AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE MANGA EM IPAMERI Nei Peixoto 1,4 ; Francisco da Mota Moreira 1,4 ; Josimar Alberto Pereira 2,4 ; Waldivino Gomes Firmino 3,4 1 Pesquisador AGENCIARURAL/UEG 2 Voluntário Iniciação Científica PVIC/UEG 3 Pesquisador UEG 4 Curso de Agronomia, Unidade Universitária de Ipameri, UEG. RESUMO Avaliou-se na área experimental da Universidade Estadual de Goiás, em Ipameri-GO, nove cultivares de manga para produção de frutos. Não houve diferenças significativas entre os tratamentos na primeira observação. A partir da segunda medida foram observadas diferenças significativas entre tratamentos, o que decorreu do desenvolvimento diferenciado entre as cultivares. A cultivar Mallika alcançou o menor porte ao longo do período de observação igualando-se a Amrapali e Apple, enquanto que Roxa Embrapa 141 alcançou o maior porte, igualando-se com Tommy Atkins, Palmer, Alfa Embrapa 142. As cultivares apresentou esse mesmo comportamento, quando se tomou como medida de tamanho da planta, o diâmetro da copa, no final do período de observação. Quanto à produtividade, as cultivares Roxa Embrapa 141 e Palmer superaram as demais. A cultivar Manzanillo apresentou-se com a menos produtiva. As cultivares Roxa Embrapa 141 e Amrapali produziram o maior número de frutos por planta. Já as cultivares Apple, Mallika e Manzanillo apresentaram o menor número de frutos por planta. Os maiores frutos foram obtidos na cultivar Manzanillo, enquanto, a cultivar Amrapali, produziu os menores frutos. Palavras-chaves: Mangifera indica, produtividade, cultivar. Introdução A mangueira Mangifera indica L. pertence à família Anacardiaceae. É originada do sul da Ásia, mais precisamente da Índia, onde há mais de 4000 anos é cultivada, e do arquipélago Malaio, de onde se disseminou por outras partes do mundo, inclusive as
2 Américas. A manga destaca-se como uma fruta de alto valor comercial em muitas regiões do mundo, principalmente as tropicais. Para estas equivale ou até mesmo supera o que a maçã representa para as zonas temperadas. Universalmente considerada uma das mais delicadas frutas do mundo, além de ter o seu valor alimentar reconhecido, a manga é segundo dados da FAO (Organização Mundial Para Agricultura), a quarta fruta dos trópicos a alcançar o mercado internacional, depois da banana, do abacaxi e do abacate, Cunha et al. (1994). Uma das frutas mais populares dos trópicos, a manga pode ser consumida de várias formas, tais como: in natura, sucos, compotas, geléias, gelatinas, sorvetes, doces, etc, constituindo-se em excelente fonte de vitaminas A e C, Cunha et al. (1994). Pelo fato de grande parte da produção de manga estar orientada para a agricultura de subsistência e se destinar ao mercado local, à mangueira é uma planta geralmente pouco valorizada no Brasil. O consumo per capita de manga no país é de 6,8 kg, Cunha et al. (1994). Hoje é cultivada, em pomares domésticos, em todas as regiões brasileiras e, para fins comerciais, principalmente em São Paulo, Minas Gerais e alguns estados da Região Nordeste. A contribuição da Região Centro Oeste no volume comercializado tem sido pequena, mas crescente, sendo o produto destinado, em sua maioria, ao mercado interno de frutos frescos, Manica et. al, (2001). Sua propagação, como a maioria das espécies arbóreas, pode ser feita por sementes e propagação vegetativa, por enxertia, método mais utilizado. As plantas originadas por via sexual, podem ser parecidas com as plantas matrizes, no entanto não apresentam as mesmas características genéticas das plantas de origem, sendo muitas vezes inferiores as suas genitoras, exceto no caso de plantas originárias de sementes poliembriônicas, em que os embriões nucelares produzem plantas geneticamente idênticas à planta matriz (São José & Souza, 1990). Além de outras vantagens, a propagação vegetativa permite a fixação imediata de genótipos superiores que podem atender o mercado, com frutos uniformes. Este trabalho teve como objetivo avaliar nas condições edafoclimáticas de Ipameri, o comportamento de cultivares de manga propagada por enxertia, para produção de frutos frescos.
