EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO INFANTIL: um relato de experiência sobre o conteúdo de ginástica e circo.

Documentos relacionados
6ª Jornada Científica e Tecnológica e 3º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS 04 e 05 de novembro de 2014, Pouso Alegre/MG

PERCEPÇÕES E VIVÊNCIA DE DOIS GRADUANDOS EM ENFERMAGEM E BIOLOGIA NO CONTEXTO DO ENSINO BÁSICO

ISSN do Livro de Resumos:

PROBLEMATIZANDO OS GÊNEROS E AS SEXUALIDADES NO CONTEÚDO CIRCO NO ENSINO FUNDAMENTAL II

BRINCADEIRA TEM HORA?

DANÇA NA ESCOLA: Um relato de experiências do projeto de dança do IFSULDEMINAS Campus Muzambinho RESUMO

PLANO DE CURSO DISCIPLINA:História ÁREA DE ENSINO: Fundamental I SÉRIE/ANO: 2 ANO DESCRITORES CONTEÚDOS SUGESTÕES DE PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

DESENVOLVENDO A IGUALDADE DE GENEROS E SEXUALIDADE COM O CONTEÚDO JOGOS E BRINCADEIRAS: um relato de experiências dos pibidianos no ensino infantil.

10º Congreso Argentino y 5º Latinoamericano de Educación Física y Ciencias

PLURALIDADE CULTURAL: DIVERSIDADE E CIDADANIA RELATO DE EXPERIÊNCIA

A EXPERIÊNCIA DE DOIS PIBIDIANOS NO TRABALHO SOBRE GÊNERO E SEXUALIDADE DENTRO DA ESCOLA

UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PIBID DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO IFSULDEMINAS DE MUZAMBINHO

CONTRIBUIÇÕES DE UMA OFICINA SOBRE GENÊRO E SEXUALIDADE NO CONTEXTO ESCOLAR

CORPO-ARTE : atividades circenses no ambiente escolar RESUMO

A coleção está organizada em cinco séries temáticas, por faixa etária:

PIBID PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO Á DOCÊNCIA FACULDADES INTEGRADAS DE FERNANDÓPOLIS FIFE

A EXPERÊNCIA DOS JOGOS DE OPOSIÇÃO PARA O ENSINO DE LUTAS NAS ESCOLAS RESUMO

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA PRÁTICA TRANSFORMADORA NO ESPAÇO ESCOLAR

ENSINO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA): PROPOSTA INTERDISCIPLINAR A PARTIR DA PEDAGOGIA DO MOVIMENTO RESUMO

A participação no PIBID e a formação de professores da Pedagogia experiência na educação de jovens e adultos

A ARTE TRANSVERSAL ATRAVÉS DA MATEMÁTICA. CAMARGO, Fernanda 1 SOUZA, Michele²

OFICINA DE PRODUÇÃO DE MAPAS NO ENSINO DE GEOGRAFIA

AS BRINCADEIRAS COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

PIBID UMA BREVE REFLEXÃO ENTRE TEORIA E PRÁTICA DOCENTE

ARTE: ESPAÇO DE CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SANTOS, Scheila Pires 1 TOSTES, Jessica Caroline Do Couto 2 NAIMAIER, Juliana Alegre Fortes 3

METODOLOGIA DA PARTICIPAÇAO/GLOBAL NO FUTSAL NA EMEF ALTINA TEIXEIRA

LUDICIDADE COMO RECURSO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E A BOCHA PARALÍMPICA. RESUMO

PIBID, UM CONHECIMENTO ESSENCIAL DA REALIDADE NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

A IMPLANTAÇÃO DO LÚDICO AO ENSINO DA TABELA PERIÓDICA (TP)

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA SUBPROJETO MATEMÁTICA UNIPAMPA BAGÉ 2017 PORTFÓLIO. Danver de Oliveira Vernetti

DESCONSTRUINDO O NORMATIVO ATRAVÉS DAS MOCHILAS: EXISTEM OUTRAS POSSIBILIDADES DE SER?

OFICINA GEOMETRILEGAL - SIMETRIA E MOSAICOS

O ENSINO DE BOTÂNICA COM O RECURSO DO JOGO: UMA EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DE ESCOLAS PÚBLICAS.

