Influência do Tempo de Hidrodestilação na Extração do Óleo Essencial de Capim Citronela, Capim Limão, Cipó Mil Momens e Eucalipto. José Welton A. de Paula 1 ; Polyana A. D. Ehlert 1 ; Arie F. Blank 1 ; José L. S. de Carvalho 1 ; Maria de F. Arrigoni-Blank 2. 1 UFS - Depto. de Engenharia Agronômica, Av. Marechal Rondon s/n, 49100-000 São Cristóvão-SE. 2 UFAL- Doutoranda, Maceió/AL. E-mail: afblank@ufs.br (Apoio: CNPq). RESUMO O presente trabalho teve como objetivo avaliar o tempo de hidrodestilação necessário, para se estabelecer à obtenção de óleo essencial e otimizar o processo para quatro espécies aromáticas. Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado com três repetições. Para capim citronela, capim limão e cipó mil homens o tempo de extração foi de três horas, porém para eucalipto, a extração durou quatro horas. O C. winterianus e o Aristolochia sp. atingiram sua máxima extração de óleo essencial aos 150 minutos de condensação; já o C. citratus aos 130 minutos, enquanto que o Eucalyptus globulus aos 230 minutos. Observa-se que há necessidade de se estabelecer o tempo necessário de extração de óleo essencial para cada espécie em particular, com o intuito de se produzir mais utilizando menor tempo de extração. Palavras-chaves: Cymbopogon winterianus, Cymbopogon citratus, Aristolochia sp, Eucalyptus globulus, planta medicinal. ABSTRACT Influence of hydrodistillation time for essential oil extraction of citronella grass, lemon grass, Aristolochia sp. and Eucalyptus globulus. This work have as aim to evaluate the time necessary for hydrodistillation to establish the essential oil extraction and optimize the process for four aromatic species. The experimental design used was completely randomized with four replications. For citronella grass, lemon grass and Aristolochia sp. the extraction time was three hours, but for E. globulus the extraction was done in four hours. Maximum essential oil extraction was reached at 150 minutes by C. winterianus and Aristolochia sp., at 130 minutes by C. citratus and at 230 minutes by E. globulus. It is necessary to establish the essential oil extraction time for each specie aiming to produce more using less extraction time.
Palavras-chaves: Cymbopogon winterianus, Cymbopogon citratus, Aristolochia sp, Eucalyptus globulus, planta medicinal. 2
3 O capim citronela (Cymbopogon winterianus Jowitt) e o capim limão (Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf) pertencem à família Poaceae. O primeiro é conhecido por fornecer matéria-prima (óleo essencial) para a fabricação de repelentes contra mosquitos e borrachudos, sendo um ótimo repelente rico em geraniol (36%) e citronelal (42,7%) (Guenther, 1949). O segundo é uma erva cespitosa com folhas longas, estreitas e aromáticas; raramente apresenta flores em nossas condições; é muito utilizada para fins industriais e em hortas. Seu óleo essencial é muito empregado como aromatizante e material de partida para síntese de vitamina A (Lorenzi e Matos, 2002). O cipó mil-homens (Aristolochia sp) é uma trepadeira herbácea vigorosa pertencente à família Aristolochiaceae, de ramos finos e flexuosos, porém com a base engrossada. É utilizada na medicina tradicional de vários países da América do Sul, sendo considerada diurética, sedativa, anti-séptica, sudorífica e emenagoga (Lorenzi e Matos, 2002). O eucalipto (Eucalyptus globulus Labill.) pertence à família Myrtaceae, é uma árvore que apresenta folhas coriáceas, opostas, flores e botões florais na axila das folhas e os frutos são operculados. É originário da Tasmânia e foi introduzido no Brasil no século XX, sendo cultivado em região de clima tropical e subtropical. Sua utilização é diversificada servindo como combustível fabrição de papel e extração de óleo essencial para fins medicinais. Seu componente majoritário é o eucaliptol que atua como expectorante, apresentando ainda atividade antibacteriana e antiinflamatória, além de ser usado como aromatizante de ambientes, e em loções e preparações farmacêuticas para uso local e interno (Lorenzi e Matos, 2002). Nos últimos anos a extração de óleo essencial tem merecido destaque na pesquisa científica, com o intuito de se descobrir novas substâncias, assim como na indústria para se obter substâncias de interesse já consagradas, porém não foram encontrados na literatura disponíveis dados a respeito da influência do tempo na extração de óleo essencial. Stefanini (2002), estudando o rendimento de óleo essencial em capim citronela, utilizou 3:00 h de extração, usando a hidrodestilação, assim como Chaves (2002), visando à produção de óleo essencial de Ocimum gratissimum e Figueiredo (2000), que estudou o teor de óleo essencial em sementes de funcho. Parece que há uma amplitude muito grande no que se refere ao tempo de extração para as diferentes espécies, uma vez que se utiliza para materiais distintos o mesmo tempo de extração. O objetivo deste trabalho foi determinar para as quatro espécies mencionadas, a curva do tempo de extração necessário para se extrair o óleo essencial via hidrodestilação, visando otimizar o processo.
