Profissões do FERNANDO FORTES



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Transcrição:

40 Nesta edição, a série de entrevistas do Espaço Gigplace contempla a profissão de sound designer. Dessa vez, o profissional dos bastidores do show business entrevistado é Fernando Fortes. Backstage - Como foi a sua formação acadêmica e como chegou ao mercado do show bussiness? Fernando Fortes - Sempre amei música e artes em geral. Estudei guitarra, flauta, saxofone e bateria. Tive formação musical desde pequeno, pois minha mãe é professora de teclado e acordeom. Minhas irmãs são professoras e coreógrafas de dança. Quando pequeno ia para festivais de dança e ficava curioso com a estrutura de palco, luz e som. Mas comecei a me interessar pelo áudio devido ao meu interesse por eletrônica. Fiz colégio técnico em eletrônica e trabalhei em empresas de projetos, montando e testando placas para circuitos de telecomunicação, isto em 1993. Também montava em casa amplificadores de áudio e programava sintetizadores, samplers e sequenciadores que minha mãe teve na época, como Roland W30, D50 e Yamaha DX7. Depois, quando entrei na Unicamp para cursar engenharia elétrica, saí da empresa que trabalhava e, por sugestão do engenheiro de gravação André Mais, de Campinas, fui trabalhar no galpão da Loudness Sonorização, onde efetivamente comecei profissionalmente na área de áudio, em 1995. Backstage - Defina o que faz um sound designer, quais são suas atribuições e qual o seu principal campo de trabalho? Fernando Fortes - Para deixar bem claro, digo que trabalho como sound designer Profissões do backstage backstage redacao@backstage.com.br Fotos: McGyver / Arquivo pessoal FERNANDO FORTES para teatro musical, para não confundir com sound designer para cinema, televisão etc., que é outra praia. Basicamente, um sound designer está envolvido com tudo que é som, intercomunicação e video monitoring dentro de um espetáculo teatral ou de teatro musical. É função do sound designer especificar, configurar, ajustar e manipular os equipamentos de áudio para um espetáculo. Gosto de trabalhar com som a partir de um conceito artístico, sou mais um membro da equipe criativa e não somente um membro da equipe técnica. Um sound designer pode trabalhar em espetáculos de teatro, dan-

Fernando Fortes - Fantasma da Ópera ça, música, artes circenses, etc. Encare um sound designer como uma ponte entre a direção artística-musical de um espetáculo e os técnicos de som, facilitando o trabalhado de todos e aumentando as possibilidades criativas. Backstage - Faça um pequeno apanhado das últimas produções na qual você participou e em qual função. Fernando Fortes - Bem, estou envolvido com teatro musical há um bom tempo. Lembro muito bem de voltar para casa, deslumbrado, depois de assistir a uma montagem de A Chorus Line, acho que nos anos 80, em que uma das minhas irmãs dançou. Acho que foi o primeiro estalo que tive e que me levou a gostar de musicais. Fiquei fascinado com aquela forma de contar uma história. Mas meu primeiro trabalho em musical foi em 2001 quando eu trabalhava na Loudness e fizemos Chicago, em Buenos Aires, no teatro Ópera, cujo sound designer era o inglês Rick Clarke. Fernando Fortes - Musical Evita 41

