LEVANTAMENTO DA VEGETAÇÃO ARBÓREA DOS REMANESCENTES NATURAIS DA ARAUPEL S/A, QUEDAS DO IGUAÇU-PR

Documentos relacionados
CONSULTA PÚBLICA SOBRE ÁREAS DE ALTO VALOR DE CONSERVAÇÃO

Pregão Eletrônico nº 15/ OBJETO: ADM. CENTRAL - Aquisição de mudas de espécies nativas.

ESTRUTURA E DIVERSIDADE ARBÓREA EM FRAGMENTO FLORESTAL NO SALTO DO RIO CHOPIM, SÃO JORGE D OESTE - PARANÁ, BRASIL

Resultados Preliminares das Unidades Amostrais medidas em Palma Sola. Inventário Florístico Florestal dos Remanescentes Florestais

LEVANTAMENTO FLORÍSTICO E MAPEAMENTO DO ARBORETO DA UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ, CÂMPUS DOIS VIZINHOS

Anais do II Seminário de Atualização Florestal e XI Semana de Estudos Florestais

FITOSSOCIOLOGIA DE FRAGMENTOS FLORESTAIS DE DIFERENTES IDADES EM DOIS VIZINHOS, PR, BRASIL

TERMO DE COOPERAÇÃO. C Não é necessário ser uma muda de árvore, pode-se adotar uma já existente na calçada em frente a sua casa.

Eixo Temático: Inovação e Sustentabilidade em Diferentes Setores

CRESCIMENTO DIAMÉTRICO MÉDIO E ACELERADO DE ESPÉCIES ARBÓREAS EM UM FRAGMENTO DE FLORESTA OMBRÓFILA MISTA

CONHECER PARA CONSERVAR: UMA PARCERIA ENTRE A UNIVERSIDADE E A SOCIEDADE

FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA DA REGENERAÇÃO NATURAL EM UM REMANESCENTE DE FLORESTA OMBRÓFILA MISTA NO RIO GRANDE DO SUL

ANACARDIACEAE Lithraea brasiliensis (aroeira-brava) ANACARDIACEAE Schinus molle (aroeira-salso) ANACARDIACEAE Schinus polygamus (assobiadeira)

CONCORRÊNCIA COPEL SAF/ DPQM 003 / 2013

Regeneração natural de Floresta Ombrófila Mista em Sistema Faxinal no Município de Rebouças-PR Jey Marinho de Albuquerque 1

Palavras-chave: regeneração natural, biodiversidade, plantios florestais, fitossociologia, classes de altura, aspectos ecológicos

AVALIAÇÃO DE ÁREAS DE ALTO VALOR DE CONSERVAÇÃO NAS FAZENDAS BARRA LONGA E CANHAMBOLA

ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E DA ESTRUTURA HORIZONTAL DE UMA FLORESTA OMBRÓFILA MISTA MONTANA, MUNICÍPIO DE IRATI, PR BRASIL

CAPACIDADE REGENERATIVA DE UM REMANESCENTE FLORESTAL LOCALIZADO NA ÁREA URBANA DE CAMPO MOURÃO - PR. Janaina de Melo Franco 1

Resumo. Abstract. Geniane Schneider 1 * Fernando Souza Rocha 2

ANÁLISE DA ESTRUTURA HORIZONTAL DE UM FRAGMENTO DE FLORESTA OMBRÓFILA MISTA EM FAZENDA RIO GRANDE-PR, NO PERÍODO DE 2000 A 2009

LEVANTAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO NO MUNICÍPIO DE PRUDENTÓPOLIS

9. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1

Experiências em Recuperação Ambiental. Código Florestal. Plantio de Enriquecimento em Linhas em Área de Cerradão, Assis, SP

Análise fitossociológica de um fragmento de floresta estacional decidual no município de Jaguari, RS

GUAJUVIRA. e schwarzhertz, palavra derivada de schwarz=preto ehertz=coração. Ou seja: coração preto, em alusão ao cerne de cor escura da madeira

Caracterização florística e estrutura fitossociológica das espécies arbóreas da Floresta Nacional do Açungui, Campo Largo - PR

Análise florística e estrutura fitossociológica de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista no município de Sertão - RS

OCORRÊNCIA E EVOLUÇÃO DA SOBREVIVÊNCIA E TORTUOSIDADE DO TRONCO DE ESPÉCIES NATIVAS PLANTADAS EM DOIS VIZINHOS - PARANÁ

Análise fitossociológica de um fragmento de Floresta Estacional Decidual: Parque Estadual do Turvo, RS

Ciência Florestal ISSN: Universidade Federal de Santa Maria Brasil

CARACTERIZAÇÃO DA COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRUTURA DE UMA FLORESTA OMBRÓFILA MISTA, NO MUNICÍPIO DE GENERAL CARNEIRO (PR)

campus foi agravada, com a barragem do Arroio Geografia para a construção de um açude.

BIODIVERSIDADE E ESTRUTURA ARBÓREA DO ESTRATO REGENERANTE EM UM POVOAMENTO DE Eucalyptus spp - COLINA, SP

Ciência e Natura ISSN: Universidade Federal de Santa Maria Brasil

ANÁLISE ESTRUTURAL DA COMUNIDADE ARBÓREA DA MATA CILIAR DE TRÊS CURSOS D ÁGUA EM PROPRIEDADES PRODUTORAS DE LEITE DO VALE DO TAQUARI, RS

Espécies lenhosas em uma área de contato entre a floresta ombrófila mista e a floresta estacional semidecidual no município de Cantagalo PR

Análise dos padrões florísticos e estruturais da comunidade arbórea-arbustiva em gradientes de solo e relevo no rebordo da Serra Geral

Vol. 39, dezembro DOI: /dma.v39i DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE

PRODUÇÃO EM UMA FLORESTA NATURAL EM SANTA MARIA, RS YIELD OF A NATIVE FOREST IN SANTA MARIA, RS STATE

FITOSSOCIOLOGIA DO SUB-BOSQUE DO PARQUE AMBIENTAL RUBENS DALLEGRAVE, IRATI, PR

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

POTENCIAL DE Eucalyptus grandis COMO FACILITADORA DA REGENERAÇÃO NATURAL

EFEITOS DO USO EM SISTEMA FAXINAL NA FLORÍSTICA E ESTRUTURA EM DUAS ÁREAS DA FLORESTA OMBRÓFILA MISTA NO MUNÍCIPIO DE REBOUÇAS, PR

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRUTURA DA FLORESTA SECUNDÁRIA EM UM PERÍMETRO URBANO, BELÉM-PA

CAPÍTULO VII CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DA PRAIA ARTIFICIAL DO MUNICÍPIO DE CRUZEIRO DO IGUAÇU-PR

INVENTÁRIO FLORESTAL NA ÁREA DE INUNDAÇÃO DA UHE BAIXO IGUAÇU

Efeitos de prioridade como ferramenta potencial de metodologias de restauração de ecossistemas brasileiros

REGENERAÇÃO NATURAL DE UM FRAGMENTO DA FLORESTA ESTACIONAL DECIDUAL NA RESERVA BIOLÓGICA DO IBICUÍ- MIRIM (RS)

Caracterização da estrutura e da dinâmica de um remanescente de Floresta com Araucária no Planalto Catarinense

ÍNDICE APRESENTAÇÃO... 3 DEFININDO ÁREAS DE ALTO VALOR DE CONSERVAÇÃO... 3 AVALIAÇÃO... 4 RESULTADO... 5 CONSULTA PÚBLICA... 7 REFERÊNCIAS...

