ANOMALIAS DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS APLICADOS NA FAIXA COSTEIRA

Documentos relacionados
INSPECÇÃO, PATOLOGIA E REABILITAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE E PISOS

ANÁLISE DAS CAUSAS DAS ANOMALIAS MAIS FREQUENTES EM REVESTIMENTOS CERÂMICOS ADERENTES (RCA)

ANOMALIAS EM PAVIMENTOS COMERCIAIS E INDUSTRIAIS

Fichas das Patologias

Colagem de Cerâmicos em Fachadas'

Centro Histórico de Viseu Brochura informativa Estado de conservação de fachadas julho 2017

Colagem de Cerâmica e Rochas Ornamentais

Concepção arquitectónica na faixa costeira MEDIDAS PREVENTIVAS EM ELEMENTOS CERÂMICOS

O sistema ETICS como técnica de excelência na reabilitação de edifícios da segunda metade do século XX

DIAGNÓSTICO DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS EM FACHADAS DE EDIFÍCIOS

Figura 1 Figura 2. Introdução1/21

índice 1 o Tijolo Cerâmico 17

Influência do nível de exigência dos utentes na previsão da vida útil e nos custos de manutenção de fachadas de edifícios

1º RELATÓRIO Março/2003. a) identificação de patologias e suas causas; b) definição de acções de reabilitação; c) definição de plano de manutenção.

Reabilitação Estrutural e Funcional do Pavilhão de Civil do Instituto Superior Técnico. 1º RELATÓRIO Março/2003

SISTEMA DE INSPECÇÃO E DIAGNÓSTICO DE REVESTIMENTOS EPÓXIDOS EM PISOS INDUSTRIAIS

Reabilitação dos revestimentos de paredes mais frequentes em Portugal

ANÁLISE DE ANOMALIAS E TÉCNICAS DE REPARAÇÃO EM 128 CASOS DE REVESTIMENTOS EM PEDRA NATURAL (RPN): PRINCIPAIS CONCLUSÕES

CLASSIFICAÇÃO DE ANOMALIAS EM SISTEMAS DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS ADERENTES

A Humidade em Edifícios

Universidade Nova de Lisboa Faculdade de Ciências e Tecnologia Departamento de Engenharia Civil

Professor: Eng Civil Diego Medeiros Weber.

APLICAÇÃO DE MADEIRA NA FAIXA COSTEIRA - ANOMALIAS INERENTES À LOCALIZAÇÃO -

FICHAS DE PATOLOGIAS DOS SISTEMAS ETICS


Mão-de-obra desempenha um papel fundamental

REVESTIMENTOS CERÂMICOS COLADOS

Reabilitação da envolvente de edifícios na ótica da estanquidade à água

MESTRADO EM ARQUITECTURA

II Semina rio Nacional de Peri cias de Engenharia PERI CIAS EM FACHADAS CASES. Eng. Clémenceau Chiabi Saliba Jr.

AVALIAÇÃO IN-SITU DA ADERÊNCIA DE MATERIAIS DE REVESTIMENTO

PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO ESTUDO DE CASOS

CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS II PATOLOGIAS EM REVESTIMENTOS DE ARGAMASSA

Revestimentos de Argamassa. Tecnologia de Argamassa P R O M O Ç Ã O

Metodologia para a Avaliação da Durabilidade de Cimentos-cola

IMPERMEABILIZAÇÕES DE COBERTURAS EM TERRAÇO: ANOMALIAS DEVIDAS A ERROS DE CONCEPÇÃO

CLASSIFICAÇÃO DAS ANOMALIAS MAIS COMUNS APRESENTADAS POR REVESTIMENTOS DE PISO LENHOSOS

PATOLOGIA DAS EDIFICAÇÕES

FICHAS DE PATOLOGIAS DOS SISTEMAS ETICS

FAKING TILES. TINTAS QUANDO A CERÂMICA ERA CARA: fingidos de azulejos!

Análise comparativa de argamassas de cal aérea, medianamente hidráulicas e de ligantes mistos para rebocos de edifícios antigos

PATOLOGIAS DO CONCRETO

Manutenção e Reabilitação ENCONTRO 20 ANOS ENGENHARIA CIVIL

ROCHAS SEDIMENTARES. Escola Secundária de Viriato A.S.

