RESOLUÇÃO Nº 390/2012 TCE/TO Pleno



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DECISÃO. Relatório. Tem-se do voto condutor do julgado recorrido:

Transcrição:

RESOLUÇÃO Nº 390/2012 TCE/TO Pleno 1.Processo nº: 5335/2012 2.Classe de Assunto: (III Plenário) Consulta 3.Entidade: Prefeitura de Silvanópolis - TO 4.Interessado: Bernardo Siqueira Filho - Prefeito 5.Relator: Conselheiro Napoleão de Souza Luz Sobrinho 6.Representante do MP: Procurador Geral de Contas Oziel Pereira dos Santos 7Advogado: Não atuou Ementa: Consulta. Conhecida. Resposta em tese. Publicação. Remessa à origem. 8. Resolução: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de nº 5335/2012,trata-se de Consulta formulada pelo Senhor Bernardo Siqueira Filho, Prefeito do Município de Silvanópolis/TO, objetivando dirimir dúvida nas seguintes situações: 1) sendo ano eleitoral, a possibilidade de que seja apresentada Projeto de Lei à Câmara Municipal e, 2) em caso de aprovação se caberá ao gestor sanção por criar despesa para o mandado seguinte, e Considerando o art. 150, 3º do Regimento Interno, deste Tribunal; Considerando ainda que o Administrador Público está atrelado à letra da lei; Considerando os Pareceres nº 0057/2012, 1685/2012 e 1.477/2012, fls. 41/44, 45/52 e 53/54, da Coordenadoria de Controle de Atos de Pessoal, do Corpo Especial de Auditores e do Ministério Público junto a este Tribunal, respectivamente; Considerando por fim, tudo que dos autos consta: RESOLVEM os Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator e com fundamentos no art. 1º inciso XIX da Lei 1.284/2001 c/c arts. 150 e 294, XV do Regimento Interno deste Tribunal em: 8.1. conhecer da presente consulta por atender as exigências do artigo 150, V do Regimento Interno, por se tratar de matéria que está sob o alcance da competência fiscalizadora desta Corte de Contas; 8.2. responder à consulta na forma descrita no voto condutor, no sentido de que é vedada a prática de qualquer ato que resulte aumento de despesa em ano eleitoral e ainda que, em decorrência do ato, o gestor é passível, como pessoa física, de sofrer sanção na esfera civil e criminal;

8.3. determinar, ainda, o encaminhamento de cópia dos Pareceres nºs 0057/2012, 1685/2012 e 1.477/2012, fls. 41/44, 45/52 e 53/54, da Coordenadoria de Controle de Atos de Pessoal, do Corpo Especial de Auditores e do Ministério Público junto a este Tribunal, respectivamente, bem como do Relatório, Voto e Resolução ao Senhor Bernardo Siqueira Filho, Prefeito de Silvanópolis/TO; 8.4. determinar a publicação da decisão no Boletim Oficial do Tribunal de Contas, nos termos do art. 341, 3º do Regimento Interno deste Tribunal, para que surta os efeitos legais necessários; 8.5. determinar o encaminhamento dos autos à Diretoria Geral de Controle Externo para as devidas anotações e posteriormente, a Coordenadoria de Protocolo Geral para que providencie o retorno dos mesmos à origem. TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO TOCANTINS, Sala das Sessões, em Palmas, Capital do Estado do Tocantins, aos 27 dias do mês de junho de 2012. Processo nº: 5335/2012 Classe de Assunto: (III Plenário) Consulta Entidade: Prefeitura de Silvanópolis - TO Interessado: Bernardo Siqueira Filho - Prefeito Relator: Conselheiro Napoleão de Souza Luz Sobrinho Representante do MP: Procurador Geral de Contas Oziel Pereira dos Santos Advogado: Não atuou RELATÓRIO Nº 108/2012 Trata-se de Consulta formulada pelo Senhor Bernardo Siqueira Filho, Prefeito de Silvanópolis/TO, objetivando dirimir dúvida nas seguintes situações: 1) É possível a apresentação do Projeto de Lei à Câmara Municipal no período dos últimos dois quadrimestres deste ano, levando em consideração que a lei somente deverá entrar em vigor no ano que vem? e 2) Tendo em vista tratar-se de lei de efeito concreto, será o gestor penalizado por criar despesas para o mandato seguinte?. Os autos encontram-se instruídos com o Parecer Jurídico da Assessoria Jurídica daquela Prefeitura. A matéria foi examinada pela Coordenadoria de Controle de Atos de Pessoal deste Tribunal, via Parecer Técnico Jurídico nº 0057/2012, fls. 41/44 no sentido de que seja observado o texto constitucional e os preceitos inscritos nos diplomas legais, relacionados à matéria.