42 Ler o rider técnico do sound designer foi um curso de pósgraduação para mim. Aprendi e ainda aprendo muito observando os outros trabalharem. Admiro quem é organizado, quem possui métodos de trabalho e quem trabalha em cima de um conceito bem definido Musical Jekyll & Hyde Foi meu primeiro contato com uma produção com o cuidado técnico que só os gringos sabem ter. Ler o rider técnico dele (sound designer) foi um curso de pósgraduação para mim. Aprendi e ainda aprendo muito observando os outros trabalharem. Admiro quem é organizado, quem possui métodos de trabalho e quem trabalha em cima de um conceito bem definido do começo ao fim. Já trabalhei como engenheiro de sistemas em musicais como Cats, Mamma Mia, A Bela e a Fera, Jekyll & Hide, sempre com sound designers estrangeiros, esta foi a minha escola. Devo muito do que aprendi ao Rick Clarke, Gaston Briski, Nick Lidster e David Patridge, sound designers responsáveis pelas maiores produções que já aconteceram no Brasil. Como sound designer, ultimamente trabalhei em O Rei e Eu, Evita e Baby - O Musical. Backstage - Você trabalha bastante com montagens teatrais. Explique um pouco como é a pré-produção de um evento desses, desde as reuniões iniciais até a estreia do espetáculo. Fernando Fortes - Depende do tipo de produção. Em montagens estrangeiras, normalmente o sound designer já possui tudo documentado, então, geralmente, recebo todos os diagramas e plantas com antecedência. É claro que ele faz as adequações para o teatro em que será apresentado o espetáculo, mas o bacana é que tudo geralmente é excessivamente documentado. Isso, para mim, é ótimo. Na montagem do Mamma Mia!, em São Paulo, as conversas com David Patridge, de Nova Iorque, foram por e-mail e skype. Usamos o serviço drop box para troca de arquivos. Sempre que ele atualizava algum documento no micro dele, meu micro era atualizado também de forma online. Para ter uma ideia, até a programação dos processadores Galileo, da Meyer Sound, e da console PM1D, da Yamaha, vieram online. Quando David chegou ao Brasil, já até havia começado os ensaios com som. Aí ele fez o alinhamento do PA em algumas poucas horas, com o seu toque pessoal e continuamos com os ensaios e ajustes. Tento seguir a mesma ideia com os meus projetos. Por exemplo, no último musical que montei no Rio de Janeiro, Baby - O Musical, programei a DigiCo SD8, o processador de sistema DME64, da Yamaha, e vários outros detalhes do meu computador com semanas de antecedência. No momento da montagem, tudo estava documentado em plantas e diagramas. Isso facilita muito a minha vida e a dos técnicos. Neste caso, em três dias tudo estava montado e eu estava pronto para começar a passar o som da orquestra. Para musical, isto é um tempo muito curto mesmo. Backstage - Quais profissionais de áudio estão envolvidos em uma produção teatral e qual a sua hierarquia? Fernando Fortes - Pode variar de produ-

ção para produção, mas, de forma geral, o sound designer é o responsável pelo projeto. Abaixo dele, existe o sound system engineer ou o production sound engineer, ou pode haver os dois. O sound system engineer é o chefe de montagem da empresa locadora, e o production sound engineer, a ponte entre a empresa de som e o sound designer. Mas, normalmente, a função de production sound engineer é desempenhada pelo gerente técnico. E, logo depois disso, vem a equipe técnica da empresa de som, o técnico operador de som e o microfonista. Backstage - No seu dia a dia, você está envolvido desde o alinhamento do sistema, trilha sonora até a captação da voz dos atores. Para gerenciar isso tudo, quais softwares e equipamentos você utiliza nas suas produções? Fernando Fortes - Tudo depende dos equipamentos, mas costumo usar todas as ferramentas disponíveis que irão me ajudar. Se for atrapalhar, não uso! Mas ter uma rede wi-fi confiável só para o som é o primeiro passo. No musical Baby, fiz o monitor para a orquestra de dentro do fosso, eles acharam o máximo. Mas, melhor que isto, evitei o desconforto de alguém gritar para a house pedindo mais Tudo depende dos equipamentos, mas costumo usar todas as ferramentas disponíveis que irão me ajudar. Se for atrapalhar, não uso! baixo na via do baterista! Foi tudo muito rápido, pois a DigiCo SD8 possui uma conexão fantástica via computador. Fiz tudo via wireless. Uso também a conexão sem fio para fazer o alinhamento do sistema. Gosto de afinar cada região da plateia durante os ensaios, assim, faço um equilíbrio mais agradável entre o acústico e o amplificado e as relações com a imagem sonora. Durante os ensaios, fico cami- 43

44 As pessoas não conhecem e não entendem a minha função em um nhando com o meu notebook ou ipad pelo teatro todo. Isso hoje em dia é simplesmente fantástico e não era possível um tempo atrás. Fora isso, uso muito os softwares de CAD, o Vectorworks neste caso, pois documento tudo que faço, faço plantas, cortes e diagramas. Para coordenação de RF, uso o scanner Winradio e o software IAS, da Professional Wireless. Mas cada equipamento hoje possui um software, não é? E adoraria que tivessem mais para o ipad agora. Para edição de vozes, efeitos e backing tracks uso Pro- Tools e Beas Peak no Mac. Para alinhamento uso o Smaart 7. Além disso, uso muitos outros apetrechos como angulômetros e trenas digitais, réguas e níveis digitais, tudo para garantir uma montagem perfeita. Backstage - No teatro moderno quase todas as produções utilizam microfones sem fios e, com isso, você acabou se tornando um expert em RF, passando a ser requisitado em outros eventos que fizesse uso de wireless e como crítico. Fale um pouco sobre isso. Fernando Fortes - Expert não, ainda tenho muito que aprender, mas realmente minha curiosidade para sempre oferecer um sistema sem fio con- fiável fez com que eu estudasse bastante sobre o assunto. Fiz alguns cursos dentro e fora do país, além de ter feito boas amizades com pessoas que trabalham com isto fora do Brasil. Lá, os grandes eventos sempre têm um engenheiro para coordenar as frequências. Aqui no Brasil, em uma conversa há uns 3 anos com o Andreas Schmidt, diretor da AudioBizz, ele levantou a possibilidade de eu trabalhar para ele em alguns eventos e isso tem ocorrido cada vez mais. Os últimos que participei foram os prêmios VMB da MTV 2009 e 2010, prêmios Multishow 2009 e 2010, Red Bull Air Race Brasília 2011 e o Sorteio das Preliminares da Copa da Fifa 2014, dentre outros. É uma coisa nova aqui no Brasil e envolve muito background em engenharia, tenho me divertido muito. Acho que o maior desafio foi o Oi Fashion Rocks, com aproximadamente 35 microfones sem fio e 20 in-ears, fora vários outros sistemas funcionando concomitantemente como intercoms sem fio, pontos eletrônicos e vários sistemas para os canais de TV. Com certeza, cerca de 70 portadoras de RF estavam no ar funcionando no dia do evento, sem nenhum problema, felizmente. evento destes. Digo que faço coordenação de frequências, mas acham que é só fazer uma planilha e não deixar que as frequências coincidam. Mas vai além disso Fernando Fortes - Baby O Musical

