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ESTADO DO CEARÁ PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GABINETE DESEMBARGADOR FRANCISCO MARTÔNIO PONTES DE VASCONCELOS

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: DESEMBARGADORA FEDERAL ASSUSETE MAGALHÃES

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

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ACÓRDÃO. Hermann Herschander RELATOR Assinatura Eletrônica

Transcrição:

RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 20.040 - PR (2006/0179939-2) RELATORA : MINISTRA LAURITA VAZ RECORRENTE : ADRIANO ROMERA RECORRENTE : ADRIANE CRISTINE ROMERA DE OLIVEIRA ADVOGADO : LUCIMAR CORONEL VIDAL E OUTRO(S) RECORRIDO : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4A REGIÃO EMENTA RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, FALSIDADE IDEOLÓGICA, LAVAGEM DE DINHEIRO E CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. PENDÊNCIA DE LANÇAMENTO DEFINITIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TRANCAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL EM RELAÇÃO AOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA PELO TRIBUNAL A QUO. ALEGAÇÃO DE FALTA DE JUSTA CAUSA QUANTO AOS CRIMES AUTÔNOMOS. IMPROCEDÊNCIA. RECONHECIMENTO DE CONEXÃO ENTRE OS CRIMES. IMPOSSIBILIDADE. REEXAME DE PROVA INCABÍVEL NA VIA ELEITA. 1. O trancamento de inquérito policial pela via estreita do habeas corpus é medida de exceção, só admissível quando emerge dos autos, de forma inequívoca e sem a necessidade de valoração probatória, a inexistência de autoria por parte do indiciado ou a atipicidade da conduta. 2. Embora a instância ordinária tenha reconhecido que não há justa causa para o inquérito policial relativo ao crime de sonegação tributária quando o suposto crédito fiscal ainda pende de lançamento definitivo, o procedimento investigatório não apura apenas a existência desse crime, mas, também, dos crimes de falsidade ideológica, de lavagem de dinheiro e contra o sistema financeiro nacional. 3. Diante da evidente independência entre os delitos, descabe falar em trancamento do inquérito policial quanto aos crimes autônomos. 4. Reconhecer que os delitos não são autônomos, como pretendem os Recorrentes, porque teriam sido realizados para ocultar ou propiciar um delito contra o sistema tributário nacional, demanda necessariamente revolvimento de todo o conjunto fático-probatório, o que somente poderá ser avaliado durante o regular desenvolvimento da instrução criminal, com o exercício pleno da ampla defesa e do contraditório, impossível, pois, na via estreita do habeas corpus. 5. Recurso desprovido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao recurso. Os Srs. Ministros Arnaldo Esteves Lima, Napoleão Nunes Maia Filho, Jorge Mussi e Felix Fischer votaram com a Sra. Ministra Relatora. Brasília (DF), 18 de dezembro de 2007 (Data do Julgamento) Documento: 748853 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 07/02/2008 Página 1 de 9

MINISTRA LAURITA VAZ Relatora Documento: 748853 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 07/02/2008 Página 2 de 9

RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 20.040 - PR (2006/0179939-2) RELATÓRIO EXMA. SRA. MINISTRA LAURITA VAZ: Trata-se de recurso ordinário em habeas corpus impetrado em favor de ADRIANO ROMERA e ADRIANE CRISTINE ROMERA DE OLIVEIRA, em face de acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região que, denegando a impetração originária, preservou o Inquérito Policial instaurado em desfavor dos ora Recorrentes, em acórdão assim ementado, litteris: "HABEAS CORPUS. INQUÉRITO. TRANCAMENTO. CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. LAVAGEM DE DINHEIRO. FALSIDADE IDEOLÓGICA. ARTIGO 79 DO CP. NÃO APLICÁVEL. ANÁLISE DOS PRESSUPOSTOS DO CONCURSO APARENTE DE NORMAS. INVIABILIDADE. GESTÃO FRAUDULENTA E TEMERÁRIA. ARTIGOS 4º E 25 DA LEI Nº 7.492/86. PARTICIPAÇÃO. COMUNICABILIDADE DAS CIRCUNSTÂNCIAS ELEMENTARES. ARTIGO 30 DO CP. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. REQUISITOS. 1. Não representa qualquer ofensa à decisão proferida em Acórdão anterior desta Corte, relativa tão-somente à prática do crime previsto no artigo 1º, da Lei nº 8.137/90, a continuidade das investigações concernentes a outros delitos, autônomos em relação àquele. 2. O artigo 79 do CPP refere-se à etapa da persecutio in iudicio, sendo descabido cogitar de sua aplicação na fase inquisitorial, quando sequer se identificaram quais infrações foram efetivamente perpetradas. 3. Não há como examinar, pela via estreita do habeas corpus, a presença, ou não, dos pressupostos do concurso aparente de normas penais, uma vez que a mesma exige estudo aprofundado de provas. Também é impossível realizar tal análise quando se trata de procedimento apuratório, ou seja, etapa na qual ainda não foram colhidos todos os elementos formadores da justa causa. 4. O fato de não figurarem os pacientes entre os profissionais elencados no artigo 25 da Lei 7.492/86, de modo algum afasta a necessidade de apurar sua participação em gestão fraudulenta ou temerária de instituição financeira, pois há indícios de que podem ter colaborado com gerentes de agências bancárias em tais práticas, o que tornaria aplicável, em tese, os artigos 29 e 30 do CP, este último autorizador da comunicabilidade das circunstâncias de caráter pessoal, quando elementares ao tipo. 5. Inviável descartar, durante as investigações policiais, a hipótese de perpetração da conduta tipificada no artigo 1º, incisos VI e VII, da Lei nº 9.613/98, se o inquérito objetiva investigar crimes contra o sistema financeiro e de falsidade ideológica supostamente perpetrados por quadrilha ou bando (art. 288 do CP) nos moldes caracterizadores de organização criminosa." (fls. 211/212) Documento: 748853 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 07/02/2008 Página 3 de 9