Florística arbórea e arbustiva de um fragmento de Mata Ciliar do arroio Boa Vista, Teutônia, RS, Brasil

Similaridade florística em duas áreas de Cerrado, localizadas no município de Parnarama, Maranhão - Brasil

Localização do Programa na cidade de Vera Cruz- RS

Anexo 19. Nome aceito, Nome correto Astronium graveolens Jacq. Sementes Não Anacardiaceae Schinus terebinthifolius Raddi

DINÂMICA FITOSSOCIOLÓGICA E DE CRESCIMENTO DE UM FRAGMENTO FLORESTAL MANEJADO EM 1993, NO NOROESTE DO RS

Distrito do Ipiranga, São Paulo, SP - BRASIL ÁRVORES do Parque da Independência, São Paulo

Checklist da composição arbustiva-arbórea de uma Floresta Estacional Semidecidual no Distrito de Guaçu, Município de Dourados, MS

Aspectos fitossociológicos de um fragmento da floresta natural de Astronium balansae engl., no município de Bossoroca, RS 1

Caderno de Pesquisa, série Biologia, Volume 26, número 1 FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA NO MORRO DO BOTUCARAÍ, MUNICÍPIO DE CANDELÁRIA, RS BRASIL

ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRUTURA DE UM TRECHO FLORESTAL NA PORÇÃO SUL AMAZÔNICA, QUERÊNCIA MT

Mata Atlântica Floresta Pluvial Tropical. Ecossistemas Brasileiros

LEVANTAMENTO FLORÍSTICO E FITOSSOCIOLÓGICO DE UM REMANESCENTE DE MATA CILIAR NA REGIÃO NORTE DO ESTADO DO PARANÁ, BRASIL

Revista Eletrônica de Biologia

Recebido para publicação em 27/04/2007 e aceito em 10/10/2008.

Brazilian Journal of Biosystems Engineering v. 10(2): , 2016

Revista Eletrônica de Biologia

ESTRUTURA FITOSSOCIOLÓGICA DA VEGETAÇÃO ARBÓREA DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE SANTO ÂNGELO, SANTO ÂNGELO, RS

Atividades de Extensão no Herbário SORO (UFSCar - Campus Sorocaba): a coleção a serviço da comunidade

FITOSSOCIOLOGIA DE FRAGMENTOS DE FLORESTA ESTACIONAL DECIDUAL NO ESTADO DE SANTA CATARINA BRASIL

AULÃO UDESC 2013 GEOGRAFIA DE SANTA CATARINA PROF. ANDRÉ TOMASINI Aula: Aspectos físicos.

Revista de Ciências Agroambientais

LEVANTAMENTO FLORÍSTICO DA MICROBACIA DO CÓRREGO MAMANGABA, MUNICÍPIO DE MUNDO NOVO/MS.

IDENTIFICAÇÃO DE ÁRVORES NATIVAS DA T.I. DE MANGUEIRINHA/PR POR MEIO DE SABERES TRADICIONAIS KAINGANG

PESQUISA EM ANDAMENTO

ESTRUTURA E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS ESPÉCIES DE UM FRAGMENTO DE FLORESTA ALUVIAL EM REGENERAÇÃO

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DE UMA ÁREA DE FLORESTA ATLÂNTICA LOCALIZADA EM SAPEAÇU BA

FITOSSOCIOLOGIA DO CRIADOURO COMUNITÁRIO DO FAXINAL TAQUARI DOS RIBEIRO, RIO AZUL PR

Biomas / Ecossistemas brasileiros

Ciência Florestal, Santa Maria, v. 10, n. 2, p ISSN

Experiências em Recuperação Ambiental. Código Florestal. Proteção e restauração ecológica de nascentes utilizando talhão facilitador diversificado

Alterações florísticas e estruturais em um fragmento de floresta ombrófila mista no planalto norte catarinense

Fitossociologia e estrutura de um fragmento de Floresta Estacional Decidual Aluvial em Santa Maria - RS

CARACTERIZAÇÃO DA REGENERAÇÃO NATURAL DE UMA ÁREA DE MATA CILIAR DO RIO AMAMBAI, MUNICÍPIO DE AMAMBAI, MS

Estrutura e composição florística de cinco áreas de caíva no Planalto Norte de Santa Catarina

A FAMÍLIA FABACEAE NAS FLORESTAS ESTACIONAIS SEMIDECIDUAIS DO TRIÂNGULO MINEIRO

4. Aspectos bióticos: a flora da bacia hidrográfica 4.1 Descrição da cobertura arbórea da bacia

O presente estudo foi realizado em um remanescente de Floresta Ombrófila Mista (Capão

Avaliação florística e estrutural da floresta de conservação de solo e água da Empresa Florestal Integral Guanacahabibes, Cuba

PRODUÇÃO DE UMA FLORESTA NATURAL EM SANTA MARIA, RS

DIVERSIDADE E ESTRUTURA DE ESPÉCIES ARBÓREAS EM ÁREA ALAGÁVEL DO MUNICÍPIO DE LONDRINA, SUL DO BRASIL 1

Espécies florestais nativas promissoras e modelos de sistemas de produção. Daniel Piotto, Ph.D Laboratório de Dendrologia e Silvicultura Tropical

TERMO DE REFERÊNCIA ANEXO III INFORMAÇÕES, ESPECIFICAÇÕES E CRITÉRIOS TÉCNICOS REFERENTES A ETAPA 3. REVEGETAÇÃO DE FAIXA MARGINAL DE PROTEÇÃO

Flora arbórea de Porto Alegre. Paulo Brack Dep. Botânica Inst. Biociências e GVC - UFRGS

Avaliação da regeneração/rebrota em uma clareira que sofrera exploração ilegal de madeira nativa no município de Segredo, Rio Grande do Sul

ESTRUTURA DA REGENERAÇÃO NATURAL SUJEITA À PECUÁRIA EXTENSIVA NA REGIÃO DE CAÇADOR-SC

LEVANTAMENTO FLORÍSTICO E FITOSSOCIOLÓGICO DE UM REMANESCENTE DE MATA CILIAR NA REGIÃO NORTE DO ESTADO DO PARANÁ, BRASIL (dados preliminares)