3 Material e Métodos Implantou-se um experimento de manga na área experimental da Universidade Estadual de Goiás, no município de Ipameri, localizado ao lado da rodovia Lídia Faria, km 1 a 760m de altitude, 17º 13 a 17º 43 de latitude sul e 48º 22 de longitude oeste em solo caracterizado como latossolo vermelho-amarelo, em 09/01/2001. A cultura foi intercalada nos dois primeiros anos, com mamoeiro, plantado no espaçamento de 4,5 x 3,0m. No terceiro ano, após a retirada dos mamoeiros foi cultivado feijão nas entrelinhas. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com 09 tratamentos constituídos por duas cultivares produzidas pela Embrapa (Alfa Embrapa 142 e Roxa Embrapa 141), duas cultivares indianas (Amrapali e Mallika), uma cultivar filipina (Manzanillo) e quatro cultivares norteamericanas (Apple, Palmer, Tommy Atkins e Van Dyke) em três repetições, sendo as parcelas, constituídas de uma fileira simples de quatro plantas, dispostas no espaçamento de 9 x 9m. As covas foram adubadas com cinco litros de esterco de aviário, 50g de FTE BR 12 e 1 kg de superfosfasto simples, misturados ao solo, tendo o cuidado no procedimento da inversão do mesmo no momento de retorno à cova. Em seguida procedeu-se o plantio das mudas oriundas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa-Cerrado). Anualmente têm sido feitas duas adubações em cobertura, de acordo com as exigências da cultura em cada idade. Nos dois primeiros anos o experimento foi irrigado por aspersão convencional. O controle de ervas invasoras é feito, quando necessário, utilizando-se métodos diversos. Basicamente os controles fitossanitários, visaram cochonilhas, antracnose e formigas. Como medidas de crescimento das plantas obtiveram-se dados de altura pela média das plantas da parcela, por ocasião do plantio das mudas e depois aos 250, 500, 750 e 1000 dias depois da primeira medida. Adicionalmente, registrou-se o diâmetro da copa das plantas. No quarto ano, foram avaliados produtividade, número médio de frutos por planta e peso médio de fruto. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. Para a análise dos dados de crescimento, em função do tempo, foi utilizada regressão polinomial. Resultados e Discussão Não houve diferenças significativas entre os tratamentos na primeira observação, quando as alturas das plantas situaram-se dentro da amplitude de 33cm a 54,7cm. A partir da
4 segunda medida foram observadas diferenças significativas entre tratamentos, o que decorreu do desenvolvimento diferenciado entre as cultivares. A cultivar Apple alcançou o menor porte ao longo do período de observação, enquanto que Roxa Embrapa 141 alcançou o maior porte. As cultivares apresentaram a mesma tendência, quando se tomou, como medida de tamanho da planta, o diâmetro da copa, no final do período de observação (Figura). As cultivares Tommy Atkins, Alfa Embrapa 142, Apple, Mallika, e Roxa Embrapa 141 tiveram crescimento uniforme, segundo uma curva linear, ao longo do tempo de observação. As cultivares Amrapali, Palmer e Van Dyke apresentaram crescimento, segundo uma curva quadrática, isto é, apresentaram crescimento mais rápido na fase inicial, tornandose mais lento com o tempo, enquanto que Manzanillo apresentou crescimento, segundo uma curva cúbica, apresentando crescimento mais rápido no início, mais lento na fase mediana, voltando a crescer mais rapidamente na fase final do período de observação (Figura 1). As colheitas iniciaram-se, a partir do terceiro ano, mas de forma muito irregular. Ainda no quarto ano, a irregularidade na produção continuou, mas já foi possível observar diferenças entre as cultivares quanto à produtividade, número médio de frutos por planta e peso médio de frutos (Tabela 1). Quanto à produtividade, as cultivares Roxa Embrapa 141 e Palmer superaram as demais, atingindo acima de dez t/ha de frutos frescos. A cultivar Manzanillo foi a menos produtiva. As cultivares Roxa Embrapa 141 e Amrapali produziram o maior número de frutos por planta, superando Palmer, Tommy Atkins, Alfa Embrapa 142 e Van Dyke que se igualaram estatisticamente. Já as cultivares Apple, Mallika e Manzanillo apresentaram o menor número de frutos por planta. Os maiores frutos foram obtidos na cultivar Manzanillo, mas produziu poucos frutos por planta, desuniformes. A cultivar Amrapali produziu os menores frutos, com excelente sabor, mas com coloração externa esverdeada, quando madura. As cultivares Amrapali e Roxa Embrapa 141, por apresentarem tendência de produzir numerosos frutos por planta, requerem desbaste, com o objetivo de se obter frutos com melhor aceitação comercial.