MUNICIPAL PROFESSOR LAÉRCIO FERNANDES NÍVEL DE ENSINO:

CONTRIBUIÇÕES DO PIBID PARA O PROCESSO FORMATIVO DE ESTUDANTES DO CURSO DE LICECIATURA EM PEDAGOGIA

ARTES CIRCENSES E A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR. PALAVRAS-CHAVE: Escola, Educação Física, Artes Circenses

OFICINAS PEDAGOGICAS: COMO FORMA DE AUXILIO NO APRENDIZADO DOS EDUCANDOS NAS AULAS DE GEOGRAFIA

CARTOGRAFIA E ENSINO: PERSPECTIVAS DA REALIDADE

O ENSINO DAS ATIVIDADES CIRCENSES NA ESCOLA: CONTRIBUIÇÕES DA PRAXIOLOGIA MOTRIZ NO PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO CONTEÚDO

1- Prof. Me. Dep. Química/UERN; 2- Alunos de Licenciatura em Química, Matemática e Física.

O PIBID DE QUÍMICA E PESQUISA NO COTIDIANO ESCOLAR: DIÁLOGO ENTRE UNIVERSIDADE, O PROFESSOR E A ESCOLA

Acadêmica do Curso de Educação Física, ULBRA SM. Bolsista do Pibid/ Capes. 2

A MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAS: DISCIPLINA PARA O DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MENTAIS

AS CONTRIBUIÇÕES DO PIBID NO DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Palavras-chaves: Ensino, Experimentos, Newton, Física. 1. INTRODUÇÃO

ENSINO DE ZOOLOGIA PARA O ENSINO MÉDIO: AULA DE CONTRATURNO COMO ESPAÇO DE APRENDIZAGEM

A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NA ESCOLA INDÍGENA: O VÍNCULO DA CULTURA INDÍGENA COM O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL: UMA RELAÇÃO INTENSA ENTRE AS CRIANÇAS E O MEIO AMBIENTE

GINCANA AMBIENTAL: método de ensino-aprendizagem para o Ensino Fundamental RESUMO

TIA, VOU ESCREVER O QUE EU SEI : UM ESTUDO SOBRE A PRODUÇÃO TEXTUAL NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL I E A PRÁTICA DOCENTE.

O NÚCLEO AUDIOVISUAL DE GEOGRAFIA (NAVG) TRABALHANDO A GEOGRAFIA COM CURTAS: EXPERIÊNCIA DO PIBID SUBPROJETO DE GEOGRAFIA.

EXPERIÊNCIAS DO PIBID DE MATEMÁTICA EM ARRAIAS (TO)

1. VIVÊNCIAS PEDAGÓGICAS NO CONTEXTO DA CIRANDA INFANTIL SEMENTE DA ESPERANÇA

V Encontro de Pesquisa em Educação Física

Vamos brincar de construir as nossas e outras histórias

LEI / 2003: NOVAS PROPOSTAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DA CULTURA AFRICANA E AFROBRASILEIRA.

DISCUSSÃO COM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE O QUE É MEIO AMBIENTE

O propósito geral do trabalho é investigar a percepção de professores - estudantes do curso de Pedagogia do PARFOR / UFPI com relação à contribuição

CRIATIVIDADE E PRODUÇÃO TEXTUAL: PRÁTICAS DE INCENTIVO À LEITURA

Education and Cinema. Valeska Fortes de Oliveira * Fernanda Cielo **

Descobrindo o outro - Um projeto de aula de Língua Portuguesa para o sexto ano Mariana Backes Nunes Carla Menoti Rech Júlia Nunes Azzi

UTILIZANDO ESTRATÉGIAS ALTERNATIVAS PARA O ENSINO DE FÍSICA: A OFICINA DIDÁTICA NUMA PERSPECTIVA PROBLEMATIZADORA

A observação na pesquisa em educação: planejamento e execução

Público alvo: Alunos do 4º do Ensino Fundamental da escola EMEF Professor. Responsáveis pelo desenvolvimento: Acadêmicas do curso de Pedagogia da FEF,

ALIANDO A TEORIA E A PRÁTICA DOCENTE NO COTIDIANO DA ESCOLA ATRAVÉS DO PIBID

SUGESTÕES DE AVALIAÇÃO

Atividades de orientação em docência: desafios e oportunidades

A INSERÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA CLASSE ESPECIAL. EIXO TEMÁTICO: Relatos de experiências em oficinas e salas de aula