CONSTRUÇÕES EM TAIPA NO BARLAVENTO ALGARVIO: CENÁRIOS PATOLÓGICOS RECORRENTES

Desempenho em serviço Prof. Maristela Gomes da Silva

Sistemas C.A.T 3 C.A.T 3 C.A.T 7

Evento REABILITAÇÃO ENERGETICAMENTE EFICIENTE DE EDIFÍCIOS URBANOS. Termografia. Técnicas de Inspecçãoe Avaliação do Desempenho de Edifícios

Evento PROMOÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE EDIFÍCIOS, SUSTENTABILIDADE E CONFORTO INTERIOR OPTIMIZAÇÃO DE SOLUÇÕES CONSTRUTIVAS TERMOGRAFIA

PATOLOGIA DE ARGAMASSAS

Reabilitação de Edifícios

Professor: Eng Civil Diego Medeiros Weber.

Centro Histórico de Viseu Brochura informativa Visão integrada dos edifícios: estado de conservação de interiores julho 2017

Reforço e Recuperação de Estruturas de Concreto

FICHA TÉCNICA. Isolamento Térmico de fachadas pelo exterior. nº 17. Nº Pág.s: Fevereiro 2007

TÉCNICAS DE REABILITAÇÃO TÉRMICA DOS ELEMENTOS DA ENVOLVENTE CAPÍTULO 5

Smart Cities: Como construir?

Manutenção e Restauro de Obras. Prof. Aline Fernandes de Oliveira, Arquiteta Urbanista 2010

ANOMALIAS EM PAREDES DE ALVENARIA DE EDIFÍCIOS RECENTES

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA IFPB

REVESTIMENTOS DE EDIFÍCIOS HISTÓRICOS: RENOVAÇÃO VERSUS CONSOLIDAÇÃO JIL JUNHO M. Rosário Veiga. M.

LICENCIATURA EM ENGENHARIA CIVIL FEUP TECNOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES 3º Ano, 2º Semestre 2h Teóricas + 3h Teórico/Práticas / semana PROGRAMA

Requisitos aplicados aos componentes dos Sistemas Compósitos de Isolamento Térmico pelo Exterior (ETICS)

REVESTIMENTOS DE PEDRA NATURAL Metodologia de diagnóstico e reparação de anomalias

Comportamento de revestimentos de fachadas com base em ligante mineral. Exigências funcionais e avaliação do desempenho. M. Rosário Veiga LNEC

MECANISMOS DE TROCAS TÉRMICAS ESQUEMA P/ EXPLICAÇÃO DOS MECANISMOS DE TROCAS TÉRMICAS SECAS

Sistema de Isolamento Térmico pelo Exterior- ETICS A Solução para Impermeabilização e Isolamento Térmico de Paredes Exteriores

Impermeabilizações de coberturas em terraço. Anomalias em superfície corrente

1.1- Cargas produzidas pelo vento (e outras cargas resultantes de acções de manobra ou solicitações com carácter excepcional)

Principais causas da deterioração das estruturas

Inspecção, manutenção, conservação e reabilitação, de Obras de Arte

ADAPTAÇÃO DO ENSAIO DE ADERÊNCIA PARA ANÁLISE DE ETICS COM ACABAMENTO CERÂMICO

Artigo. Durabilidade de Estruturas de Betão Armado Degradação do Betão e Corrosão de Armaduras Importância da Inspecção Periódica

PROJETO E EXECUÇÃO DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS

REABILITAÇÃO E PROTECÇÃO DE BETÃO 26 MARÇO 2105, PEDRO AZEVEDO SIKA PORTUGAL/ REFURBISHMENT & STRENGTHENING

REVESTIMENTOS Conceituação e classificação Aula 2-2

Sistemas Compósitos de Isolamento Térmico pelo Exterior (ETICS) - Comportamento global e influência dos componentes. M. Rosário Veiga Sofia Malanho

