OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES INSTITUTO NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA - INCT BEM-ESTAR URBANO E CLASSES DE RENDA

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Transcrição:

OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES INSTITUTO NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA - INCT BEM-ESTAR URBANO E CLASSES DE RENDA Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro 1 Marcelo Gomes Ribeiro 2 Lygia Costa 3 André Salata 4 Introdução O Brasil apresentou resultados mais favoráveis à distribuição de renda entre seus habitantes, nos últimos anos. Esses resultados confirmaram que está havendo uma redução das desigualdades entre os segmentos sociais, apesar de ainda o país se caracterizar como um dos mais desiguais do mundo. Quando se considera as condições coletivas de bem-estar, estamos mais interessados em investigar essas condições para o espaço urbano, sobretudo, o espaço metropolitano, onde os problemas sociais têm se acumulado no Brasil. Mas esse interesse, também, decorre de limites metodológicos que serão explicitados posteriormente. O fato é que a melhoria da distribuição de renda contribui diretamente para as condições de vida das pessoas consideradas individualmente ou em seu núcleo familiar, na medida em que é na família o espaço onde se realiza a reprodução social. O aumento da renda familiar contribui, por exemplo, para o aumento do consumo, principalmente numa sociedade (ou para segmentos sociais de baixa renda) que possui baixa capacidade de consumo. A indagação que se coloca é se a melhoria individual ou familiar observada pelas condições de renda estão sendo acompanhadas pela melhoria das condições coletivas, aquelas que se realizam em toda a sociedade. Ao saber que foram os segmentos de mais baixa renda os que aumentaram sua fatia no bolo da distribuição renda, queremos saber se essas condições coletivas também os favoreceram, ou não. 1 Professor Titular do IPPUR/UFRJ e Coordenador Nacional do Observatório das Metrópoles. 2 Doutorando do IPPUR/UFRJ e Pesquisador Assistente do Observatório das Metrópoles. 3 Estagiária de Pós-doutorado do IPPUR/UFRJ e Pesquisadora Associada do Observatório das Metrópoles. 4 Doutorando do IFCS/UFRJ e Pesquisador Assistente do Observatório das Metrópoles.

Para explicitar melhor a questão é preciso considerar que o bem-estar dos indivíduos depende de realizações que conseguem fazer por si mesmos (ou em seu núcleo familiar) como é o caso da utilização da renda, mas também de realizações que só se podem conseguir de forma coletiva, seja através de ações do Estado, seja por meio do modo como a sociedade está organizada. Quando se considera as condições coletivas de bem-estar, estamos mais interessados em investigar essas condições para o espaço urbano, sobretudo, o espaço metropolitano, onde os problemas sociais têm se acumulado no Brasil. Mas esse interesse, também, decorre de limites metodológicos que serão explicitados posteriormente. Para tentar responder à indagação colocada, vamos utilizar uma estrutura de classes de renda, a fim de comparar com as condições coletivas de bem-estar urbano para cada uma delas. Bem-estar urbano Para aferir as múltiplas dimensões da vida urbana capazes de propiciar qualidade de vida a seus habitantes, elaboramos um índice de bem-estar urbano, também chamado de IBEU, o qual foi construído através dos dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD), pesquisa que é realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgão oficial de estatística do Brasil. Procuramos na elaboração desse índice utilizar variáveis existentes na PNAD que fossem capazes de refletir o bem-estar decorrente das condições urbanas, que são ao mesmo tempo, nesse contexto, condições coletivas. Assim, foram organizadas três dimensões para a elaboração desse Índice: condições de atendimento de serviços coletivos, condições habitacionais e condições de mobilidade urbana. Para as condições de serviços coletivos foram consideradas as pessoas que são atendidas de forma adequada por abastecimento de água, coleta de esgoto e coleta de lixo. Consideramos como atendimento adequado para abastecimento de água o percentual dos domicílios que possuem abastecimento ligados à rede geral. O atendimento adequado da coleta de esgoto corresponde ao percentual dos domicílios que estão ligados à rede geral de escoamento sanitário ou à fossa séptica ligada à rede geral. O atendimento adequado de lixo corresponde ao percentual dos domicílios que possuem coleta, direta e indiretamente. Com o resultado de cada uma dessas variáveis calculamos a média simples dos percentuais, o resultado corresponde à primeira dimensão do IBEU. Consideramos na dimensão de condições habitacionais duas variáveis: percentual de domicílios que estão localizados em aglomerado subnormal e o percentual de pessoas que moram em domicílio com densidade domiciliar elevada acima de 2 pessoas por dormitório. O

