O jogo como meio de desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem dos esportes coletivos



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Transcrição:

1 O jogo como meio de desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem dos esportes coletivos Joyce Ribeiro CaetanoÄ Orientador: Neilon Carlos ** Resumo Este artigo mostra algumas possibilidades pedagçgicas para o desenvolvimento do processo de ensino aprendizado dos esportes coletivos nas aulas de EducaÉÑo FÖsica, considerando as caracterösticas lüdicas do jogo. Baseando-se na importáncia do ensino dos esportes na escola, buscou-se nos jogos uma forma prazerosa de ajudar no desenvolvimento das competàncias e habilidades dos esportes coletivos como o Futebol, o Basquetebol e o Handebol. Concluiu-se que a utilizaéño dos jogos como ferramenta pedagçgica para o processo de ensino aprendizagem dos esportes coletivos possibilita a participaéño de todos, promovendo a partilha, a confianéa em si mesmo e no outro, eliminando comportamentos destrutivos, desenvolvendo diversas competàncias inerentes ao esporte, aproximando alunos e professores num ambiente de espontaneidade. Palavras chaves: Basquetebol, competàncias, desenvolvimento, esporte, futebol, habilidades, handebol, jogos, ludicidade. 1 INTRODUÄÅO Os jogos sño atividades ricas em situaéâes imprevistas, äs quais o indivöduo tem de responder prontamente assumindo responsabilidades e riscos (D ANGELO, JåNIOR, JåNIOR ET AL, 2009). Entende-se que os jogadores devem resolver sozinhos as situaéâes e que necessitam de adaptaéño imediata, sendo capazes de criar e superar diversas situaéâes que ocorrem nos jogos, trabalhando em equipe e alcanéando os objetivos propostos. Para Hildebrandt (2003) apud Sçara (2009), os esportes sño tratados como forma de movimento humano, onde hé uma relaéño de diélogo da prética com significado/sentido para a vida do aluno. E trazer as possibilidades de jogo e movimento para o mundo cotidiano dos alunos atravçs da EducaÉÑo FÖsica (EF) ç uma maneira de provocar uma ampliaéño das possibilidades de jogo e movimento. Assim, jogo e esporte sño instrumentos educacionais que contribuem para a construéño de valores morais e çticos, coibindo a competiéño exacerbada e a conquista de resultados a qualquer custo (D ANGELO, JåNIOR, JåNIOR ET AL, 2009).

2 Leva-se em consideraéño que na escola ç preciso que o coletivo privilegie sobre o individual, defendendo o compromisso da solidariedade e respeito humano, a compreensño de que jogo se faz a dois, e que ç diferente jogar com o companheiro e jogar contra o adversério. O seu conhecimento na escola deve promover a compreensño que a prética esportiva deve ter o significado de valores e normas que assegurem o direito ä prética do esporte (COLETIVO DE AUTORES, 2009). Assim como o esporte, os jogos sño fenëmenos sociais que desenvolvem um papel fundamental na sociedade agregando valores e colaborando com a formaéño do indivöduo como cidadño (D ANGELO, JåNIOR, JåNIOR ET AL, 2009). Para tanto, a prética dos jogos ç uma peéa fundamental para o processo de ensino aprendizagem dos esportes coletivos na escola (LEONARDO, SCAGLIA e REVERDITO, 2009). 2 METODOLOGIA Este artigo se baseou numa revisño de literatura, sendo caracterizado, como teçrico-conceitual. Foram lidos e estudados livros e artigos que abordam sobre a prética do ensino dos esportes e dos jogos enquanto conteüdos da EducaÉÑo FÖsica Escolar (EFE). 3 REFERENCIAL TEÇRICO Com o surgimento oficial da EducaÉÑo FÖsica na escola (1851) surgiram diversas concepéâes pedagçgicas ao longo dos anos. Dentre elas estño higienismo / militarismo, recreacionismo, psicomotricidade, desenvolvimentista, esportivismo, cultura corporal e outras. Neste estudo ç de nosso interesse citar a princöpio o esportivismo que teve seu inöcio em maréo de 1964, quando o governo militar comeéou a investir no esporte tentando fazer da EF um meio para a promoéño do paös (DARIDO E RANGEL, 2005). Esse modelo de EF foi muito criticado por seu perfil mecánico, em que o professor apenas repetia ao aluno tçcnicas especöficas de cada modalidade em busca da perfeiéño e rendimento. Mesmo sendo tño criticada, principalmente nas duas Ültimas dçcadas, essa concepéño ç a mais encontrada nas escolas. Talvez por sua facilidade, uma vez que os professores e alunos nño precisam refletir sobre o que fazem, sendo necessério apenas repetir os gestos tçcnicos e aperfeiéoé-los buscando alto rendimento.