O Corpo Especial de Auditores manifestou-se por meio do Parecer de Auditoria n.º 1685/2012, fls. 45/52, emitido pelo Auditor Márcio Aluízio Moreira Gomes, nos seguintes termos: (...) Com efeito, a concessão de vantagens pecuniárias (a exemplo da instituição de uma gratificação ou adicional) e o aumento da remuneração de servidores públicos provocam a imediata necessidade de maiores recursos financeiros para arcar com o incremento da despesa. O mesmo raciocínio se aplica à criação de cargos, empregos e funções na estrutura administrativa dos entes públicos, bem assim quanto à admissão e contratação de pessoal. Frisa-se, por fim, que as condições veiculadas pelo comentado Inciso I, do 1º do artigo 169 da Constituição Federal, aplicam-se não só à administração direta, como à administração indireta, excluídas, precisamente quanto ao inciso II, as empresas públicas e sociedade de economia mista. (...) No que tange à criação de despesas para o mandato seguinte, contrair obrigação de despesa não o mesmo que empenhar despesa. Os ensinamentos do eminente professor Teixeira Machado auxiliam a dirimir esta questão Segundo o art. 58 da Lei nº 45.320, de 1964, o empenho de despesa é ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado a obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição. Instado a manifestar-se o Ministério Público junto a esta Corte de Contas, emitiu o Parecer nº 1.477/12, fls. 53/54, da lavra do Procurador Geral de Contas Oziel Pereira dos Santos, no sentido que: (...) entende-se que mesmo se não houvesse a impossibilidade destacada no art. 42 da LRF, o gestor, antes de encaminhar o Projeto de Lei, deveria atentar-se para a devida previsão no PPA e autorização expressa da LDO; dotação orçamentária para o próximo exercício; impacto orçamentário-financeiro, além de outras exigências legais. Ademais, por tratar-se de ano eleitoral, a Lei nº 9.504, de 20 de setembro de 1997 (Lei das Eleições), em seu artigo 73, estabelece as condutas vedadas aos Agentes Públicos em Campanhas Eleitorais, dentre elas: Art. 73. São proibidos aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes conduta tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:(...) VIII fazer, na circunscrição do pleito, revisão geral da remuneração dos servidores públicos que exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo, ao longo do ano da eleição, a partir do início do prazo estabelecido no art. 7º desta Lei e até a posse dos eleitos. A inobservância do artigo 42 da LRF incide na pena de reclusão de 1 a 4 anos conforme prevê o artigo 359-G do Código Penal: Art. 359-G ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores ao final do mandato ou Legislatura: Pena reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Ante o exposto, este representante do Ministério Público de Contas, sugere coo resposta, em tese, à consulta formulada pelo Senhor Bernardo Siqueira Filho, Prefeito Municipal, o atendimento ao artigo 42 da LRF, bem como o art. 73 da Lei nº 9.504/1997 (Lei das Eleições).

