II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ Levantamento de diagnósticos de enfermagem para o desenvolvimento da sistematização da assistência na saúde da mulher Rita de Cássia Mafaldo Lima Docente do Curso de Enfermagem Unaerp universidade de Ribeirão Preto Campus Guarujá ritacassiaml@yahoo.com.br José Isaias Costa Lima Discente do Curso de Enfermagem Unaerp universidade de Ribeirão Preto Campus Guarujá zabacubati@yahoo.com.br Ana Kelly Discente do Curso de Enfermagem Unaerp universidade de Ribeirão Preto Campus Guarujá Kelly_lua@hotmail.com RESUMO A pesquisa em questão desenvolveu-se na clinica de enfermagem do campus UNAERP Guarujá, uma vez por semana, durante duas horas, no período de fevereiro à julho de 2005. As usuárias foram previamente agendadas para consulta, onde os problemas de saúde eram levantados através do desenvolvimento da sistematização da assistência de enfermagem, que constou de anamnese, exame físico, exame ginecológico com coleta de citologia oncótica, e posteriormente retornos para resultados de exames, orientações e encaminhamentos. Os resultados levantados com os diagnósticos foram descritos em tabelas com comentários posteriores dos resultados e conclusão final. Estas atividades foram desenvolvidas pelos alunos, sob a orientação do professor. a população atendida foi a de mulheres residentes na pedreira, jardim Virgínia III, barreira e imediações do campus UNAERP GUARUJÁ. esta população foi atendida dentro das diretrizes da disciplina de saúde da mulher. Palavras-chaves: Diagnósticos, Enfermagem, resultados Seção 1 Curso de Enfermagem Apresentação: oral 1. INTRODUÇÂO Estudos epidemiológicos sobre o aparecimento de ginecopatias tem relacionado o seu desenvolvimento ao comportamento sexual das mulheres e a transmissão de agentes infecciosos. Porém as más condições de higiene e alimentação, o tabagismo, o início precoce da atividade sexual, a multiplicidade de parceiros, renda familiar, escolaridade e atividade profissional
também favorecem o surgimento deste câncer, além disto temos com fator também fundamental da vida moderna o stress que está relacionado a carga suportável de uma pessoa frente a uma determinada dificuldade, e isto é muito variável de pessoa para pessoa. Estas diferenças dependem de como somos, física e psicologicamente, e pode ter também um componente hereditário importante, porém podem ser modificadas em qualquer fase de nossa vida se adquirirmos ferramentas adequadas. O que geralmente acontece e isto é prejudicial, é que as pessoas permanecem por longo tempo na fase defensiva e de alarme, devido aos problemas do homem moderno como desemprego, sociedade altamente competitiva, valores materialistas, trabalho desmotivante, carências emocionais, falta de apoio, poluição, falta de atividade física, alimentação inadequada e isto pode acarretar diversos problemas de saúde e se não tratarmos estes problemas tendem a se agravar trazendo patologias mais graves como os tumores. No entanto devido a sobreposição desse conjunto de fatores a população mais exposta ao risco concentra - se entre mulheres na faixa etária de 25 a 59 anos com nível sócio econômico menos elevado (Ministério da Saúde; 2000). As taxas de incidência de ginecopatias e tumores são geralmente altas em Países onde a renda familiar apresenta-se insuficiente para suprir suas necessidades básicas. No Brasil a taxa de mortalidade por tumores ginecológicos vem apresentando um contínuo e sustentado aumentado aumento desde de 1979, passando de 3,44 por 100.000 em 1979, 4,45 por 100.000 em 1998, o que representa um aumento de 23% em 10 anos ( Ministério da Saúde; 2000). Este tipo de câncer é de evolução lenta. Entre a fase precursora e o seu desenvolvimento propriamente dito