Análise da distribuição espacial da incidência do dengue na cidade de João Pessoa nos anos de 2001 a 2006

Documentos relacionados
Utilização de métodos estatísticos na análise da distribuição espacial da incidência do dengue no município de João Pessoa no período de 2001 a 2006

Detecção de Conglomerados Espaciais de Dengue no Estado da Paraíba Utilizando o Método Besag e Newell

Ana Hermínia Andrade e Silva Ronei Marcos de Moraes

Análise Descritiva e Espacial dos Indicadores de Cura e Abandono do Tratamento da Tuberculose no Município de João Pessoa, Paraíba.

Análise espacial da incidência de Dengue no município de São Paulo

Análise espacial do PIB nas microrregiões do estado de Minas Gerais

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA

SADRAQUE ENÉAS DE FIGUEIRÊDO LUCENA RONEI MARCOS DE MORAES

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE. Divisão de Processamento de Imagens - DPI

Comparação dos Métodos Scan Circular e Flexível na Detecção de Aglomerados Espaciais de Dengue

II Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação Recife - PE, 8-11 de setembro de 2008 p

ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA TUBERCULOSE NO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA-PB EM 2011

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de Setembro a 01 de Outubro

Análise de Conglomerados Espaciais de Homicídios na Cidade de João Pessoa

Utilização do Índice de Moran para avaliação da dinâmica espacial da Dengue

Análise Espacial para os Casos de Dengue no Estado do Pará

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

ANALISE DA INFLUÊNCIA DAS VARIÁVEIS AMBIENTAIS OBTIDAS ATRAVÉS DE SATÉLITES NO AUMENTO DA DENGUE: ESTUDO DE CASO MUNICÍPIO DE CAMPO GRANDE, MS.

Análise do volume útil do reservatório de Furnas via modelos de séries temporais

Aula 3: Análise Exploratória de Dados Espaciais (AEDE) Prof. Eduardo A. Haddad

Distribuição Generalizada de Valores Extremos (GVE): Um estudo aplicado a valores de temperatura mínima da Cidade de Viçosa-MG

Análise de agrupamento dos estados brasileiros com base nas taxas de incidência de Aids nos anos de 1990 a 2008

Estudo sobre a dependência espacial da dengue em Salvador no ano de 2002: Uma aplicação do Índice de Moran

Fundação Oswaldo Cruz Escola Nacional de Saúde Pública Departamento de Epidemiologia. Estatística espacial. Áreas

Utilização de diferentes estimadores de semivariância com modelo teórico exponencial

A Estrutura Viária na Evolução do Dengue na Paraíba

Comparação de métodos para tratamento de parcelas perdidas em delineamento em blocos casualizados via simulação Monte Carlo

Avaliação do coeficiente de variação na experimentação com cana-de-açúcar. Introdução

Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE HEPATITE A NOTIFICADOS EM UM ESTADO NORDESTINO

Infra-Estrutura de Dados Espaciais. Bruno Rabello Monteiro

Um Estudo do Comportamento dos Gráficos de Controle Construídos Via Metodologia de Geoestatística

Estudo do perfil clínico e epidemiológico da hanseníase no estado do Tocantins, no período de 2004 até os dias atuais

PEAa já ter sido confirmada pela realidade concreta no momento de início da

Situação global das Arboviroses no Brasil e Estado de São Paulo e da Febre Amarela no contexto atual

DETECÇÃO DE CLUSTERS NA EXPLORAÇÃO DE LENHA DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

Modelagem de dados espaciais

Aulas 4-5: Análise Exploratória de Dados Espaciais (AEDE) Prof. Eduardo A. Haddad

Análise de agrupamento dos dados sedimentológicos da plataforma e talude continentais da Bahia

Análise da série temporal do desemprego em regiões metropolitanas do Brasil

BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO 007/2015

Determinantes e padrão espacial da incidência de pobreza na Ilha de Santiago de Cabo Verde

SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE SUPERINTENDÊNCIA DE CONTROLE DE ENDEMIAS SUCEN

Modelagem do comportamento da variação do índice IBOVESPA através da metodologia de séries temporais

ANÁLISE DAS RELAÇÕES ENTRE AS VARIÁVEIS AMBIENTAIS E A INCIDÊNCIA DE DENGUE NO MUNICÍPIO DE CAMPO GRANDE-MS

VALIDAÇÃO DO MODELO PELO USO DE MEDIDAS DE NÃO LINEARIDADE

1 Introdução aos Métodos Estatísticos para Geografia 1

Aula 4: Análise Exploratória de Dados Espaciais (AEDE) Prof. Eduardo A. Haddad

GIScience & Remote Sensing

DENGUEDEDENGUE BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO DA DENGUE. Dengue é um grave problema de saúde pública enfrentado em diversos países.

EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA

Dengue em Dois Municípios de Pequeno Porte da Região Norte do Estado de São Paulo

ANÁLISE ESPACIAL DE DADOS GEOGRÁFICOS. Permite mensurar propriedades e relacionamentos considerando a localização espacial do fenômeno

Dinâmica espaço temporal da produção de Mandioca no Maranhão ( )

RECURSOS GRÁFICOS TIAGO M. MAGALHÃES. São Paulo, 10 de janeiro de 2013

Leishmaniose Tegumentar Americana no Estado de São Paulo: Situação Epidemiológica

Aglomerados Espaciais da Hanseníase no Estado do Pará

ANÁLISE DE ÍNDICES DE EXTREMOS DE TEMPERATURANO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

RECURSOS GRÁFICOS TIAGO M. MAGALHÃES. São Paulo, 13 de janeiro de 2014

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO - IFMG

Aula 4: Análise Exploratória de Dados Espaciais (AEDE) Prof. Eduardo A. Haddad

Indicadores Integrados de Saúde e Ambiente: uma proposta para identificar áreas prioritárias para intervenção quanto às doenças de veiculação hídrica.

A ANÁLISE EXPLORATÓRIA DE DADOS ESPACIAIS: breve introdução José Irineu Rangel Rigotti

Aplicação da metodologia Box & Jenkins para previsão de vendas de emulsificante

13/06/2011 ESTUDOS ECOLÓGICOS. Introdução a Epidemiologia. Introdução a Epidemiologia. Epidemiologia. Estudos epidemiológicos

PLANO DE ENSINO MÉTODOS ESTATÍSTICOS II. 1) IDENTIFICAÇÃO Disciplina: Método Estatístico II Código da Disciplina:

TENDÊNCIAS DA INCIDÊNCIA DA AIDS NO BRASIL E SUAS REGIÕES

Influencia de Distribuições a priori na Analise Bayesiana em dados de contagem

Análise espacial do prêmio médio do seguro de automóvel em Minas Gerais

Detecção de conglomerados espaciais de tuberculose no estado da Paraíba utilizando o método Besag e Newell

Universidade Federal da Paraíba Centro de Ciências Exatas e da Nature za Departamento de Estatística

Alterações no padrão de cobertura da terra na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro/RJ nos anos de 1985 e DOMINIQUE PIRES SILVA

Predição do preço médio anual do frango por intermédio de regressão linear

BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO ARBOVIROSES Nº 001/2019

Comparando Duas Amostras (abordagem não-paramétrica)

ANÁLISE ESPACIAL DO DESFLORESTAMENTO E DA TRANSMISSÃO DA MALÁRIA

METÓDOS DE REGRESSÃO KERNEL

Cenário Epidemiológico da Dengue no Rio Grande do Norte

ANÁLISE ESPACIAL DE DADOS GEOGRÁFICOS. Permite mensurar propriedades e relacionamentos considerando a localização espacial do fenômeno

AUTOCORRELAÇÃO ESPACIAL. Flávia F. Feitosa

AVALIAÇÃO DAS ESTATÍSTICAS DE CAUSAS DE ÓBITOS: UM ESTUDO VIA MODELOS DE REGRESSÃO POISSON. 1ª ETAPA Análise Exploratória dos Dados

Análise do consumo de energia elétrica da cidade de Uberlândia MG, utilizando modelos de séries temporais

Informe Técnico. Assunto: Informe sobre a situação do sarampo e ações desenvolvidas - Brasil, 2013.

