B O L E T I M OFERECIMENTO QUINTA-FEIRA, 22 DE OUTUBRO DE 2015 NÚMERO DO DIA R$ 243 mi é o faturamento do Palmeiras nos primeiros oito meses do ano; é a maior receita do futebol no país EDIÇÃO 366 Alto rendimento morde quase 70% da verba incentivada no país POR DUDA LOPES E ERICH BETING Criada em 2007, a Lei de Incentivo ao Esporte tinha como meta auxiliar no desenvolvimento do esporte, especialmente nos projetos envolvendo desporto educacional e de participação, com o intuito de promover a inclusão social por meio do esporte. Mas, da forma como são destinados os recursos da Lei, o alto rendimento é o queridinho. Levantamento feito pela Máquina do Esporte com os projetos aprovados pelo Ministério do Esporte desde 2007 mostra que 67,8% da verba captada vai para o alto rendimento, algo que não era o primeiro objetivo da legislação. Desde 2007, foram captados R$ 1,4 bilhão para a Lei de Incentivo. Desse valor, R$ 981 milhões foram para o alto rendimento. A área educacional ficou com R$ 248 milhões, ou apenas 17,2%. Já o desporto de participação captou R$ 217 milhões desde 2007 (15%). O curioso é a origem dos projetos de alto rendimento. Eles vão desde bocha para paraplégicos até mesmo o futebol, que chegou a receber milhões com incentivos. Em 2011, por exemplo, o São Paulo captou R$ 7,6 milhões para formação de atletas no Centro de Treinamento. Dois anos depois, o clube faturou R$ 147 milhões só com a negociação de jogadores. O maior uso de recursos nos projetos de alto rendimento segue uma lógica, já que geralmente eles envolvem maior grau de complexidade e necessidade de recursos para poder acontecer. Mas, até hoje, a maior disparidade aconteceu em 2007, primeiro ano Lei, quando dos R$ 50 milhões captados, R$ 47 mi foram para o esporte de elite, ou 94% do total captado por incentivo. A diferença não é tão gritante nos outros anos, mas, no geral, o alto rendimento recebe entre 63% e 70% da verba desde 2008. Os números poderiam ser maiores caso a captação de recursos fosse mais eficiente. No histórico da Lei, o governo aprovou R$ 3,9 bilhões em projetos, mas apenas 37% desse montante foi captado. O alto rendimento, nesse caso, é o vilão, tendo aproveitado 36% da verba disponível para captação (R$ 981 milhões de R$ 2,7 bilhões). 1
EUA não têm dúvida: esporte e entretenimento são sinônimos POR DUDA LOPES Diretor de Novos Negócios da Máquina do Esporte Entender a indústria do esporte como algo distinto da indústria do entretenimento é a estupidez que rege os maiores fracassos da primeira parte. Não, futebol não é teatro. Da mesma maneira que teatro não é música. Ainda assim, por definição, todos distraem a atenção para um divertimento. São entretenimentos, cada um com sua peculiaridade. E, quando eles se unem, só têm a ganhar. Mais uma vez, o exemplo parte dos Estados Unidos, e quem deu a lição foi a Disney. A empresa resolveu misturar as duas áreas. Para anunciar seu produto mais esperado, o novo filme da franquia Star Wars, a companhia usou seu canal esportivo, a ESPN (sigla para Entertainment and Sports Programming Network ) durante a transmissão de seu principal evento ao vivo, o Monday Night Football. Basicamente, a Disney usou o apelo da NFL para divulgar o filme e ampliou a audiência do evento com o lançamento do trailer da película. E não fique em dúvida sobre quem é maior nessa história. A ESPN gastou US$ 1,9 bilhão pelo horário mais nobre da NFL num contrato de 2014 a 2021. Para tirar a Lucas Film de George Lucas, foram US$ 4 bi, sem contar a produção de filmes. Basicamente, o esporte tem mais a ganhar com essa proximidade. Uma amostra é o pico de audiência do SuperBowl: o show do intervalo. No Brasil, grandes festivais musicais deixam claro como promotores, patrocinadores e público enxergam as duas coisas de maneira antagônica, sem conversarem. Quando perceberem o óbvio, surgirá o fenômeno NFL/Star Wars: todos ganham. Fifa revela que Ricardo Teixeira e Franz Beckenbauer estão sob investigação POR REDAÇÃO O Comitê de Ética da Fifa incluiu o brasileiro Ricardo Teixeira e o alemão Franz Beckenbauer na lista dos dirigentes investigados que teriam violado o código de ética da entidade. Outros dirigentes que estão sob investigação são Angel Maria Villar (vice da Uefa e presidente da federação espanhola), Worawi Makudi (mandatário da federação tailandesa), Amos Adamu (diretor da federação nigeriana), Eugenio Figueredo e Nicolás Leoz (ex-presidentes da Conmebol). A Fifa não informa quais são as acusações contra esses dirigentes, mas é provável que as eleições para sede das Copas do Mundo de 2018 (Rússia) e 2022 (Qatar) façam parte do inquérito. Em entrevista ao portal Terra, Teixeira disse que deverá participar de uma teleconferência com o comitê da Fifa para dar suas explicações. Segundo o ex-presidente da CBF, a suspeita da Fifa recai sobre o voto que o dirigente deu para o Qatar. Em junho, ele havia dito que havia um acordo para os países da América do Sul votarem no Qatar e na Espanha. A entidade também disse que dará resolução final ao caso dos dirigentes afastados, o presidente Joseph Blatter, o secretário-geral Jérôme Valcke, e o presidente da Uefa, Michel Platini, antes do final dos 90 dias de suspensão imposto a eles. Valcke praticou venda ilegal de ingressos da Copa. Já Platini e Blatter tiveram pagamentos secretos revelados pelo comitê. 2
