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Transcrição:

CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA PRELIMINAR DE CAÇADOR/SC: ALTERAÇÕES MICROCLIMÁTICAS NO PERÍODO DE 1942-2006. Resumo Hamilton Justino Vieira (1) Maurici Amantino Monteiro (2) Maria de Lourdes Mello (3) Renato Luis Brea Victoria (4) Este trabalho procurou mostrar a variação da temperatura mínima de Caçador/SC, município situado no Meio Oeste catarinense, ao longo de 64 anos de observações. A variação desse elemento foi relacionada à dinâmica das massas de ar atuantes no Sul do Brasil, ao efeito da altitude, assim como a possibilidade de modificação provocada pela ação antrópica. As temperaturas extremas registradas em junho, julho e agosto (tabela 1) ocorreram respectivamente em 30/06/1952, 10/07/1952 e 30/08/1963. Portanto, faz mais de quarenta anos que esses episódios ocorreram e verificou-se que desde 1963 as temperaturas mínimas vêm aumentando. Nos últimos 20 anos, conforme figura 2, houve um acréscimo de 1ºC nas temperaturas mínimas. ABSTRACT This paper highlights the variation of the minimum air temperature in the city of Caçador, State of Santa Catarina, Brazil, during 64 years. Temperature variation was related to the movement of air masses on the south of Brazil, to the altitude, as well to the anthropogenic alteration of the environment. Extremes of minimum temperature recorded in June, July and August (Table 1), were on 06/30/1952, 07/10/1952 and 08/30/1963. Hence, it has been more than 40 years since those extremes were recorded. Furthermore, minimum temperature has risen after 1963, with an increase of 1 C in the last 20 years (Table 2). Palavras-chave: temperatura, microclima, Caçador SC. 1 Eng. Agr. Dr., Epagri/Florianópolis, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-8051, e-mail: hjb@epagri.rct-sc.br. ² Geógrafo, Doutorando em Geografia. Geógrafo e meteorologista aeronáutico, Fundagro/Florianópolis, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-8066, e-mail: monteiro@epagri.rct-sc.br. ³ Geógrafa, Esp., em meteorologia, Epagri/Florianópolis, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-8159, e-mail: dlourdes@epagri.rct-sc.br. ² Meteorologista, Esp, Fundagro/Florianópolis, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-8034, e- mail: renatovictoria@epagri.rct-sc.br. 1

INTRODUÇÃO A temperatura é um parâmetro que tem causado preocupações globais em função do aumento dos gases estufa (CEE). Conseqüências adversas como aumento do nível dos oceanos, desertificação, intensificação de sistemas instáveis como tornados e furacões têm sido observadas pelo aumento das temperaturas. Em Santa Catarina, estado produtor de grãos, o estudo do comportamento das temperaturas reveste-se de importância fundamental, especialmente quando há grande variação e os extremos ficam muito evidentes. Isso provoca estresse em várias etapas do desenvolvimento da planta com prejuízos na produção. Os dados da estação meteorológica de Caçador foram escolhidos para análise por estar localizada numa área de produção agrícola, onde predomina a plantação de tomate. Sua posição é 26º46 32 S de latitude, 51C00 50 W de longitude e altitude de 960 metros, conforme figura 1. Figura 1 MAPA DO ESTADO DE SANTA CATARINA DESTAQUE PARA CAÇADOR 2

DADOS E MÉTODOS Foram utilizados valores de temperaturas mínimas absolutas e médias mensais de Caçador do período de 1942 a 2005 (tabelas 1-4). As temperaturas mínimas absolutas refletem a ocorrência de frio intenso em Santa Catarina e as médias, o comportamento das massas de ar que atuam no sul do Brasil no decorrer do ano. As horas de frio e os episódios de neve e geada citados na tabela 1 reforçam o entendimento da dinâmica das massas de ar. Tabela 1 Dados mensais de temperatura, geada e neve de Caçador/SC de 1942 a 2006. MÊS TEMPERATURA (ºC) GEADA NEVE ABSOLUTA D A T A MÉDIA ABSOLUTA MÉDIA ABSOLUTA JANEIRO 4,0 1962 16,2 0 0 0 FEVEREIRO 1,0 1952 16,2 0 0 0 MARÇO 0,8 1965 14,7 3 0,1 0 ABRIL -3,0 1962 11,5 77 1,5 0 MAIO -6,0 1956 8,1 213 4,1 1 JUNHO -14,0* 1952 7,0 288 5,4 1 JULHO -11,0* 1952 6,5 310 5,9 11 AGOSTO -10,4* 1963 7,7 229 4,4 7 SETEMBRO -7,0 1963 9,8 107 1,9 0 OUTUBRO -3,0 1959 12,0 28 0,6 0 NOVEMBRO -1,8 1970 13,3 11 0,2 0 DEZEMBRO 0,0 1954 14,9 5 0,1 0 TOTAL: XXX XXX XXX 1271 XXX 20 FONTE: EPAGRI Ressalta-se que as temperaturas mínimas extremas de 14ºC, -11ºC e 10,4ºc, ocorreram respectivamente em 30/06/1952, 10/07/1952 e 06/08/1963. 3