resultado dessa segunda dimensão corresponde à média do somatório dos percentuais, subtraída de 100, porque o sentido do Índice calculado é positivo. A dimensão de mobilidade urbana utiliza apenas uma única variável, que é o tempo de deslocamento casa-trabalho. Consideramos como tempo adequado o percentual de pessoas que realizam o deslocamento casa-trabalho por no máximo até 1 hora por dia. O Índice de Bem-Estar Urbano (IBEU) é resultado da média aritmética simples das três dimensões especificadas e, posteriormente, transformado no intervalo de 0 (zero) a 1 (um). Quanto mais próximo de 1, melhor é o bem-estar urbano. Neste cálculo, todas as dimensões possuem o mesmo peso na composição do Índice, mas as variáveis possuem pesos diferentes, como podemos ver no quadro abaixo. Dimensão/Variáveis Peso Na Dimensão No Índice Atendimento de serviços coletivos 1 1/3 Abastecimento de água 1/3 1/9 Coleta de esgoto 1/3 1/9 Coleta de lixo 1/3 1/9 Condição habitacional 1 1/3 Aglomerado subnormal 1/2 1/6 Densidade domiciliar 1/2 1/6 Mobilidade urbana 1 1/3 Deslocamento casa-trabalho 1 1/3 É importante ressaltar que a construção desse índice de bem-estar urbano encontra limites pelo tipo de fonte de dados utilizada para sua elaboração, uma vez que a PNAD, mesmo sendo abrangente em relação à quantidade de temas pesquisados, não consegue apreender todas as dimensões da vida urbana que possam conferir bem-estar a seus habitantes. Mesmo assim, reconhecemos que as variáveis utilizadas são capazes de oferecer uma boa apreensão da qualidade de vida urbana das regiões metropolitanas do Brasil. O Índice de Bem-Estar Urbano para as regiões metropolitanas do Brasil, disponíveis na base de dados da PNAD 5, apresenta tendência de melhoria ao longo dos anos de 2001 a 2009, como podemos visualizado no gráfico 1. Porém, podemos observar que houve comportamento de 5 A PNAD é uma pesquisa amostral que disponibiliza dados para todo o Brasil, as Unidades da Federação e para nove regiões metropolitanas, a saber: Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. O Distrito Federal está sendo considerado, neste trabalho, com área metropolitana, portanto, integra o conjunto de dados das RM s do Brasil.

aumento entre 2001 e 2004, queda em 2005, com recuperação no ano seguinte, queda novamente em 2008 e recuperação em 2009, quando atinge o maior patamar na década. Gráfico 1 IBEU: Índice de Bem-Estar Urbano das Regiões Metropolitanas do Brasil 2001 a 2009 Fonte: Elaborado pelo Observatório das Metrópoles, a partir de dados da PNAD/IBGE. Importa também analisar o comportamento de cada indicador (ou dimensão) do IBEU ao longo do período de 2001 a 2009, para saber quais são as dimensões do Índice que têm contribuído para que sua evolução apresente tendência em termos de melhorias, como pudemos verificar, mesmo tendo registrado oscilações entre alguns anos. O atendimento de serviços coletivos apresenta comportamento igual ao Índice geral, uma vez que ao longo da década registrou crescimento, com oscilações em alguns dos anos como podemos visualizar no gráfico 2. As variáveis que mais colaboraram para a melhoria dessa dimensão foram o atendimento de esgotamento sanitário e a coleta de lixo, uma vez que o abastecimento de água, que já registrava em torno de 94% em condições adequadas em 2001, praticamente se manteve. O esgotamento sanitário, em 2001, registrou um percentual de 77,9% e, em 2009, esse percentual passou para 81,3%, apesar de o maior patamar ter ocorrido no ano de 2008, com 82,7%. A coleta de lixo passou de 86,8% para 90,5%, entre 2001 e 2009. Apesar de os atendimentos de esgotamento sanitário e de lixo apresentarem um patamar inferior ao de água, foram essas variáveis que contribuíram para o desempenho positivo da dimensão de atendimento de serviços coletivos para o conjunto das regiões metropolitanas.

