MO ITORAME TO ESPAÇO TEMPORAL DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO APODI/MOSSORÓ R/

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Transcrição:

MO ITORAME TO ESPAÇO TEMPORAL DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO APODI/MOSSORÓ R/ Lidiane Alves de Morais 1 ; Larissa Matilde da Silva 1 ; Luiz Di Souza 2 e Suely Souza Leal de Castro 2 1- Alunos de graduação do curso de licenciatura em química da UERN 2- Profs. Drs. do curso de graduação em química da UERN U IVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRA DE DO ORTE UER FACULDADE DE CIÊ CIAS EXATAS E ATURAIS FA AT DEPARTAME TO DE QUÍMICA DQ BR 110 Km 46 Rua Prof. Antônio Campos, s/n Bairro Costa e Silva e-mail: dq@uern.br RESUMO A qualidade da água pode ser avaliada por um conjunto de parâmetros determinados por uma série de análises físicas, químicas e biológicas. O presente trabalho apresenta dados de um monitoramento, onde se avaliou a qualidade das águas da bacia hidrográfica do Rio Apodi/Mossoró e as relacionou com a variabilidade espacial e com a sazonalidade. O estudo permitiu verificar se elas obedecem à legislação em vigor; oferecendo subsídios ao entendimento dos problemas relacionados com sua poluição e uso incorreto. A influencia da poluição foi determinada levando em consideração os efluentes que são despejados nas margens do rio. Foram analisados com metodologias padrões os seguintes parâmetros: ph; Temperatura; Condutividade Elétrica; Turbidez; Cloreto; Salinidade; Ferro e Sulfato. Os resultados mostram que a qualidade da água da bacia do rio Apodi/Mossoró é fortemente influenciada pela variabilidade espacial, sazonalidade e pela descarga de efluentes, em especial esgotos in natura nas suas águas. PALAVRAS-CHAVE: Monitoramento, Variabilidade Espacial, Sazonalidade, Qualidade da água, Propriedades físico-químicas. I TRODUÇÃO A água é essencial para a vida, como constituinte biológico para os seres vivos e como elemento representativo de valores sociais. O seu uso inadequado traz sérios riscos à saúde da população. A qualidade dos recursos hídricos tem-se deteriorado em função das múltiplas 1

atividades humanas que se desenvolvem, com grande intensidade, nas bacias hidrográficas, despertando grande preocupação devido ao processo de poluição/eutrofização. Desta forma, faz-se necessário um monitoramento de seu estágio atual em relação à qualidade de água usando propriedades físico-químicas legalmente estabelecidas como padrões para avaliar a sua qualidade. Um dos principais fatores que desencadeia esta situação é a urbanização desenfreada, acompanhada de desenvolvimento industrial sem planejamentos adequados. Para alguns autores os rios representam a principal via de transporte de materiais originados do continente para o oceano (MONBET, 2004), o lançamento de esgotos in natura transforma os rios em agente de transmissão de diversas doenças. No Rio Grande do Norte os rios não são adequadamente conservados, apesar de serem utilizados como fonte de emprego e subsistência de muitas pessoas, tendo uma grande variedade de atividades econômicas desenvolvidas em seu entorno, além de sua relevância na dessedentação; sendo considerado o mais importante recurso hídrico superficial de toda a região oeste potiguar. Este uso incorreto aliado ao clima seco da região que torna o rio intermitente deixa a vida dessas pessoas mais difíceis em função de suas águas ficarem cada vez mais poluídas especialmente na seca, comprometendo todo o ecossistema como comprovam diversos estudos científicos realizados nos últimos anos e dados de propriedades físico-químicas disponíveis no IDEMA (MARTINS, 2008). A bacia hidrográfica do Rio Apodi/Mossoró é a segunda maior do estado com um curso de 210 km de extensão; ocupando uma área de cerca de 14.276 Km 2 equivalente a 26,8% do estado, tem capacidade de vazão de 1.143.013.725 m 3 com volume atual de 803.691.660 m 3 ; nasce na Serra do Imbé no município de Luiz Gomes, atravessa a Chapada do Apodi, entra no município de Mossoró e estende-se até os municípios de Grossos e Areia Branca, cortando 63 cidade do estado. A percepção de que a expansão das cidades se faz sempre em detrimento dos espaços rurais é um importante conhecimento para prever impactos no contexto das bacias urbanas, dotadas de grande força expansionista e construtivista (AB SABER e PLANTENBERG, 1998). No entanto, os efeitos danosos dessa expansão multiplicaram-se ao longo dos anos pelo efeito antrópico da ocupação humana, que, em curto prazo, usou os recursos in natura e não utilizou práticas planejadas e sustentáveis para mantê-los em longo prazo (OLIVEIRA, 2006). Apesar de sua importância, a bacia do rio Apodi/Mossoró vem sofrendo sérios desequilíbrios em seu ecossistema, decorrentes dos constantes despejos de efluentes e resíduos domésticos e industriais sem nenhum tratamento prévio, da criação de animais em suas margens e da deposição de lixo nas margens, levando a problemas localizados como a eutrofização da água (ALMEIDA, 2007) Para evitar estes riscos à legislação brasileira impõe limites aos teores de diversos poluentes que são encontrados nas águas. Em função disso, tendo em vista a importância 2

