais eternos, já que a própria dinâmica das sociedades exige mudanças ao longo do tempo, tanto do ponto de vista interpretativo da substância de suas normas, quanto da sua redação original. Assim, uma constituição pode ser alterada pela expressa modificação do seu texto ou pela mudança interpretativa do conteúdo das suas disposições. Reforma e mutação constitucional: diferenças A diferença entre reforma e mutação constitucional reside no fato de que, enquanto a reforma compreende todos os métodos de mudança que podem ocorrer, a
mutação constitucional designa os processos informais de alteração das constituições, ou seja, aqueles que alteram o sentido de uma constituição sem alterar o seu texto, porque mudam o seu espírito. Estabelecidas estas diferenças entre reforma e mutação constitucional, estudaremos outros aspectos relacionados à reforma constitucional, como suas modalidades, procedimentos e limitações. Nesse sentido, pode-se falar na existência de um poder de reforma, representado pelo poder constituinte derivado, que tem por objetivo propiciar mudanças no texto constitucional, permitindo a sua adaptação a novas necessidades.
Limitações ao poder de reforma constitucional O Poder de Reforma é limitado e tem seus procedimentos estabelecidos pela própria Constituição. A inobservância desses limites acarreta a invalidação dos dispositivos constitucionais emendados. Essas limitações ao poder de reforma podem ser temporais, circunstanciais e materiais. Veja o quadro: Limitações Definição Exemplos na CF de 1988 Temporais O exercício do poder de reforma constitucional se dá com referência ao tempo que possa ocorrer conforme Previstas para a reforma por revisão Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. previsão expressa na constituição. Circunstanciais Proíbem a reforma em certas circunstâncias de crise, pela presunção de que os membros do órgão revisor estejam sob coação ou violenta emoção. Previstas durante os períodos de: Intervenção federal Estado de sítio Estado de defesa Materiais O constituinte originário deixou fora do alcance o poder instituído reformador, certas matérias cujo conteúdo explícito ou implícito não pode ser objeto de alteração. Explícitas: matérias previstas textualmente na constituição como irreformáveis. Implícitas: mudanças que sem violar o Explícitas: cláusulas pétreas, imutáveis ou intangíveis. Implícitas: as referentes ao titular do poder constituinte originário, o povo; as referentes ao titular do poder reformador e as relativas ao processo da própria emenda. texto escrito produziriam uma radical modificação no conteúdo essencial da constituição. Formais Estabelecem as regras que deverão ser necessariamente obedecidas pelo Procedimento das Emendas à CF: titular do poder reformador para Iniciativa validação do procedimento de Tramitação elaboração de uma emenda, no que se Votação refere à sua iniciativa, tramitação e votação.
REFERÊNCIAS BONAVIDES, P. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2009. MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional Administrativo. São Paulo: Atlas, 2002. TAVARES, A. R. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2009.