5 Legenda: T. Atkins y = 0,4646667+0,002098667X, R 2 = 0,99 V. Dyke y = 0,5241905+0,0006171429X, R 2 = 0,9966 Alfa y = 0,5326667+0,001714667X, R 2 = 0,9955 Apple y = 0,178+0,001526667X, R 2 = 0,9526 Amrapali y = 0,3310476+0,0008182857X+0,000000792381X2, R 2 =0,9965 Mallika y = 0,3106667+0,001510667X, R 2 = 0,9896 Manzan. y = 0,3518571-0,000461746+0,000004502857X2-0,000000002257778X3, R 2 = 0,999 Roxa y = 0,5106667+0,002112X, R 2 = 0,9921 Palmer y = 0,2992381+0,00085594286X+0,000001241915X2, R 2 = 0,9970 Fig. 1 Curva de crescimento de mangueira ao longo do tempo. Tabela 1. Produtividade, número médio de frutos por planta, peso médio de frutos na cultura da manga, no final do quarto ano após plantio. Tratamentos Produtividade Nº médio de Peso médio de (t/ha) frutos por planta frutos (g) 1 - Tommy Atinks 7,3647 ab 122,7500 ab 494, 1777 b 2 - Van Dyke 3,4823 ab 81,5000 ab 345,5377 c 3 Alfa (Embrapa 142) 4,0450 ab 91, 7500 ab 356,9477 c 4 - Apple 3,2857 ab 68,3333 b 388,9353 c 5 - Amrapali 5,3817 ab 230,2777a 194,5780 d 6 - Malica 4,0697 ab 66,2500 b 517,9400 b 7 - Manzanillo 1,6120 b 21,8057 b 604,0690a 8 Roxa (Embrapa 141) 10,0893a 236,7500a 347,5237 c 9 - Palmer 10,0407a 162,0277 ab 502,6313 b CV (%) 43,56 45,38 5,86 Médias seguidas com mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
6 Conclusão As cultivares Malika e Amrapali por apresentarem porte baixo, além de excelente qualidade de polpa, podem ser utilizadas na obtenção de novas cultivares. As cultivares Alfa e Roxa, de média estação, além de Palmer, tardia, foram as mais promissoras, quanto à produtividade e características comerciais dos frutos. Referências Bibliográficas CUNHA, G. A. P.; SAMPAIO, J. M. M.; NASCIMENTO, A. S.; FILHO, H. P. S.; MEDINA, V. M. Manga para exportação: aspectos técnicos da produção. Embrapa - SPI, Brasília, DF, p. 09, 1994. MANICA, I.; ICUMA, I. M.; MALAVOLTA, E.; RAMOS, V. H. V.; OLIVEIRA JR, M. E. O.; CUNHA, M. M.; JUNQUEIRA, N. T. V. Tecnologia, Produção, Agroindústria e Exportação de Manga. Porto Alegre: Cinco Continentes, 2001, 617 P. SÃO JOSÉ, A. R.; SOUZA, I. V. B. Manga Produção e Comercialização. Vitória da Conquista-BA. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, DFZ/UESB, 1990. 110p.