Literatura e história: a poesia dos inconfidentes como fonte para a história. Ziober, Beatriz Ramalho e Menezes, Sezinando Luiz 1

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Transcrição:

Literatura e história: a poesia dos inconfidentes como fonte para a história. Ziober, Beatriz Ramalho e Menezes, Sezinando Luiz 1 Esse paper expõe os resultados parciais de uma pesquisa em desenvolvimento que utiliza a poesia dos inconfidentes, principalmente as Cartas Chilenas de Tomas Antonio Gonzaga, como fonte para uma reflexão sobre o Brasil nas ultimas décadas do século XVIII. A utilização da literatura como documento pelos historiadores é algo recente. Somente foi legitimada a partir da perspectiva dos Annales que passou a considerar as produções humanas, como por exemplo, filmes, documentos oficiais e orais, representações artísticas e literárias, achados arqueológicos entre outros, como fontes. O rompimento com concepções mais restritas de documento abriu novas perspectivas aos estudiosos da história. Segundo François Dosse, essa amplitude maior das fontes da história estaria vinculado, inicialmente, a uma mudança, ou deslizamento nos enfoques da historiografia, que teria transitado de uma história política para uma ênfase econômica. Para esse autor: Esse deslizamento do aspecto político para o econômico pressupõe o alargamento das fonte, a mudança radical no próprio ofício do historiador, que não pode se contentar com as fontes escritas para ter acesso aos fundamentos da sociedade. Ainda segundo Dosse: (...) às pesquisas tem por objetivo sensibilizar para a história econômica e social e para os novos materiais do historiador, que são muitos documentos involuntários e diferentes dos arquivos tradicionais. 2 1 Departamento de História - UEM 2 DOSSE. F. A História em migalhas: dos Annales à nossa história. São Paulo: Ensaio, 2003. p. 75,76

A partir dessa ampliação das fontes, a literatura surgiu como uma das muitas possibilidades, pois, segundo Antonio Candido, é muito raro que um autor ficcional seja capaz de manifestar um juízo livre de injunções diretas do meio em que vivemos. 3 Não se pode deixar de lado as idéias sociais, culturais e políticas que estão presentes na obra literária, assim sendo, é perfeitamente possível relacionar a poesia dos inconfidentes com a realidade, com os costumes, com as mentalidades daquela época, pois os autores são parte da época em que vivem. É óbvio que analisar uma obra literária a partir da história ou de qualquer outra ciência social por si só não possibilita compreendê-la por completo. Afinal, como afirma Antonio Candido, existem sociólogos, historiadores, psicólogos que possuem intuitos imperialistas querendo explicar a literatura apenas através da sua disciplina. Não é esse o presente caso, o intuito aqui não é o estudo da literatura dos inconfidentes, não é a analise e o conhecimento de tal literatura. Como já foi afirmado a literatura não retrata fielmente os fatos históricos, pois é uma obra fictícia, mas ela apenas apresenta elementos que podem nos ajudar a compreender determinado período. Assim sendo, nosso objetivo é utilizar a literatura que aqueles poetas produziram como fonte para a história, pois a partir da forma como aqueles homens amaram, sofreram, analisaram e criticaram, pulsa a vida social de Minas Gerais, do Brasil e de Portugal daquela época. No entanto, para que a literatura possa se constituir em fonte para a pesquisa é importante estudar o contexto em que foi produzida. Assim, para estudar as obras literárias dos inconfidentes é necessário ampliarmos a abordagem e recorrermos a fontes convencionais para analisar o Brasil e Portugal na segunda metade do século XVIII. A segunda metade do século XVIII foi um período de agudização de conflitos. A chamada crise do Antigo Regime colocava em cheque todo um universo de vida social. Em Portugal, a ascensão de D.José I ao trono, em 1750, e a conjuntura posterior ao terremoto Lisboa em 1755, tornaram 3 CANDIDO, A. Literatura e Sociedade: estudos de teoria e história literária. São Paulo: Nacional, 1985.