do rio para a região e os problemas que o mesmo vem enfrentando é de fundamental importância se fazer um monitoramento de suas águas, com o objetivo de se verificar a sua qualidade e indicar os usos mais adequados em função desta qualidade. Neste trabalho se realizou o monitoramento da qualidade da água usando as variáveis físico-químicas ph, temperatura; condutividade elétrica; turbidez; cloreto; salinidade; ferro e sulfato em função do tempo e do local de coleta da amostra. Este foi estrategicamente escolhido para ser representativo de atividades antrópicas que ocorrem na bacia. MATERIAIS E MÉTODOS Seis coletas de amostras foram realizadas em 24 pontos no período de agosto de 2007 a outubro de 2008. Os pontos estão distribuídos ao longo da bacia do rio Apodi/Mossoró da nascente até a foz, referenciados por GPS e, estrategicamente, selecionados de acordo com a proximidade dos centros urbanos, atividades agrícolas e atividades industriais. As análises de ph, temperatura e condutividade elétrica foram realizadas in situ com métodos eletrométricos. Para as outras analises, após as coletas, as águas foram conservadas de acordo com a metodologia padrão prescrita no Standard methods, resfriadas e levadas para o laboratório e todas foram filtradas três vezes sob vácuo. O teor de cloreto e a salinidade foram determinados por volumetria e os ensaios de turbidez, ferro e sulfato foram feitos usando métodos colorimétricos e um espectrofotômetro UV-Visível marca Shimadzu, modelo UV-mini 1240. RESULTADOS E DISCUSSÃO O rio Apodi/Mossoró não possui uma classificação própria segundo a resolução N 357 do CONAMA, decorrente disto, para fins de comparação o alto e médio curso até a barragem de passagem de pedras são considerados como sendo de classe 3 e o baixo curso (estuário) como região salina. A região de estuário, esta localizada próxima a uma área de densa urbanização (Mossoró. Grossos e Areia Branca) sendo de fundamental importância nas diversas atividades econômicas que faz parte da base econômica da região como: produção de sal marinho, fruticultura irrigada, pesca artesanal e carcinicultura. Os valores de cloreto e salinidade analisados aumentam à medida que se percorre o rio em direção a foz em todas as coletas, com os valores aumentando também à medida que diminui o volume de água do rio com o passar do tempo, em função do mesmo não ser perene, e aumenta a proporção de águas residuárias provenientes de esgotos (Ver figura 1 e 2). Este efeito é mais claramente observado se comparamos os outros resultados com o do período chuvoso, no qual ocorre um grande aporte de água doce para o rio das chuvas fazendo com que os teores de cloro e salinidade ficam praticamente iguais em todo o percurso do rio, como pode ser visto para as 3

analises das amostras da 4ª coleta (Maio de 2008). Desta forma uma informação importante deste monitoramento é a de que um bom período chuvoso é muito importante para manter o equilíbrio deste ecossistema. Este ecossistema pode ser controlado, neste sentido, pelo controle da vazão dos grandes açudes da região (Açude de Pau de Ferros e Açude Santa Cruz em Apodi) já que os mesmo mantém as concentrações de cloro e salinidade bem baixas (Ver figuras 3 e 4 pontos 4, 7 e 8), em comparação com os outros pontos, durante todo o período examinado. Por outro lado, o aumento da vazão de água que deixa o açude Santa Cruz pode influir fortemente na atividade salineira (um dos pilares da economia local) praticada na foz do rio por diminuir a concentração de sal na água do rio que é a matéria prima inicial nesta atividade. Essa questão tem sido fonte de discussões regionais (COSTA, 2007) e mostra a importância do monitoramento da bacia e da criação de um comitê de bacia para o Rio Apodi/Mossoró que discuta os usos adequados do rio, como proposto arcabouço legal (ANA). Os valores muito elevados são encontrados na região de estuário para todas as coletas, decorrente das atividades salineiras existente no local, a qual produz efluentes com altas concentrações de sais, que são descartados nos rios. Águas de rios normalmente têm salinidade media de 120 mg/l, salinidades maiores resultam de um aumento de Cl -, SO 2-4 e Na + vindos de fontes antrópicas, porém de acordo com a legislação vigente, a concentração máxima permitida para íons cloreto é de 250 mg/l para águas doces de classe 3. Próximo aos centros urbanos encontrou-se resultados maiores, quando comparados com os encontrados longe dos centros urbanos, indicando o forte efeito da atividade antrópica, principalmente resíduos domésticos in natura. Este resultado, confirmado por outros estudos, (SILVA, 2008) esta de acordo com a ausência de estruturas de saneamento básico (aterros sanitários e estações de tratamento de esgotos) na bacia (COSTA, 2007). Ressaltamos que estes dados devem ser levados em conta pelas autoridades Federais, Estaduais e Municipais na definição dos seus planos de investimentos futuros, para minimizar os problemas de poluição do rio. 4