Transcrição:

LEVANTAMENTO DA VEGETAÇÃO ARBÓREA DOS REMANESCENTES NATURAIS DA ARAUPEL S/A, QUEDAS DO IGUAÇU-PR Leiliane Klima 1., Letícia Hreçay 1, Mauricio Romero Gorenstein 2, Daniela Aparecida Estevan 2, Paulo Mateus Pompermayer 3 Resumo Este trabalho foi realizado nas propriedades da empresa florestal Araupel S/A, Quedas do Iguaçu, PR. Foram amostrados os indivíduos arbóreos com DAP > 5 cm em 49 parcelas permanentes de 1000 m 2 em 5 diferentes localidades. Foram encontrados 4.091 indivíduos pertencentes a 39 famílias e 98 espécies. Fabaceae, Myrtaceae, Lauraceae, Euphorbiaceae, Bignoniaceae, Meliaceae e Sapindaceae foram as famílias com maior número de espécies, características de Florestal Estacional Semidecidual. As espécies mais abundantes foram Actinostemon concolor, Nectandra megapotamica, Lonchocarpus campestris, Syagrus romanzoffiana, Sebastiania brasiliensis, Diatenoptery sorbifolia e Balfourodendron riedelianum, típicas de florestas estacionais semideciduais e de estágios avançados na sucessão florestal. Os parâmetros estruturais e de diversidade variaram entre as áreas estudadas, sendo o sítio Lambari o de menor estrutura e maior equabilidade e o sítio Despedida o de maior estrutura. Não há muita influência da Floresta Ombrófila mista nesta região. Palavras-chave: Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila Mista, Estágio Avançado de sucessão. Abstract INVENTORY OF TREE VEGETATION AT NATURAL REMANTS OF ARAUPEL S.A., QUEDAS DO IGUAÇU, PR, BRAZIL.This work was carried on the properties of the forest company Araupel S/A, Quedas do Iguaçu, PR. We sampled trees with DBH> 5 cm in 49 permanent plots of 1000 m2 in five different locations. There were 4,091 individuals from 39 families and 98 species. Fabaceae, Myrtaceae, Lauraceae, Euphorbiaceae, Bignoniaceae, Sapindaceae and Meliaceae were the families with most species, characteristics of semideciduous forest. The most abundant species were Actinostemon concolor, Nectandra megapotamica Lonchocarpus campestris, Syagrus romanzoffiana, Sebastiana brasiliensis, Diatenoptery. sorbifolia and Balfourodendron riedelianum typical of semideciduous forests and advanced stages of forest succession. The structural parameters and diversity varied among the areas studied, and the site Lambari showed less structure and more evenness and Despedida to the larger structure. There is little influence of ombrophilous mixed rain forest in this region. Keywords: semideciduous Forest, Ombrophilous Mixed Forest, Advanced sucessional stagium INTRODUÇÃO O bioma Mata Atlântica é considerado um dos 25 hotspots, devido à elevada biodiversidade (1 a 8% da biosfera) alta proporção de espécies endêmicas (40%), muitas ameaçadas de extinção (MYERS et al., 2000). No Brasil,v restam apenas 7-8% da vegetação original neste bioma (GALINDO-LEAL; CÂMARA, 2005). É tida como uma das cinco áreas mais preocupantes para a conservação no Neotrópico (GRADSTEIN; RAEYMAEKERS, 2000). Na Mata Atlântica, dentre as subformações sobressaem-se as áreas interioranas das regiões sul e sudeste, onde se encontram a Floresta Estacional Semidecidual (FES) e Floresta Ombrófila Mista (FOM) (VIANI et. al., 2011). Porém, estas duas formações, no estado do Paraná, compõem um ecótono, ou seja, uma região de transição entre os remanescentes, dentre o qual representa uma gradação da estrutura e composição da floresta, de maneira suposta, condicionada pelo clima e também influenciada pela latitude e altitude. Assim como as áreas de FES e FOM, essas regiões de transição também foram afetadas pela expansão agrícola e encontram-se severamente ameaçadas pelo pequeno tamanho e acentuado nível de isolamento dos fragmentos florestais remanescentes, pela escassez de áreas protegidas e pela forte pressão antropogênica. A Floresta Estacional Semidecidual distribui-se numa faixa vasta de latitude, encontrada também em porções do Paraguai e da Argentina e em todas as regiões do Brasil, com exceção da região Norte. A ocorrência e formação deste tipo de floresta está sob condições de uma dupla estacionalidade climática, sendo caracterizada por 1 Acadêmicos do curso de Engenharia Florestal, Campus Dois Vizinhos e-mail: leili @hotmail.com; lleticiah@hotmail.com. 2 Professores da UTFPR, Campus Dois Vizinhos e-mail: mauriciorg@utfpr.edu.br; danielaaestevan@utfpr.edu.br. 3 Engenheiro Florestal, Araupel S/A email:pompermayer@araupel.com.br