Informam os autos que os Recorrentes foram indiciados no artigos 4º, caput e parágrafo único, 19 e 20 da Lei n.º 7.492/86, no artigo 1º, VII, da Lei n.º 9.163/98 bem como no art. 299 do Código Penal, em inquérito policial que apurava possível crime contra a ordem tributária previsto no art. 1º da Lei n.º 8.137/90. Em relação aos crimes de sonegação fiscal, face à inexistência de lançamento definitivo do débito tributário, o Juízo de Direito da Vara Federal de Londrina/PR, determinou o trancamento do inquérito policial, decisão foi confirmada pelo Tribunal Regional da 4ª Região, em sede de recurso em sentido estrito interposto pelo Ministério Público. No presente recurso, repisando os argumentos da impetração originária, os Recorrentes defendem que o trancamento das investigações relativas ao crime contra a ordem tributária representa óbice à continuidade do apuratório no que pertine aos demais ilícitos. Afirmam, para tanto, que não existe justa causa para instaurar a investigação quanto aos crimes de falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e contra o sistema financeiro nacional, porque "teriam sido realizados para ocultar ou propiciar um delito contra o sistema tributário nacional, havendo evidente conexão entre tais delitos" (fl. 226). Requerem, assim, o trancamento do inquérito policial. O Ministério Público Federal manifestou-se às fls. 287/297, opinando pelo desprovimento do recurso. É o relatório. Documento: 748853 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 07/02/2008 Página 4 de 9

RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 20.040 - PR (2006/0179939-2) EMENTA RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, FALSIDADE IDEOLÓGICA, LAVAGEM DE DINHEIRO E CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. PENDÊNCIA DE LANÇAMENTO DEFINITIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TRANCAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL EM RELAÇÃO AOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA PELO TRIBUNAL A QUO. ALEGAÇÃO DE FALTA DE JUSTA CAUSA QUANTO AOS CRIMES AUTÔNOMOS. IMPROCEDÊNCIA. RECONHECIMENTO DE CONEXÃO ENTRE OS CRIMES. IMPOSSIBILIDADE. REEXAME DE PROVA INCABÍVEL NA VIA ELEITA. 1. O trancamento de inquérito policial pela via estreita do habeas corpus é medida de exceção, só admissível quando emerge dos autos, de forma inequívoca e sem a necessidade de valoração probatória, a inexistência de autoria por parte do indiciado ou a atipicidade da conduta. 2. Embora a instância ordinária tenha reconhecido que não há justa causa para o inquérito policial relativo ao crime de sonegação tributária quando o suposto crédito fiscal ainda pende de lançamento definitivo, o procedimento investigatório não apura apenas a existência desse crime, mas, também, dos crimes de falsidade ideológica, de lavagem de dinheiro e contra o sistema financeiro nacional. 3. Diante da evidente independência entre os delitos, descabe falar em trancamento do inquérito policial quanto aos crimes autônomos. 4. Reconhecer que os delitos não são autônomos, como pretendem os Recorrentes, porque teriam sido realizados para ocultar ou propiciar um delito contra o sistema tributário nacional, demanda necessariamente revolvimento de todo o conjunto fático-probatório, o que somente poderá ser avaliado durante o regular desenvolvimento da instrução criminal, com o exercício pleno da ampla defesa e do contraditório, impossível, pois, na via estreita do habeas corpus. 5. Recurso desprovido. VOTO EXMA. SRA. MINISTRA LAURITA VAZ (RELATORA): O recurso não comporta provimento. Inicialmente, ressalte-se que a teor do entendimento pacífico desta Corte, o trancamento de inquérito policial pela via estreita do habeas corpus é medida de exceção, só admissível quando emerge dos autos, de forma inequívoca e sem a necessidade de valoração probatória, a inexistência de autoria por parte do indiciado ou a atipicidade da conduta. No caso dos autos, o processo administrativo, no qual se imputou a existência de Documento: 748853 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 07/02/2008 Página 5 de 9