Aplicação do modelo de Quase-Verossimilhança

A Epidemiologia Descritiva

COBERTURA VACINAL E FREQUÊNCIA DE ÓBITOS POR FEBRE AMARELA NAS MACRORREGIÕES DO BRASIL

ESTUDO DE COMPARAÇÃO DA TENDÊNCIA DA AIDS NO BRASIL, REGIÕES E ESTADOS, DE 1990 A 2012, POR SEXO E FAIXA ETÁRIA

Avaliação de modelos de densidade de probabilidade em séries de dados meteorológicos

PROGRAMA DE ENSINO. Cartografia Temática 3º Área de Concentração AQUISIÇÃO, ANÁLISE E REPRESENTAÇÃO DE INFORMAÇÕES ESPACIAIS

Processo Endêmico e Epidêmico

HEPATITES VIRAIS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS EM IDOSOS: BRASIL, NORDESTE E PARAÍBA

Análise de Dados de Área dos índices de indústria e malha rodoviária para o estado de Minas Gerais

VARIABILIDADE TEMPORAL DE PRECIPITAÇÕES EM CARUARU PE, BRASIL

BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO ARBOVIROSES Nº 001/2017

GESTÃO DO CONHECIMENTO EM ORGANIZAÇÕES DE SAÚDE: REVISÃO SISTEMÁTICA E LITERATURA

Uso de Modelagem Computacional em Epidemiologia como Estratégia de Controle de Doenças

INTRODUÇÃO AO SIG. Programa. Referências Bibliográficas. Prof. Luciene Delazari

ANÁLISE DO RISCO DE OCORRÊNCIA DE FEBRE AMARELA EM MINAS GERAIS

III-008 COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA E VALOR ECONÔMICO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EXCLUSIVAMENTE DOMICILIARES DE BAIRROS DE CLASSE MÉDIA ALTA EM JOÃO PESSOA

Ambientes integrados para análise estatística em SIG interfaces R/C++

Transcrição:

Análise da distribuição espacial da incidência do dengue na cidade de João Pessoa nos anos de 2001 a 2006 Sadraque Enéas de Figueirêdo Lucena, Pedro Rafael Diniz Marinho, Ana Hermínia de Andrade e Silva, Ronei Marcos de Moraes sadraquelucena@gmail.com, pedro.rafael.marinho@gmail.com, ana_herminia@hotmail.com, ronei@de.ufpb.br Departamento de Estatística Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Cidade Universitária, s/n, CEP: 58.051-900, João Pessoa, PB, Brasil INTRODUÇÃO O dengue é uma doença transmitida pelo vetor Aedes aegypti e estima-se que 2,5 bilhões de pessoas ao redor do mundo residam em áreas de risco potencial de transmissão do vírus [1]. No Brasil há registros de infecções todos os anos desde que a doença foi introduzida no país, sendo maior a concentração das notificações no primeiro semestre [2]. Na Paraíba observa-se um estado endêmico no padrão epidemiológico, caracterizado por meses de alta e baia endemicidade. Em especial no município de João Pessoa, o comportamento temporal do dengue nos últimos anos tem apresentado picos de incidência entre março e ulho [3]. Por apresentar um nível endêmico elevado e um conhecido potencial para epidemicidade, a compreensão das características espaciais da transmissão natural de uma doença causada por vetor permitem melhores estratégias de controle e prevenção [4]. Assim sendo, são importantes as pesquisas relacionadas ao comportamento das incidências de endemias e da duração da transmissão nas áreas de que compõem a região de interesse [5]. A combinação de estudos descritivos e de geoprocesamento oferecem maior eficiência nos instrumentos de monitoramento de regiões de alta incidência, sendo eficaz no combate a doenças como o dengue [6]. O presente trabalho tem por obetivo analisar o padrão da distribuição espacial do dengue na cidade de João Pessoa entre os anos de 2001 e 2006. Através do método de Getis e Ord, o presente estudo vem contribuir com informações que propiciam melhor combate ao dengue. A metodologia de Getis e Ord é adequada a dados cua distribuição não é normal, como foi observado nos dados após aplicação de testes de aderência. Buscou-se ainda identificar padrões no alastramento mensal da doença através da observação de mapas cadastrais. METODOLOGIA As análises foram feitas com base no banco de dados de notificações do dengue do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) ocorridos em João Pessoa, obtidos através de parceria com a Secretaria Municipal de Saúde. Os dados foram agregados por bairro de ocorrência e realizado um estudo mensal, de modo que foram tratados como geo-obetos, que são áreas distintas e localizáveis que compõem a área de interesse [7]. A obtenção do coeficiente de incidência do dengue se deu através da razão entre o número de casos do dengue registrados em cada bairro e a população do mesmo no respectivo período. Para o cálculo deste índice utilizou-se o método geométrico [8] na proeção da população por bairro em cada mês do estudo. A partir da suposição de que a proporção da população manteve-se constante,

