LEITURA E ATIVIDADE COMPLEMENTAR. As Treze Colônias Inglesas na América

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Transcrição:

ALUNO(A): ANO: 8 o E.F. II PROFESSOR(A): TURMA: N o DISCIPLINA: TRIMESTRE: II DATA: / / NOTA: LEITURA E ATIVIDADE COMPLEMENTAR As Treze Colônias Inglesas na América Ingleses puritanos rumo à América Como você já estudou, em 1534 o rei Henrique VIII, da dinastia Tudor, rompeu com o papa e fundou a Igreja Anglicana. A nova Igreja, contudo, não tinha unidade religiosa interna. Como a ruptura com o papado tinha sido motivada mais por interesses políticos e econômicos do que por diferenças de doutrina, a Igreja inglesa manteve vários ritos e normas católicos: as vestimentas e os cargos eclesiásticos, o sinal da cruz, os dias santos, entre outros. Descontente, um grupo de calvinistas passou a combater os desvios católicos do anglicanismo e a defender a purificação da Igreja. Por isso, ficaram conhecidos como puritanos. Ao longo dos governos da dinastia Tudor, houve várias tentativas de disciplinar os puritanos ou de cooptá-los por meio da concessão de cargos. As divergências com o anglicanismo cresceram e levaram à formação das primeiras Igrejas puritanas independentes na Inglaterra. Com a morte da rainha Elizabeth I, em 1603, começou uma nova dinastia na Inglaterra, a dos Stuart. Os novos reis aprofundaram a política absolutista no país, e as medidas disciplinares da Igreja Anglicana contra os puritanos se transformaram em repressão política. Muitos puritanos foram encarcerados por não acatar as determinações da Igreja oficial. A necessidade de fugir das perseguições e a esperança de iniciar uma nova vida levaram muitos puritanos a migrar para a América. Assim, em setembro de 1620, um grupo de 102 pessoas partiu no navio Mayflower rumo ao que chamavam de Novo Mundo. Dois meses depois, desembarcaram na América do Norte e fundaram a colônia de Plymouth, no atual estado norte-americano de Massachusetts. Os cercamentos Além das tensões religiosas e políticas, uma crise social também começava a crescer na Inglaterra. Nos campos, os proprietários queriam ampliar a área de criação de ovelhas, interessados em produzir lã para abastecer as manufaturas têxteis em expansão no país. Assim, eles passaram a demarcar as terras, expulsando os camponeses que lá viviam. Esse processo ficou conhecido como cercamento. Muitas famílias perderam suas terras tradicionais e migraram para as áreas urbanas. Porém, como nas cidades não havia trabalho para todos, a pobreza e a tensão social aumentaram expressivamente. Dessa forma, a migração para a América passou a ser a opção de muitos trabalhadores ingleses a partir do final do século XVII.

2 A formação das Treze Colônias Embarque dos puritanos ingleses no navio Mayflower, em 1620, com destino à América do Norte, representado em pintura de Bernard Finnigan Gribble, c. 1940. A fundação de Plymouth mostra que o início da colonização inglesa foi uma iniciativa individual e particular, e não um empreendimento dirigido pela Coroa, como ocorreu com a colonização ibérica. Isso não significa que a Coroa inglesa tenha ficado de fora da empreitada. Antes mesmo da viagem do Mayflower, a Coroa autorizou as companhias de comércio da Inglaterra a levar colonos para a América e a explorar comercialmente suas terras. Porém, a maioria dos interessados em ir para a América eram camponeses, sem recursos para pagar a viagem. A alternativa foi estabelecer com os interessados um contrato por meio do qual eles se comprometiam a trabalhar gratuitamente nas terras americanas, durante quatro a sete anos, para a pessoa ou empresa que financiava a viagem. Esse sistema tornou-se conhecido como servidão temporária. Quando o tempo estabelecido pelo contrato se encerrava, o imigrante recebia terras para que pudesse cultivar e iniciar, de fato, sua nova vida na América. Depois de Plymouth, a colonização se ampliou no norte com a fundação de Connecticut (1633), Rhode Island (1636) e New Hampshire (1638). Em 1629, foi criada a Colônia da Baía de Massachusetts, que mais tarde absorveu a de Plymouth. No centro, holandeses criaram alguns núcleos coloniais, que passaram, em 1664, para o domínio inglês, dando origem às colônias de Delaware, Nova Jersey e Pensilvânia. No mesmo ano, a colônia de Nova Amsterdã, fundada por holandeses, foi ocupada pelos ingleses e passou a se chamar Nova York. A ocupação do sul também se expandiu com a fundação de Maryland (1632) e Carolina (1663), posteriormente dividida em Carolina do Norte e Carolina do Sul. A Geórgia, fundada em 1733, completou o quadro das treze colônias inglesas da América do Norte.