É o Relatório V O T O Do exame dos pressupostos de admissibilidade, verifica-se que a parte é legítima e a matéria é da competência desta Corte de Contas. Constatei que a situação aqui examinada se apresenta como um caso concreto configurado por circunstâncias absolutamente específicas e peculiares, não podendo o Tribunal de Contas substituir o administrador na definição do interesse do Estado à vista de circunstâncias próprias de caso concreto e na avaliação de cada uma das soluções preconizadas. Porém, cabe lembrar o art. 152 do Regimento Interno desta Casa que estabelece: as decisões proferidas pelo Tribunal de Contas em virtude de consultas terão caráter normativo e força obrigatória, importando em prejulgamento de tese e não do caso concreto. In casu, questiona-se: 1- É possível a apresentação do Projeto de Lei à Câmara Municipal no período dos últimos dois quadrimestres deste ano, levando em consideração que a leis somente deverá entrar em vigor no ano que vem? Aqui, aborda-se as possibilidades de alterar a atual estrutura salarial dos servidores públicos do município de Silvanópolis/TO, em ano eleitoral. Segundo nossa Carta Magna, a remuneração dos servidores públicos somente poderá ser fixada ou alterada por lei específica. O art. 37, inciso X, do mesmo Diploma Constitucional assegura a revisão geral e anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices. Aqui, tem-se por finalidade atualizar o valor da remuneração dos servidores públicos, quaisquer que sejam suas áreas de atuação e, o principal objetivo é recompor o real valor salarial frente à inflação ocorrida, permitindo-se, inclusive, percentuais superiores aos índices inflacionários. Todavia, em ano eleitoral essa revisão geral sofre limitação, como prevê o art. 73, inciso VIII, da Lei nº 9.504/97: Art. 73. São proibidos aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes conduta tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais: (...) VIII fazer, na circunscrição do pleito, revisão geral da remuneração dos servidores públicos que exceda a recomposição da perda de seu poder

aquisitivo, ao longo do ano da eleição, a partir do início do prazo estabelecido no art. 7º desta Lei e até a posse dos eleitos. Nesse momento especial, ano eleitoral para escolha de prefeitos e vereadores, em decorrência do artigo acima citado, proíbe-se que a revisão geral seja superior ao índice inflacionário verificado durante o ano eleitoral. Assim, o art. 7º, 1º, da Lei da Eleição dispõe que o prazo será de 180 (cento e oitenta) dias anteriores ao pleito. Ficou estabelecido na Resolução nº 23.341, do Tribunal Superior Eleitoral: 10 de abril terça-feira (180 dias antes) 1. Último dia para o órgão de direção nacional do partido político publicar, no Diário Oficial da União, as normas para a escolha e substituição de candidatos e para a formação de coligações, na hipótese de omissão do estatuto (Lei nº 9.504/97, art. 7º, 1º). 2. Data a partir da qual, até a posse dos eleitos, é vedado aos agentes públicos fazer, na circunscrição do pleito, revisão geral da remuneração dos servidores públicos que exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo ao longo do ano da eleição (Lei nº 9.504/97, art. 73, VIII e Resolução nº 22.252/2006). (grifei) Portanto, no período em questão é vedada a prática de qualquer aumento de despesa referente ao pagamento de salário de servidores. Isso inclui aprovação do projeto de lei. A proibição não se refere ao aumento de despesa, mas à pratica do ato que resulte esse aumento, em conjunto com os princípios que sustentam a Lei de Responsabilidade Fiscal. 2- Tendo em vista tratar-se de lei de efeito concreto, será o gestor penalizado por criar despesas para o mandato seguinte? A Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece que a criação ou o aumento de gastos com pessoal deve cumprir os requisitos: estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes, e demonstrativo da origem dos recursos para seu custeio, observado o 2º do art. 17 da LRF (art. 21, inciso I, e art. 17, 1º, da LRF); declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias (art. 21, inciso I, e art. 16, inciso II, da LRF); comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo referido no 1º do art. 4º da LRF, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, serem compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa (art. 21, inciso I, e art. 17, 2º, da LRF); existência de prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções das despesas (art. 21, inciso I, da LRF e art. 169 da CF); obediência à proibição de vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias (art. 21, inciso I, da LRF e art. 37, inciso XIII, da CF); cumprimento do limite legal de