uma estação mais seca no inverno, quando a maioria das árvores que constituem o dossel perdem suas folhas (VELOSO, 1992a). A Floresta Estacional Semidecidual é distribuída ao longo da fronteira com os estados do Mato Grosso do Sul e São Paulo, acompanhando em grande parte o sistema hidrográfico do rio Paraná, sendo a formação característica do Norte, Noroeste e Oeste do estado. Aspidosperma polyneuron Müll. Arg., Peroba-rosa é uma espécie que se destaca como típica desta formação (SÁ, 2004). A ocorrência de Floresta Ombrófila Densa ou Mata de Araucária se dá em áreas frias e altas do Planalto Meridional da região Sul e da Província de Missiones na Argentina. Caracteriza-se pela presença do Pinheiro-do- Paraná - Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze -, presença de erva-mate - Ilex paraguariensis A.St.-Hil. -, além de espécies das famílias Myrtaceae e Lauraceae (VELOSO, 1992b). A FOM é caracterizada por proporcionar três estratos arbóreos distindos, e um estrato arbustivo e um herbáceo. Além de pouca cobertura natural, a região Sudoeste do Paraná carece de estudos de seus remanescentes florestais. Na literatura, dos raríssimos trabalhos encontrados que abordam levantamentos florísticos ou fitossociológicos nessa região, podem-se citar o de Martins et al. (2003) que avaliou o impacto da extração madeireira sobre a composição florística em Quedas do Iguaçu-PR, Pezzato (2004) em Salto Caxias-PR, Carvalho e Bóçon (2004) no Parque Nacional do Iguaçu em Foz do Iguaçu-PR e Valério et al. (2008) em Floresta Ombrófila Mista em Clevelândia-PR. A empresa Araupel S/A possui áreas de preservação permanente, totalizando 3.941,10 ha, áreas de reserva legal com 6.165,70 ha, restando outras áreas de remanescentes florestais com 4.600,67 ha que compõem quase em sua totalidade a área de Reserva Particular do Patrimônio Natural RPPN com 5.151 ha. As florestas possuem valores ambientais e sociais. Para que a floresta seja definida como uma Floresta de Alto Valor de Conservação é necessário que os valores sejam considerados de caráter excepcional ou de importância crítica e que contenham a presença de espécies raras, áreas de recreação, ou recursos coletados por população local (PROFOREST, 2003). Sendo assim, a área de RPPN Corredor do Iguaçu, pertencente à empresa, foi denominada como Floresta de Alto Valor de Conservação devido a sua formação, a qual apresenta nas partes baixas da Floresta Estacional Semidecidual em transição com Floresta Ombrófila Mista nas partes mais altas. Além deste fator, a RPPN trata-se de uma Floresta de Alto Valor de Conservação pela sua diversidade de espécies de fauna, destacando-se na lista de espécies ameaçadas ou em perigo de extinção. A RPPN Corredor do Iguaçu tem como principal objetivo proteger os remanescentes florestais de Mata Atlântica, visando as diferentes interferências que este bioma vem tolerando ao longo dos anos. Devido essa proteção dos recursos florestais, a área de RPPN da empresa somente poderá ser utilizada para o desenvolvimento de atividades de pesquisa científica e educacional. A definição de Floresta de Alto Valor de Conservação (HCVF) foi criada no âmbito da Certificação Florestal, e é aplicável em todos os tipos de habitats e ecossistemas. Para que a obtenção de Floresta de Alto Valor de Conservação é necessária à identificação dos atributos de Alto Valor de Conservação, os quais devem ser mantidos ou aumentados. Inicialmente a consideração de HCVF, desenvolveu-se pelo Forest Stewardship Council (FSC) para ser empregado na certificação do manejo de áreas florestais. Estes atributos são divididos em seis, segundo o Proforest (2003), sendo definidos como: HCV1 - Áreas nas quais se encontra uma concentração significativa de valores de biodiversidade global, regional ou nacional. (Ex: endemismos, espécies ameaçadas, áreas protegidas). HCV2 - Áreas florestais extensas, ao nível da paisagem, com relevância global, regional ou nacional, onde ocorrem, em padrões naturais de distribuição e abundância, populações viáveis da maioria, ou de todas as espécies (Ex: áreas de montado com presença de aves rapina e outras espécies características). HCV3 - Áreas incluídas ou que contêm ecossistemas raros, ameaçados ou em perigo de extinção. (Ex: fragmentos de um tipo regional raro de floresta alagada por água doce em um distrito costeiro australiano.) HCV4 - Áreas que fornecem serviços ambientais básicos em situações críticas (ex.: proteção de bacias hidrográficas, controle de erosão e conservação do solo). HCV5 - Áreas essenciais para suprir as necessidades básicas de comunidades locais (ex: subsistência, saúde) HCV6 - Áreas críticas para a identidade cultural tradicional de comunidades locais (áreas de importância cultural, ecológica, econômica ou religiosa, identificadas em conjunto com estas comunidades). A certificação funciona como uma forma de estratégia para o mercado. Deste modo a criação de manejo de áreas florestais funciona como uma filosofia do desenvolvimento sustentável. Porém, surge como solução para gerar uma melhoria na gestão florestal (BORSATO; FARIA, 2007). Com o passar do tempo houve um crescimento de estudos das florestas tropicais, se referindo não apenas a descrição da composição florística, além dessa, a estrutura e caracterização fitossociológica e estudos sobre o estágio sucessional, buscando assim, entender a dinâmica dos ecossistemas. Segundo Vaccaro (2002) o estágio sucessional das florestas, é definido como um fenômeno o qual, abrange gradativas variações na composição especifica e na estrutura da comunidade, sendo que as mudanças nesses ecossistemas são bastante lentas, assim a comunidade resultante é denominada de clímax. 2

Geralmente, os inventários das árvores em estágios de regeneração, inferiores a 5 cm de DAP, não são realizados. Todavia, esses estudos são de fundamental importância no entendimento de como a floresta está se desenvolvendo (GÓMEZ-POMPA; WIECHERS, 1976). O objetivo deste trabalho é realizar um diagnóstico da vegetação arbórea dos remanescentes florestais da empresa Araupel S/A, localizada no município de Quedas do Iguaçu PR. MATERIAL E MÉTODOS O presente estudo foi realizado nas áreas pertencentes à Araupel S/A, localizada no município de Quedas do Iguaçu PR. Nas propriedades foram escolhidas cinco áreas para a caracterização florística da vegetação nativa. A Fazenda Rio das Cobras, com a maior parte das áreas estudadas possui coordenadas 25º28 48 S e 52º51 57 W. Está em uma área contínua de floresta nativa e faz divisas com plantios de Pinus spp., Araucaria angustifolia e Eucalyptus spp. da própria empresa e áreas vizinhas com grande cobertura florestal natural. Segundo a classificação de Köppen, o clima é subtropical úmido mesotérmico (Cfa). Apresenta verões quentes e geadas pouco freqüentes, tendo uma tendência de concentração das chuvas nos meses de verão. As temperaturas variam entre 18 C a 22 C e não apresenta estação seca definida. O solo predominante na região é o Latossolo Roxo. A área apresenta geologia de basaltos, com solos rasos e terreno íngreme. Para a escolha da localização das parcelas amostrais utilizou-se um mapa das áreas. Foram instaladas parcelas de 10m x100m (1000m 2 ) de modo a cobrir grande parte da área de estudo, totalizando 49 parcelas. Para facilitar o trabalho, cada parcela foi divida em 10 subparcelas de 10 x 10m (100m 2 ) e a locação feita por transecto no centro da parcela, ou seja, distanciando 5m das bordas laterais. Nas parcelas de 1.000m 2 foram amostrados os indivíduos arbóreos com DAP > 5 cm. Para o estudo de regeneração, considerados os indivíduos menores que 5 cm e maiores que 1 cm de DAP, foram instaladas parcelas em faixas de 1m x 10m (10m 2 ) nas subparcelas de 10m x 10m. Utilizaram-se bússolas, trenas e balizas para que a locação correta das parcelas. Todas as parcelas foram monumentadas no campo e tiveram suas coordenadas geográficas coletadas por GPS. Após o procedimento de instalação das parcelas, os indivíduos com diâmetro a altura do peito (DAP) 5cm foram medidos com auxilio de uma fita métrica, identificados com o auxilio dos mateiros que acompanharam o estudo e em seguida, plaqueados com arames de aço galvanizado. A altura foi determinada visualmente pelo estrato vertical, divididos em estrato inferior (até 10m), médio (de 10 a 20m) e superior (superior a 20m). Posteriormente, o material botânico coletado e herborizado foi identificado através de comparação com bibliografia especializada, e organizado conforme o sistema de classificação botânica APG III (2009), tal material foi catalogado e encontra-se nas dependências do herbário da UTFPR, localizado no município de Dois Vizinhos PR. A estrutura da vegetação foi avaliada através dos parâmetros densidade (número de indivíduos por hectare) e área basal (m 2 por hectare) e a análise de diversidade foi feita através do cálculo dos índices de diversidade de Shannon, equabilidade de Pielou e do número de espécies (riqueza), das cincos áreas pertencentes a Araupel S/A, sendo estas: Fazendinha, Charqueada, Despedida, Lambari, Linha Seca. Foi feita a classificação sucessional das espécies baseada na literatura geral. RESULTADOS E DISCUSSÃO As espécies amostradas estão relacionadas na Tabela 1. Foram levantados no total, 4.091 indivíduos pertencentes 39 famílias e 98 espécies. A área total amostrada foi de 4,9 hectares. No que se refere à distribuição de espécies por família, Fabaceae apresentou 18 espécies, seguida de Myrtaceae com 7, Lauraceae com 6 e Euphorbiaceae com 5 espécies arbóreas. As famílias Bignoniaceae, Meliaceae e Sapindaceae foram amostradas com 4 espécies e Apocynaceae, Salicaceae e Solanaceae com 3 espécies. Dez famílias apresentaram somente 2 espécies e as demais 19 famílias com apenas uma espécies. Era de se esperar um maior número de espécies para as famílias Rutaceae, Anacardiaceae e Asteraceae. Rutaceae possuiu apenas duas espécies nas áreas de estudo. Anarcadiaceae e Asteraceae somente uma espécie. Era de se esperar um maior número de espécies para estas famílias, pois estas famílias são típicas de florestas estacionais semideciduais e geralmente aparecem como as famílias de maior riqueza florística. Dentre as famílias mais ricas, Fabaceae apresentou um elevado número de espécies. A florística das famílias é um indicador que a área em análise tem características de uma Florestal Estacional Semidecidual. Tabela 1: Famílias e espécies amostradas nas áreas estudadas com os nomes populares correspondentes, a categoria sucessional proposta (PI - pioneira; SI - secundária inicial; ST secundária tardia; SB - Subosque) e o número de indivíduos por espécies. Araupel S/A, Quedas do Iguaçu, PR. Table 1: Sampled Families and species at study sites with vernacular names, sucessional status (PI Pioneer, SI Inicial secundary, Tardied, SB understory, and individuals number. 3