Caçador/SC 1942-2006 Temperatura absoluta (ºC) 6 4-2 02-4 -10-8 -6-12 -14-16 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Temperatura média (ºC) JAN FEV MAR ABR MAIO JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Mínima absoluta Mínima Média Figura 2 TEMPERATURAS MÍNIMAS MENSAIS EXTREMAS E MÉDIAS DE CAÇADOR/SC, 1942-2006. RESULTADOS Em Caçador as temperaturas mais elevadas são registradas no verão, nos meses de fevereiro e março, e um declínio gradual do outono para o inverno, conforme pode ser observado nas temperaturas médias, tabela 1. As temperaturas elevadas devem-se ao domínio das massas de ar subtropicais nessa época do ano e o declínio do outono, ao predomínio de massas de ar frio, apesar de constantes atuações de massas de ar subtropicais que, em muitos casos, chegam a ocasionar um pequeno verão conhecido no sul como veranico, conforme Monteiro (2001). Os meses de junho-julho-agosto caracterizam o trimestre hibernal em Santa Catarina. As condições de tempo deste período são influenciadas por sucessivas massas de ar polar provenientes do continente antártico. O ar frio é trazido pela aproximação de anticiclones que se deslocam da Argentina em direção à região Sul do Brasil. Quando instalados sobre Santa Catarina, esses sistemas ocasionam tempo estável, com predomínio de céu claro e acentuado declínio de temperatura em todas as regiões do Estado, o que favorece a formação de geada e de nevoeiro, fenômenos típicos da região. O mês de julho é o mais frio em Caçador (tabela 1) apresentando uma média de 5,9 dias de geada, registrando também a maior ocorrência de neve. Durante o inverno, a trajetória dos anticiclones é mais continental, ao contrário da observada em meses de verão e outono, como 4

acentuam Monteiro e Furtado (1995), resultando na formação de frentes frias que se prolongam pelo interior do continente. A neve é outro tipo de precipitação que pode ocorrer em diversas áreas do Estado, mas em Caçador foram 20 episódios deste fenômeno entre 1965 e 1996 (tabela 1). Na primavera as temperaturas ficam em elevação diminuindo as horas de frio, a ocorrência de geada e as precipitações de neve (Tabela 1). Embora as temperaturas se elevem gradualmente ainda podem ocorrer temperaturas negativas em novembro (tabela 1). Isso acontece porque as incursões de massas polares no sul do Brasil predominam até novembro, especialmente até a primeira quinzena, segundo Monteiro, 2001. Além das variações sazonais refletidas pelas massas de ar que atuam no sul do Brasil, as temperaturas mínimas em Caçador apresentam tendência de ligeiro aumento e as médias mantêm-se mais homogêneas (figura 2). Esse fato demonstra alterações no clima local e reflete o que as teorias mais recentes sobre mudanças climáticas têm expressado, ou seja, globalmente as temperaturas mínimas tendem a aumentar, elevando também as temperaturas médias. CONSIDERAÇÕES FINAIS O entendimento do clima de uma determinada localidade é fundamental para o planejamento urbano, agrícola e lazer, entre outras atividades. O município de Caçador apresenta uma variabilidade sazonal bastante significativa, refletindo a altitude local e a atuação das massas de ar que atuam no decorrer do ano. Existem dois extremos anuais: no verão o domínio das massas de ar quente que inibe a precipitação de neve e dificulta a formação de geadas. No inverno prevalece a passagem de frentes frias continentais, diminuindo a temperatura na madrugada e primeiras horas do dia. As temperaturas mínimas são mais expressivas no trimestre junho-agosto onde são registradas mais geadas e ocorrência de neve. Apesar do frio ser mais intenso no inverno, temperaturas baixas podem ocorrer também no verão e nas estações intermediárias. Embora fique nítida a presença de uma variabilidade climática em Caçador, com tendência ao aquecimento, o município apresenta também muitas horas de frio com formação de geadas e neve. 5

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MONTEIRO, M.A. Cacterização climática de Santa Catarina: uma abordagem dos principais sistemas atmosféricos que atuam durante o ano. Geosul, Flori anópolis, v.16, nº 31, p. 69-78, jan./jun. 2001. NIMER, E. Climatologia do Brasil. 2ª ed., SEPLAN/FIBGE, Rio de Janeiro, 1989. OMETTO, J.A. Bioclimatologia vegetal. São Paulo: Ed. Agronômica Ceres, 1981, p. 55-56; 184-196. 440p. PELUSO JÚNIOR, V.A. Aspectos geográficos de Santa Catarina. Florianópolis: Ed., da UFSC, 1991. p.72-74. 288p. PEREIRA, A.R; ANGELOCCI, L.R.; SENTELHAS, P.C. AGROMETEOROLOGIA: fundamentos e aplicações. Guaíba: Agropecuária, 2002. p.97-98. 478p. RODRIGUES, M. L. G. Uma Climatologia de Frentes Frias no Litoral Catarinense com Dados de Reanálise do NCEP. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Engenharia Ambiental. UFSC, 2003. 75p. 6