tomou-se por base a contagem populacional do Censo de 2000 da Fundação IBGE e obtiveram-se as proeções por bairro. Para verificar a normalidade dos dados de incidência do dengue, foi utilizado o teste de Lilliefors (derivação de Kolmogorov-Smirnov) [9]. Essa verificação é decisiva para a aplicação ou não de técnicas inferenciais paramétricas com base na distribuição normal. Na comparação de duas ou mais populações que não apresentem distribuição normal é utilizado o teste de Friedman [9]. Neste trabalho este teste foi utilizado para comparar os dados de incidência do dengue de todo o período de estudo, buscando assim verificar a eistência de similaridades entre as distribuições dos anos comparados. Para verificar os anos em que as distribuições espaciais da incidência não foram similares, utilizou-se o teste não-paramétrico de Wilcoon [9], que foi usado em cada par de anos do período considerado. Os testes acima descritos fornecem uma análise estatística sobre os dados de incidência do dengue. Entretanto, eles não possibilitam a visualização espacial do fenômeno. Neste caso são empregadas medidas de autocorrelação espacial, que consistem em mensurar a relação de dependência espacial entre variáveis no espaço geográfico analisado [10]. O índice de Getis e Ord (G) pode ser aplicado a dados onde a distribuição é não- normal. Tem por obetivo fazer uma medida de autocorrelação espacial não-paramétrica. Uma restrição para aplicação deste método é a sua destinação à observações positivas. Os índices de Getis e Ord são estimados a partir de grupos de vizinhos da distância crítica d de cada área i. A distância crítica é formada a partir de uma matriz de proimidade W, onde cada elemento é dito em função da distância crítica, w i (d) [11]. Getis e Ord propuseram duas funções estatísticas: o índice global G(d) (dado pela equação 1), que é similar às medidas tradicionais de autocorrelação espacial, e os índices locais G i e G i*, que são medidas de associação espacial para cada área i. A partir de um nível de significância, que pode ser definido como a probabilidade de reeitar a hipótese nula (eistência de autocorrelação espacial), o p-valor é comparado com o índice gerado. Sua avaliação é feita a partir do valor positivo e da significância: o valor positivo e significativo de G(d) indica aglomeração espacial de valores elevados. Em oposição, valores negativos e significantes de G(d) indicam aglomeração espacial de valores pequenos [11]. wi i i G = (1) i i onde i é o valor observado na posição i e w i (d) é um elemento da matriz de proimidade. Um segundo tipo de estatística sugerido por Getis e Ord é uma medida de associação para cada unidade espacial individual para cada observação i, onde G i e G i * indica a etensão a que essa posição é cercada por valores elevados ou por valores baios para a variável. Este índice é simplesmente uma relação da soma dos valores nas posições circunvizinhas à soma dos valores na série de dados ao todo (ecluindo a posição considerada) [11].O G i e G i * são dados pelas equações abaio: w i Gi = (2) onde a soma é realizada sobre todas as posições de ecluindo-se a posição i, e:

G = * i w i onde a soma é realizada sobre todas as posições, inclusive a posição i. A interpretação do índice local é realizada da seguinte forma: valores padronizados significantes (p-valor menor que 5%) e positivos indicam uma aglomeração espacial de valores altos. Valores negativos das estatísticas padronizadas significantes apontam para uma aglomeração espacial de valores baios, da seguinte forma: 1. Negativo*** - Índice Negativo com p-valor menor que 0,005; 2. Negativos** - Índices Negativos com p-valor entre 0,005 e 0,025; 3. Negativos* - Índices Negativos com p-valor entre 0,025 e 0,05; 4. Negativos - Índices Negativos com p-valor acima de 0,05; 5. Positivos - Índices Positivos com p-valor acima de 0,05; 6. Positivos* - Índices Positivos com p-valor entre 0,025 e 0,05.; 7. Positivos**- Índices Positivos com p-valor entre 0,005 e 0,025; 8. Positivo*** - Índice Positivo com p-valor menor que 0,005. A metodologia acima descrita foi aplicada no software R [12]. Para a aplicação dos testes, fez-se uso de alguns módulos, que estão na biblioteca do software, tais como: nortest para a aplicação do teste de normalidade de Lilliefors; os módulos DCluster e shapefiles foram utilizados para gerar os mapas referentes ao índice de Getis e Ord. (3) RESULTADOS E DISCUSSÃO Inicialmente proetou-se a população dos bairros entre os anos de 2001 a 2006. Com a população proetada para os 66 bairros de João Pessoa, calculou-se a incidência do dengue para cada um dos bairros. Com o auílio das medidas descritivas, verificou-se que o coeficiente de incidência do dengue apresentou uma distribuição assimétrica positiva, ou sea, houve uma grande concentração em torno dos valores mais baios. Com os índices gerados, aplicou-se o teste de Lilliefors sobre as incidências de cada mês do período e verificou-se que estas não apresentaram uma distribuição normal, com p-valores inferiores a 2,210-16. Como os dados de incidência do dengue não apresentaram uma distribuição normal, foram empregados os testes não-paramétrcos de Wilcoon e Friedman para verificar a eistência de similaridades entre as distribuições dos dados de incidência do dengue. Aplicando o teste de Friedman em todo o período, observou-se que os dados não seguiram o mesmo padrão de distribuição espacial ao longo dos anos, com p-valor inferior a 2,210-16. Através do teste de Wilcoon foram comparados os anos, dois a dois e em nenhum dos casos foram observadas semelhanças nas distribuições espaciais das incidências do dengue. O p-valor em todas as comparações foi menor que 2,210-16. Buscando identificar padrões nas distribuições dos dados, foram gerados mapas coropléticos para cada mês do período. Verificou-se que os bairros com maior incidência foram: Valentina, Mandacaru e Treze de Maio. Por outro lado, 25,76% dos bairros da cidade não apresentaram casos de dengue, tais como Aeroclube, Jardim Oceania e Miramar, assim como os bairros correspondentes à região de fronteira da parte sul do município. Foi identificada também uma concentração de casos na porção norte da cidade e em torno da Reserva Florestal. Através dos mapas gerados, foi

observado que a distribuição do dengue na cidade não seguia uma tendência de mobilidade espacial claramente definida. Através do índice global de Getis e Ord, verificou-se que apenas alguns meses apresentaram aglomerados significativos, cuos p-valores eram inferiores ou iguais a 0,05. Com a observação dos mapas gerados para estes, foi identificada uma tendência dos valores positivos com significância entre 0,025 e 0,050 na região ao norte da Reserva Florestal. Observaram-se ainda algumas eceções, correspondendo aos bairros Bessa, Tambaú e Cabo Branco. Além disso, foi observado que apesar de haver aglomerados de valores altos em torno do bairro Epedicionários, este apresentou aglomerados de valores baios. Na parte sul da Reserva Florestal houve uma concentração de valores negativos com significância entre 0,025 e 0,050 (Figuras 1 e 2). Verificouse ainda que os bairros entre os aglomerados significativos positivos e negativos apresentaram aglomerados sem significância, ou sea, com p-valor acima de 0,05. Figura 1. Estatística local da incidência do dengue no mês de março de 2001 Figura 2. Estatística local da incidência do dengue no mês de maio de 2004