transcorre, na maioria dos casos, um período de ap roximadamente dez anos. Mais de 70% das pacientes diagnosticadas apresentam a doença em estágio avançado na primeira consulta, o que dificulta a possibilidade de cura. Quanto mais precoce for a intervenção, maior a chance de sobrevivência da mulher e menor o custo do tratamento. Com a detecção precoce, a morbi -mortalidade feminina será reduzida, uma vez que permite o seu adequado tratamento, resultando em cura de 100% das ocorrências, assim como na eliminação das lesões precursoras. O exame de papanicolaou é internacionalmente apontado como o instrumento mais adequado, mais sensível, de baixo custo e bem aceito pelas mulheres a que se destina. Estudos recentes demonstram que após um exame com resultado negativo, o risco cumulativo de desenvolver este tipo De tumor é muito reduzido, permanecendo numa margem de relativa segurança as mulheres que realizarem o exame a cada três anos, após dois exames anuais negativos. Apesar de todos estes recursos estarem disponíveis no Brasil desde a década de 40, a mortalidade por essa doença pouco reduziu nos últimos anos, haja visto que constatou -se um
coeficiente de mortalidade de 6,8/100000 brasileiras em 1994, em comparação com 7,5/100000 em 1989. Contribuem para essa realidade a implementação de ações de controle de forma isolada, em estados e municípios, fundamentalmente como fruto de iniciativas locais, a desinformação da população e a utilização inadequada da tecnologia, que também não é empregada, prioritariamente na população de baixo risco ( Ministério da Saúde; 2000). No período de agosto a setembro de 1998, o Ministério da Saúde realizou a fase de intensificação do Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero, por meio de uma campanha de âmbito nacional, quando foram efetuadas, aproximadamente, 3,2 milhões de coletas de material para exames, além dos realizados naquele ano, em caráter de rotina ( Ministério da Saúde, 2000). Aquele mutirão elevou de 6,3 milhões de exames em 1997 para 9,5 milhões de exames em 1998. Essa campanha foi coordenada pela secretaria de Políticas de Saúde do Ministério da Saúde, em parceria com as 27 Secretarias Estaduais de Saúde, rede de defesa da espécie humana, Forças Armadas, Sociedade brasileira de patologia, Sociedade brasileira de citopatologia e outras instituições privadas. A partir de abril de 1999, iniciou -se a fase de consolidação do programa, agora sob a gestão do Instituto Nacional do Câncer (Ministério da Saúde; 2000). Dentro de contexto analisando a formação do graduando em enfermagem, é de fundamental importância a consulta de enfermagem na saúde da mulher identificando as necessidades humanas básicas afetadas e com isto poder se levantar diagnóstico de enfermagem para posterior intervenção da equipe de enfermagem nesta problemática (BRANDEN, 2000). O diagnóstico de enfermagem é o resultado dos dados colhidos na anamnese e no exame físico da usuária atendida, que levam a identificação dos problemas, o que está afetado e o grau de dependência da usuária em relação à assistência de enfermagem. Segundo HORTA, W. A.: Diagnóstico de enfermagem é a determinação da natureza e extensão dos problemas de enfermagem apresentados pelo paciente ou família, que recebem cuidados de enfermagem. Para Virginia Bonney: É uma avaliação dentro da estrutura dos conhecimentos atuais, da condição do indivíduo como um ser humano total, incluindo aspectos físicos, fisiológicos e de comportamento. Portanto concluímos que como o diagnóstico comporta duas dimensões que é: identificar as necessidades e determinar o grau de dependência para a assistência de enfermagem, faz-se necessário sua inclusão na consulta de enfermagem, dentro da pesquisa desenvolvida em questão.