Figura 1: Concentração de ions cloreto ao longo do tempo nos vários pontos de coleta examinados. Figura 2: Salinidade ao longo do tempo nos vários pontos de coleta examinados. 5

Figura 3: Açude de Pau dos Ferros Figura 4: Açude de Santa Cruz Em relação às análises de ferro, os teores deste elemento mostram que todos os resultados estão dentro dos permitido pelo CONAMA, a concentração máxima permitida para esta variável é de 5,0 mg/l para águas doces de classe 3. Uma Analise mais cuidadosa mostra que os valores mais elevados foram encontrados no período de estiagem no centro da cidade de Pau dos Ferros (Ver figuras 6 e 7) o que pode ser uma característica do solo ou estar relacionada com alguma atividade local que produz resíduos de ferro neste ponto. Deve-se ressaltar o pequeno volume de água no local (vide figura 7) e também que o mesmo se encontra muito próximo a um mercado municipal onde são abatidos animais com o conseqüente descarte de sangue para o rio e carcaças de animais para as margens do mesmo, o que provavelmente contribui para o aumento do teor de ferro detectado. Na época de chuva (Maio 2008) em que o rio possui grande volume de água as concentrações de ferro diminuem em praticamente todos os pontos, indicando assim que as diferença de valores observados de uma coleta para outra, se deve a fatores antrópicos ou características geológicas locais. 6

Figura 5: Teor de ferro ao longo do tempo nos vários pontos de coleta examinados. Figura 6: Local de coleta no centro da cidade de Pau dos Ferros em maio de 2008, mostrando o pequeno volume de água no local. Figura 7: Centro de Pau dos Ferros, mostrando carcaças de animais. No alto e médio curso, no período de Agosto de 2007 a Maio de 2008 os valores de sulfato apresentam se próximos em todos os pontos e abaixo dos limites permitidos, tendo pequenas variações nos pontos relacionados a áreas de grande urbanização, pontos 5 no centro urbano de Pau dos Ferros e de 13 a 20 no perímetro urbano da cidade de Mossoró (Ver figura 8). Nesse período da coleta o rio encontrava no período de seca, com volume de água baixo. A quarta coleta mostra valores ainda menores, isto indica que o poluente é devido principalmente às atividades antrópicas nos grandes centros urbanos, já que os teores naturais 7

deveriam aumentar e não diminuir com o arrasto durante as chuvas, embora o aumento do volume de água contribua para diminuir as concentrações, mas este efeito ocorre em todos os locais e não deve ser causador da diferença notada. Por outro lado, as amostras coletadas no baixo curso, região da foz do rio (pontos 21 a 24), apresentaram características de uma região estuarina, associada à presença de atividades salineiras em seu entorno, cujos descartes de águas-mães são realizadas diretamente no leito do rio, apresentando elevadas concentrações de sulfato em todas as coletas, decorrente destas características locais. Figura 8- Teor de sulfato ao longo do tempo nos vários pontos de coleta examinados. Em relação à variável do ph observou-se que os valores se mantiveram constantes nas seis coletas. A faixa mais adequada desta variável para a produção da vida aquática esta entre 6 9 segundo a resolução N 357 do CONAMA e todos os valores encontrados estão dentro da faixa permitida. Os menores valores ocorrem no período de chuva (Maio de 2008), provavelmente devido ao efeito de diluição dos poluentes ácidos ou básicos locais. Em relação à temperatura obteve-se valor mínimo de 23ºC e máximo de 33ºC, mas estes estão influenciados pelo horário de coleta e não servem para comparação. A condutividade elétrica mostrou-se com valores maiores no período seco devido à diminuição do volume de água o que causa a concentração dos íons que afetam a mesma, principalmente nas áreas de grande urbanização e na região de estuário devido ao descarte de 8