Reabilitação de edifícios com sistema ETICS: um caso de aplicação prática

Projecto FEUP 2012/2013 Humidade Em Edifícios Intervenções

MESTRADO EM ARQUITECTURA

POLUIÇÃO SUBSTÂNCIA CERTA + LUGAR ERRADO

Isolamento Térmico pelo Exterior em Fachadas e o novo RCCTE

COMPONENTES DE EDIFÍCIOS Aspectos de segurança e resistência mecânica do vidro. Índice

Revestimentos de isolamento térmico de fachadas com base em argamassa: comportamento e avaliação da qualidade

O especialista em Renovação de FACHADAS

Argamassas de revestimento para paredes afectadas por cristalização de sais solúveis:

FICHA TÉCNICA DO PRODUTO

GUIA RÁPIDO FISSURAS, TRINCAS E RACHADURAS

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Construction. e Controlo de Custos. Relação de Confiança

PATOLOGIAS DOS SISTEMAS DE ISOLAMENTO TÉRMICO DE FACHADAS PELO EXTERIOR DO TIPO ETICS

PROJECTAR ESTRUTURAS NOVAS COM DURABILIDADE

FACHADA VENTILADA CERÂMICA

Pedra Natural em Fachadas

José Luís Miranda Dias. Investigador Auxiliar do LNEC-DED/NTC. 1º Congresso Nacional de Argamassas de Construção 24/25 Nov. 2005

ANOMALIAS EM FACHADAS DE EDIFÍCIOS CORRENTES

CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS CORRENTES EM DECK PARKINGS

MC para Edificações Tipos de Impermeabilização

FISSURAÇÃO. Causas Mecanismos de formação

CAP. VII PROJECTAR COM DURABILIDADE FERNANDO BRANCO. DECivil

Transcrição:

ANOMALIAS DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS APLICADOS NA FAIXA COSTEIRA Teresa de Deus Ferreira, Arq.ª, Mestre em Construção pelo Instituto Superior Técnico Jorge de Brito, Eng.º Civil, Professor Associado no Instituto Superior Técnico 1 - Introdução A degradação dos revestimentos cerâmicos engloba não só os efeitos negativos de natureza estética, mas também os efeitos sobre as propriedades intrínsecas do material e que podem influenciar a sua durabilidade. Os materiais cerâmicos aplicados em obra, em ambientes expostos aos agentes climáticos, podem apresentar pouca durabilidade em função das diferentes características do material, da grande variedade de factores agressivos e da sua possibilidade de interacção. É de referir que não existem muitas anomalias específicas cuja origem esteja apenas relacionada com a presença de sais, ou seja, as anomalias referidas no presente artigo podem também surgir noutras situações. No entanto, a combinação dos agentes climáticos existentes nesta zona e a sua intensidade fazem com que o processo patológico seja aí mais intenso e tenha de haver cuidados especiais na aplicação de elementos cerâmicos na faixa costeira. Passa-se agora à descrição detalhada das anomalias mais frequentes na faixa costeira. 2 - Desprendimento O desprendimento é a anomalia que aparece relacionada com os revestimentos cerâmicos aderentes com mais frequência, representando muitos dos casos de anomalias verificados neste tipo de revestimento. Os agentes climáticos têm grande influência na origem desta anomalia. A ocorrência de condições atmosféricas adversas durante o assentamento e nos momentos imediatamente seguintes prejudica a eficiência da colagem, por provocar evaporação demasiado rápida dos constituintes líquidos da cola ou a instalação prematura de tensões elevadas devidas a movimentos diferenciais entre o revestimento e o suporte. Constituem condições adversas as temperaturas elevadas (> 30º C) ou baixas (< 5º C), as humidades relativas baixas ou altas, o vento forte e a incidência directa de raios UV [1]. As variações de temperatura provocam dilatações e contracções dos revestimentos cerâmicos, podendo causar fissuras, fracturas e descolamento. Sendo a faixa costeira uma zona de grandes amplitudes térmicas diárias, este será um problema com grande relevância que irá afectar os materiais de acordo com os seus diferentes coeficientes de dilatação térmica. Na faixa costeira, poderão existir as seguintes relações efeito-causa: descolamentos generalizados, com ou sem empolamento prévio do revestimento, associados à elevada expansão dos ladrilhos, devido às grandes amplitudes térmicas e à falta de juntas, ou à falta de qualidade do material de colagem, inadequado às condições costeiras (figura 1); concentração de grandes cargas térmicas no suporte conduzindo à fissuração e desprendimento dos ladrilhos (figura 2); desprendimento ou iminência de desprendimento dos ladrilhos em praticamente toda a extensão devido a limpeza insuficiente do suporte, permanecendo