O PIBID NA FORMAÇÃO ACADÊMICA: BRINCADEIRAS ATEMPORAIS

TORNEIO DE JOGOS MATEMÁTICOS 1. Palavras-chave: Jogos Matemáticos, Raciocínio Lógico, Resolução de

CARTOGRAFIA ESCOLAR: UMA EXPERIÊNCIA DO PIBID DE GEOGRAFIA

O PIBID INCLUSO NA LUTA CONTRA O AEDES AEGYPTI

VALORES DO PONTO DE VISTA DE PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

FOTOS E ATIVIDADES. Coordenador PIBID: Douglas Roberto Borella.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UEG UNIDADE DE QUIRINÓPOLIS

Conceito de Gênero e Sexualidade no ensino de sociologia: Relato de experiência no ambiente escolar

Atividades Extraclasse

A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL: DESAFIOS A ENFRENTAR NO CONTEXTO DA ESCOLA PÚBLICA 1

ATIVIDADES TERCEIRIZADAS. Futsal - crianças de 3 a 17 anos

Contribuições do Pibid na construção dos conhecimentos específicos na formação inicial de professores de Ciências

Jogos eletrônicos e aprendizagem: diversas possibilidades e desdobramentos 1

COMO OS ALUNOS VEEM A MATEMÁTICA? Educação Matemática nos Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio (EMAIEFEM) GT 10

HISTÓRIAS E MEMÓRIAS 1. Ana Luisa Klein Faistel 2.

Educação Física I OBJETIVOS DE ENSINO

MÃOZINHAS DA INCLUSÃO

CONSTRIBUIÇÕES DO PIBID NA FORMAÇÃO DOCENTE

A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO CURRICULAR NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES: VIVÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

OFICINA DE GINÁSTICA NA ESCOLA NO COLÉGIO DE APLICAÇAO: CONTRIBUIÇOES DO PIBID/EDUCAÇÃO FÍSICA

DANÇA PARA ADOLESCENTES COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

A INSERÇÃO DO PIBID NA SALA DE AULA: RELATO DE UMA PRÁTICA DE ENSINO VIVENCIADA 1

Ementa Geral Oficinas Unicirco Marcos Frota Núcleo Quinta da Boa Vista

RELATÓRIO DE TRABALHO DOCENTE OUTUBRO DE 2012 EREM LUIZ DELGADO

No entanto, não podemos esquecer que estes são espaços pedagógicos, onde o processo de ensino e aprendizagem é desenvolvido de uma forma mais lúdica,

OFICINA INTEGRADA COM LICENCIANDOS DE BIOLOGIA E QUÍMICA. SOLOS: NECESSÁRIO OU NÃO PARA NOSSA SOBREVIVÊNCIA?.

FACULDADES INTEGRADAS SÃO JUDAS TADEU PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

OS JOVENS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM BUSCA DA SUPERAÇÃO NO PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO

Transcrição:

EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO INFANTIL: um relato de experiência sobre o conteúdo de ginástica e circo. Naldleid Ap. REIS¹;Nayara P. PAIXÃO 1 ;Rodrigo G. RUEDA 1 ;Rafaella P. CASTILHO; 1 Jabes S. COSTA; 1 Marli D. SILVA; 1 Rafael Castro KOCIAN RESUMO O presente trabalho é um relato de experiência de uma intervenção do PIBID em uma escola municipal de Muzambinho/MG. As intervenções aconteceram durante dez encontros com turmas de quatro e cinco anos de idade e tiveram enfoque nas atividades de ginástica geral e circenses, tendo como objetivo proporcionar vivências das diferentes possibilidades de movimentação do corpo em situações e ambientes distintos. Para este trabalho utilizamos a pesquisa do tipo qualitativa onde observamos primeiramente o contexto escolar e depois os próprios alunos na prática, antes de iniciarmos as intervenções. É importante ressaltar que muitos alunos não tinham acesso a este tipo de conteúdo em seu cotidiano, possibilitando assim novas experiências e vivências de ginástica geral e práticas circenses. INTRODUÇÃO A Ginástica sofreu mudanças ao longo do tempo de acordo com os interesses sociais e políticos. Segundo Ramos (1982, p. 15), as práticas de exercícios físicos que tinham como principal objetivo a sobrevivência no período pré-histórico foram incorporando novos sentidos, como a preparação do corpo para guerras, desenvolver patriotismo e também continham até questões pedagógicas. Paollielo (2015), afirma que a partir de 1800 a ginástica adquiriu uma conotação mais ligada a pratica do exercício físico devido ao surgimento das escolas e movimentos ginásticos. Para o Coletivo de Autores (2012, p. 76), a prática da ginástica na escola só é legítima quando permite ao aluno uma interpretação individual e subjetiva das ações corporais e possibilita relações interpessoais a partir de atividades em grupo e o ensino da Ginástica na Educação Infantil ¹Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Câmpus Muzambinho. Muzambinho /MG. E-mail: naldapreis@gmail.com