efluentes. Esta variável não apresenta limite estipulado pelo CONAMA, mas os valores obtidos são considerados altos quando comparados com outras legislações como CETESB, que possui limite máximo permitido de 0,1 ms/cm (CETESB, 2001). Para a turbidez os valores mais elevados foram encontrados no período de chuva (Maio de 2008) em quase todos os pontos, devido à presença de substancias em suspensão (plânctons, bactérias, argilas, siltes, e partículas orgânicas e inorgânicas finamente divididas), que são carregadas pelas enxurradas para o rio. Não existe norma federal para esta variável, mas os valores encontrados são considerados altos em legislações mais rigorosas existentes em alguns estados como São Paulo (SABESP). CO CLUSÕES A partir dos resultados obtidos pode-se observar, de forma geral, que os valores são fortemente influenciados pelas características dos locais de coleta, pela sazonalidade e pela antropocidade. A proximidade do rio com os centros urbanos e industriais faz com que o volume de efluentes poluídos absorvidos por ele seja maior que a sua capacidade de diluição, aumentando o teor de poluentes encontrados. A região de estuário, assim como o entorno dos grandes centros urbanos, apresenta característica diferente das outras regiões da bacia. Os resultados do monitoramento servem de base para o planejamento de governo no estabelecimento de prioridades de obras. Deve-se destacar que de acordo com os resultados, obras de saneamento básico são urgentes para estabelecer um equilíbrio no ecossistema. O controle de algumas variáveis depende do controle de vazão dos grandes açudes, o que indica a necessidade urgente do estabelecimento de um comitê de bacia para discutir e decidir sobre o uso das águas em casos conflitantes de interesse. REFERÊ CIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. AB SABER, A. N.; PLANTENBERG, C. M. Previsão de Impactos: o Estudo do Impacto Ambiental no Leste, Oeste e Sul. 2 ed. São Paulo-SP. Edusp. 1998. 2. ALMEIDA, R. S. Distribuição de metais em sedimentos do rio Apodi-Mossoró/R. Mossoró-RN. 2007. 3. ANA - Agencia acional de Águas, www.ana.gov.br 4. APHA American Public Health Association. Standard methods for the examination of water and wastewater; 18 th ed. Washington; 1992. 9

5. BRASIL. 2005. Resolução CONAMA, N. 357/2005. 6. CETESB (2001) Relatório de qualidade das águas interiores do estado de São Paulo 2000. Vol.1. 7. COSTA, F.H. Avaliação da qualidade físico-química da água do rio Apodi/Mossoró. Mossoró-RN. 2007. 8. MARTINS, D. F. F.; SOUZA, R. B.; OLIVEIRA, T. M. B. F.; SOUZA, L. D.; CASTRO, S. S. L. Qualidade físico-química das águas da bacia do Rio Apodi /Mossoró: I - Variabilidade espacial. Mossoró-RN. 2008. 9. MONBET, Ph. 2004. Dissolved and particulate fluxes of copper through the Morlaix river estuary (Brittany, France): mass balance in a small estuary with strong agricultural catchment. Marine Pollution Bulletin. v. 48, p. 78-86. 10. MORAIS, L. A; SOUZA, L. D. Monitoramento da qualidade físico-química da água do rio Apodi/Mossoró em relação aos íons Ferro, Fosfato e Sulfato. IV Encontro Nacional de Química Ambiental-ENQmb. Aracajú-SE. 2008. 11. OLIVEIRA; L. C. S. Impactos sócio-econômicos de um rio que agoniza: O caso do Rio Apodi-Mossoró/R. II fórum ambiental da alta paulista. 2006. 12. SILVA, E. M. M. Diagnóstico da situação dos resíduos sólidos no estado do Rio Grande do orte. Natal-RN. 2001. 13. SILVA; L.M.; MORAIS; L.A.; SOUZA; L.D. Correlação entre sazonalidade e concentrações de salinidade e cloretos nas águas da bacia hidrográfica do rio Apodi/Mossoró, XLVII Congresso Brasileiro de Química- ABQ, 2008 14. SAPESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, www.sabesp.com.br/calandraweb/calandraredirect/?temp=4&proj=sabesp&pub=t&db= &docid=badc6a6aa69d8891832571ae005be7e1 10