3 Para Daolio (2007), a educaéño fösica sç deixou de ser vista como uma érea exclusivamente biolçgica a partir da dçcada de 80, quando estudiosos comeéaram a questionar em busca de explicaéâes atravçs das ciàncias humanas. Devido a esses questionamentos, existe na EducaÉÑo FÖsica uma diversidade de concepéâes, tendo entño diversas formas de pensar e ministrar essa disciplina na escola. (DARIDO E RANGEL, 2005). Pensando em todo o conteüdo da EducaÉÑo FÖsica e na prética dos esportes coletivos, nos deparamos com o fato de que o esporte nño pode simplesmente ser deixado de lado na escola, mas deve ser repensada a forma de aplicélo, nño dando ànfase ao seu perfil tecnicista, uma vez que a EducaÉÑo FÖsica atual tem como objetivo formar um cidadño reflexivo. Assim, entender o esporte como uma perspectiva pedagçgica significa valorizar o processo de aprendizagem que o mesmo fornece aos alunos, como tambçm as bases educativas que possibilitam a vivància do jogo nas suas dimensâes, permitindo estabelecer relaéâes do aprendizado com a realidade. Neste processo sño vérias as atividades que podem ser aplicadas para colaborar e aprimorar o ensino dos esportes coletivos. Diante disso, buscou-se investigar os procedimentos didéticos e metodolçgicos possöveis e adequados para ajudar no ensino do esporte na escola, sobretudo dos esportes coletivos. Foi necessério analisar e refletir sobre o esporte enquanto conteüdo pedagçgico, as necessidades dos alunos e a prética pedagçgica do professor, para que pudçssemos apontar encaminhamentos metodolçgicos possöveis para o desenvolvimento do esporte nas aulas de EF. Dessa forma, decidiu-se apontar possibilidades metodolçgicas para o ensino dos esportes coletivos nas aulas de EF, com o desenvolvimento dos jogos, levando em consideraéño um ensino com caracterösticas envolventes, inclusivas e que incentivem a participaéño de todos os alunos. O esporte nas aulas de educaéño fösica

4 Para Darido e Rangel (2005), as aulas de EF devem acontecer de forma com que todos participem, baseando-se no princöpio da inclusño que busca garantir o acesso de todos os alunos. O responsével por esse princöpio ç o professor, que deve saber como desenvolver os conteüdos da EducaÉÑo FÖsica para que nño ocorra a exclusño, em especial na prética dos esportes coletivos, para que nño aconteéa inclusive a evasño dos alunos por se sentirem menos que os outros que se sobressaem. Assim, o professor deve buscar uma metodologia adequada, relacionando-a sempre ä formaéño do aluno. Atravçs do lüdico pode obter resultados nos aspectos da integraéño, expressño, criaéño, desenvolvimento de atitudes e habilidades. Pode-se buscar nos jogos tradicionais e na adaptaéño de regras feitas pelos prçprios alunos, uma forma de ensinar mais prazerosa, fazendo entño com que os alunos participem e se interessem cada vez mais pelas atividades. O jogo como ferramenta pedagügica no processo de ensino aprendizagem dos esportes coletivos Para uma proposta do ensino dos esportes coletivos atravçs dos jogos e suas estratçgias devem-se considerar os objetivos das modalidades abordadas, relacionandoos aos objetivos dos jogos selecionados. Sendo jogos que possuam as estratçgias e movimentos comuns aos esportes coletivos, podendo citar: passe (cooperaéño, divisño das responsabilidades); organizaéño de espaéo (decisâes individuais e em grupo, interaéño); atacar e defender (aéâes coletivas); estratçgias de finalizaéño (decisâes do grupo); ànfase no desenvolvimento de valores (cooperaéño, respeito äs limitaéâes individuais e dos outros. superaéño dos obstéculos, persistància, resiliància). Trata-se da prética do esporte educacional que tem como princöpios ensinar esporte para todos, ensinar esporte bem para todos e ensinar mais que esporte para todos (D ANGELO, JåNIOR, JåNIOR ET AL, 2009). Tendo entño o compromisso com a inclusño e a participaéño, sendo necessério alterar, adaptar, reduzir ou aumentar a complexidade dos jogos para que todos participem e realizem. O professor deve ensinar bem, atravçs de planejamento, aéño e reflexño, tendo paciància com cada aluno, acreditando em suas limitaéâes e potencialidades. NÑo esquecendo que o jogo enquanto esporte educacional deve ultrapassar o ensino de fundamentos e tçcnicas, acrescentando tambçm as dimensâes atitudinais e conceituais.