deve proporcionar vivências das diferentes possibilidades de movimentação do corpo em diferentes situações e ambientes. Considerando a importância da Ginástica na Educação Física escolar e as vivências práticas que ela oferece, escolhemos como subtema o Circo para desenvolver nas atividades, pois de acordo com Duprat e Bortoleto (2007), o circo é um grande aliado da educação física, pois contribui como conhecimento que deve ser tratado na escola, além de promover uma educação física mais artística. O tema Gênero e Sexualidade proposto pelo subprojeto Educação Física, foi trabalhado durante o processo de planejamento e execução das aulas. Segundo Goellner (2010) gênero é uma condição social, uma construção cultural que permite nos identificar como seres masculinos ou femininos, e sexualidade é algo também construído histórico e culturalmente que nos permite viver de certo modo nossos desejos e prazeres corporais. Nestas aulas nos propusemos a diagnosticar qual a concepção e incorporação do tema pelos alunos dentro da temática do circo. Considerando a relevância de trabalhar os conteúdos e temas citados, o estudo tem como objetivo relatar a intervenção pedagógica realizada em uma escola pública da rede municipal de Muzambinho, atendendo a crianças de quatro e cinco anos da Educação Infantil, com um olhar atento para questões de gênero e sexualidade. MATERIAIS E MÉTODOS Utilizamos a pesquisa do tipo qualitativa, que não se baseia no critério numérico para garantir sua representatividade. A amostragem boa é a que possibilita abranger a totalidade do problema investigado em suas múltiplas dimensões (Minayo, 1994). O relato de experiência apresenta a prática pedagógica desenvolvida em uma escola municipal localizada na cidade de Muzambinho no Sudeste de Minas Gerais, com três turmas de aproximadamente 25 alunos cada, todos na faixa etária entre 04 (quatro) e 05 (cinco) anos da Educação Infantil (Préescola),salas participantes do PIBID(Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência) o qual participamos e que tem como objetivo valorizar e aperfeiçoar a formação de professores para a educação básica com a inserção dos estudantes no contexto das escolas públicas (CAPES, 2015) entre os meses de fevereiro, março e maio do ano de 2015 durante aulas de educação física.

Inicialmente o grupo observou o contexto escolar, conhecendo e estabelecendo um primeiro contato com a gestão, servidores, professores e alunos para podermos captar uma variedade de situações ou fenômenos que não são obtidos por meio de perguntas, uma vez que, observados diretamente na própria realidade, transmitem o que há de mais imponderável e evasivo na vida real (MINAYO, 1994). Após isso, elaborou-se o planejamento das intervenções com aulas acontecendo uma vez na semana durante quarenta e cinco (45) minutos por turma. Destacamos que as turmas não possuíam professor específico de Educação Física e as aulas aconteciam eventualmente com o professor regente. Para coleta de dados foram utilizados diários de campo, fotos, desenhos feitos pelas crianças, visita técnica e entrevista. Cada meio de coleta tem uma importância relevante para a observação e análise qualitativa do presente trabalho. RESULTADO E DISCUSSÃO Na primeira observação do contexto escolar, atentamos primeiramente ao tema gênero e sexualidade e vimos que não houve nenhum tipo de manifestação por parte dos alunos. Acredita-se que devido ao fato de ainda não terem desenvolvido certa capacidade de compreensão ou não ter sido atingido por certos esteriótipos sociais. Goellner (2010) afirma que um corpo passa por minucioso e contínuo processo onde ações proporcionam ao individuo formas de agir, de ser e de aparecer. Nesse sentido o gênero não é algo que está dado mas construído social e culturalmente e envolve um conjunto de processos que vão marcando os corpos, a partir daquilo que se identifica ser masculino e/ou feminino. Sendo assim, crianças nesta idade podem apresentar várias atitudes que podemos pensar serem já certas características ou identificações, no entanto é preciso considerar o meio em que vivem e as descobertas que ainda passarão ao longo de suas vidas, por exemplo, um menino ao brincar com uma boneca ou gostar de personagens femininas não significa necessariamente que algo já esteja definido quanto a natureza do seu corpo. Notamos algumas tentativas por parte dos professores de impor alguns conceitos para os alunos que futuramente podem vir a construir e gerar esteriótipos ou ainda influenciá-los. Um exemplo simples é a separação da turma em duas filas, sendo uma delas exclusivamente masculina e a outra feminina e outro, a atividade