comprometimento aplicado às despesas com pessoal inativo (art. 21, inciso II, da LRF); exige-se, ainda, prévia autorização da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) quando se tratar de concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, de criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como de admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público (art. 169, 1º, inciso II, CF 88); ressalvadas as empresas públicas e sociedades de economia mista. A LRF determina que o ato que resultar em aumento da despesa com pessoal será nulo se expedido nos 180 dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão, in litteris: Art. 21. (...) (...) Parágrafo único. Também é nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão referidos no art. 20. A geração da despesa há de ser considerada desde o momento da aprovação da lei, da edição de medida provisória ou do ato administrativo normativo que cria o cargo. Assim, Lei que promova o aumento de despesa com pessoal, editada no período sujeito à restrição, últimos 180 dias do mandato, cuja eficácia estará adstrita ao primeiro exercício do mandato, caracteriza-se ofensa à norma supramencionada. Gastos com pessoal e seus decorrentes encargos devem ser cuidadosamente planejados em perspectiva de médio e longo prazo. Nesse sentido, a Constituição Federal em seu artigo 169 disciplinou expressamente a submissão dos aumentos das despesas com servidores às condições orçamentárias: Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar. 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas: I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes; II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista.

A legislação infraconstitucional deve observar com acuidade a dotação prévia, atendendo ao artigo supracitado. O Supremo Tribunal Federal já reafirmou em várias decisões a necessidade da dotação prévia, vejamos: EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI MINEIRA N. 13.054/1998. EMENDA PARLAMENTAR. INOVAÇÃO DO PROJETO DE LEI PARA TRATAR DE MATÉRIA DE INICIATIVA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO. CRIAÇÃO DE QUADRO DE ASSISTENTE JURÍDICO DE ESTABELECIMENTO PENITENCIÁRIO E SUA INSERÇÃO NA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DE SECRETARIA DE ESTADO. EQUIPARAÇÃO SALARIAL COM DEFENSOR PÚBLICO. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL E MATERIAL. OFENSA AOS ARTS. 2º, 5º, 37, INC. I, II, X E XIII, 41, 61, 1º, INC. II, ALÍNEAS A E C, E 63, INC. I, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. AÇÃO JULGADA PROCEDENTE. 1.Compete privativamente ao Chefe do Poder Executivo a iniciativa de leis que disponham sobre as matérias previstas no art. 61, 1º, inc. II, alíneas a e c, da Constituição da República, sendo vedado o aumento das despesas previstas mediante emendas parlamentares (art. 63, inc. I, da Constituição da República). 2. A atribuição da remuneração do cargo de defensor público aos ocupantes das funções de assistente jurídico de estabelecimento penitenciário é inconstitucional, por resultar em aumento de despesa, sem a prévia dotação orçamentária, e por não prescindir da elaboração de lei específica. 3. A sanção do Governador do Estado à proposição legislativa não afasta o vício de inconstitucionalidade formal. 4. A investidura permanente na função pública de assistente penitenciário, por parte de servidores que já exercem cargos ou funções no Poder Executivo mineiro, afronta os arts. 5º, caput, e 37, inc. I e II, da Constituição da República. 5. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente. ADI 2113 /MG - MINAS GERAIS AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA Julgamento: 04/03/2009.Órgão Julgador: Tribunal Pleno. E também: RESOLUÇÃO N. 03/2003, DO TJ/MA. INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 37, X, DA CB/88, NA REDAÇÃO CONFERIDA PELA EC 19/98. AUMENTO DE VENCIMENTOSSEM PREVISÃO ORÇAMENTÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. ART. 169, 1º, I E II, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 1. O impedimento, suspeição ou interesse que autorizam o julgamento da demanda pelo STF, na forma do art. 102, I, "n", in fine, da CB/88, pressupõem a manifestação expressa dos membros