Gráfico 2 Atendimento de Serviços Coletivos das Regiões Metropolitanas do Brasil 2001 a 2009 Fonte: Elaborado pelo Observatório das Metrópoles, a partir de dados da PNAD/IBGE. Gráfico 3 Condições Habitacionais das Regiões Metropolitanas do Brasil 2001 a 2009 Fonte: Elaborado pelo Observatório das Metrópoles, a partir de dados da PNAD/IBGE.

Novamente observamos que a dimensão que expressa as condições habitacionais apresenta um comportamento crescente muito acentuado para o conjunto das regiões metropolitanas do Brasil, no período de 2001 a 2009, como podemos visualizar no gráfico 3. O que mais contribuiu para esse comportamento apresentado das condições habitacionais foi a melhoria da densidade domiciliar, na medida em que mais pessoas, proporcionalmente, passaram a residir em domicílios com até duas pessoas por dormitório. Em 2001, era 73,6% e, em 2009, passou a ser 81,5%. A proporção de pessoas que moravam em aglomerado subnormal praticamente se manteve, nesse período. Ao contrário do que verificamos nas dimensões anteriores atendimento de serviços coletivos e condições habitacionais, a dimensão de mobilidade urbana apresentou comportamento de redução, ao longo do período de análise, como podemos visualizar no gráfico 4. Isso significa que mais pessoas, proporcionalmente, passaram a realizar deslocamento casa-trabalho por mais de 1 hora, tornando a mobilidade cada vez pior para as regiões metropolitanas do Brasil. Apesar disso, observamos também algumas oscilações entre alguns dos anos de análise, inclusive o dado de 2009 apresentou um patamar maior que o verificado em 2008, mas inferior ao registrado no começo da década. Gráfico 4 Mobilidade Urbana das Regiões Metropolitanas do Brasil 2001 a 2009 Fonte: Elaborado pelo Observatório das Metrópoles, a partir de dados da PNAD/IBGE.

Como o Índice de Bem-Estar Urbano (IBEU) é construído a partir de três dimensões e somente a dimensão de mobilidade urbana apresentou comportamento de redução ao longo da década, podemos considerar que o baixo crescimento verificado do IBEU, ao longo da década, foi decorrente dessa última dimensão. Enquanto os serviços coletivos e as condições habitacionais estão melhorando nas regiões metropolitanas, pelo menos em termos de oferta desses serviços, a mobilidade tem se colocado, cada vez mais, como um dos principais problemas metropolitanos na atualidade. Uma vez que vimos que as dimensões que compõem o IBEU apresentam comportamento diferente e isso tem efeito sobre o Índice geral, será importante analisar o comportamento do IBEU segundo as classes de renda e, ao mesmo tempo, realizar a análise para cada uma das dimensões componentes do Índice, haja visto que a apropriação dos ativos coletivos distribuídos em sociedade podem ser diferentes de acordo com as condições de vida dos indivíduos. E as classes de renda podem se constituir como uma forma importante de classificação dos indivíduos em agrupamentos sociais. É isso que faremos na próxima seção. Classes de renda A construção de um esquema de classe que se utiliza da variável renda foi construída a partir dos dados da PNAD, que por ser uma pesquisa domiciliar os dados utilizados dizem respeito a auto-declaração dos respondentes da amostra. As implicações desse tipo de pesquisa é que são apreendidos apenas os rendimentos monetários, sobretudo, do trabalho, mas também de outras fontes (capital, propriedade etc.), ficando de fora os rendimentos não-monetários. Além disso, há subestimação dos dados apresentados, porque rendimentos oriundos do capital ou da propriedade, muitas vezes, não são declarados (Vale e Silva, 2003). O que mais se evidencia é que os rendimentos obtidos pela PNAD dizem respeito, sobretudo, a rendimentos do trabalho. Por este motivo, o agregado dos rendimentos da PNAD fica muito aquém da renda calculada pelo Sistema de Contas Nacionais, que apresenta resultados do PIB Produto Interno Bruto. Não obstante os limites apresentados, os dados de renda podem ser utilizados para realizar estudos sobre desigualdades, desde que se tenha em mente esses limites. Assim, utilizamos do esquema de classes de renda definido por Marcelo Neri (2008), da Fundação Getúlio Vargas, para analisar a comparação das condições de bem-estar urbano entre as classes de renda, uma vez que esse esquema de classe de renda serve como proxy do bem-estar dos indivíduos, o