Corinthians fará MasterChef em ação para rede de lanchonete POR ADALBERTO LEISTER FILHO O Corinthians achou um jeito diferente para promover o lançamento de sua rede de lanchonetes, divulgada na última semana. O clube promoverá a web série Mestre Cuca da Fiel, que seguirá a linha do programa de culinária MasterChef, que ganhou popularidade no Brasil neste ano. O vencedor da brincadeira terá a chance de colocar a receita criada no cardápio da nova rede de alimentação oficial do clube. Ações similares de escolha de nome e receita de sanduíches já foram feitas pelo Grêmio em sua Hamburgueria, que também tem o mesmo parceiro do Corinthians. O concurso tem três fases. Na primeira, o torcedor precisa enviar o vídeo da receita do sanduíche preparado, acompanhado da receita por escrito, via sistema de transferência de arquivos para um email do clube. O prazo se encerra no domingo, e cada torcedor mestre-cuca pode se inscrever com mais de uma receita. Todos os corintianos podem participar, incluindo cozinheiros, estudantes de gastronomia e aqueles que se arriscam na cozinha por hobby. Serão duas fases até a escolha do vencedor. Um júri, formado por quatro representantes, escolherá as dez melhores receitas, que no dia 27 serão publicadas no canal oficial do Corinthians no YouTube, que conta com 162 mil inscritos. As receitas finalistas vão ser avaliadas pelos torcedores na web. As quatro que tiverem maior número de curtidas no YouTube vão se classificar para a final. Finalmente, os autores das quatro receitas finalistas irão participar de uma web série, que será gravada em São Paulo e será exibida nas redes sociais do clube. Os participantes serão avaliados pelo público em mecanismo a ser divulgado pelo Corinthians. Sport perde executivo de marketing para agência Após seis anos, o Sport perdeu seu executivo de marketing. Sid Vasconcellos pediu demissão do clube pernambucano para assumir cargo na agência Max In Time, especializada em customização e personalização de materiais esportivos. Em Recife, Vasconcellos deixa legados significativos, ainda que admita que havia ainda mais a fazer. Trabalhar em clube de futebol é um trabalho difícil, em que as coisas não acontecem da noite para o dia, comentou à Máquina do Esporte. O executivo deixou o clube pernambucano com patrocínios como Adidas e Caixa e uma base de sócios consolidadas. Hoje, são 42 mil associados, segundo o Movimento por um Futebol Melhor. É o melhor desempenho de um clube nordestino, à frente de Fluminense e Vasco. Além disso, algumas ações foram destacadas, como a campanha por doação de órgão em 2012, premiada no festival de Cannes e feita em parceria com a Ogilvy. Agora, o objetivo de Vasconcellos é ampliar os negócios da Max In Time. A empresa, que personalizou o uniforme do Palmeiras para o Outubro Rosa, quer agora clientes fora do esporte. 4
EUA já vê digital como parte da estratégia das instituições POR GUILHERME GUIMARÃES* A #SportsFest é uma conferência de dois dias e meio, dedicada à intersecção do esporte com a tecnologia, o mundo digital e as novas mídias. Com conteúdo espalhado por uma mini-feira e três diferentes palcos, o evento veio para discutir o que de melhor tem sido feito nessa área no mundo (liderado, obviamente, pelos Estados Unidos) e quais os rumos e tendências da indústria do esporte nessas áreas. Como esperado, o primeiro dia teve uma mistura de nomes de peso da indústria mais tradicional, como NBA, FOX Sports, NBC, Wasserman, entre outros, com membros mais recentes que também já demonstram uma grande relevância nesse universo, como Twitter, Whistle Sports, Bleacher Report, MLS, etc. O simples fato de existir um evento desse tipo e que atrai participantes desse calibre já demonstra a importância do digital para o esporte, mas uma mensagem muito forte foi passada por todos os participantes: o digital tem que fazer parte da estratégia das instituições e não ser apenas uma ferramenta de Marketing. Danny Keens, diretor de esportes do Twitter nos Estados Unidos, por exemplo, comentou que a plataforma visa colaborar com seus parceiros de conteúdo a transformar seus fãs casuais em fanáticos, ao anunciar uma robusta parceria recém-fechada com a MLS. Além disso, a própria MLS e a NBA demonstraram o peso que o digital tem para ambas as ligas, ao reforçarem as palavras de Keens e dissertarem sobre o dia- -a-dia dessas áreas em cada uma, que chegam a contar com 25 diretores de arte em datas-chave. Olhando para a frente, a Whistle Sports e o Bleacher Report falaram da importância de redes sociais para engajar o jovem, descrito pela primeira como nativos-sociais, para quem o conteúdo precisa ser interativo, engajador e divertido. GUILHERME GUIMARÃES é sócio da Ativa Esporte, consultoria em esporte com experiência em ativação de patrocínio e ações digitais. De novembro de 2013 a janeiro de 2015, foi head de esporte do Twitter Brasil Poder sobre conteúdo deve migrar para consumidor Os debates sobre a revolução do meio digital no esporte levaram à geração de um conceito interessante para o futuro. Para Bleacher Report e Whistle Sports, para o jovem, além da importância do conteúdo produzido, a distribuição, na hora e local que esses jovens quiserem, fará a diferença para uma empresa ou instituição. Falando também sobre tendências para o futuro e como melhorar ainda mais a experiência do fã de esporte, Jen Franklin, VP de redes regionais da NBC Sports, foi direta na afirmação: o poder deverá ir para a mão dos torcedores, que poderão influenciar, até, no que acontece dentro dos campos, das quadras, das pistas, etc. 5