LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO: o trabalho pedagógico de um programa de iniciação à docência

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Transcrição:

48 LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO: o trabalho pedagógico de um programa de iniciação à docência DOI: http://dx.doi.org/10.15601/2237-0587/fd.v8n2p48-61 Resumo Roseli Maria Rosa de Almeida 1 Klinger Teodoro Ciríaco 2 Larissa Wayhs Trein Montiel 3 O trabalho apresenta reflexões acerca de práticas de alfabetização e letramento com base nas experiências vivenciadas no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), câmpus de Naviraí. Nossa proposta é apresentar um relato das observações realizadas na escola parceira José Carlos da Silva com o objetivo de apontar elementos que caracterizam o lugar da cultura escrita na sala de aula. Para tal, a metodologia adotada nas ações do grupo PIBID buscou não somente implementar a ludicidade como base do trabalho pedagógico, como também explorar e ampliar os conhecimentos das crianças a partir das atividades propostas. Por fim, realçamos a relevância dessa experiência de iniciação à docência, pois a partir das vivências no contexto escolar, aprendemos a dinâmica do magistério, o que possibilita criar formas de mediação entre o ensino da leitura e o da escrita. Palavras-chave: Alfabetização e letramento. PIBID. Pedagogia. 1 Doutoranda em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Mestre em Educação e Licenciada em Pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Professora Assistente do Curso de Pedagogia da UFMS, Câmpus de Naviraí. Email: roselimariarosa@yahoo.com.br 2 Doutor e Mestre em Educação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (FCT/UNESP), Presidente Prudente/SP, Licenciado em Pedagogia e Habilitado para o magistério da Educação Infantil pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Coordenador e Professor Adjunto do Curso de Pedagogia da UFMS, Câmpus de Naviraí. E-mail: klingerufms@hotmail.com 3 Doutoranda, Mestre em Educação e Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Grande Dourados (UFGD). Professora Assistente do Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Câmpus de Naviraí. Email: larissawtmontiel@hotmail.com

49 LETTERING AND LITERACY: the pedagogic work of an introduction to teaching program Abstract The paper presents reflections on lettering and literacy practices based on the experiences of the Institutional Scholarship Program Introduction to Teaching (PIBID) of the Faculty of Education of the Federal University of Mato Grosso do Sul (UFMS), campus Naviraí. Our proposal is to present an account of the observations made in the partner school José Carlos da Silva in order to point out elements that characterize the place of written culture in the classroom. To this end, the methodology adopted in the actions of PIBID group sought not only implement the playfulness as the basis of educational work, as well as explore and expand the knowledge of children from the proposed activities. Finally, we emphasize the importance of this initiation experience to teaching as from experiences in schools, learn the dynamics of teaching, which enables you to create forms of mediation between the teaching of reading and writing. Key-words: Lettering and literacy. PIBID. Pedagogy. Introdução Sabemos que um dos maiores desafios postos à educação brasileira envolve tanto o processo de formação de professores quanto a relação entre ensino e aprendizagem nas escolas, principalmente, as públicas. Além disso, resultados de estudos e pesquisas (SOARES, 2004; GOULART, 2006) apontam que os níveis de proficiência em leitura e escrita são preocupantes quando testadas as habilidades básicas de alfabetização nos primeiros anos de escolarização. De modo geral, a realidade das escolas aponta para a necessidade de se aprimorar em formas de trabalho relativas à alfabetização numa perspectiva do ler e do escrever em um contexto social mais amplo. Isso revela a indissociabilidade entre esse processo e o letramento. Partindo desse contexto, o presente trabalho aborda a temática da alfabetização com ênfase nas experiências vivenciadas por um grupo de acadêmicos/as bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), câmpus de Naviraí. Sendo assim, é importante ressaltar que esse programa oportuniza aos futuros professores processos de iniciação à docência e, portanto, a possibilidade de compreender

50 aspectos da dinâmica do trabalho docente durante a formação inicial, o que pode contribuir para a construção de uma base reflexiva e para o desenvolvimento profissional. Dessa forma, nosso foco foi realizar intervenções pedagógicas em uma turma de 2 ano do Ensino Fundamental, constituída por 31 alunos, integrada a escola municipal José Carlos da Silva, situada na periferia da cidade de Naviraí/MS. Para tanto, a atuação no espaço escolar ocorreu a partir das indicações do material organizado pelo Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa 4 (BRASIL, 2012), que ressalta ser necessário refletir sobre os conceitos a serem desenvolvidos em sala de aula. O momento da intervenção foi de muita apreensão, pois sabíamos que seríamos responsáveis pelo desenvolvimento das atividades naquela semana e as expectativas foram grandes. Pela dinâmica de gerenciamento das atividades do programa de iniciação à docência que estamos vinculados, o contato com a escola parceira, via direção e coordenação do ciclo da alfabetização, é feito sempre a cada início de bimestre, momento este em que apresentamos a proposta de intervenção a ser realizada nos anos iniciais do Ensino Fundamental. É importante destacar que esse projeto foi apenas o início de nossas experiências com a docência. Muitos outros projetos virão e, a cada um deles, novos aprendizados serão alcançados com base na colaboração e planejamento coletivo. Sendo assim, foi possível constatar como a participação no PIBID contribui para o processo de formação docente, pois, por meio das observações, da elaboração do projeto e da intervenção, conhecemos a prática do trabalho do professor dos anos iniciais. O processo de observação foi uma prática muito rica, que possibilitou não só o planejamento do projeto de intervenção, como também uma aproximação com as crianças, o conhecimento da rotina da sala de aula e a verificação de quais eram as necessidades dos alunos. Nesse sentido, tendo em vista a importância da alfabetização na perspectiva do letramento, o objetivo geral desse relato de experiência é apresentar a prática de iniciação à 4 O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa é um compromisso formal, assumido pelos governos federal, do Distrito Federal, dos estados e municípios, de assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos de idade, ao final do 3º ano do Ensino Fundamental. Maiores informações disponíveis em: http://pacto.mec.gov.br/index.php