que nos servirá como contraponto para a avaliação do bem-estar coletivo oferecido pelas regiões metropolitanas. As classes de renda utilizadas foram classificadas como AB, C, D e E. Para definir os limites de cada classe foi calculada inicialmente a mediana da distribuição de renda, tendo como referência os dados da PNAD de 2006. A classe AB foi compreendida como o seguimento correspondente aos 10% mais ricos. A classe C corresponde ao seguimento compreendido entre a mediana e o limite dos 10% mais ricos. A classe D corresponde ao intervalo que vai da linha da pobreza à mediana da distribuição de renda. E a classe E diz respeito ao segmento que encontra-se em situação de miséria. Miséria, neste caso, refere-se a uma definição monetária de uma cesta de mercadorias que corresponde a 2.288 calorias, como recomendado pela Organização Mundial de Saúde (Neri, M. 2008). Com base nessa definição de classes, os dados dos anos utilizados foram deflacionados para o ano de 2009, inclusive os intervalos calculados para 2006, de acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a fim de possibilitar a análise da evolução entre as classes de renda ao longo da primeira década do século XXI. Já foi amplamente divulgado o crescimento da Classe C nos noticiários de todo o país, chamada por Marcelo Neri de Classe Média. Observamos que esse comportamento, que foi geral no Brasil, ocorreu de forma mais nítida no conjunto das regiões metropolitanas, como podemos visualizar na tabela 1. Em 2001, a Classe C correspondia a 46,4% da população; em 2009, chegou a 58,1%, um crescimento de quase 14 pontos percentuais no período de uma década. Isso ocorreu com crescimento também da Classe AB e redução das Classes D e E. Ou seja, o padrão de renda da população metropolitana melhorou de modo significativo, nesse período, por decorrência de deslocamento de pessoas situadas nas classes de renda mais inferiores em direção às classes média e superiores. Classe de renda Tabela 1 Evolução das Classes de Renda - 2001 a 2009 (Em %) Ano 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 AB 16,5 17,7 15,5 15,6 17,0 18,6 19,5 20,4 20,4 C 46,4 50,3 49,3 49,9 51,9 53,5 55,8 55,5 58,1 D 13,2 15,1 15,1 15,5 14,9 13,3 12,3 13,3 11,5 E 23,9 16,9 20,1 18,9 16,2 14,6 12,4 10,8 10,0 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: Elaboração com base nos dados da PNAD/IBGE, segundo metodologia de Marcelo Neri (2008).

Classes de renda X Bem-estar urbano Nosso objetivo, nesta seção, é verificar a relação entre as classes de renda da população metropolitana do Brasil e o seu bem-estar urbano, de modo a poder analisar a relação entre os ganhos pessoais existentes nos últimos anos em termos de renda e as condições coletivas que asseguram o bem-estar nas cidades. Além da análise feita para o Índice de Bem-Estar Urbano (IBEU), procuraremos também relacionar as classes de renda com cada dimensão que compõe o IBEU. Desse modo, pretendemos apreender as dimensões que mais corroboram para o comportamento do Índice de Bem-Estar Urbano, assim como para as dimensões que, por ventura, apresentam comportamento contrário, que pode ter efeito inercial nesse Índice. Podemos observar que há diferenças entre o IBEU, quando se compara as classes de renda, como podemos visualizar na tabela 2. Em quase todos os anos, há uma relação direta, ou seja, percebemos que o IBEU é melhor quanto mais superior for a classe de renda. Isso significa ou que as pessoas que possuem melhores condições de renda se apropriam das melhores condições coletivas de bem-estar urbano, ou as pessoas que possuem as melhores condições coletivas de bem-estar urbano são as que possuem maior possibilidade de auferir melhores rendimentos. O sentido da causalidade é de difícil inferência. Tabela 2 Índice de Bem-Estar Urbano (IBEU) segundo Classes de Renda Classe de Anos Renda 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 AB 0,934 0,933 0,946 0,937 0,939 0,932 0,928 0,918 0,928 C 0,864 0,865 0,879 0,880 0,872 0,856 0,870 0,865 0,871 D 0,816 0,816 0,850 0,843 0,841 0,801 0,836 0,846 0,835 E 0,846 0,799 0,823 0,833 0,825 0,777 0,827 0,833 0,834 Fonte: Observatório das Metrópoles. Dados da PNAD/IBGE. O Índice de Bem-Estar Urbano teve evolução diferente, ao longo da década, entre as classes de renda. A Classe AB, apesar de oscilações positivas de alguns dos anos, teve, no geral, um comportamento de redução do bem-estar urbano. Ainda sim, continua sendo a classe de renda com o maior IBEU. A Classe C teve um comportamento ascendente, o que demonstra que o bem-estar urbano apresentou melhoria, entre os anos de 2001 e 2009. A Classe D também apresentou comportamento ascendente, no período analisado, mas com aumento do bem-estar urbano muito maior que a verificada na Classe C. A Classe E apresentou redução na