Família Nome científico Nome Popular Est. Sucessional N. ind Adoxaceae Sambucus australis Cham. & Schltdl. Sabugueiro ST 9 Anacardiaceae Anacardiaceae sp.1 Ambu ST 7 Annonaceae Ananona crassiflora Mart. Ariticum Preto SI 7 Annonaceae Annona cacans Warm. Ariticum Amarelo SI 19 Apocynaceae Aspidosperma parvifolium A.DC. Guatambu SI 6 Apocynaceae Aspidosperma polyneuron Müll.Arg. Peroba Rosa ST 7 Apocynaceae Tabernaemontana catharinensis DC. Quina PI 45 Aquifoliaceae Ilex paraguariensis A.St.-Hil. Erva Mate ST 2 Aquifoliaceae Ilex theezans Mart. ex Reissek Caúna ST 7 Araucariaceae Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze Araucária SI 3 Arecaceae Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman Jerivá SI/ST 163 Asteraceae Baccharis sp. L. Vassourinha SI 40 Bignoniaceae Handroanthus sp. Pratudo ST 8 Bignoniaceae Handroanthus umbellatus (Sond.) Mattos PI 1 Bignoniaceae Jacaranda micrantha Cham. Caroba PI 6 Bignoniaceae Jacaranda puberula Cham. SI 3 Boraginaceae Cordia americana (L.) Gottschling & J.S.Mill. Guajuvira ST 64 Boraginaceae Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud. Louro Pardo SI 18 Cannabacaeae Celtis iguanea (Jacq.) Sarg. Gurupiá SI 27 Cannabacaeae Trema micrantha (L.) Blume Grandiúva PI 66 Caricaceae Jaracatia spinosa (Aubl.) A. D Jaracatiá SI 6 Celastraceae Maytenus aquifolium Mart. Espinheira Santa SI 34 Elaeocarpaceae Sloanea hirsuta (Schott) Planch. ex Benth. Sapopema ST 2 Actinostemon concolor (Spreng.) Euphorbiaceae Müll.Arg. Laranjeirinha SB 608 Euphorbiaceae Alchornea sp. Sw. Tapiá ST 1 Euphorbiaceae Manihot grahamii Hook. Mandioqueiro SI 2 Euphorbiaceae Sebastiania brasiliensis Spreng. Leiteiro SB 197 Euphorbiaceae Sebastiania commersoniana (Baill.) L.B.Sm. & Downs Branquilho SB 68 Fabaceae Acacia recurva Benth. Nhapindá SB 13 Fabaceae Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Angico Branco SI 12 Fabaceae Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F.Macbr. Grapia ST 15 Fabaceae Bauhinia forficata Link Pata de Vaca ST 16 Fabaceae Calliandra brevipes Benth. Angiquinho Barba de Bode ST 56 Fabaceae Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong Timbaúva ST 1 Fabaceae Erythrina falcata Benth. Corticeira SI 3 Fabaceae Fabaceae sp.1 Timbó ST 1 Fabaceae Gleditsia amorphoides (Griseb.) Taub. Açucareiro ST 9 Fabaceae Holocalyx balansae Micheli Alecrim ST 54 Fabaceae Inga marginata Willd. Ingá SI 15 Fabaceae Lonchocarpus campestris Mart. ex Benth. Rabo de Bugio SI 218 Fabaceae Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. Feijão Cru PI 2 Fabaceae Machaerium paraguariense Hassl. Canela do Brejo SI 20 Fabaceae Machaerium stipitatum (DC.) Vogel Sapulva SI 96 Fabaceae Myrocarpus frondosus Allemão Cabreúva SI 88 Fabaceae Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan Angico Vermelho ST 32 Fabaceae Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. Canafístula SI 3 Lamiaceae Vitex megapotamica (Spreng.) Moldenke Tarumã SI 4 Lauraceae Nectandra lanceolata Nees Canela ST 7 4