3 As colônias do norte e do centro Ao contrário do que ocorria nas colônias portuguesas e espanholas, a maior parte das treze colônias inglesas tinha autonomia política e desfrutava uma relativa liberdade religiosa que não existia na Europa, o que facilitou a imigração de diversos grupos religiosos, como católicos e judeus, além de puritanos. As colônias do norte englobavam Massachusetts, Rhode Island, Connecticut e New Hampshire e eram conhecidas como Nova Inglaterra. Os puritanos representavam a maioria da população local. Eles estabeleceram regras morais e religiosas muito rígidas e chegaram a perseguir os não puritanos. Os colonos dessa região criavam animais, principalmente ovelhas, para obter matéria-prima para a produção de tecidos. Também praticavam a caça e a pesca com fins comerciais e extraíam madeira, utilizada na construção de barcos. O litoral oferecia ótimas condições ao atracamento de barcos, o que facilitou o comércio marítimo. A venda de peles também foi importante na economia dessas colônias. Das colônias do norte partiam em direção à Europa grandes carregamentos de peles de animais que iriam adornar as roupas das camadas sociais mais ricas. A agricultura era limitada pelo terreno acidentado e pelo clima frio. Por isso, predominava a cultura de subsistência, praticada em pequenas propriedades pela própria família ou por servos temporários. O cultivo combinava cereais e frutas trazidos da Europa (trigo, cevada, maçã, pêssego) e plantios aprendidos com os nativos (batata e milho, principalmente). As colônias do centro eram economicamente muito parecidas com a Nova Inglaterra. No entanto, as diferenças culturais e religiosas eram grandes, devido principalmente à presença de outros povos na região, como holandeses, suecos e alemães. A maior diversidade étnica nessas colônias contribuiu para formar uma atitude de tolerância cultural e religiosa que não existiu no norte nem no sul da América inglesa. As colônias do sul As colônias do sul diferenciavam-se bastante das demais possessões inglesas na América do Norte. A grande presença de católicos, por exemplo, as distinguia do predomínio protestante no norte e no centro. Mas havia também importantes diferenças econômicas e sociais. A economia da região baseava-se na produção agrícola monocultora, cultivada em grandes propriedades com emprego de mão de obra escrava. Esse sistema, denominado plantation, era semelhante ao praticado por Portugal e Espanha em suas colônias americanas. Nas grandes fazendas do sul eram cultivados algodão, arroz, tabaco e anil. Esses produtos abasteciam principalmente a Inglaterra e eram negociados pelas companhias de comércio inglesas. Porém, ao contrário do que ocorria na América ibérica, essas companhias tinham mais liberdade na comercialização das mercadorias, não se limitando aos negócios com a metrópole. Isso permitiu o surgimento de relações comerciais mais diversificadas, que incluíam o comércio triangular.

4 A administração das Treze Colônias As treze colônias, como vimos, tinham muita autonomia em relação à metrópole inglesa e eram independentes entre si. Não havia um sistema que as unificasse sob um mesmo comando, ao contrário do que ocorreu na América portuguesa, com o governo-geral, e na América espanhola, com os vicereinos. Cada colônia tinha seu próprio governante, diretamente subordinado à Coroa inglesa. Nas colônias do sul, onde se produziam artigos mais lucrativos para o comércio europeu, o governador era indicado pela metrópole. No centro e no norte, os colonos tinham o direito de escolher seus governantes e representantes nas assembleias locais. A autonomia política das treze colônias foi mantida após a independência e ainda hoje é uma das bases do modelo político nacional dos Estados Unidos. A opressão inglesa nas Treze Colônias As Treze Colônias inglesas da América do Norte, desde que foram criadas, tiveram muita autonomia em relação a sua metrópole. No entanto, essa situação começou a mudar na segunda metade do século XVIII. A Revolução Industrial em curso provocava amplas mudanças no sistema produtivo, que passava a exigir mais matérias-primas para as indústrias e a ampliação do mercado para seus produtos. Na perspectiva inglesa, seguindo os princípios da política mercantilista, as colônias americanas podiam atender a essas necessidades. Para que isso ocorresse, porém, era preciso reduzir a autonomia das colônias e subordiná-las aos interesses econômicos metropolitanos. Outro fator que contribuiu para modificar a política colonial inglesa foi o desdobramento da Guerra dos Sete Anos (1756-1763) no continente americano. Na América, o conflito teve como causa imediata a disputa entre ingleses e franceses por áreas indígenas no Vale do Rio Ohio. Apesar de derrotar os franceses e ampliar seus domínios na América, a Inglaterra teve que arcar com os altos custos da guerra. Para compensar as perdas financeiras, o Parlamento inglês votou leis que visavam aumentar a arrecadação de impostos. Os novos tributos não eram apenas uma forma de captar recursos rapidamente. Com eles, a Coroa também pretendia frear as atividades manufatureiras nas colônias e, assim, ampliar o mercado para os produtos ingleses. No trecho a seguir, o historiador Leandro Karnal expõe outras consequências da Guerra dos Sete Anos para os colonos da América do Norte. A Guerra dos Sete Anos estabelecera uma maior presença militar nas colônias. A Coroa decidiu manter um exército regular na América, a um custo de 400 mil libras por ano. Para o sustento desse exército, os colonos passariam a ver aumentada sua carga de impostos. Situação desagradável para os colonos: pagar por um exército que, a rigor, estava ali para policiá-los. O final da Guerra dos Sete Anos também trouxe novos problemas entre colonos e índios. Vencido o inimigo francês, os colonos queriam uma expansão mais firme entre os Montes Apalaches e o Rio Mississípi, áreas tradicionais de grandes tribos indígenas. O resultado disso foi uma nova fase de guerra entre os índios e os colonos. KARNAL, Leandro. Os colonos vencem a guerra e perdem a paz... In: KARNAL, Leandro e outros. História dos Estados Unidos. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2008. p. 75 A vitória na Guerra dos Sete Anos permitiu expandir a colonização inglesa na América do Norte até o Vale do Rio Mississípi. O objetivo era ocupar as áreas recém-conquistadas da França e avançar em direção ao oeste.