primeira metade da década, mas voltou a se recuperar ao final, embora não tenha atingido o mesmo patamar que em 2001. A diferença no comportamento de bem-estar urbano entre as classes de renda pode decorrer das mudanças ocorridas nas classes de renda, ou de mudanças ocorridas nas dimensões que compõem o IBEU, ou até mesmo das mudanças ocorridas nos dois aspectos analisados. Antes de tirar qualquer conclusão, vamos analisar as classes de renda em relação à cada uma das dimensões que compõe o Índice de Bem-Estar Urbano. A primeira dimensão do IBEU corresponde ao atendimento de serviços coletivos. Como foi apresentado anteriormente, essa dimensão é constituída de três variáveis: coleta de esgoto, coleta de lixo e abastecimento de água. A tabela 3 apresenta o resultado dessa dimensão para os anos de 2001 a 2009, segundo as classes de renda. Podemos observar que há diferenças entre o indicador de atendimento de serviços coletivos quando se considera as classes de renda. Assim como o IBEU, nesse indicador a relação é direta, ou seja, quanto mais superior for a classe de renda, maior é o atendimento de serviços coletivos, em quase todos os anos do período analisado. Tabela 3 Atendimento de Serviços Coletivos segundo Classes de Renda Classe de Anos Renda 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 AB 0,943 0,933 0,950 0,936 0,947 0,946 0,931 0,930 0,943 C 0,879 0,881 0,894 0,895 0,896 0,891 0,892 0,884 0,889 D 0,813 0,826 0,850 0,843 0,840 0,834 0,837 0,847 0,843 E 0,836 0,781 0,798 0,790 0,800 0,778 0,798 0,808 0,809 Fonte: Observatório das Metrópoles. Dados da PNAD/IBGE. A Classe AB praticamente mantém o mesmo patamar no atendimento de serviços coletivos ao longo da década, apesar de algumas oscilações ocorridas em alguns dos anos. Significa que para esse segmento de renda, as condições de bem-estar urbano estão muito consolidadas, até porque o nível do indicador é muito próximo de 1, que corresponde ao melhor desempenho. As oscilações apresentadas podem decorrer de aumento do número de pessoas nessa classe de renda, como pudemos observar na tabela 1, acima. A Classe C apresenta um comportamento ascendente no indicador de atendimento de serviços coletivos. Esse comportamento decorre, sobretudo, da melhoria das coletas de esgoto e de lixo, ao longo do tempo, já que o abastecimento de água praticamente não sofreu mudanças.

