A C Ó R D Ã O SDI-1 GMHCS/gam AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO DE EMBARGOS EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO DENEGATÓRIA DO PRESIDENTE DE TURMA POR ÓBICE DA SÚMULA 353 DO TST. EXCEÇÕES NÃO CONFIGURADAS. PRETENSÃO DE REEXAME DE PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS DO RECURSO DE REVISTA. NÃO CABIMENTO DOS EMBARGOS. MANUTENÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA. INTUITO PROTELATÓRIO. APLICAÇÃO DE MULTA. Não merece reforma a decisão agravada pela qual denegado seguimento ao recurso de embargos ante o óbice da Súmula 353/TST, porquanto é incabível esse recurso contra acórdão de Turma que, ao exame dos pressupostos intrínsecos do recurso de revista, negou provimento ao agravo de instrumento. Tal hipótese não configura nenhuma das exceções previstas no mencionado verbete sumular. Caracterizado o intuito manifestamente protelatório do recurso, consoante disposto no inciso VII do artigo 80 do CPC/2015, impõe-se a aplicação da multa do artigo 81 do CPC/2015. Agravo regimental conhecido e não provido, com aplicação de multa. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo Regimental em Embargos em Embargos de Declaração em Agravo de Instrumento em Recurso de Revista n TST-AgR-E-ED-AIRR-1013-07.2011.5.02.0442, em que é Agravante ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO E CULTURA - ABEC e Agravada CLÁUDIA MARIA TIZON IGREJAS. Em face da decisão proferida pelo Ministro Presidente da Eg. 4ª Turma do TST, que denegou seguimento a seu recurso de embargos com fundamento na Súmula 353/TST, a reclamada interpõe agravo regimental.
fls.2 Ausente impugnação da parte contrária. Desnecessária manifestação do Ministério Público do Trabalho. É o relatório. V O T O Tempestiva a interposição e regular a representação processual, estão presente os requisitos extrínsecos de admissibilidade do agravo regimental. Conheço e passo ao exame do mérito. O Exmo. Ministro Presidente da Eg. 4ª Turma do TST denegou seguimento aos embargos à SbDI-1, pelos seguintes fundamentos: Trata-se de recurso de embargos interposto sob a égide da Lei nº 13.015/2014 em face de acórdão proferido pela Eg. Quarta Turma desta Corte que negou provimento a agravo de instrumento. Os presentes embargos, todavia, revelam-se inadmissíveis. Firmou-se na jurisprudência do diretriz no sentido de que são irrecorríveis as decisões prolatadas pelas Turmas do TST em que se nega provimento a agravo de instrumento, ante a ausência dos pressupostos intrínsecos do recurso de revista. Referido entendimento encontra-se consagrado na Súmula nº 353 desta Corte, de seguinte teor: Não cabem embargos para a Seção de Dissídios Individuais de decisão de Turma proferida em agravo, salvo: a) da decisão que não conhece de agravo de instrumento ou de agravo pela ausência de pressupostos extrínsecos; b) da decisão que nega provimento a agravo contra decisão monocrática do Relator, em que se proclamou a ausência de pressupostos extrínsecos de agravo de instrumento; c) para revisão dos pressupostos extrínsecos de admissibilidade do recurso de revista, cuja ausência haja sido declarada originariamente pela Turma no julgamento do agravo; d) para impugnar o conhecimento de agravo de instrumento;
fls.3 e) para impugnar a imposição de multas previstas nos arts. 1.021, 4º, do CPC de 2015 ou 1.026, 2º, do CPC de 2015 (art. 538, parágrafo único, do CPC de 1973, ou art. 557, 2º, do CPC de 1973). f) contra decisão de Turma proferida em agravo em recurso de revista, nos termos do art. 894, II, da CLT. Na espécie, o acórdão embargado examinou os pressupostos intrínsecos de admissibilidade do recurso de revista, confirmando a decisão denegatória. No presente caso, portanto, os embargos são manifestamente incabíveis, uma vez que não estão presentes as exceções contempladas na Súmula nº 353 desta Corte. Ante o exposto, autorizado nos termos do art. 2º, caput, da Instrução Normativa nº 35/2012, denego seguimento aos embargos da Reclamada, por incabíveis, com fulcro na diretriz perfilhada na Súmula nº 353 desta Corte. Opostos embargos de declaração pela agravante, foram rejeitados mediante decisão monocrática do Exmo. Ministro Presidente da Eg. 4ª Turma do TST, verbis: Mediante a decisão de fls. 668/669 da numeração eletrônica, deneguei seguimento aos embargos interpostos pela Reclamada, com fulcro na Súmula nº 353 desta Corte. A Reclamada interpõe embargos de declaração, com pedido de efeito modificativo. Pugna para que seja sanada contradição. Alega que constou da publicação que os embargos foram denegados. Mas, de forma ilógica, também teria sido mencionada a suspensão do julgamento em razão do já noticiado Incidente de Recursos Repetitivos [...]. É o relatório. Decido. Em consulta ao Diário Eletrônico da, de 1º/8/2016, constatei que a publicação da decisão embargada deu-se de forma correta, sem qualquer alusão à suspensão do julgamento em decorrência de Incidente de Recursos Repetitivos. Portanto, não há vício na decisão a ser sanado.