de colorir máscaras dentro da sala de aula, onde a professora propositalmente entregou máscaras de borboletas para as meninas e neutras para os meninos. Há a necessidade de compreensão de que cada qual deve ser tratado segundo sua singularidade e não na pluralidade, e ainda que não lhes deve se passado algo construído e imposto socialmente como natural, o jeito certo de ser e fazer. Na observação pudemos conhecer mais de cada aluno, observando comportamentos como timidez, interação e amizades. Notou-se que três alunos deixaram de participar das atividades devido à timidez, mesmo com tentativas de incluí-los na aula. Além disso, observamos que um garoto mostrava preferência por brincar com bonecas, fantasias de princesas e personagens femininos, porém nenhum colega mostrou estranhamento ou discriminação em relação à essa prática. Na primeira aula apresentamos aos alunos diversos objetos relacionados ao circo como arcos, cordas, bolinhas e diabolôs e pedimos que trouxessem para a próxima aula, imagens relacionadas ao circo. A segunda aula teve como objetivo levantar o conhecimento das crianças em relação ao circo e atividades que supostamente seriam exclusivas de meninos ou meninas. Com cartolinas, recortes e fita crepe para fazer colagens com as figuras trazidas pelos alunos. As cartolinas eram das cores rosa, verde e branca e, conforme as imagens eram mostradas, era perguntado se era atividade de meninos, meninas ou para ambos. Ao final fizemos uma roda de conversa discutindo o que foi observado e o resultado da atividade. Não foi identificada nenhuma tendência que relacionasse a cor da cartolina com qualquer questão de gênero e sexualidade que eram expressas nas imagens. Na terceira intervenção realizamos a atividade O general e o palhaço, que conta a história da Ginástica e do Circo. A intenção foi tornar possível a diferenciação entre a ginástica tradicional, com características militaristas e metódicas, da ginástica geral, com base as atividades circenses e lúdicas. Notamos que se separaram por gênero dentro das filas automaticamente quando se tratava do general, mas quando o palhaço chegava se misturaram por conta própria demonstrando influências do modelo escolar relatado anteriormente, pois o general representa a figura que impõe ordens e o palhaço permitia maior liberdade. A quarta aula visou o aprimoramento do equilíbrio dos alunos como técnica de grande importância dentro do conteúdo da Ginástica Geral. Utilizamos materiais como cordas, slackline e bancos