5 Deve haver uma organizaéño no processo de aprendizagem que busque a concepéño construtivista favorecendo o desenvolvimento da autonomia, incentivando a participaéño ativa de todos, aprendendo entño mais do que o esporte (D ANGELO, JåNIOR, JåNIOR ET AL, 2009). Dos critçrios para a escolha de bons jogos D ANGELO, JåNIOR, JåNIOR ET AL (2009) aponta que um bom jogo para ser ensinado ç aquele que possibilita a participaéño de todos, o sucesso dos participantes, o gerenciamento dos jogadores, favorece adaptaéâes e novas aprendizagens, e mantem a imprevisibilidade. Jé em sua utilizaéño D ANGELO, JåNIOR, JåNIOR ET AL (2009) afirma que a organizaéño do tempo, espaéo e dos materiais, conhecer os alunos, a aprendizagem significativa, a flexibilidade de regras, a quebra de automatismos e a ajuda ajustada sño fatores imprescindöveis para uma intervenéño qualificada. Sobre a estrutura de uma aula, D ANGELO, JåNIOR, JåNIOR ET AL (2009) a divide em tràs momentos: a roda de conversa sobre o jogo do dia, o momento de vivàncias e préticas e a roda de conversa sobre o que foi feito na aula. Desta forma sendo capaz de alcanéar os objetivos propostos, observando sempre a posiéño de cada aluno sobre o que foi feito nas aulas. Jogos para o desenvolvimento de competáncias no futebol, handebol e basquetebol Aqui serño citados jogos que ajudam no processo de ensino aprendizagem das habilidades necessérias do futebol, handebol e basquetebol. Jogos estes que sño capazes de ensinar alçm das habilidades e competàncias nos esportes coletivos (D ANGELO, JåNIOR, JåNIOR ET AL 2009). 1 Pega Pega: possui inümeras variaéâes. O professor deve conversar com as crianéas e combinar o espaéo para a fuga, as maneiras de tocar os amigos para serem pegos, dentre outras regras. O que està em jogo : Cognitivo - atenéño para nño ser pego, comparar velocidade dos participantes, identificar os mais répidos e memorizar os pegadores. Psicomotor - estruturaéño espacial (distáncia e aproximaéño) nos deslocamentos de fuga e ao desviar dos demais participantes, correr ou saltar ao fugir, quicar a bola (na variaéño). SÜcio afetivo - respeito äs regras estabelecidas pelo grupo, disciplina: nño sair do espaéo delimitado para a atividade, autoconfianéa nas tentativas de fuga e de

6 pegar e cooperaéño quando tiver de ajudar os companheiros a pegarem a turma de fugitivos. DiscussÑo: esses jogos possibilitam inümeras combinaéâes de habilidades motoras, pois os alunos podem correr quicando a bola, chutando, rebatendo, etc. tais habilidades aproximam-se muito das necessérias ä prética do basquete, do handebol e do futebol: deslocar-se em velocidade em direéâes variadas, com mudanéas de ritmo e controlando a bola com atenéño a todos os obstéculos (pegadores, outros fugitivos, espaéos em alteraéño). 2 Cerca: professor delimita o espaéo, riscando uma linha para marcar o meio. Uma crianéa (cerca) permanece em pç sobre a linha e o seu deslocamento dé-se apenas lateralmente. Os demais permanecem em um dos lados da linha. O professor comanda a brincadeira. Preparar... Passar. Ao comando, todas as crianéas devem tentar tocar um ou mais colegas, que assumirño tambçm a posiéño de cerca e passarño a auxiliar o pegador. O que està em jogo : Cognitivo concentraéño no comando do educador e nos movimentos dos pegadores, transferir os conhecimentos de outras brincadeiras para esta, analisar e identificar estratçgias de passagem de um lado para o outro. Psicomotor - deslocamento lateral na movimentaéño do pegador (semelhanéa com o deslocamento defensivo do basquete), saltitar para atravessar o espaéo determinado, equilöbrio em pç, esquivar-se para nño ser tocado pelo pegador. SÜcio afetivo - espörito de equipe dos pegadores para se deslocarem todos na mesma direéño, elaboraéño das estratçgias de ambos os grupos, honestidade para indicar-se como cerca apçs ser pego e autonomia para avaliar o melhor momento de transpor a cerca. DiscussÑo: observam-se duas habilidades do basquetebol, handebol e futebol: drible e marcaéño. Para aumentar a aproximaéño com o basquete e o handebol, solicita-se que os pegadores roubem a bola em vez de apenas tocé-la no colega. 3 Queimada: as crianéas se dividem em duas equipes e espalham-se pelo campo de jogo a fim de dificultar a aéño do adversério, que tentaré queimé-las, arremessando a bola em seu corpo. Os atingidos pela bola de forma direta (sem receber com as mños e sem que a bola toque antes o chño ou outro companheiro) serño considerados queimados, passando a ocupar o cemitçrio, onde poderño queimar os adversérios da equipe oponente.