2. OBJETIVO GERAL Proporcionar ao graduando em enfermagem reconhecer os problemas e necessidades humanas básicas afetadas e medi ante a isto, identificar os diagnósticos de enfermagem, bem como oferecer intervenção e assistência de enfermagem com qualidade, possibilitando a diminuição dos coeficientes de mortalidade por tumores ginecológicos e de mama e sua incidência, através de ações de enfermagem na saúde da mulher, bem como orientar e encaminhar os agravos à saúde. 3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Proporcionar ao graduando em enfermagem, a prática do levantamento dos problemas e o desenvolvimento de diagnósticos de enfermagem, direcionados a saúde da mulher. Desenvolver a sistematização da assistência de enfermagem na detecção precoce do câncer ginecológico e de mama, realizando ações de prevenção quanto ao aparecimento de ginecopatias no ciclo sexual da mulher. Analisar as práticas de enfermagem desenvolvidas, para um delineamento de alternativas na assistência à saúde da mulher, visando a assistência de qualidade. 4. METODOLOGIA A metodologia aplicada foi a da pesquisa ação onde foi possível compreender de forma sistemática com ações planejadas o efeito de um determinado problema através de consultas de enfermagem à população feminina, com agendamento prévio,para assim podermos chegar as causas determinantes de necessidades humanas básicas afetadas na saúde da mulher e sua influência nas ginecopatias. Os participantes da pesquisa foram o professor responsável e dois alunos monitores, onde todos tiveram participação ativa e determinante no movimento e direção das ações do estudo. Ocorrerão reuniões periódicas para discussão sobre o andamento da pesquisa e possíveis remanejamentos de objetivos e direções das ações do trabalho do grupo e através dos problemas levantados e coleta de citologia cervical, o aluno teve a oportunidade com a supervisão do professor, de realizar atendimento no nível de prevenção primária ou encaminhamento ao nível de prevenção secundário e terciário de acordo com o agravo à saúde e a complexidade do atendimento. Através destes procedimentos tivemos a oportunidade de realizar uma prática reflexiva sobre a assistência de enfermagem desenvolvida na saúde da mulher visando a melhoria da saúde da população. 5. POPULAÇÃO A população atendida foi a de mulheres residentes na Pedreira, Jardim Virgínia III, imediações do Campus Unaerp Guarujá, e usuárias atendidas pelas dem ais disciplinas da clínica de enfermagem do Campus.
6. INSTRUMENTO O instrumento utilizado no atendimento à saúde da mulher na clínica de enfermagem, foi a consulta, através da sistematização da assistência de enfermagem, onde os problemas detectados, os níveis e tipo de assistência foram desenvolvidos de acordo com estes procedimentos. As reflexões coletivas serão constantes, no intuito de chegar a uma descrição do comportamento das usuárias com características associadas às ginecopatias. 7. RESULTADOS Os resultados foram obtidos através de análise e interpretação de gráficos e tabelas,onde posteriormente foram discutidos os problemas e diagnósticos levantados, para nortear o tipo de assistência de enfermagem prestada Gráfico I Em relação a faixa etária, observou-se que a maior procura pelo atendimento foi entre usuárias na faixa etária de 26 a 45 anos, evidenciando que neste período temos um percentual significativo de mulheres com vida sexual ativa, economicamente ativas, com isto mais expostas ao stress do cotidiano e consequentemente ao aparecimento de problemas de saúde, sendo assim é importante na consulta de enfermagem na saúde da mulher, determinarmos a extensão dos e as necessidades humanas básicas afetadas, levantando o diagnósticos de enfermagem, para uma intervenção posterior da equipe de enfermagem nesta problemática. Tabela I DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM FREQUÊNC IA ANSIEDADE 20 16%
BAIXA AUTO-ESTIMA SITUACIONAL 15 12% DÉFICIT DE ATIVIDADE DE RECREAÇÃO 15 12% DÉFICIT DE AUTO-CUIDADO PARA 22 17% ALIMENTAÇÃO DÉFICIT DE AUTO-CUIDADO PARA 18 14% HIGIENE ÍNTIMA DISTÚRBIO NO PADRÃO DO SONO 10 08% MEDO 13 10% PADRÕES DE SEXUALIDADES 12 09% ALTERADOS SOFRERAM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 02 02% Gráfico II DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM 10% 9% 2% 16% 12% 8% 14% 17% 12% ANSIEDADE BAIXA AUTO-ESTIMA SITUACIONAL DÉFICIT DE ATIVIDADE DE RECREAÇÃO DÉFICIT DE AUTO-CUIDADO PARA ALIMENTAÇÃO DÉFICIT DE AUTO-CUIDADO PARA HIGIENE ÍNTIMA DISTÚRBIO NO PADRÃO DO SONO MEDO PADRÕES DE SEXUALIDADES ALTERADOS SOFRERAM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA Nos diagnósticos de enfermagem levantados, constatou-se que 17% das usuárias atendidas apresentou Déficit de Auto Cuidado para Alimentação, devido a dificuldades familiares no campo sócio-econômico influenciando no sustento da família. Por outro lado em 16% levantou-se que a ansiedade é um fator importante no desenvolvimento de stress, devido as influencias negativas do meio social das usuárias. Observou-se também que 14% das usuárias atendidas, apresentavam Déficit de Auto Cuidado para Higiene Íntima, por falta de orientação, auto-estima e auto-imagem baixas e dificuldades sócio-econômico e culturais.