5 Várias tribos que viviam na região, porém, uniram-se contra as novas investidas coloniais utilizando táticas de guerrilha. Para combater as forças indígenas, os colonos empregaram todos os recursos, até mesmo a distribuição de objetos infectados para espalhar doenças entre os nativos. Mesmo com a derrota dos indígenas, a Coroa inglesa não permitiu o acesso de colonos às terras dos nativos situadas entre os Apalaches e o Mississípi. Com essa proibição, a metrópole pretendia assegurar o controle do comércio de peles na região. A restrição ao avanço dos colonos para as terras do oeste, somada aos novos impostos, contribuiu para aumentar a tensão entre as Treze Colônias e o governo inglês. A metrópole inglesa impõe novas leis Para recuperar as perdas financeiras causadas pela Guerra dos Sete Anos e aumentar o controle sobre suas colônias, o governo inglês criou diversos impostos, que geraram grande descontentamento entre os colonos. Em 1764 o Parlamento inglês aprovou a Lei do Açúcar, também conhecida como Lei da Receita, que estabeleceu tarifas alfandegárias para a importação de açúcar, vinho, café e produtos têxteis e de luxo e limitou as exportações de madeira. Essa lei procurou ainda controlar as importações de melaço. Em 1733, com a Lei do Melaço, a Coroa inglesa já havia tentado impor altos impostos sobre o produto, caso fosse adquirido fora das suas possessões. Contudo, essa lei nunca foi cumprida porque a Inglaterra não conseguia controlar o comércio feito pelas colônias. No ano de 1765, foi criada a Lei do Selo, determinando que todos os impressos (livros, jornais, documentos oficiais, cartazes etc.) deveriam conter um selo real para comprovar que sua circulação havia sido autorizada. Os colonos reagiram com violência, destruindo agências postais, e muitos comerciantes ingleses protestaram, pois os conflitos provocados pela nova lei atrapalhavam seus negócios. Pressionado, o Parlamento inglês suspendeu a lei no ano seguinte. As tensões entre os colonos e o governo inglês aumentaram com a Lei do Chá, de maio de 1773. Pela nova lei, a Companhia Britânica das Índias Orientais assumia o monopólio do fornecimento de chá para a América inglesa, acabando com o comércio interno do produto. O governo inglês pretendia, com a nova medida, fortalecer a companhia, que enfrentava dificuldades em seus negócios no Oriente. Além disso, visava articular os dois lados do império colonial inglês, que se estendia do Oceano Índico ao Atlântico. O acirramento dos conflitos As reações coloniais contra a Lei do Chá foram intensas. A manifestação mais conhecida, a Festa do Chá de Boston, ocorreu na noite de 16 de dezembro de 1773. Disfarçados de índios, colonos invadiram navios ingleses ancorados no porto de Boston, capital da colônia de Massachusetts, e despejaram no mar toda a carga de chá. Em resposta, o governo inglês adotou medidas drásticas, que ficaram conhecidas como Leis Intoleráveis. O porto de Boston foi ocupado e fechado até que os colonos ressarcissem o valor da mercadoria destruída à Companhia Britânica das Índias Orientais. A colônia de Massachusetts foi tomada por tropas inglesas, e sua assembleia, fechada. Todas as demais colônias tiveram de se submeter ao controle militar inglês. Decretou-se também que os participantes do ataque aos navios seriam julgados por tribunais ingleses, e não pelas cortes coloniais. Mais do que a disputa pelo abastecimento de chá, estava em jogo o domínio colonial inglês na região. Inicialmente, as reações contra o governo metropolitano foram localizadas. A autonomia das treze colônias e as diferenças econômicas e sociais entre elas geravam posturas diferentes em relação à ideia de independência. Não havia na América do Norte uma nação unificada contra a Inglaterra. As colônias do sul exportavam sua produção de gêneros agrícolas para a metrópole. O algodão era fundamental para a crescente indústria têxtil inglesa, e a condição colonial facilitava o escoamento da produção. Já a economia manufatureira e comercial do norte, baseada na diversificação da produção