Interessante é poder observar esse comportamento sabendo que houve aumento do número de pessoas nessa classe de renda, vindas de classes mais inferiores. A Classe D também apresentou comportamento ascendente no indicador de atendimento de serviços coletivos. Isso foi decorrente da melhoria das coletas de esgoto e de lixo, já que não houve alteração substancial no abastecimento de água para esse segmento de renda. A diferença com a Classe C é que nesta classe de renda houve redução do número de pessoas. A Classe E, ao contrário das outras classes de renda, apresentou comportamento descendente no atendimento de serviços coletivos, que se deve à piora no abastecimento de água e, sobretudo, à piora na coleta de esgoto, já que a coleta de lixo não sofreu mudanças substanciais ao longo da década. Como nesta Classe houve redução do número de pessoas, há de se supor que as pessoas que ascenderam à outros segmentos de renda possuíam melhores condições urbanas, no que se refere ao atendimento de serviços coletivos. Isso se for verdade, podemos imaginar que para que haja melhoria nas condições individuais de renda, é preciso que os indivíduos já tenham acumulados alguns ativos coletivos, como o abastecimento de água e coleta de esgoto. A segunda dimensão do Índice de Bem-Estar Urbano corresponde às condições habitacionais. Esse indicador, como foi demonstrado anteriormente, foi construído com duas variáveis: percentual de domicílios localizados em aglomerados subnormais e percentual de domicílios com densidade acima de 2 pessoas por dormitório. Esse indicador foi adaptado para apresentar o sentido positivo do bem-estar urbano, como as demais dimensões do IBEU. A tabela 4 apresenta os resultados do indicador de condições habitacionais para cada uma das classes de renda. Tabela 4 Condições Habitacionais segundo Classes de Renda Classe de Anos Renda 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 AB 0,979 0,980 0,987 0,981 0,985 0,977 0,984 0,978 0,981 C 0,885 0,892 0,919 0,916 0,914 0,863 0,915 0,911 0,911 D 0,804 0,804 0,869 0,854 0,863 0,750 0,855 0,882 0,856 E 0,841 0,761 0,819 0,837 0,834 0,697 0,841 0,854 0,845 Fonte: Observatório das Metrópoles. Dados da PNAD/IBGE. Da mesma forma que o IBEU e também o indicador de atendimento de serviços coletivos, podemos observar que o indicador de condições habitacionais apresenta relação direta com as classes de renda, pois quanto mais superior é a classe de renda, maior é o resultado das

condições habitacionais, para quase todos os anos analisados, a única exceção ocorre em 2001, quando o indicador para a Classe E é mais favorável que para a Classe D. A Classe AB chega ao final da década, em 2009, com crescimento muito pequeno em relação a 2001, apesar de algumas oscilações tanto positivas quanto negativas ao longo da década. Porém, esse resultado mostra que praticamente não houve mudanças nas condições habitacionais desse segmento de renda. Pelo patamar apresentado, observa-se que quase a totalidade das pessoas da Classe AB se aproxima da condição ideal de condições habitacionais. A Classe C apresentou crescimento mais expressivo, ao longo da década, nesse indicador de condições habitacionais, ao se comparar com o comportamento da Classe AB. O principal motivo desse aumento deve-se à alta proporcional da densidade domiciliar considerada positiva para o bem-estar urbano (até 2 pessoas por dormitório), que conseguiu contrabalancear o aumento proporcional (apesar de pequeno) de pessoas que moram em aglomerados subnormais. Apesar de oscilações em alguns dos anos, a Classe D apresentou um comportamento de melhoria nas condições habitacionais, entre os anos de 2001 e 2009. Essa melhoria se deveu ao aumento proporcional de domicílios que não fossem localizados em aglomerados subnormais e, sobretudo, ao aumento da densidade domiciliar considerada para o bem-estar urbano como adequada. A Classe E praticamente não alterou o patamar do indicador de condições habitacionais, pois o crescimento foi muito pequeno no período de 2001 a 2009. Mesmo assim, podemos observar que houve uma pequena redução do número de domicílios que não estão localizados em aglomerados subnormais, que em outras palavras significa aumento proporcional de domicílios em aglomerados subnormais. A densidade domiciliar apresentou resultados positivos ao longo da década. A terceira dimensão do Índice de Bem-Estar Urbano é a mobilidade urbana. Este indicador foi construído de acordo com o tempo de deslocamento casa-trabalho realizado pelas pessoas. Quanto mais próximo de 1 (um), maior o percentual de pessoas com tempo de deslocamento de até 1 hora; quanto mais próximo de 0 (zero), maior o percentual de pessoas com deslocamento acima de 1 hora. A tabela 5 apresenta o resultado do indicador de mobilidade urbana segundo as classes de renda.