de equilíbrio. A quinta aula teve o objetivo de permitir aos alunos expressarem todo o seu conhecimento a respeito do conteúdo de circo através de desenhos. Na sexta aula trabalhou-se com os objetos anteriormente apresentados, tornando possível a vivência dos alunos e possibilitando a livre criação de movimentos corporais em conjunto com a manipulação dos objetos. Percebemos a evolução nos movimentos corporais dos alunos que a todo tempo eram desafiados e faziam questão de representar o que faziam. Importante ressaltar que o que levou a estas mudanças foi trazer à realidade de alguns a prática de atividades circenses, já que relataram que isso nunca fez parte da sua realidade. Observamos também uma evolução no processo de socialização já nas primeiras aulas se mostravam mais tímidos e alguns se negavam a participar. Ao longo das aulas este comportamento se alterou, de modo que demonstravam mais interesse em atividades que eram realizadas em grupos, corroborando com Bortoleto (2006), que diz que as atividades circenses ajudam em vários aspectos da conduta humana, desperta sensações, destaca a criatividade e cooperação, interculturalidade e também a expressão corporal. A sétima, oitava e nona aulas foram destinadas aos ensaios para a apresentação final, que consistia na interpretação da história O general e o palhaço pelos alunos. A décima aula foi a apresentação do Dias das Mães, onde as práticas foram exibidas para as mães e pessoas presentes no local. Paralelamente aos ensaios da apresentação, o grupo conseguiu proporcionar às crianças uma visita às instalações e bastidores do circo que passava temporariamente pela cidade de Muzambinho/MG. Reunimos as turmas e fomos até o local dando a oportunidade de trazer para mais perto da realidade o mundo do circo. Apesar do andamento das aulas ter atingido as expectativas do grupo, é importante ressaltar que no decorrer das aulas nos deparamos com algumas problemáticas, como espaço impróprio, uma certa desorganização a respeito das aulas de educação física, pois não existe um profissional da área. Percebeu-se certa resistência de alguns professores em alterar coisas simples da rotina como uma organização de fila ou separação de bebedouros por gênero, o que poderia causar confusão aos alunos. Isso tudo deixava uma certa impressão que não havia uma interação entre a escola e o nosso trabalho quanto ao tema proposto em proporcionar discussões e reflexões acerca de questões de gênero e sexualidade.

CONCLUSÃO Podemos afirmar que o conteúdo aplicado nas aulas foi de suma importância para o desenvolvimento dos alunos, pois observamos mudanças significativas nas relações interpessoais, no interesse em participar das aulas de educação física e em atividades em grupos. Quanto ao desenvolvimento motor notamos que os alunos demonstravam suas próprias maneiras e novas formas de movimentos corporais e manipulação dos objetos. Quanto às questões relacionadas ao tema gênero e sexualidade, percebemos que não há compreensão por parte deles, pois a maioria ainda não desenvolveu uma capacidade de reflexão sobre esses conceitos, apenas trazem aquilo que lhes é transmitido no meio em que estão inseridos, no entanto, no decorrer dos anos escolares a capacidade de associar o tema ao seu cotidiano e de formar opiniões e estereótipos se torna comum, fazendo-se então necessário a continuidade deste tipo de reflexão no âmbito escolar. É importante também ressaltar que muitos alunos não tinham acesso a este tipo de conteúdo em seu cotidiano, justamento pela ausência de professor de Educação Física na rede municipal. Acredita-se que as aulas possibilitaram novas experiências de ginástica geral e práticas circenses que farão diferença no desenvolvimento dos alunos. REFERÊNCIAS BORTOLETO,M.A.C.Circo y educación física: los juegos circenses como recurso pedagógico.revista Stadium,Buenos Aires,ano 35,n195, p.15-26, mar. 2006. COLETIVO DE AUTORES.Metodologia do ensino da educação física.são Paulo:Cortez, p.76, 2012. DUPRAT,R,M;BORTOLETO,M,A,C Educação física escolar pedagogia e didática das tividades circenses,rev.bras.cienc.esporte,campinas,v.28,n.2, p.171-189,jan.2007. FERNANDES,R.C.As concepções metodológicas da Educação Física / Ginástica: uma visão histórica.efdeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 160, Septiembre de 2011.http://www.efdeportes.com/ Acesso em: 19 ago.2015. GOELLNER,VS.A educação dos corpos, dos gêneros e das sexualidades o reconhecimento da diversidade. Cadernos de Formação RBCE, p.71-83, mar.2010.http://www.capes.gov.br/educacaobasica/capespibid Acesso: 19 ago. 2015 MINAYO,M.C.S.Pesquisa Social:teoriamétodo e criatividade. Petrópolis:Vozes,1994. PAOLLIELO,E.O Universo da Ginástica.Grupo de Pesquisa em Ginástica Geral FEF. Disponívelem:http://ww2.sescsp.org.br/sesc/hotsites/sesc_forum/dyn_files/O%20UNIVERSO %20DA%20GIN%C3%81STICA1.pdf.Acesso: 10 set.2015. RAMOS, J. J.Os exercícios físicos na história e na arte. São Paulo: IBRASA,1982. *O grupo agradece a CAPES que financia o PIBID subprojeto Educação Física do campus Muzambinho.