débitos tributários, ainda não havia chegado ao seu termo final, quando da instauração do inquérito policial para apurar a prática do suposto delito. Assim, nos termos da jurisprudência dos Tribunais Superiores, a instância ordinária entendeu que não havia justa causa para a instauração de inquérito policial para a apurar a prática do crime contra a ordem tributária, uma vez que, como o suposto crédito fiscal ainda pende de lançamento definitivo, e a inexistência deste impede a configuração do delito. Todavia, embora cabível desconstituir o tipo penal do art. 1º da Lei n.º 8.137/90, quando há discussão administrativa acerca da própria existência do débito fiscal ou do quantum devido, nada impede a configuração, em tese, de outros crimes autônomos, ainda que para o fim de suprimir ou reduzir o recolhimento de tributos. Na espécie, os Recorrentes não são investigados, apenas, pela prática de crimes contra a ordem tributária, como se vê dos termos do acórdão recorrido, litteris : "De fato, ADRIANO e ADRIANE não administram instituição financeira, figurando como dirigentes da empresa SIMBAL SOCIEDADE INDUSTRIAL DE MÓVEIS BANROM LTDA. Entretanto, isso de modo algum afasta a hipótese de restar apurada sua participação nos crimes de gestão fraudulenta ou temerária (art. 4º, 'caput' e parágrafo único do diploma em comento). Conforme noticiou o 'Parquet', há indícios de possíveis irregularidades na movimentação das contas correntes de supostos 'laranjas', em tese utilizadas para perpetrar os ilícitos, talvez com o auxílio de gestores das agências bancárias. A propósito, insta consignar excerto do relato ministerial, com o qual fundou seu pedido de oitiva dos gerentes em questão: 'É de se ressaltar a possível conivência das instituições financeiras responsáveis pela abertura e acompanhamento (...) das referidas contas correntes, sabidamente sem condições de manter vultosa movimentação financeira, muito menos as operações que foram feitas, fatos que poderiam caracterizar atos de gestão fraudulenta e temerária, ou ainda ilícitos dos artigos 19 e 20 da Lei nº 7.492/86, que porventura venham a ser identificados.' (fl. 160). [...] In casu', o inquérito atacado destina-se a investigar possível prática não apenas de sonegação fiscal, mas também de falsidade ideológica, perpetrada por grupo de pessoas coordenadas em vínculo associativo nos termos do artigo 288 do Código Penal. Desse conluio, participariam não só os proprietários da empresa SIMBAL, mas também 'laranjas' e, segundo pretende apurar o Ministério Público, possíveis gestores de agências bancárias. Ademais, conforme já ressaltado, não há como afastar, 'prima facie', além da formação de organização criminosa, também a prática de crime contra o sistema financeiro nacional. Portanto, num exame perfunctório, mostra-se inviável descartar a hipótese de perpetração da Documento: 748853 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 07/02/2008 Página 6 de 9