contaminação na sua superfície; desprendimento aleatório de peças devido à penetração de água por juntas mal vedadas originando a degradação da cola; execução do revestimento em condições atmosféricas desfavoráveis; incorrecta execução da cura do produto de assentamento por calor excessivo ou incidência de chuva; desprendimento devido a escorrimento de água por inexistência de pingadeiras em elementos salientes; desprendimento devido a anomalias do suporte que, no caso do betão armado, podem ser devidas à sua fendilhação ou à perda da camada de recobrimento por corrosão das armaduras [2]. Figura 1 - Desprendimento de ladrilhos por falta de qualidade do material de colagem. Figura 2 - Desprendimento de ladrilhos devido à fissuração do suporte. As principais consequências do descolamento dos revestimentos cerâmicos são: queda, com perigo de danos pessoais e materiais, principalmente em edifícios com mais de dois pisos; condições para a entrada de água no suporte e na interface da colagem com risco de descolagem progressiva e acelerada do revestimento e possibilidade de infiltrações no interior; degradação do aspecto visual e sensação de insegurança para os utentes. 3 - Fissuração O aparecimento de fissuração num revestimento cerâmico indicia que as aderências foram suficientemente fortes para resistirem às tensões de corte. No entanto, as tensões no ladrilho foram superiores à sua resistência mecânica. Se a aderência é baixa, verifica-se descolamento. A fissuração poderá também surgir devida a fadiga pelas variações de tensão do azulejo após a sua aplicação, por ficar sujeito a variações de humidade e temperatura. Entre as principais causas imputadas à faixa costeira, estão deficiências de concepção, de programação ou de execução da aplicação do revestimento, tais como [3]: desrespeito pelas juntas da construção; inexistência de juntas de esquartelamento de revestimento; inexistência de juntas elásticas nas confinações do revestimento com saliências

rijas nas paredes (por serem locais com grande incidência solar, as juntas devem ser sempre respeitadas pois há tendência para grandes dilatações dos materiais); inadequação dos produtos de assentamento utilizados; utilização do revestimento em situações não apropriadas às suas características; insuficiente permeabilidade ao vapor de água; preparação pouco cuidada dos suportes, produtos de assentamento e revestimento; cura incorrecta dos produtos de assentamento devida a excessiva incidência solar ou da água da chuva. Para além da fissuração do revestimento, pode dar-se apenas a fissuração do vidrado (figura 3) que, no caso dos azulejos, resulta da conjugação de três factores: coeficiente de dilatação térmica do vidrado muito diferente do da chacota; expansão da chacota por molhagem; pouca resistência do vidrado à tracção. 4 - Agressões biológicas As características climáticas existentes na faixa costeira, humidade elevada, grande insolação, chuva incidente e partículas trazidas pelo vento, aliadas a superfícies porosas e/ou rugosas propiciam a existência de ataques biológicos de diversas origens. As agressões biológicas são provocadas quer por macroorganismos, quer por microorganismos, de origem vegetal ou animal. Poderão ser agressões de vária ordem: colonização biológica com algas, líquenes (figura 4) e musgos (microorganismos), que podem, pela sua acção físico-química, deteriorar o revestimento; vegetação (macroorganismos), cujas raízes se insinuam nas fendas e juntas dos materiais ou danos provocados pelas aves que depositam excrementos corrosivos para os materiais. Figura 3 - Vidrado com fissuração. Figura 4 - Cobertura com líquenes. 5 - Escamação A grande incidência solar e a humidade relativa do ar elevada, presentes na faixa costeira, provocam movimentos diferenciais entre o suporte e o revestimento, originando esmagamento ou lascagem nos bordos dos ladrilhos. A aplicação de azulejos sem espaços de junta adequados vai contribuir para o aparecimento de tensões, que conduzem à escamação dos azulejos na zona das juntas. Começa por saltar o vidrado, em forma de lascas, até atingir a chacota, que pode igualmente saltar (figura 5).