Tabela II NÍVEL DE ESCOLARIDADE NÃO ALFABETIZADA 05 ENSINO FUNDAMENTAL INCOMPLETO 23 ENSINO FUNDAMENTAL COMPLETO 04 ENSINO MÉDIO INCOMPLETO 03 ENSINO MÉDIO COMPLETO 10 ENSINO SUPERIOR INCOMPLETO 01 ENSINO SUPERIOR COMPLETO 00 Gráfico III DISTRIBUIÇÃO POR NÍVEL DE ESCOLARIDADE 2% 22% 0% 11% 7% 9% 49% NÃO ALFABETIZADA ENSINO FUNDAMENTAL INCOMPLETO ENSINO FUNDAMENTAL COMPLETO ENSINO MÉDIO INCOMPLETO ENSINO MÉDIO COMPLETO ENSINO SUPERIOR INCOMPLETO ENSINO SUPERIOR COMPLETO O grau de escolaridade é um fator importante para o desenvolvimento de uma assistência à saúde no que se refere a prevenção, pois quanto menor o grau de instrução, maior será a dificuldade do indivíduo em absorver as ações de prevenção e promoção à saúde. E na área de saúde da mulher as
ações de prevenção, previnem o aparecimento de ginecopatias, auxiliando na promoção de um bem estar físico, mental, sexual e social. 8. Considerações finais A partir da pesquisa realizada, observou-se que os fatores sócio econômico e culturais nas condições de vida da mulher, podem influenciar no aparecimento de ginecopatias, visto que as usuárias estão diretamente expostas aos fatores que geram stress, como baixa renda familiar, desemprego, baixa escolaridade, falta de acesso a informação e a cidadania. Percebemos a importância da continuidade de atividade de prevenção primária e educação em saúde à população, diminuindo os fatores que influenciam no processo saúde-doença, e além disto, com o levantamento dos diagnósticos de enfermagem durante o atendimento, foi fundamental para nortear as ações necessárias a serem desenvolvidas dentro deste contexto, possibilitando o desenvolvimento da sistematização da assistência de enfermagem com qualidade à população assistida pela clínica de enfermagem, e também no aprimoramento técnico e científico do graduando em enfermagem, para a prática profissional futura. 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1.AVERY, G.B. Neonatologia: fisiologia e tratamento do recém nascido. Quarta edição. Rio de Janeiro, Medsi, 1999. 2.BRANDEN, P.S. Enfermagem materno infantil. Segunda edição, Rio de Janeiro, Rechmann & Affonso, 2000. 3.BRASIL. Ministério da Saúde. Maternidade Segura. Assistência ao parto normal: um guia prático. Brasília, OMS, OPS, 1996. 4.----------- Ministério da Saúde. Secretaria de políticas de saúde. Assistência Pré Natal. Manual técnico. Brasília, terceira edição, 2000. 5.----------. Ministério da Saúde. Secretaria de políticas da saúde. Gestação de alto risco. Manual técnico. Brasília, terceira edição, 2000. 6.----------.Ministério da Saúde. Secretaria de políticas de Saúde. Urgências e emergências maternas. Guia prático para diagnóstico e conduta em situações de risco de morte materna. Brasília, 2000. 7.----------.Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas da Saúde. Parto, aborto e puerpério. Assistência Humanizada à mulher. Brasília, 2001. 8. NEME, B. Obstetrícia Básica. São Paulo, Sarvier, 1994. 9. PIZZATO, M.G. Enfermagem em neonatologia. Porto Alegre, Universidade, 1982. 10.SCHMITZ, R. et al. A enfermagem em pediatria e puericultura. São Paulo, Atheneu, 1995. 11. REZENDE, J. Obstetrícia. Oitava edição, Rio de Janeiro, Interamericana, 1985.