possível e necessário uma série de reformas que foram conduzidas pelo todopoderoso Marques de Pombal. Imbuído pelo ideal ilustrado de progresso, o Marques de Pombal realizou uma série de reformas que buscavam finalmente concretizar a regeneração do reino. Entre as reformas adquiriu grande importância aquela realizada no ensino. O cerne das reformas de Pombal foi a renovação da Universidade de Coimbra no ano de 1772. 4 Na colônia, os filhos da elite de Minas Gerais são estimulados a estudar na Universidade reformada. Como afirmou Sérgio Buarque de Holanda: É interessante notar como o acréscimo, considerável de estudantes mineiros em Coimbra, logo ao iniciar-se a segunda metade do século XVIII, coincide exatamente com a grande fase da produção aurífera na capitania. 5 É importante lembrar ainda que, como resultado da valorização da educação letrada, os mineiros realizavam esforços para que seus filhos recebessem uma educação escolar, pois: A valorização da escola em Minas Gerais é bastante curiosa, ela foi favorecida pela constituição de um espaço urbano propiciado pela descoberta do ouro. A instrução era a porta para as conquistas de cargos e privilégios. Assim sendo: Em Minas Gerais, nas comarcas de Sabará, Vila Rica e Serro Frio, no período de maior opulência, os proprietários fizeram, muitas vezes, sacrifícios para educar seus filhos, ao contrário do que sucedera na comarca do Rio das Mortes: enviaram-nos à Universidade de Coimbra, a fim de capacitá-los a ocupar altos cargos e, quando não tinham posses suficientes, matriculam-nos no Seminário Mariana. 6 4 MAXWELL, K. Marquês de Pombal: paradoxo do iluminismo. São Paulo: Paz e Terra, 1997. 5 HOLLANDA, S. B. de. História Geral da Civilização brasileira. São Paulo: Bertrand Brasil, 1993. p. 303 6 VILLALTA, L. C. O que se fala o que se lê: língua, instrução e leitura. In: SOUZA, L. M. História da Vida Privada: cotidiano e vida privada na América portuguesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 354, 355

Na Europa os filhos da elite mineira aprendem com os ilustrados a crença no progresso, a importância da educação para construir o futuro, que a desigualdade jurídica não é natural. Ao retornarem a colônia, trazem consigo com os novos ideais de igualdade e liberdade que se difundiam pela Europa. Concomitantemente a esse processo, no Brasil, o crescimento da vida urbana, a laicização da sociedade, as transformações sociais começam a tornar possível o surgimento tanto de letrados quanto de leitores. Ou seja, as transformações pelas quais a sociedade colonial passava na segunda metade do século XVIII possibilitou o surgimento tanto de escritores quanto de um público leitor. Assim sendo, na segunda metade do século XVIII surgiu uma literatura no Brasil escrita por brasileiros e para brasileiros que, como já afirmou Antonio Candido possuía, ao mesmo tempo, características locais e universais, o Arcadismo. Contudo, embora possamos falar de uma literatura brasileira no século XVIII, claro esta que, como afirmou Antonio Candido, ela é um ramo da portuguesa, pois se fundou no seio daquela. isto ocorre a partir dos meados do século XVIII, adquirindo plena nitidez na primeira metade do século XIX. Sem desconhecer grupos ou linhas temáticas anteriores, nem influências como as de Rocha Pita e Itaparica, é com os chamados árcades mineiros, as ultimas academias e certos intelectuais ilustrados, que surgem homens de letras formando conjuntos orgânicos e manifestando em graus variáveis a vontade de fazer literatura brasileira. 7 Em 1777 morre D. José I e Pombal perde o poder, assume o poder em Portugal D. Maria I, em um episodio conhecido por Viradeira desfaz uma série de medidas que haviam sido tomadas pelo Marquês de Pombal. Durante o seu governo D.Maria I toma uma série de medidas diretamente relacionadas ao Brasil. Entre tais metidas destaca-se a execução da derrama, a proibição 7 CANDIDO, A. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. Belo Horizonte: Itatiaia, 1975. p. 25

das manufaturas e o aumento da censura com a proibição da divulgação das idéias francesas de liberdade, igualdade e fraternidade. A partir de então cresce o descontentamento na Colônia. Como a elite letrada brasileira participava da vida política, administrativa, eclesiástica conhecia os problemas da colônia e inspirando-se, mais uma vez, nos movimentos literários europeus, utiliza-se da literatura para refletir sobre as principais questões de seu tempo. A forma como essa reflexão se desenvolve se constitui na próxima etapa dessa pesquisa.