7 O que està em jogo : Cognitivo analisar a estratçgia adverséria, comparar os oponentes, a fim de identificar os de arremesso mais potente, aqueles possöveis de recepéño, com atenéño total, principalmente se forem vérias bolas. Psicomotor arremessar para queimar os adversérios, segurar a bola, correr para distanciar-se do adversério com a bola, esquivar-se e balanéar o corpo para desviar-se dos arremessos em sua direéño. SÜcio afetivo respeito aos outros, lanéando a bola no corpo e nño no rosto, respeito äs regras estabelecidas pelo grupo, participaéño e trabalho em equipe ao trabalhar para superar a equipe contréria, reconhecendo as virtudes e dificuldades suas e dos colegas. DiscussÑo: a prética da queimada possibilita vivenciar arremessos com a complexidade do basquetebol e do handebol: répidos, precisos e com um alvo mçvel. 4 Controle: Vérios jogadores se posicionam frente a uma meta defendida por um goleiro. O objetivo ç fazer gols, mas, antes de finalizar, a bola tem que ser tocada por tràs ou mais jogadores, sem cair no chño. A finalizaéño pode ser feita com qualquer parte do corpo, menos com as mños. A cada tràs bolas chutadas para fora, o jogador que realizou o Ültimo chute vai para a meta no lugar do goleiro. Pode-se delimitar uma érea onde os jogadores da linha nño podem entrar para finalizar. O que està em jogo : Cognitivo planejar sequàncias de passes em que todos possam participar, definir estratçgias corretas de troca de passes para se chegar ao gol com frequància, criar alternativas de finalizaéño que possam surpreender o goleiro. Psicomotor controlar a bola com habilidade e seguranéa, organizar-se no espaéo de forma que todos possam tocar a bola, finalizar ao gol com foréa e precisño e passar a bola com qualidade para possibilitar a continuidade do jogo. SÜcio afetivo dialogar com os colegas para definir e planejar as estratçgias de ataque, demonstrar-se disponövel para passar a bola com qualidade aos colegas, respeitar as regras combinadas quando da troca do goleiro ser paciente com os erros dos colegas e perseverar na realizaéño do desafio de passar a bola sem deixa-la cair no chño. DiscussÑo: o jogo do controle possibilita äs crianéas aprender bem a habilidade do passe, que torna o futebol um jogo coletivo, e exercitar em diferentes formas de finalizaéño, desenvolvendo inteligància criativa para chegar ao gol, o grande objetivo do futebol. 5 Bola å torre: No centro de um cörculo, no solo ou sobre um cavalete/caixa, esté colocada uma bola (um pino, um pau ou algo parecido). Um jogador guarda o

8 castelo. Os participantes, em cörculo, jogam a bola entre si e tentam atingir o castelo. O guardiño, deslocando-se sobre a linha do cörculo, pode desviar os projçteis com as mños e os pçs. Quem atingir o castelo, substitui o guardiño no limite do cörculo. O que està em jogo : Cognitivo concentraéño na movimentaéño dos passadores, conhecer as fintas e identificar as estratçgias de enganar a defesa adverséria. Psicomotor arremessar e receber com a movimentaéño répida da bola, estruturaéño espacial e temporal nos deslocamentos, correr e saltar para realizaéño do jogo. SÜcio afetivo organizaéño do grupo na elaboraéño da estratçgia de ataque, resultando em espörito de equipe, respeito äs regras estabelecidas para o jogo e participaéño ativa para cumprir as tarefas, em beneföcio do grupo. DiscussÑo: os movimentos do guardiño sño de fechar os espaéos, os mesmos da defesa do basquetebol, e realizados no ritmo real do jogo esportivo, promovendo de forma lüdica, o desenvolvimento da competància defensiva e a troca de passes répida entre os atacantes. Caso contrério, nño conseguem chegar ä meta. 6 Rebatida: Utilizando traves ou metas improvisadas, os jogadores, em duplas, tentam fazer gols, finalizando contra a meta da dupla adverséria. Cada jogador tem direito a tràs jogadas da marca do pànalti para fazer o gol ou conseguir a rebatida. Caso a bola seja rebatida pelo goleiro, a dupla que defende tenta levar a bola atç uma érea prçxima do gol (combinaéño entre as duplas), para pegé-la com as mños e parar a jogada, enquanto a dupla que ataca procura dominar e passar a bola atç finalizar para fazer o gol. Se a dupla que ataca faz o gol, marca 2 pontos. Em caso de nova rebatida, o jogo continua e mais 2 pontos sño acrescidos ao placar. Rebatidas da bola na trave valem 3 pontos e no travessño, 5 pontos. O que està em jogo : Cognitivo conhecer e dominar as regras e a sequància lçgica do jogo (momento de atacar e defender), planejar as estratçgias de ataque e defesa, antecipando as aéâes da dupla adverséria, contar e registrar os pontos de cada equipe nas diferentes fases do jogo. Psicomotor chutar a bola com foréa e precisño, passar a bola, em movimento, com precisño para o companheiro, deslocar-se no espaéo para receber a bola em condiéâes de defender ou atacar e driblar com habilidade para se esquivar da defesa e marcar o gol. SÜcio afetivo respeitar as regras combinadas pelo grupo, gerenciar a brincadeira no encaminhamento dos conflitos e discussâes, cooperar para resolver os desafios motores propostos pelo jogo, demonstrar autoconfianéa e arriscar-se para tentar a jogada com rebatida.