46 Backstage - No Brasil ainda não temos políticas de uso do espectro de frequências definidas e ainda temos a ideia que os sistemas sem fio são plug and play. Quais as dificuldades de coordenar o uso de RF em eventos? Fernando Fortes - A maior dificuldade é cultural. As pessoas não conhecem e não entendem a minha função em um evento destes. Digo que faço coordenação de frequências, mas acham que é só fazer uma planilha e não deixar que as frequências coincidam. Mas vai além disso. Levo em consideração posicionamento de antenas, tipos de antena, potências de transmissão, tipo e comprimento do cabeamento, cálculos de intermodulação e distâncias entre transmissores. Outro detalhe é a relação com as empresas locadoras. Querem um conselho? Não tenham muitos microfones na mesma banda de transmissão, procurem diversificar. E tenham um bom estoque de bons cabos (nem todo cabo de RF é igual), boas antenas (cada tipo de antena tem a sua aplicação) e bons combinadores e splitters. Existem bons equipamentos hoje à disposição. Professional Wireless e Minicircuits são duas ótimas referências. E, sempre que possível, procure um profissional de RF com experiência. Backstage - As produções teatrais estão ficando cada vez mais elaboradas, principalmente nas remontagens de espetáculos da Broadway e da Disney. Quais são as exigências técnicas impostas para remontagem dessas produções estrangeiras aqui no Brasil? Fernando Fortes - A exigência e a especificidade são grandes. Trabalhar com musical não é a mesma coisa que trabalhar em um evento corporativo ou um show de rock. As exigências técnicas e a forma de se trabalhar são bem distintas. Tive oportunidade de trabalhar nos maiores musicais no Brasil. Não estou exagerando em dizer que os americanos e ingleses possuem décadas de experiência nesta área. O Brasil cresceu muito, os profissionais desta área cresceram junto e isto é muito bacana. Mas que os gringos dominam a arte, isto dominam, fazem como ninguém, mas estamos chegando lá, com certeza. O método de trabalho deles é muito organizado, a documentação, os horários e cronogramas. Isto é uma deficiência do brasileiro, temos dificuldade em nos organizar, em criar métodos, em seguir cronogramas. As montagens estrangeiras exigem isto, e o bom é que aprendemos junto. Backstage - Quais os seus planos para o futuro, o que o Fernando Fortes planeja estar fazendo daqui a 10 anos? Fernando Fortes - Planejo ainda estar trabalhando com as mesmas coisas. Amo o que faço, amo musicais. Não faço nada disso por dinheiro, faço porque gosto e procuro melhorar meu trabalho e o das pessoas que estão comigo. Backstage - Já que estamos falando do futuro, o que estaremos vendo e ouvindo de novas tecnologias nas produções no Brasil? Quais são as novidades para um futuro próximo? Fernando Fortes - Tenho vontade de usar coisas mais arrojadas. Meu sonho é poder usar o sistema de acústica ativa da Meyer Sound, o Constellation, o sistema de console Cueconsole / D- Mitri, da mesma marca, e o sistema automático de actor tracking da TTA Stagetracker. Quem sabe um dia!? Já tive oportunidade de fazer treinamentos nesta área e mesmo de usar ferramentas como estas em uns poucos eventos, mas que existem coisas muito bacanas que se poderiam fazer com estas ferramentas, isto tem! Este espaço é de responsabilidade da Comunidade Gigplace. Envie críticas ou sugestões para contato@gigplace.com.br ou redacao@backstage.com.br. E visite o site: http://gigplace.com.br.