conduta tipificada no artigo 1º, incisos VI e VII, da Lei nº 9.613/98." (fls. 207/208) Assim, diante da evidente independência entre os delitos, descabe falar em trancamento do inquérito policial quanto aos crimes autônomos, tão-somente porque a instância originária reconheceu que não há justa causa para a instauração de inquérito policial para apurar crime de sonegação tributária quando o suposto crédito fiscal ainda pende de lançamento definitivo. Tribunal Federal: Corrobora, a respeito desse entendimento o seguinte precedente do Supremo "HABEAS CORPUS. PACIENTE DENUNCIADO POR INFRAÇÃO AO ART. 1º, INCISO II, DA LEI Nº 8.137/90 E ART. 288 DO CP. ALEGADA NECESSIDADE DE EXAURIMENTO DA VIA ADMINISTRATIVA PARA INSTAURAÇÃO DA AÇÃO PENAL, SEM O QUE NÃO ESTARIA COMPROVADA A REDUÇÃO OU SUPRESSÃO DO TRIBUTO E, POR CONSEGUINTE, TAMBÉM REVELARIA A INSUBSISTÊNCIA DO DELITO DE QUADRILHA. PEDIDO DE TRANCAMENTO DO PROCESSO. [...] Denúncia, entretanto, que não se limita à hipótese comum de crime contra a ordem tributária, imputando aos denunciados a criação de uma organização, especificamente voltada para a sonegação fiscal, narrando fatos outros como a criação de empresas fantasmas, utilização de "laranjas", declaração de endereços inexistentes ou indicação de endereços iguais para firmas diversas, alterações freqüentes na constituição social das empresas, inclusive com sucessões em firmas estrangeiras, nos chamados "paraísos fiscais" (supostamente para dificultar a localização de seus responsáveis legais), emissão de notas fiscais e faturas para fornecer aparência de legalidade, entre outras coisas. Fatos que, se comprovados, configuram, entre outras, a conduta descrita no delito de quadrilha, que aí não poderia ser considerada meio necessário para a prática do crime tributário, a ponto de estar absorvida por ele, mesmo porque a consumação daquele delito independe da prática dos crimes que levaram os agentes a se associarem. Impossibilidade de trancamento da ação penal quanto ao crime tipificado no art. 288 do CP, tampouco quanto a outros delitos formais e autônomos que eventualmente se possa extrair dos fatos narrados na denúncia, dos quais foi possível aos acusados se defenderem. Habeas corpus deferido em parte." (HC 84423/RJ, 1ª Turma, Rel. Min. CARLOS BRITTO, DJ de 24/09/2004, grifei.) De outro lado, vê-se que os Recorrentes pretendem, na verdade, demonstrar que os delitos não são autônomos, porque teriam sido realizados para ocultar ou propiciar os delitos contra o sistema tributário nacional, o que obstaria a continuidade das investigações destinadas a Documento: 748853 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 07/02/2008 Página 7 de 9

apurar esses últimos, com apoio no que determina o artigo 79 do Código de Processo Penal. Todavia, reconhecer a conexão entre os delitos demanda necessariamente revolvimento de todo o conjunto fático-probatório, o que somente poderá ser avaliado durante o regular desenvolvimento da instrução criminal, com o exercício pleno da ampla defesa e do contraditório, impossível, pois, na via estreita do habeas corpus. Sobretudo porque, com bem ressaltou o parecer do Ministério Público Federal, "a Corte Regional - à vista do material probatório - posicionou-se expressamente no sentido de que os delitos objeto de investigação na via do inquérito são autônomos em relação aos delitos tributários" (fl. 289). Nesse sentido: "PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 171, 3º, 288, 299, 312 e 317, TODOS DO CÓDIGO PENAL. TRANCAMENTO DE INQUÉRITO. FALTA DE JUSTA CAUSA. IMPOSSIBILIDADE. I - O trancamento de inquérito, conquanto possível, cabe apenas nas hipóteses excepcionais em que, prima facie, mostra-se evidente a atipicidade do fato ou a inexistência de autoria por parte do indiciado, não sendo cabível quando há apuração plausível de conduta que, em tese, constitui prática de crime, como ocorreu na espécie. (Precedentes). II - In casu, a verificação das teses levantadas pelo impetrante, demandaria, necessariamente, o amplo revolvimento do material fático-probatório o que, nesta estreita via, mostra-se inviável. (Precedentes). Ordem denegada." (HC 55.197/DF, 5ª Turma, Rel. Ministro FELIX FISCHER, DJ de 04/12/2006.) Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso. É o voto. MINISTRA LAURITA VAZ Relatora Documento: 748853 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 07/02/2008 Página 8 de 9

CERTIDÃO DE JULGAMENTO QUINTA TURMA Número Registro: 2006/0179939-2 RHC 20040 / PR MATÉRIA CRIMINAL Números Origem: 200370010052310 200570000252372 200604000131716 EM MESA JULGADO: 18/12/2007 Relatora Exma. Sra. Ministra LAURITA VAZ Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA Subprocuradora-Geral da República Exma. Sra. Dra. DELZA CURVELLO ROCHA Secretário Bel. LAURO ROCHA REIS AUTUAÇÃO RECORRENTE : ADRIANO ROMERA RECORRENTE : ADRIANE CRISTINE ROMERA DE OLIVEIRA ADVOGADO : LUCIMAR CORONEL VIDAL E OUTRO(S) RECORRIDO : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4A REGIÃO ASSUNTO: Inquérito Policial CERTIDÃO Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso." Os Srs. Ministros Arnaldo Esteves Lima, Napoleão Nunes Maia Filho, Jorge Mussi e Felix Fischer votaram com a Sra. Ministra Relatora. Brasília, 18 de dezembro de 2007 LAURO ROCHA REIS Secretário Documento: 748853 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 07/02/2008 Página 9 de 9