Lauraceae Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez Canela Preta ST 357 Lauraceae Ocotea catharinensis Mez Canela Pinho ST 18 Lauraceae Ocotea porosa (Nees & Mart.) Barroso ST 12 Lauraceae Ocotea puberula (Rich.) Nees ST 33 Lauraceae Ocotea pulchella (Nees & Mart.) Mez ST 11 Laxmanniaceae Cordyline spectabilis Kunth & Bouché Varaneira SI 3 Loganiaceae Chorisia speciosa A.St.-Hil. Paineira PI 4 Loganiaceae Strychnos brasiliensis (Spreng.) Mart. Esporão de Galo PI 54 Malvaceae Heliocarpus popayanensis Kunth Pau Jangada PI 25 Malvaceae Luehea divaricata Mart. & Zucc. Açoita Cavalo PI 20 Meliaceae Cabralea canjerana (Vell.) Mart. Canjarana ST 8 Meliaceae Cedrela fissilis Vell. Cedro ST 29 Meliaceae Trichilia catigua A. Juss. Catiguá SB 1 Meliaceae Trichilia elegans A. Juss. Canela de Cotia SB 117 Moraceae Ficus sp. Figueira PI 1 Moraceae Sorocea bonplandii (Baill.) W.C.Burger et al. Falsa Espinheira Santa SB 70 Myrcinaceae Myrsine sp. Pororoca SI 26 Myrtaceae Campomanesia guazumifolia (Cambess.) O.Berg Sete Capote SI 13 Myrtaceae Campomanesia xanthocarpa (Mart.) O.Berg Guabiroba SI 39 Myrtaceae Desconhecida Desconhecida 7 Myrtaceae Eugenia involucrata DC. Ameixa do Mato SB 2 Myrtaceae Eugenia uniflora L. Pitanga ST 11 Myrtaceae Eugenia pyriformis Cambess. Uvaia SI 3 Myrtaceae Psidium araca Raddi Araçá SI 52 Nyctaginaceae Guapira opposita (Vell.) Reitz PI 1 Nyctaginaceae Ruprechtia laxiflora Meisn. Marmeleiro SI 9 Proteaceae Roupala brasiliensis Klotzsch Carvalho SB 1 Rosaceae Prunus myrtifolia (L.) Pessegueiro Bravo SI 53 Rubiaceae Borreria verticillata (L.) G.Mey. PI 3 Rubiaceae Randia armata (Sw.) DC. Limão do Mato SB 133 Rutaceae Balfourodendron riedelianum (Engl.) Engl. Pau Marfim SI 107 Rutaceae Zanthoxylum caribaeum Lam. Mamica de Cadela SI 9 Salicaceae Banara tomentosa Clos Guaçatunga Amarela SI 68 Salicaceae Casearia decandra Jacq. Chá de Bugre SI 11 Salicaceae Casearia sylvestris Sw. Guaçatunga Preta ST 6 Sapindaceae Allophylus edulis (A.St.-Hil. et al.) Hieron. ex Niederl. Vacum SB 109 Sapindaceae Cupania vernalis Cambess. Miguel Pintado ST 80 Sapindaceae Diatenopteryx sorbifolia Radlk. Maria Preta ST 148 Sapindaceae Matayba elaeagnoides Radlk. Camboatá SI 101 Sapotaceae Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichler) Xinxo SI 66 Simaroubaceae Picrasma crenata (Vell.) Engl. Tenente José SI 8 Solanaceae Cestrum intermedium Sendtn. Peloteira SI 14 Solanaceae Solanum granuloso-leprosum Dunal Fumo Bravo PI 28 Solanaceae Solanum sp. Desconhecida PI 2 Styracaceae Styrax leprosus Hook. & Arn. Carne de Vaca SI 6 Thymelaeaceae Daphnopsis fasciculata (Meisn.) Nevling Imbira Branca ST 2 Urticaceae Urera baccifera (L.) Gaudich. ex Wedd. Urtigão PI 107 Verbenaceae Aloysia virgata (Ruiz & Pav.) Juss. Quebra Foice SI 12 5

Grande parte das espécies amostradas pertence à classe sucessional das secundárias iniciais ou secundárias tardias, e poucas pioneiras ou de subosque. De forma geral, também as espécie com maior número de indivíduos amostrados são pertencentes aos estágios finais da sucessão, tais como N. megapotamica, A. concolor, D. sorbifolia, R. armata, entre outras. Tal fato indica que as áreas estudadas são florestas maduras em estágio sucessional avançado. A família Arecaceae, foi representada por apenas uma espécie, Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman, destacou-se pelo número de indivíduos amostrados. A alta abundância desta espécie, conhecida popularmente por jerivá ou palmeira, é uma característica comum das florestas neotropicais de baixada com solos ricos e úmidos (EMMONS; GENTRY, 1983). Na Tabela 2 são apresentadas as espécies amostradas de acordo com a área de estudo e o índice quantitativo se refere a densidade relativa em percentagem na área. As espécies foram ranqueadas de modo decrescente pela soma das densidades. Assim, nesta tabela é possível visualizar quais espécies são mais abundantes nestas florestas. Actinostemon concolor foi uma espécie que se apresentaou como abundantes nas 5 áreas de estudo. Nectandra megapotamica ocorreu com alto número de indivíduos em três áreas e foi ausente na fazendinha e Lambari. L. campestris, S. romanzoffiana, S. brasiliensis, D. sorbifolia e B. riedelianum, mostraram-se com densidades relativas altas de modo geral nas 5 áreas amostradas. Tais espécies são típicas de formações maduras, conforme já discutido anteriormente. Tabela 2. Espécies amostradas nas cinco áreas estudadas da empresa Araupel S/A ordenadas pela soma das densidades relativas. Quedas do Iguaçu, PR Table 2. Sampled species at five study sites at Araupel S/A Company ordered by total relative densities. Quedas do Iguaçu, PR. Espécie Despedida Linha Seca Charqueada Fazendinha Lambari Actinostemon concolor (Spreng.) Müll.Arg. 15,67 9,56 19,30 12,50 5,69 Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez 10,11 8,19 12,33 0,00 0,00 Lonchocarpus campestris Mart. ex Benth. 6,35 1,88 5,76 6,03 4,88 Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman 2,02 2,56 5,76 5,59 8,94 Sebastiania brasiliensis Spreng. 5,63 3,07 3,81 6,47 4,88 Diatenopteryx sorbifolia Radlk. 4,26 1,37 3,16 5,29 4,88 Balfourodendron riedelianum (Engl.) Engl. 0,87 2,05 3,89 4,41 3,25 Allophylus edulis (A.St.-Hil. et al.) Hieron. ex Niederl. 2,74 5,46 1,87 1,32 2,44 Machaerium stipitatum (DC.) Vogel 1,23 4,95 2,19 3,09 1,63 Randia armata (Sw.) DC. 5,56 0,00 2,68 0,74 4,07 Urera baccifera (L.) Gaudich. ex Wedd. 2,31 1,88 1,70 5,29 0,81 Nectandra lanceolata Nees 0,00 0,00 0,00 1,03 10,57 Myrocarpus frondosus Allemão 2,09 4,95 1,62 1,18 1,63 Sebastiania commersoniana(baill.) L.B.Sm. & Downs 2,82 1,02 0,57 1,18 5,69 Sorocea bonplandii(baill.) W.C.Burger et al. 0,65 4,61 0,16 4,41 0,81 Matayba elaeagnoides Radlk. 1,01 0,51 5,27 1,91 1,63 Banara tomentosa Clos 0,58 6,48 1,54 0,00 1,63 Trichilia elegans A. Juss. 4,04 1,02 4,30 0,00 0,00 Tabernaemontana catharinensis DC. 1,37 1,37 0,32 1,18 4,88 Cupania vernalis Cambess. 1,88 2,39 3,08 0,00 1,63 Prunus myrtifolia (L.) 1,73 2,05 0,89 0,15 4,07 Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichler) 0,43 4,78 2,51 0,00 0,00 Campomanesia xanthocarpa(mart.) O.Berg 0,94 0,34 0,97 1,03 4,07 Calliandra brevipes Benth. 0,94 0,85 2,43 0,15 2,44 Cordia americana(l.) Gottschling & J.S.Mill. 1,88 0,68 1,62 1,62 0,81 Parapiptadenia rigida(benth.) Brenan 0,65 0,85 0,73 0,29 4,07 Strychnos brasiliensis (Spreng.) Mart. 1,30 3,07 0,73 1,03 0,00 Holocalyx balansae Micheli 1,66 0,51 1,46 1,18 0,81 Baccharis sp. L. 0,36 1,88 0,81 1,62 0,81 Cedrela fissilis Vell. 0,58 0,85 0,49 1,03 2,44 6

