PN: 884/001; AG: TC Cartaxo; Ag.es2: Ag.os3: Acordam no Tribunal da Relação de Évora 1. cc (beneficiários de apoio judiciário), demandaram, cc, em acção de demarcação que culminou pela homologação do laudo pericial4, por não ter surgido contradição de parte às respostas dos peritos solicitadas face às objecções que lhes foram opostas pelos RR.5, e mandado cumprir de passo o disposto no art. 1058º/5 CPC (versão anterior ao DL 329A/95). 1 ML (575/00) MM(51/2000) 2 Adv.: Dr., R. da República, 11, Cartaxo. 3 Adv.: Dr. 4 Extracto: 3. Demarcação - os peritos lançaram mão de uma planta demográfica, e a partir dos marcos assinalados com os nºs 1 e 2 obtiveram a localização do marco limite, a Nasc. das propriedades, isto depois de terem verificado no local a posição correcta dos marcos da zona; assim este deve situar-se, a ver deles, a 14m do marco assinalado com o nº1, no sentido 1:2-marco A. 5 foram feitas as inspecções e elaborado o relatório pericial, do que os ora req.es foram notificados; dele vêm reclamar, pois pretendem ver esclarecido como é que os Srs. concluíram que o marco limite a Nasc. se deve situar à distância de 14m do ponto 1 da planta, e uma vez que não são conclusivos na parte final do relatório. 1
2. Sem nota a qualquer das partes, foi de seguida lançada informação de não ter sido depositado o preparo para despesas, não obstante avisados6 os RR. e ainda antes da convocação inicial dos peritos. 3. Ordenado que se solicitasse o pagamento do preparo, foram os RR. notificados nos termos do disposto no art. 126º/2 CCJ, mas continuaram a não corresponder. 4. Logo os autos foram mandados à conta, devendo ser o preparo para despesas não pagas pelos RR. tido em consideração. 4.1 Os req.os de início contrariaram o pleito: os dois prédios em causa estão delimitados por muros divisórios, não é necessária a demarcação. 4.2 Foi proferida no entanto sentença (transitada): verificando-se os pressupostos legais do pedido, julga-se improcedente, por irrelevante, a contestação; custas pelos RR. 5. E, na conta, apurado o saldo em dívida de Pte. 169 100$00, foram passadas guias para pagamento a cargo dos Ag.es7. 6 Carta registada enviada ao mandatário. 7 Valor: 500 001$00 Taxa de Justiça 28 000$00 1. Gab. G. F. Taxa de Justiça em dívida: Do processo 28 000$00 Sanção (art. 45º CCJ) 42 000$00 Taxa de Justiça paga 7 000$00 A receber 63 000$00 63 000$00 2. C. G. TRB Reembolso (art.32º/2) 8 400$00 8 400$00 3. Receitas do Estado IRS (20% X 72 000$00) 14 400$00 14 400$00 4. Diversos pagamentos Procuradoria: SSM Justiça 420$00 CPA Solicitadores 7 980$00 Peritos (1) (80% X 24 000$00) 19 200$00 Transportes 3 600$00 22 800$00 (2) (80% X 24 000$00) 19 200$00 Transportes 920$00 22 800$00 (3) 2
6. Vieram estes reclamar, pedindo a reformulação da mesma de modo a serem repartidas as custas contadas, na proporção de metade para cada parte: (a) Nunca foi notificada aos req.os a decisão homologatória do laudo8; (b) Mas a conta só poderá ser elaborada após o trânsito; (c) Por outro lado, nesta foi imputada aos req.os toda a responsabilidade do pagamento das custas; (d) A acção de demarcação porém destina-se a obrigar os donos dos prédios confinantes a concorrerem para a demarcação; (e) Daí que não haja decaimento, pois não há violação de um direito: trata-se de uma acção constitutiva; (f) E sendo ambas as partes obrigadas a concorrerem para a demarcação, nesta obrigação incluem-se as resultantes das despesas, nomeadamente judiciais: beneficiam em termos de igualdade do resultado; (g) Assim sendo, o montante final das custas deveria ter sido dividido em partes iguais; (h) E porque uma das partes (req.es) beneficia de apoio judiciário, deve aplicar-se por analogia o disposto no art. 37º/3 CCJ, em conjugação com o art. 10º/2 CC. (80% X 24 000$00) 19 200$00 Transportes 7 200$00 26 400$00 5. Custas de parte Do Autor: Procuradoria 5 600$00 SOMA 169 100$00 Em dívida 169 100$00 Guias a passar A cargo dos Réus 169 100$00 8 Extracto do requerimento: resulta da própria conta que a mesma não foi elaborada nem nos termos do nº 2a. nem nos termos do nº 2b. do art. 51º CCJ, e desde logo porque se assim fosse não poderiam ter sido incluídas custas de parte e procuradoria; assim, tal conta só pode ter sido elaborada nos termos do nº 1 do citado art., conjugado com o art. anterior, ou seja, com o art. 50º do mesmo código, mas deste resulta que a remessa à conta só se fará se tiver transitado a decisão final. 3