do Tribunal local competente para o julgamento da causa. 2. O art. 37, XIII, da Constituição do Brasil, na redação que lhe foi conferida pela EC 19/98, veda a vinculação ou equiparação de vencimentos. A Lei estadual n. 5.042/90 não foi recebida pela ordem constitucional vigente após a edição da Emenda Constitucional n. 19/98. 3. O art. 37, X, na redação que lhe foi conferida pela EC 19/98 estabelece que "a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica", não se admitindo o reajuste por resolução de Tribunal de Justiça local. Precedente [AO n. 584, Relator o Ministro MAURÍCIO CORRÊA, DJ 27.06.2003]. 4. Não é possível o deferimento de vantagem ou aumento de vencimentos sem previsão orçamentária, nos termos do que estabelece o art. 169, 1º, I e II, da Constituição do Brasil. Precedente [MC-ADI n. 1.777, Relator o Ministro SYDNEY SANCHES, DJ 26.05.2000]. 5. Segurança denegada. (AO 1339/MA MARANHÃO. AÇÃO ORIGINÁRIA. Relator(a): Min. EROS GRAU.Julgamento:25/10/2006. Órgão Julgador: Tribunal Pleno.) Segue abaixo o quadro demonstrativo: Quadro 01: Exigências da Lei Complementar n 101/00 e suas penalidades a respeito do Limite da Despesa com Pessoal. 1 Exigências da Lei Complementar n 101/00 Ultrapassar o limite de Despesa Total com Pessoal em cada período de apuração (Art. 19 e 20, LRF) Expedir ato que provoque aumento da Despesa com Pessoal em desacordo com a lei (Art. 21, LRF). Expedir ato que provoque aumento da Despesa com Pessoal nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão (Art. 21, LRF). Deixar de adotar as medidas previstas na LRF, quando a Despesa Total com Pessoal do respectivo Poder ou órgão quando exceder a 95% do limite (Art. 22, LRF). Penalidad es Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, Art. 4º, inciso VII). Reclusão de um a quatro anos (Lei nº 10.028/2000, Art. 2º) Reclusão de um a quatro anos (Lei nº 10.028/2000, Art. 2º) Reclusão de um a quatro anos (Lei nº 10.028/2000, art. 2º). 1 http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=5490

Deixar de adotar as medidas previstas na lei, quando a Despesa Total com Pessoal ultrapassar o Limite Máximo do respectivo Poder ou órgão (Art. 23, LRF). Manter gastos com inativos e pensionistas acima do limite definido em lei (Art. 18 a 20, Art. 24 2º, Art. 59, 1º, inciso IV, LRF). Não cumprir limite de Despesa Total com Pessoal em até dois anos, caso o Poder ou órgão tenha estado acima desse limite em 1999 (Art. 70, LRF). Fonte: Adaptação do quadro de Infrações da Lei de Responsabilidade Fiscal e suas penalidades da Secretaria do Tesouro Nacional STN Qualquer ato que possa gerar despesa e seu não cumprimento legal, torna o ato ilegal, e sua desobediência impõe sanção ao gestor infrator, tanto na esfera civil como na criminal. No art. 359-G, do Código Penal estabelece: Reclusão de um a quatro anos (Lei nº 10.028/2000, Art. 2º). Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, Art. 4º, inciso VII). Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, Art. 4º, inciso VII). Art. 359-G ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores ao final do mandato ou Legislatura: Pena reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Ante o exposto e considerando tudo o mais que dos autos consta, VOTO no sentido de que este Tribunal acate as providências abaixo mencionadas, adotando a decisão, sob a forma de Resolução, que ora submeto a deliberação deste Colendo Pleno: a) conheça da presente consulta por atender as exigências do artigo 150, V do Regimento Interno, por se tratar de matéria que está sob o alcance da competência fiscalizadora desta Corte de Contas; b) responda à consulta na forma descrita no voto condutor, no sentido de que é vedada a prática de qualquer ato que resulte aumento de despesa em ano eleitoral e ainda que, em decorrência do ato, o gestor é passível, como pessoa física, de sofrer sanção na esfera civil e criminal; c) determine, ainda, o encaminhamento de cópia dos Pareceres nºs 0057/2012, 1685/2012 e 1.477/2012, fls. 41/44, 45/52 e 53/54, da

Coordenadoria de Controle de Atos de Pessoal, do Corpo Especial de Auditores e do Ministério Público junto a este Tribunal, respectivamente, bem como do Relatório, Voto e Resolução ao Senhor Bernardo Siqueira Filho, Prefeito de Silvanópolis/TO; d) determine a publicação da decisão no Boletim Oficial do Tribunal de Contas, nos termos do art. 341, 3º do Regimento Interno deste Tribunal, para que surta os efeitos legais necessários; e) determine o encaminhamento dos autos à Diretoria Geral de Controle Externo para as devidas anotações e posteriormente, a Coordenadoria de Protocolo Geral para que providencie o retorno dos mesmos à origem. SALA DAS SESSÕES, em Palmas, Capital do Estado, aos 27 dias do mês de junho de 2012. Conselheiro Napoleão de Souza Luz Sobrinho Relator