fls.4 Contudo, para que não pairem dúvidas, esclareço que proferi a seguinte decisão nos embargos: [...] Ante o exposto, autorizado nos termos do art. 2º, caput, da Instrução Normativa nº 35/2012, denego seguimento aos embargos da Reclamada, por incabíveis, com fulcro na diretriz perfilhada na Súmula nº 353 desta Corte. Assim, dou provimento aos embargos de declaração da Reclamada apenas para prestar esclarecimentos, sem, contudo, imprimir efeito modificativo à decisão. Publique-se. Inconformada, no agravo regimental a reclamada alega novamente negativa de prestação jurisdicional e o cabimento do recurso de embargos, nos termos do item f da Súmula 353 do TST. Ao exame. O teor da Súmula 353/TST, invocada pela Presidência da Turma como obstáculo ao seguimento do recurso de embargos, é o seguinte: EMBARGOS. AGRAVO. CABIMENTO (nova redação da letra "f" em decorrência do julgamento do processo TST-IUJ-28000-95.2007.5.02.0062) Res. 189/2013, DEJT divulgado em 13, 14 e 15.03.2013 Não cabem embargos para a Seção de Dissídios Individuais de decisão de Turma proferida em agravo, salvo: a) da decisão que não conhece de agravo de instrumento ou de agravo pela ausência de pressupostos extrínsecos; b) da decisão que nega provimento a agravo contra decisão monocrática do Relator, em que se proclamou a ausência de pressupostos extrínsecos de agravo de instrumento; c) para revisão dos pressupostos extrínsecos de admissibilidade do recurso de revista, cuja ausência haja sido declarada originariamente pela Turma no julgamento do agravo; d) para impugnar o conhecimento de agravo de instrumento; e) para impugnar a imposição de multas previstas no art. 538, parágrafo único, do CPC, ou no art. 557, 2º, do CPC. f) contra decisão de Turma proferida em agravo em recurso de revista, nos termos do art. 894, II, da CLT.
fls.5 Ante os termos da decisão agravada, tem-se a diretriz consagrada no verbete sumular transcrito como efetivo óbice à admissibilidade do recurso de embargos, porquanto circunscrita a discussão trazida no agravo de instrumento à análise dos pressupostos intrínsecos do recurso de revista, tendo a Eg. Turma rejeitado a preliminar de negativa de prestação jurisdicional porque sequer invocada no recurso de revista; e no tema da redução salarial por norma coletiva diferenças salariais, entendido inválida a cláusula de acordo coletivo de trabalho que impôs redução salarial permanente e sem contraprestação aos empregados da reclamada, aplicando o óbice da Súmula nº 333 do TST, por não demonstrada a ofensa aos arts. 7º, VI e XXVI, da Constituição Federal e 503 da CLT e superados os arestos trazidos ao cotejo. Importa ressaltar que a invocação do item f da Súmula 353 deste Tribunal não ampara a tese do agravante, à medida que essa alínea encerra hipótese de cabimento dos embargos à decisão de Turma proferida em agravo interposto contra decisão monocrática do relator, em que apreciado recurso de revista admitido pelo Tribunal a quo, distinta, portanto, da circunstância destes autos, em que a decisão colegiada, atacada por meio de embargos, fora proferida em agravo de instrumento interposto contra decisão em que denegado seguimento ao recurso de revista pelo Juízo a quo. Registro, por fim, que a diretriz da mencionada Súmula 353 - no sentido do não cabimento, em regra, de embargos às decisões por meio das quais as Turmas deste Tribunal negam provimento a agravo de instrumento - encontra respaldo no disposto no artigo 5º, b, da Lei nº 7.701/88, segundo o qual as Turmas desta Corte têm competência para julgar, em última instância, os agravos de instrumento dos despachos de Presidente de Tribunal Regional que denegarem seguimento a recurso de revista, explicitando em que efeito a revista deve ser processada, caso providos (destaquei), não tendo tal regra sido revogada pela Lei 11.496/2007, que alterou a sistemática de admissibilidade do recurso de embargos. Em face de todo o exposto, configura-se manifestamente protelatório o presente recurso, consoante disposto no inciso VII do artigo 80 do CPC de 2015, o que autoriza a imposição da multa prevista
fls.6 no artigo 81 do CPC, de 2% (dois por cento) sobre o valor corrigido da causa. Com base nesses fundamentos, nego provimento ao agravo regimental, aplicando à agravante a referida multa do artigo 81 do CPC de 2015, na esteira do entendimento reiterado desta Subseção. ISTO POSTO ACORDAM os Ministros da Subseção I Especializada em Dissídios Individuais do, por unanimidade, conhecer e negar provimento ao agravo regimental, aplicando à agravante multa de 2% (dois por cento) sobre o valor corrigido da causa, nos termos dos arts. 80, VII, e 81 do CPC de 2015. Brasília, 22 de junho de 2017. Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001) HUGO CARLOS SCHEUERMANN Ministro Relator