4 MATERIAL E MÉTODOS O material vegetal de capim citronela, capim limão e eucalipto foram obtidos a partir de plantas provenientes do Horto de Plantas Medicinais instalado na Fazenda Experimental "Campus Rural da UFS", Município de São Cristóvão-SE, Brasil. O cipó mil homens foi adquirido no mercado municipal de Aracaju. As extrações foram feitas no Laboratório de Fitotecnia da UFS. Para os capins e o eucalipto utilizou-se (200 g) folha fresca e para o cipó mil homens (75 g) de caule seco (a secagem dos caules foi feita em estufa a 40 o C até peso constante); e o método de extração do óleo essencial foi por meio da hidrodestilação em aparelho tipo Clevenger com balão de três litros. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com três repetições cada. A destilação era dada por encerrada quando o incremento de tempo não alterava mais o volume de óleo essencial extraído. As variáveis analisadas foram: teor de óleo essencial (ml 100 g -1 ) e tempo de extração (min.) RESULTADOS E DISCUSSÃO Observa-se na Figura 1 que o C. winterianus (A) e o Aristolochia sp (C) atingiram sua máxima extração de óleo essencial aos 150 minutos de condensação; já o C. citratus (B) aos 130 minutos, enquanto que para o Eucalyptus globulus (D) foi aos 230 minutos. Verificou-se que nenhuma das espécies estudada seguiu o tempo de extração padrão citado por Figueiredo et al. (2000), Chaves (2002) e Stefanini et al. (2002) e que há a necessidade de se determinar o tempo necessário de extração para as diversas espécies existentes, de forma a se ter um máximo rendimento e qualidade do óleo essencial, ao mesmo tempo em que se leva em conta a economia de energia dispensada ao processo.
5 4 A 3 B 3 2 1 2 1 0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 0.5 C 15 D 0.4 0.3 0.2 10 5 0.1 0.0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 Figura 1 - Teor de óleo essencial extraído de C. winterianus (A), C. citratus (B), Aristolochia sp (C) e E. globulus (D) em diferentes tempos de extração. São Cristovão/SE, UFS, 2004. LITERATURA CITADA BLANK, A.F.; CARVALHO FILHO, J.L.S. de; ALVES, P.B.; RODRIGUES, M.O.; ARRIGONI-BLANK, M. de F.; SILVA-MANN, R.; MENDONÇA, M. da C. Teor de óleo essencial e linalol na geração S 1 de três populações de manjericão (Ocimum basilicum L.). In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ÓLEOS ESSENCIAIS, 2. Documentos IAC, n.74, 2003. p. 143. (Resumo, 133). CHAVES, F. C. M. Produção de biomassa, rendimento e composição de óleo essencial de alfavaca-cravo (Ocimum gratissimum L.) em função da adubação orgânica e épocas de corte. 2002. 144 p. Tese (Doutorado em Horticultura) Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2002. FIGUEIREDO, R. O. de; MING, L. C.; STEFANINI, M. B. Teor de óleo essencial em sementes de funcho em dois estádios de maturação. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
6 OLERICULTURA, 40; CONGRESSO IBERO-AMERICANO SOBRE UTILIZAÇÃO DE PLÁSTICO NA AGRICULTURA, 2; SIMPÓSIO LATINO-AMERICANO DE PRODUÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS, AROMÁTICAS E CONDIMENTARES, 1, 2000, São Pedro, SP. Trabalhos Apresentados e Palestras. Horticultura Brasileira, Brasília, SOB/FCAV-UNESP, v. 18, 2000. Suplemento. GUENTHER, E. The essential oils. New York: D. Van Nortrand, Individual essential oils of the plant family Graminea. v.3, 1949. 105p. LORENZI, H., MATOS, F. J. de A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002, 544 p. STEFANINI, M.B.; FIGUEIREDO, R.O. de; MING, L.C. Rendimento do óleo essencial de diferentes posições de folhas de duas espécies de citronela. Horticultura Brasileira, v. 20, n. 2, 2002. Suplemento 2.