Tabela 5 Mobilidade Urbana segundo Classes de Renda Classe de Anos Renda 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 AB 0,880 0,885 0,901 0,894 0,886 0,873 0,870 0,845 0,860 C 0,828 0,821 0,824 0,830 0,805 0,814 0,803 0,799 0,813 D 0,833 0,817 0,829 0,831 0,819 0,817 0,817 0,808 0,805 E 0,862 0,854 0,851 0,871 0,839 0,857 0,842 0,839 0,849 Fonte: Observatório das Metrópoles. Dados da PNAD/IBGE. Ao contrário do IBEU e dos demais indicadores que compõem o IBEU, o indicador de mobilidade urbana não apresenta uma relação direta com as classes de renda, ou seja, o comportamento do IBEU parece não estar associado com as condições de renda das pessoas, pelo menos visto em seu conjunto. Observamos, por exemplo, que para todos os anos as condições de mobilidade urbana (avaliadas pelo tempo de deslocamento) são melhores para a Classe E que para as C e D. E esta última, normalmente, apresenta resultados mais positivos que a Classe C, que poderia indicar uma relação inversa, mas a situação mais confortável é apresentada pela Classe AB, que apresenta patamares de mobilidade urbana superior à Classe E, em todos os anos. A condição mais favorável da Classe AB pode ser decorrente do maior uso de automóvel, pois podemos supor que esse segmento social são os que têm condições de utilizar veículos automotores próprios. Por outro lado, a condição favorável da Classe E (em relação à C e D) pode decorrer da sua proximidade com o local de trabalho. De todo modo, podemos perceber também que houve piora na mobilidade urbana para todas as classes de renda ao longo do período analisado, pois mais pessoas passaram a realizar o deslocamento casa-trabalho por mais de 1 hora. Isso reforça mais uma vez que a condição de mobilidade urbana, pelo menos quando avaliada pelo tempo de deslocamento, não está relacionada com as classes de renda. É um problema que envolve a todos os segmentos sociais. Essa comparação do IBEU e dos indicadores que o compõe entre as classes de renda serviu para percebermos as diferenças evolutivas para os segmentos de renda diferentes. No entanto, é importante também percebermos o comportamento evolutivo para cada uma das classes de renda, comparando o IBEU com cada um de seus indicadores. Podemos observar que a Classe AB apresentou os maiores resultados em todos os indicadores que compõem o Índice de Bem-Estar Urbano e, por isso, possui o maior IBEU quando

comparada com as demais classes de renda. Mesmo assim, verificamos que houve redução do IBEU, apesar de pequena, entre os anos de 2001 e 2009. Essa redução pode ser observada pela diminuição no atendimento de serviços coletivos e, sobretudo, na mobilidade urbana, pois o indicador de condições habitacionais praticamente não se alterou. A Classe C, que apresentou crescimento do IBEU ao longo da década, teve aumento nos indicadores de atendimento de serviços coletivos e de condições habitacionais. No indicador de mobilidade urbana apresentou redução, mas não o suficiente para impedir o crescimento do Índice de Bem-Estar Urbano no período analisado. Vale ressaltar, novamente, que foi incorporado uma parcela maior de pessoas à esta Classe de renda. A Classe D apresentou comportamento muito semelhante à Classe C: aumento do IBEU, provocado pela melhoria do atendimento dos serviços coletivos e pelas condições habitacionais, mesmo com piora na mobilidade urbana. A diferença com a Classe C é que a Classe D apresentou redução do seu contingente populacional. A Classe E foi a que mais apresentou resultados negativos nesse período: teve redução do IBEU, provocado tanto pela piora do atendimento de serviços coletivos quanto pela piora da mobilidade urbana. O indicador de condições habitacionais apresentou melhoria, mas muito pequena, incapaz que reverter o resultado geral do bem-estar urbano. Referências Bibliográficas RIBEIRO, Luiz Cesar de Queiroz (Coord.). Índice de Bem-Estar Urbano. Rio de Janeiro: Observatório das Metrópoles, 2010. NERI, Marcelo. A nova classe média. Rio de Janeiro: FGV/IBRE, CPS, 2008. VALLE SILVA, Nelson do. Os rendimentos pessoais. In: HASENVALG, Carlos & VALLE SILVA, Nelson do. Origens e Destinos: desigualdades sociais ao longo da vida. Rio de Janeiro: TOPBOOKS Editora, 2003.