Embora na zona sul quase sempre fossem identificados aglomerados negativos com significância entre 0,025 e 0,050, o mês de aneiro de 2002, cuo ano foi de epidemia da doença na cidade, apresentou-se como um mês bastante atípico. Neste mês, constatou-se que na porção sul da cidade houve um aglomerado positivo com significância entre 0,025 e 0,050, abrangendo nove bairros próimos à Reserva Florestal, são eles: Jardim São Paulo, Anatólia, Jardim Cidade Universitária, Mangabeira, Cidade dos Colibris, Água Fria, José Américo, Cuiá e Ernesto Geisel. Além disso verificou-se que em toda a zona norte da cidade houve um aglomerado de valores negativos com significância entre 0,025 e 0,050, bem como no resto da cidade, eceto em alguns bairros próimos ao aglomerado positivo, como pode ser visto na Figura 3. Figura 3. Estatística local da incidência do dengue no mês de aneiro de 2002 CONSIDERAÇÕES FINAIS Foi realizado um estudo sobre a incidência do dengue na cidade de João Pessoa no período de 2001 a 2006, buscando identificar os aglomerados espaciais eistentes. Com base na incidência do dengue, foram gerados mapas coropléticos para cada mês do período estudado. Através dos mapas, foi possível verificar que na região ao norte da Reserva Florestal havia a maior concentração da incidência do dengue. Essa observação foi complementada pelo índice de Getis e Ord, com o qual foi verificado persistentes aglomerados positivos com significância entre 0,025 e 0,050 na região norte. Na região sul identificou-se a persistência de aglomerados negativos com significância entre 0,025 e 0,050 no período estudado. REFERÊNCIAS [1] DUARTE, H. P. P e FRANÇA, E. B.. Qualidade dos dados da vigilância epidemiológica da dengue em Belo Horizonte, MG. Revista de Saúde Pública, v.40, n.1, 2006, p. 134-142. [2] CÂMARA, F. P.; THEOPHILO, R. L. G.; SANTOS, G. T.; PEREIRA, S. R. F. G.; CÂMARA, D. C.; MATOS, R. R. C.. Estudo retrospectivo (histórico) da dengue no Brasil: características

regionais e dinâmicas. Rev. da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.40, n.2, 2007, p. 192-196. [3] SOUZA, I. C. A.; VIANNA, R. P. T.; MORAES, R. M.. Modelagem da Incidência do Dengue na Paraíba por Modelos de Defasagem Distribuída. Cadernos de Saúde Pública, v.23, n.11, 2007, p. 2623-2630. [4] TEIXEIRA, M. G.; COSTA, M. C. N.; BARRETO, M. L.; MOTA, E.. Dengue and dengue hemorragic fever epidemics in Brazil: what research is needed based on trends, surveillance, and control eperiences?. Cad. Saúde Pública, v.21, n.5, 2005, p. 1307-1315. [5] MONDINI, A.; NETO, F. C.; SANHCES, M. G. Y.; LOPES, J. C. C.. Análise espacial da transmissão de dengue em cidade de porte médio do interior paulista. Rev. de Saúde Pública, v.39, n.3, 2005, p.444-451. [6] LIAN, M.; WARNER, R. D.; ALEXANDER, J. L.; DIXON, K. R. Using geographic information systems and spatial and space-time scan statistics for a population-based risk analysis of the 2002 equine West Nile Epidemic in si contiguous regions of Teas. International Journal of Health Geographics, v. 6, n 42, september 2007. [7] TELES, M. M. F. e MORAES, R. M.; Estudo sobre os Sistemas de Informação Geográfica. Relatório PIBIC/CNPq. João Pessoa: UFPB, 1999. [online], disponível em <http://www.de.ufpb.br/ini0.html>, [novembro 2007] [8] SPIEGELMAN, M.. Introduction to demography: Editora Harvard University Press, 1968. [9] SIEGEL, S.. Estatística não-paramétrica para as ciências do comportamento: McGraw-Hill do brasil, 1975. [10] CRESSIE, N. A. C. Statisticas for Spatial Data. New York: John Wiley & Sons, 1993. [11] ANSELIN, L.. Spatial data analysis with GIS: as introduction to application in the social sciences. National Center for Geographic Information and Analysis. University of California, Santa Barbara, august 1992. [12] R Development Core Team. R: A language and enviroment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, 2006, Disponível em: http://www.r-proect.org/. Acesso em: 5 abril 2007.