7. Acolhidos os argumentos da Secretaria, foi indeferido: os RR. foram condenados em custas, por sentença notificada a todos os interessados, e devidamente transitada; a conta foi elaborada com base nessa condenação. 8. Concluíram os recorrentes: (a) Ao remeter-se à conta o processo sem que tivesse transitado em julgado a sentença que homologou o laudo dos peritos, violou-se o art. 50º CCJ; (b) De igual modo, ao elaborar-se um única conta, onde se incluem responsabilidades de uma só das partes, conjuntamente com responsabilidades de ambas, violaram-se as regras contidas no art. 53º/2.3 CCJ; (c) É que a responsabilidade pelas custas em acção de demarcação cai no caso especial do art. 47º/2 CCJ; (d) E não se tendo, na elaboração da conta, respeitado o conteúdo de tal regra, foi a mesma violada; (e) Deve ser revogado o despacho recorrido e ordenada a reformulação da conta de modo a que sejam elaboradas duas, uma só da responsabilidade dos req.os e outra da responsabilidade de ambas as partes, em quotas iguais. 9. Não houve contra-alegações, e o despacho recorrido foi sustentado. 10. De momento cumpre decidir. 11. Preliminares: O primeiro problema das conclusões do recurso é-nos posto de forma inversa. Não se trata em boa verdade de uma conta final, aquela contra a qual foi deduzida reclamação, e porque contém a verba referente às custas de parte e procuradoria (vd. nota 8), mas poderá pôr-se a questão, antes pelo contrário, de conter tal verba por simples erro. É que, 4
ordenada a implantação de marcos pelos peritos9, a fase processual não se seguiu, e só com ela completa poderiam dizer-se os autos prontos para conta encerrada. Assim, a conta a que foi oposta reclamação é uma conta provisória, nos termos do disposto no art. 51º/2a. CCJ, autorizada a suspensão do processo, por arbítrio do julgador, em face do disposto no art. 45º/1a. do mesmo diploma legal. E se assim é não haveria de ser convocada a regra do art. 47º/2 CCJ10, todavia aplicável a final, mas, como na realidade o foi (ainda que contra a justificação do indeferimento da reclamação) aquela do art. 47º/3, em que a responsabilidade pelas custas é atribuída, nesta fase, a quem tiver dado causa à remessa do processo à conta, ainda assim sem preclusão do sistema de estorno posterior de que são afloramento as normas do art. 63º do mesmo diploma. Neste enquadramento é que terá pertinência depois a questão de saber se é imputável aos reclamantes a responsabilidade pelo pagamento apenas de parte do preparo para despesas com os árbitros, nem havendo necessidade de invocar sequer analogia com o disposto no art. 37º/3 CCJ, porque há norma reguladora expressa, a do art. 44º/3. Tudo aqui fica deste modo para dar resposta ao dramatismo das alegações do recurso: diremos mesmo que seria uma perversão do direito ; trata-se decerto de uma situação que repugna ao sentimento jurídico e que deve ser corrigida. A lei deixa aberto remédio para as preocupações dos recorrentes, fundadas na excessiva onerosidade do litígio em face do valor diminuto dos interesses em causa, que mesmo assim terá encarecido por razões de ineficiência dos recorrentes (v.g, terão dado causa à sanção do art. 45º CCJ, acaso tenha de ser contada no âmbito do mecanismo de pagamento adiantado pelo CGT). 12.Decisão: 9 De qualquer modo não transitou a decisão homologatória, precedida de reclamação contra o laudo, e que em si mesma a decidiu desfavoravelmente, depois não notificada, nem devendo ter-se como tal: as intervenções da parte, posteriores, foram distraídas da preocupação cabal de conformar-se ou não com a sentença. 1 0 Nas acções de divisão de águas, de divisão de coisa comum e outras idênticas, as custas são pagas pelos interessados na proporção das respectivas quotas; havendo oposição, as custas desta serão pagas pelo vencido, na proporção em que o for. 5
Mas tendo em atenção o disposto no art. 62º CCJ, tem de concluir-se que só cabe recurso de agravo da decisão do incidente de reclamação se o montante das custas contadas exceder a alçada do tribunal, como não é o caso. Por conseguinte, decidem não tomar conhecimento deste recurso. 13.Custas pelos Ag.es, sucumbentes. 6