6 e dos parceiros comerciais, era prejudicada pelas leis que exigiam obediência à metrópole e privilegiavam as companhias inglesas. Apesar dessas diferenças, as elites do norte e do sul compartilhavam o mesmo temor: o de que um movimento pela independência radicalizasse e se transformasse em um conflito incontrolável, em que os escravos e os homens livres pobres interpretassem os ideais de liberdade como aplicáveis também a eles. Festa do Chá de Boston, gravura colorizada do século XVIII representando o protesto dos colonos ingleses contra a Lei do Chá. A independência dos Estados Unidos Em setembro de 1774, representantes de todas as colônias, com exceção da Geórgia, reuniramse no Primeiro Congresso Continental da Filadélfia. As diferentes posições diante do domínio inglês impediram os colonos de decidir pela independência. As principais resoluções do congresso estabeleceram a desobediência às Leis Intoleráveis, a igualdade de direitos entre os habitantes das colônias e o direito de rebelião. Em resposta, o governo inglês aumentou a repressão, enviando mais soldados para a América. A forma como a metrópole reagiu às decisões do Primeiro Congresso só aumentou a insatisfação dos colonos. No Segundo Congresso da Filadélfia, realizado em 1776 com a participação da Geórgia, a proposta de emancipação prevaleceu. George Washington foi indicado comandante das tropas emancipacionistas, e os colonos foram chamados a lutar contra a Inglaterra. No dia 4 de julho de 1776, foi aprovada a Declaração de Independência. O texto foi redigido sob a direção de Thomas Jefferson e teve como princípio a defesa da liberdade e da igualdade entre os homens, nos moldes iluministas. O documento defendia também o direito dos indivíduos à vida, à liberdade e o direito de resistir contra a tirania e contra qualquer governo que desrespeitasse esses direitos. A Declaração de Independência foi apenas o início da luta pela emancipação. A guerra contra a Inglaterra estendeu-se por mais oito anos. No combate às forças inglesas, os colonos receberam, após 1777, auxílio militar dos franceses, holandeses e espanhóis. Somente em 1783, com a assinatura do Tratado de Paris, a independência dos Estados Unidos foi reconhecida pela Inglaterra.

7 Referências: Boulos Júnio, Alfredo. História: sociedade e cidadania. São Paulo: FTD, 2015. Braick. Patrícia Ramos. Estudar História: das origens do homem à era digital. São Paulo: Moderna, 2015. Braick, Patrícia Ramos. Vereda Digital História: das cavernas ao terceiro milênio. Volume único. São Paulo: Moderna, 2014. ***************************************************************************************************************** Estudo Dirigido - Revisão para Avaliação Parcial 1. Explique o contexto de migração dos ingleses para a América, destacando os aspectos religiosos dessa situação. 2. Estabeleça uma relação entre a política de cercamentos ocorrida na Inglaterra e a colonização inglesa na América do Norte. 3. Por que podemos dizer que a colonização inglesa na América, diferentemente da colonização ibérica, teve caráter particular? Explique. 4. caracterize as principais atividades desenvolvidas pelos primeiro colonos nas colônias do norte. 5. Nas colônias do centro se estabeleceu uma atitude de tolerância cultural e religiosa que não existiu no norte nem no sul da América inglesa. Explique por que isso ocorreu. 6. Caracterize a economia das colônias do sul da América inglesa. 7. Explique o conceito de autonomia aplicado ao processo de colonização inglesa na América do Norte. 8. Analise as conseqüências da Guerra dos Sete Anos para a Inglaterra e comente como estas contribuíram para as mudanças na relação entre a metrópole e as Treze Colônias. 9. Identifique as motivações do acontecimento conhecido como a Festa do Chá de Boston. 10. O que estabeleciam as chamada Leis intoleráveis? Explique. 11. Identifique e comente as posições adotadas pelos colonos a) no Primeiro Congresso Continental da Filadélfia: b) no Segundo Congresso da Filadélfia: 12. Quais os princípios e pontos de defesa presentes na Declaração de Independência dos Estados Unidos da América?