A DÉCADA DE 50 E A PRESENÇA DA JAQUETA DE COURO NA FORMAÇÃO DE UMA NOVA IDENTIDADE SOCIOCULTURAL NORTE- AMERICANA

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A DÉCADA DE 50 E A PRESENÇA DA JAQUETA DE COURO NA FORMAÇÃO DE UMA NOVA IDENTIDADE SOCIOCULTURAL NORTE- AMERICANA Gabriela Pereira de Napoli e Vanessa Alves de Souza gabriela.napoli@usp.br; vanessa.alves.souza@usp.br Grupo de trabalho: Moda, Cultura e Historicidade. Curso de Bacharelado em Têxtil e Moda Escola de Artes, Ciências e Humanidades Universidade de São Paulo Resumo O projeto reúne informações sobre a década de 50 em relação à juventude norte-americana, levantando aspectos sobre a forte presença da subcultura biker no país e o uso da jaqueta de couro na busca por uma forma de identificação. Palavras-chave Jaqueta de couro identidade bikers Introdução No contexto do pós-guerra, a década de 50 surge como sinônimo de mudanças nos Estados Unidos. Contudo, o retorno dos oficiais para seus lares e rotinas gerou problemas de readaptação, sobretudo por parte dos jovens combatentes, impelidos a retomar seus antigos hábitos após as vivências da guerra. A imagem de prosperidade e conformismo social vendida pelo status quo norte-americano não mais era compatível com o perfil destes rapazes, os quais sentiam seu livre-arbítrio e expressividade limitados. A procura por modos de vida condizentes aos seus anseios individuais aproximou pequenos grupos em busca de uma identidade. E isso impulsionou a incorporação de símbolos atribuídos a objetos com grande estima social, levando à produção de uma nova configuração cultural. A jaqueta de couro usada pelos oficias de guerra foi um destes instrumentos para a construção de uma aparência diferenciada. Influenciados por um estilo de vida livre, cercado de atitude e poder, estes jovens aderem a um comportamento visando descaracterizar as diretrizes socioculturais e demonstrar seu inconformismo. Neste contexto surgem os Bikers, grupo composto de jovens vestindo botas e montados em motocicletas, os quais

passaram a incorporar também a jaqueta de couro e o perfil rebelde e liberal a ela associado. Primeiramente vistos como arruaceiros e delinquentes, os Bikers rapidamente passam de vilões a heróis e se tornam figuras ícones do processo cultural da época. Marlon Brando, no filme The Wild One (1954), populariza a imagem dos Bikers mostrando-os como rapazes cheios de atitude, emblemas de força e jovialidade, transgressores de um padrão de vida tradicional. O uso da jaqueta propõe um símbolo de status como parte da transmissão de um discurso. A roupa neste caso, uma versão de anti-moda promove a comunicação entre o indivíduo e o ambiente. O presente projeto aborda o uso da jaqueta de couro na sociedade norteamericana dos anos 50, questionando a tendência da reinvenção de si e da busca pela distinção social. Com isso, traça-se uma linha de raciocínio sobre as principais influências da subcultura Biker e discute-se a jaqueta de couro como um símbolo de identificação. Este estudo contou com a coordenação da Profª Dra. Silvia Barros de Held (PhD), docente da Universidade de São Paulo. Agradecemos sua atenção e colaboração no desenvolvimento deste projeto. Metodologia A pesquisa foi pautada em torno de rápida análise semiótica e de alguns aspectos da sociologia a partir de um levantamento bibliográfico envolvendo estudiosos das áreas, bem como trabalhos publicados que promoveram temas pertinentes para a elaboração do projeto. Conclusão A jaqueta de couro torna-se símbolo e bandeira de uma geração de jovens que se recusam à condescendência com as normas sociopolíticas desse momento histórico. O discurso abalou o cenário social do país na década de 50, reproduzindo um novo comportamento contrastante ao tradicional. A estética transgressora da jaqueta aos poucos foi mediada pelos meios de comunicação e transformada em produto de consumo e difusor de reinvindicações socioculturais.

Imagens Figura 01. O ator Marlon Brando, em The Wild One (1954). Figura 02. Modelo de jaqueta de couro usada por bikers. Figura 03. Os jovens Bikers de Hollister, Califórnia (1947)

Referências Bibliográficas BARTHES, R. Inéditos, vol. 3: Imagem e Moda. São Paulo: Martins Fontes, 2005. BAUDRILLARD, J. O Sistema dos Objetos. São Paulo, Ed. Perspectiva; 5ª ed.: 2009. CASTELLS, M. O poder da identidade A era da Informação. São Paulo: Paz e Terra, Vol. 2: 2000. CASTILHO, K. Discursos da Moda: Semiótica, design e corpo. São Paulo: Anhembi Morumbi: 2005, p. 57-96.. Interrelações da mídia, do design do corpo e do design da moda em Corpo e Subjetividade estudos contemporâneos. São Paulo: Factash, 2006. JOHNSTON, H.; KLANDERMANS, B. Social Movements and Culture Social Movements, Protest, and Contention. Mineapolis, University of Minnesota Press; Vol. 4: 1995. MESQUITA, C. Moda contemporânea: quatro ou cinco conexões possíveis. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2004. PEIRCE, C. S.. Semiótica. São Paulo, Ed. Perspectiva, 3ª.ed.: 2000. SIMMEL, G. Da psicologia da Moda: um estudo sociológico. Extraído de: SOUZA, Jessé e ÖELZE, Berthold. Simmel e a modernidade. Brasília: UnB, 1998, p. 161-170 Bancos de dados em online GARSON, P. Born to Be Wild: A History of the American Biker and Bikes 1947-2002. Disponível em: <http://migre.me/98uhi>. Acesso em 03/05/2012. PHILLIPS, L. Blue Jeans, Black Leather Jackets, and a Sneer: The Iconography of the 1950s Biker and its Translation Abroad. John Carroll University. Disponível em: <http://ijms.nova.edu/march2005/ijms_artclphilips0305.html>. Acesso em 09/05/2012. Fig. 1 - Disponível em: <http://everyguyed.com/wpcontent/uploads/2010/10/the-wild-one.jpg >. Acesso em 16/05/2012.

Fig. 2 Disponível em: <https://allstateleather.b2bparadise.com/images/378/500-500/145328.jpg>. Acesso em 16/05/2012. Fig. 3 - Disponível em: <http://www.onehellofaneye.com/wpcontent/uploads/2011/06/hollister_48-copy.jpg>. Acesso em 16/05/2012.