Trema micrantha(l.) Blume 3,54 0,00 0,08 1,32 0,00 Ocotea puberula (Rich.) Nees 0,00 0,00 0,00 4,85 0,00 Maytenus aquifolium Mart. 0,14 0,17 0,08 4,26 0,00 Heliocarpus popayanensis Kunth 0,22 3,75 0,00 0,00 0,00 Ocotea catharinensis Mez 0,00 0,00 0,08 2,21 1,63 Celtis iguanea (Jacq.) Sarg. 0,87 0,00 0,08 1,18 1,63 Psidium araca Raddi 3,39 0,17 0,08 0,00 0,00 Myrsine sp. L. 0,72 0,68 0,73 0,15 0,81 Inga marginatawilld. 0,14 0,34 0,49 0,44 1,63 Cordia trichotoma(vell.) Arráb. ex Steud. 0,14 0,51 0,49 0,88 0,81 Machaerium paraguariense Hassl. 0,43 0,85 0,65 0,00 0,81 Solanum granuloso-leprosum Dunal 1,73 0,00 0,08 0,44 0,00 Apuleia leiocarpa(vogel) J.F.Macbr. 0,07 1,71 0,24 0,15 0,00 Eugenia uniflora L. 0,14 0,17 0,08 0,88 0,81 Luehea divaricata Mart. & Zucc. 0,36 0,51 0,32 0,88 0,00 Anadenanthera colubrina(vell.) Brenan 0,22 0,34 0,41 0,15 0,81 Aloysia virgata (Ruiz & Pav.) Juss. 0,00 1,88 0,00 0,00 0,00 Ocotea porosa(nees & Mart.) Barroso 0,00 0,00 0,00 1,76 0,00 Annona cacans Warm. 0,65 0,68 0,41 0,00 0,00 Bauhinia forficatalink 0,36 0,34 0,57 0,29 0,00 Casearia decandrajacq. 0,07 0,00 0,08 1,32 0,00 Ocotea pulchella (Nees & Mart.) Mez 0,14 0,00 0,00 1,32 0,00 Campomanesia guazumifolia(cambess.) O.Berg 0,36 0,17 0,24 0,59 0,00 Handroanthus sp. 0,00 0,85 0,00 0,44 0,00 Cabralea canjerana(vell.) Mart. 0,00 0,17 0,00 1,03 0,00 Acacia recurva Benth. 0,51 0,17 0,32 0,15 0,00 Aspidosperma polyneuron Müll.Arg. 0,00 0,85 0,08 0,15 0,00 Gleditsia amorphoides (Griseb.) Taub. 0,07 0,68 0,32 0,00 0,00 Annona crassiflora Mart. 0,00 0,34 0,00 0,74 0,00 Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze 0,07 0,17 0,00 0,00 0,81 Cestrum intermedium Sendtn. 0,87 0,00 0,16 0,00 0,00 Picrasma crenata(vell.) Engl. 0,07 0,51 0,00 0,44 0,00 Casearia sylvestris Sw. 0,00 1,02 0,00 0,00 0,00 Ilex paraguariensis A.St.-Hil. 0,07 0,00 0,00 0,00 0,81 Zanthoxylum caribaeum Lam. 0,29 0,34 0,24 0,00 0,00 Jaracatia spinosa(aubl.) A. D 0,00 0,34 0,08 0,44 0,00 Styrax leprosus Hook. & Arn. 0,07 0,34 0,00 0,44 0,00 Aspidosperma parvifoliuma.dc. 0,00 0,00 0,08 0,74 0,00 Ruprechtia laxiflorameisn. 0,36 0,00 0,24 0,15 0,00 Chorisia speciosaa.st.-hil. 0,00 0,51 0,00 0,15 0,00 Jacaranda micranthacham. 0,22 0,00 0,08 0,29 0,00 Sambucus australis Cham. & Schltdl. 0,51 0,00 0,08 0,00 0,00 Ilex theezans Mart. ex Reissek 0,22 0,00 0,32 0,00 0,00 Anacardiaceae sp. 0,51 0,00 0,00 0,00 0,00 Borreria verticillata(l.) G.Mey. 0,00 0,00 0,00 0,44 0,00 Jacaranda puberula Cham. 0,00 0,00 0,00 0,44 0,00 Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. 0,00 0,34 0,08 0,00 0,00 Vitex megapotamica (Spreng.) Moldenke 0,14 0,17 0,08 0,00 0,00 Daphnopsis fasciculata (Meisn.) Nevling 0,00 0,34 0,00 0,00 0,00 Erythrina falcata Benth. 0,07 0,17 0,08 0,00 0,00 Eugenia involucrata DC. 0,00 0,17 0,00 0,15 0,00 Eugenia pyriformis Cambess. 0,14 0,17 0,00 0,00 0,00 Solanum sp. 0,00 0,00 0,00 0,29 0,00 Desconhecida 3 0,00 0,00 0,24 0,00 0,00 7

Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. 0,00 0,00 0,08 0,15 0,00 Sloanea hirsuta (Schott) Planch. ex Benth. 0,07 0,00 0,00 0,15 0,00 Desconhecida 2 0,22 0,00 0,00 0,00 0,00 Alchornea sp. Sw. 0,00 0,17 0,00 0,00 0,00 Desconhecida 1 0,00 0,17 0,00 0,00 0,00 Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong 0,00 0,17 0,00 0,00 0,00 Fabaceae sp. 0,00 0,17 0,00 0,00 0,00 Roupala brasiliensis Klotzsch 0,00 0,17 0,00 0,00 0,00 Cordyline spectabilis Kunth & Bouché 0,07 0,00 0,08 0,00 0,00 Manihot grahamii Hook. 0,07 0,00 0,08 0,00 0,00 Handroanthus umbellatus(sond.) Mattos 0,00 0,00 0,00 0,15 0,00 Trichilia catigua A. Juss. 0,00 0,00 0,00 0,15 0,00 Ficus sp. 0,00 0,00 0,08 0,00 0,00 TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 No tocante à estrutura das áreas (Tabela 3), nota-se que o sitio Lambari destoa dos demais por apresentar valores mais baixos tanto para a densidade, área basal e riqueza de espécies. Porém, foi o que apresentou distribuição de abundância mais eqüitativa, e diversidade relativamente alta se comparado às outras áreas. As áreas Despedida e Charqueada apresentaram índices estruturais mais elevados, com elevada riqueza, porém relativamente menores diversidades e equabilidades. A área que apresentou maior diversidade foi a Linha seca, com índice de Shannon de 3,97, elevado para floresta estacional semidecidual. Tabela 3 Índices estuturais e de diversidade das áreas estudadas da empresa Araupel S/A, Quedas do Iguaçu, PR. Table 3 Structural índices and diversity at studied sites at Araupel Company, Quedas do Iguaçu, PR. Despedida Linha Seca Charqueada Fazendinha Lambari Densidade 923 732 948 680 410 (ind.ha -1 ) G (m2.ha -1 ) 28,14 24,14 30,60 25,87 19,13 Riqueza 68 67 66 64 36 Diversidade (H ) 3,38 3,97 3,18 3,50 3,50 Equabilidade (J) 0,80 0,94 0,76 0,84 0,98 CONCLUSÕES As áreas da empresa Araupel S/A apresentam-se em estágio sucessional avançado, com espécies e famílias típicas da fitofisionomia de Florestal Estacional Semidecidual. Algumas áreas apresentam elevada diversidade de espécies, porém reduzida densidade. Não há muita influência da Floresta Ombrófila mista nesta região, pois a Araucária ocorre com muita raridade, assim como espécies típicas desta formação. O número de espécies levantado por toda a área amostrada de aproximadamente 5 hectares não foi muito elevado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORSATO, R., FARIA, A.B. DE C. A Certificação Florestal como um Instrumento da Responsabilidade Social Empresarial In: SEMINÁRIO SOBRE SUSTENTABILIDADE, 2., 2007. Curitiba. Anais... Curitiba: UNIFAE Centro Universitário. p.5, 2007. CARVALHO, J.; BÓÇON, R. Planejamento do traçado de uma trilha interpretativa através da caracterização florística. Revista Floresta. Curitiba. V. 34, n. 1, p. 23-32, 2004. 8

EMMONS, L.H.; GENTRY, A.H. 1983. Tropical forest structure and the distribution of gliding and prehensile tailed vertebrates. Amer. Natur. 121:513-524. GALINDO-LEAL, C.; CÂMARA, I.G.. Status do hotspot Mata Atlântica: uma síntese. Pp. 3-12. In: GALINDO- LEAL, C. & CÂMARA, I.G. (eds.). Mata Atlântica: biodiversidade, ameaças e perspectivas.são Paulo: Fundação SOS Mata Atlântica - Belo Horizonte: Conservação Internacional, 2005. GÓMEZ-POMPA, A.; WIECHERS, B. L. Regeneración de los ecosistemas tropicales y subtropicales. In: GOMÉZ-POMPA, A. et al. (Eds.). Investigaciones sobre la regeneración de selvas altas en Veracruz, México. México: Continental, 1976. p. 11-30. GRADSTEIN, S.R.; RAEYMAEKERS, G. Regional overviews. Tropical America (incl. Mexico). Pp. 38-44. In: HALLINBÄCK, T. & HODGETTS, N. (eds.) Mosses, liverworts and hornworts. Status Survey and Conservation Action Plan for Bryophytes. IUCNSSC Bryophyte Specialist Group. IUCN, Gland, Switzerland and Cambridge, UK, 2000. MARTINS, S.S. Efeitos da exploração madeireira do solo, na florística e na estrutura de uma Floresta Estacional Semidecidual no Sudoeste do Paraná. 1995. Tese (Doutorado em Ciências Florestal) UniversidadeFederal de Viçosa, Viçosa,1995. MARTINS, S. S.; COUTO, L.; MACHADO, C. C.; SOUZA, A. L. Efeito da Exploração Florestal Seletiva em uma Floresta Estacional Semidecidual. Revista Árvore, Viçosa, v. 27, n. 1, p. 65-70, 2003. MYERS N., MITTERMEIER R.A., MITTERMEIER C.G., FONSAECA G.A.B., KENT, J. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature. v. 403, p. 853-858, 2000. PROFOREST. Guia para Florestas de Alto Valor de Conservação. Oxford, 2003. Disponível em: < http://awsassets.panda.org/downloads/hcvf_toolkit_final_portuguese.pdf>. Acesso em: 23/06/2012. SÁ, K. L. V. R. A. Flórula Vascular da Reserva Indígena São Jerônimo, São Jerônimo da Serra - Paraná: Subsídios para Conservação da Vegetação. Campinas: UNICAMP, 2004. 95 f. Dissertação (Mestrado em Biologia Vegetal) - Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas, 2004. PEZZATTO, A.W. Composição Florística e Ciclagem de Macronutrientes em Diferentes Seres Sucessionais nas Margens de Reservatório de Hidrelétrica no Oeste do Paraná. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Paraná. Curitiba. p. 154, 2004. VACCARO, S. Crescimento de uma Floresta Estacional Decidual, em Três Estágios Sucessionais no Município de Santa Tereza, RS, Brasil. Santa Maria: UFSM. 2002. Tese Doutorado Santa Maria, RS, 2002. VALÉRIO, A. F; WATZLAWICK, L. F.; BALBINOT, R. Análise Florística e estrutural do componente arbóreo de um fragmento de Floresta Ombrófila mista em Clevelândia, Sudoeste do Paraná. Revista Acadêmica, Ciências Agrárias Ambientais, Curitiba, v.6, n.2, p. 239-248, 2008. VELOSO, H.P. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. IBGE Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, Rio de Janeiro. 1992. VIANI, R. A. G.; COSTA, J. C.; ROZZA, A. F.; BUFO, L. V. B.; FERREIRA, M. A. P.; OLIVEIRA, A. C. P. Caracterização Florística e Estrutural de Remanescentes Florestais de Quedas do Iguaçu, Sudoeste do Paraná. Biota Neotrop., vol. 11, no. 1. 2011. 9

10