6 - Perda do vidrado A acção isolada ou conjunta dos agentes climáticos tem alguma incidência em superfícies deste tipo. A sua exposição ao vento (transporta poeiras e areias, provocando o desgaste do vidrado de forma contínua), à chuva e a variações de temperatura, em que a alternância entre o calor e o frio provoca contracções e expansões sucessivas, provoca a perda do vidrado (figura 6), originando posteriormente a degradação do ladrilho. Na faixa costeira, algumas fachadas estão sujeitas a grande incidência de radiação solar durante quase todo o ano, podendo ocorrer situações de choque térmico durante a ocorrência de precipitação. Figura 5 - Lascagem do vidrado. Figura 6 - Erosão do vidrado em azulejos aplicados em zonas costeiras. 7 - Eflorescências A presença de água nos revestimentos dos paramentos dissolve sais que transporta em solução. Ao atingir a superfície do revestimento e contactar com a atmosfera, evapora-se dando lugar à deposição desses sais que, ao cristalizarem, formam eflorescências, principalmente nas juntas entre ladrilhos (figuras 7 e 8). A acção do vento (para além da temperatura e do teor de humidade do ar) é determinante no processo de cristalização dos sais uma vez que, com o aumento da sua velocidade, aumenta também a rapidez de evaporação da água contida nos poros dos revestimentos e, consequentemente, acelera-se a cristalização dos sais contidos em solução. Figuras 7 e 8 - Aparecimento de sais devido à humidificação pela chuva.

A cristalização pode dar-se sob a superfície (criptoflorescências) originando tensões causadas pelo aumento do volume dos sais e podendo provocar o destacamento dos revestimentos ou, mais frequentemente, do vidrado por este ser mais impermeável. 8 - Erosão A erosão dos materiais cerâmicos pode dar-se devido à acção do vento (figura 9), que transporta areias e outros elementos abrasivos. Nos pavimentos, a erosão devida ao uso será também agravada pela existência destas partículas. O desgaste será mais rápido permitindo a penetração dos sais e da chuva, chegando a destruir por completo os revestimentos (figura 10). Figura 9 - Tijolo de face à vista com desgaste devido à acção do vento. Figura 10 - Tijoleira com erosão até ao suporte. 9 - Manchas de escorrimentos A água da chuva pode provocar manchas de escorrências. Ao escorrer pela superfície do material, arrasta consigo as poeiras depositadas nos elementos e transporta-as para zonas mais baixas (figura 11). Em situações de elementos cerâmicos aplicados com apoios metálicos (ou elementos metálicos sobre a superfície), se estes estiverem mal isolados ou forem em material inadequado à presença de cloretos e humidade, poderá dar-se a sua corrosão originando manchas de ferrugem (figura 12). Figura 11 - Manchas de escorrências. Figura 12 - Manchas de ferrugem devido à corrosão de elementos metálicos.

10 - Conclusão Apesar da existência de algumas anomalias, que acabam por ser inevitáveis, os elementos cerâmicos, pelo seu conjunto de características, são bastante resistentes às intempéries e as vantagens da sua utilização são visíveis em numerosas situações. É comum, em zonas de clima agressivo, verificar-se a aplicação generalizada de revestimentos cerâmicos. É assim fundamental estudar as soluções construtivas como um todo, pois a qualidade dos revestimentos vai influenciar directamente as condições de habitabilidade dos espaços construídos. A durabilidade dos elementos cerâmicos irá sempre depender de uma boa definição no projecto de arquitectura, das características do material, da adequação ao uso, dos produtos de protecção a utilizar e da sua correcta aplicação em obra. 11 - Referências bibliográficas [1] Lucas, J. Carvalho. Anomalias em revestimentos cerâmicos colados. LNEC. Lisboa, 2001. [2] Abreu, Miguel. Descolamento e fendilhação em revestimentos cerâmicos, in 3º Encore - Encontro sobre conservação e reabilitação de edifícios, LNEC, Lisboa, Maio 2003, Vol. 2, pp. 1081-1090. [3] Lucas, J. Carvalho. Alguns casos de patologia em azulejos. LNEC. Lisboa, 1988. ITMC 5.