9 DiscussÑo: a brincadeira da rebatida possibilita a combinaéño das principais habilidades envolvidas no jogo de handebol e o seu aprendizado num contexto significativo e prazeroso. 4 RESULTADOS E DISCUSSÅO O esporte mostra interesse em vérios segmentos sociais, dentre eles o polötico. Na escola a EF foi submetida a buscar estratçgias deste segmento, destacando sua importáncia como promotora de melhoria da saüde e qualidade de vida, que deveriam ser contempladas pela prética esportiva, dando ànfase ä esportivizaéño e rendimento. Acontece que nos Ültimos tempos o esporte na escola passou a ser visto como uma prética para o desenvolvimento dos objetivos educacionais, devendo as aulas de EF nño ser desenvolvidas como base de performance e rendimento. Ao passo que o mesmo nño deve ser excluödo das aulas, devendo ser abordado de forma ampla, significativa e contextualizada. Dessa forma, sua prética sistematizada, criativa e consciente, atravçs do lüdico desenvolve o interesse e a participaéño dos alunos bem como suas qualidades, capacidades fösicas e morais. 5 CONSIDERAÄçES FINAIS O esporte ou qualquer outro conteüdo da EF deve ser trabalhado com os alunos de forma adequada äs suas realidades, culturas e seus desenvolvimentos cognitivos e psicolçgicos. Dessa forma teremos uma EF prazerosa e ao mesmo tempo pode-se aumentar a possibilidade dos alunos participantes, se tornarem futuramente pessoas fisicamente ativas. Se nas aulas o objetivo for o rendimento, certamente haveré exclusño, juntamente com o afastamento das atividades, sendo o esporte nessa concepéño inviével äs aulas de EF. Assim o aluno nño teré entendimento crötico sobre o mesmo. Conclui-se que a utilizaéño dos jogos como ferramenta pedagçgica para o processo de ensino aprendizagem dos esportes coletivos possibilita a participaéño de todos, promovendo a partilha, a confianéa em si mesmo e no outro, eliminando comportamentos destrutivos, desenvolvendo diversas competàncias inerentes ao esporte, aproximando alunos e professores num ambiente de espontaneidade.

10 REFERéNCIAS COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de EducaÄÅo FÇsica. 2í ed. SÑo Paulo: Cortez, 2009. 200 p. DAOLIO, J. EducaÉÑo FÖsica e o conceito de cultura. 2í ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2007 (ColeÉÑo polàmicas do nosso tempo). DARIDO, S. C.; RANGEL, I. C. A. EducaÄÅo fçsica na Escola: ImplicaÄÉes para a PrÑtica PedagÖgica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. D ANGELO, F.; JUNIOR, A. J. R.; JUNIOR, A. A.; ET AL. Jogos Educativos: estrutura e organizaäåo da prñtica. SÑo Paulo: Ed. Phorte, 2009. 96 p. LEONARDO, L.; SCAGLIA, A. J.; REVERDITO, R. S. O ensino dos esportes coletivos: metodologia pautada na famölia dos jogos. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 2, p. 236-246, abr./jun. 2009. SìARA, E. C.R. A visño pedagçgica e antipedagçgica dos esportes coletivos na escola. http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Ano 14 - Nî 136 Set/2009. Acesso em: 18/05/11.