51 docência pautada na ludicidade. No momento da intervenção na sala de aula, nossos objetivos eram os seguintes: 1. Contribuir com a aprendizagem da leitura e da escrita por meio de jogos; 2. Identificar dificuldades das crianças no que se refere ao ato de ler e escrever; 3. Colaborar com o ensino da Língua Portuguesa nos primeiros anos da educação básica. A experiência de intervenção possibilitou relacionar teoria e prática por meio das atividades elaboradas e desenvolvidas, atendendo aos objetivos propostos. O processo de alfabetização na perspectiva do letramento Evidenciaremos nesta primeira parte do texto, uma discussão do referencial adotado para a discussão nas reuniões no contexto do PIBID, com vistas ao aprimoramento das práticas de alfabetização e letramento nos primeiros anos de escolarização. As palavras e os conceitos referentes às palavras alfabetização e posteriormente letramento, alteraram-se historicamente. Para Ribeiro (2006) até 1958, a UNESCO 5 determinava que para ser considerada alfabetizada, uma pessoa deveria ser capaz de ler ou escrever um enunciado simples, pertinente a sua vida diária. Com o passar dos anos e com o avanço das sociedades urbanizadas e industrializadas, essa definição não atendia mais às necessidades criadas por meio das novas práticas de leitura e escrita que foram surgindo. É com isso, que, por volta dos de 1980 surge o conceito de letramento, discutido em vários países, como Portugal, França, Estados Unidos e Brasil. Deste modo, Soares (2004) entende que [...] é em meados dos anos de 1980 que se dá, simultaneamente, a invenção do letramento no Brasil, do illettrisme, na França, da literacia, em Portugal, para nomear fenômenos distintos daquele denominado alfabetização [...] (p. 6). Embora, os países mencionados acima não discutiram as questões de letramento pelos mesmos motivos, o fato é que, começou uma preocupação com os níveis de alfabetismo funcional 6 das pessoas, porquanto se verificou, em avaliações externas à escola, as 5 Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura. 6 Alguns autores se referem ao termo letramento como alfabetismo funcional (RIBEIRO, 2006), ou seja, a capacidade de utilizar a leitura e a escrita em situações em que elas se fazem necessárias.

52 dificuldades com o uso da leitura e da escrita, mesmo por pessoas que já haviam frequentado a escola por alguns anos. O fenômeno denominado letramento foi criado a partir da discussão de que além de alfabetizado, era necessário que o sujeito fizesse uso da leitura e da escrita nos contextos em que estas práticas fossem necessárias, ou seja, nas situações sociais que envolvesse a língua escrita. Há ainda, no conceito de letramento um âmbito individual e outro coletivo. Soares (2004) conceitua o letramento como sendo o estado ou condição dos indivíduos ou determinados grupos sociais que exercem por sua vez, efetivamente, as práticas de leitura e escrita, socialmente. Acrescenta ainda que: É o pressuposto de que indivíduos ou grupos sociais que dominam o uso da leitura e da escrita e, portanto, têm as habilidades e atitudes necessárias para uma participação ativa e competente em situações em que práticas de leitura e/ou de escrita têm uma função essencial, mantêm com os outros e com o mundo que os cerca formas de interação, atitudes, competências discursivas e cognitivas que lhes conferem um determinado e diferenciado estado ou condição de inserção em uma sociedade letrada (SOARES, 2002, p. 145-146). Goulart (2001) adverte ainda, que existem algumas questões polêmicas, como a dificuldade de conceituar letramento e a possibilidade da existência de letramentos, no plural. Assim enfatiza que existe uma [...] falta de condição em definir critérios para avaliar ou estabelecer níveis de letramento (GOULART, 2001, p. 06), isso nos alerta à importância de estudos que sustentem as discussões nessa área e busquem a compreensão das diferentes práticas de leitura e escrita criadas pelas sociedades ao longo dos períodos históricos. A autora (GOULART, 2001) ainda assegura que [...] em termos mais gerais, o letramento está relacionado ao conjunto de práticas sociais, orais e escritas (de linguagem) de uma sociedade, e também (...) à construção da autoria [...] (p. 07). Desta maneira há de se compreender que a pesquisadora assevera que não existe uma diversidade de conceitos, mas sim uma multiplicidade de ênfases na descrição desse fenômeno. No contexto da escola, e considerando os objetivos dos afazeres escolares com a leitura e a escrita, Goulart (2001) nos expõe a preocupação com as práticas sociais que interferem diretamente na prática pedagógica escolar vigente. Neste caso, a noção de letramento defendida no trabalho da autora, se conecta a uma compreensão do ensino da língua escrita de forma contextualizada e, consequentemente, problematizando o processo de ensino e aprendizagem. É necessário considerar ainda que:

53 Estamos aqui entendendo as orientações de letramento como o espectro de conhecimentos desenvolvidos pelos sujeitos nos seus grupos sociais, em relação com outros grupos e com instituições sociais diversas. Este espectro está relacionado à vida cotidiana e a outras esferas da vida social, atravessadas pelas formas como a linguagem escrita as perpassa, de modo implícito ou explícito, de modo mais complexo ou menos complexo (GOULART, 2001, p. 10). Por meio da apreensão dos termos alfabetização e letramento, relacionando-os à prática pedagógica, é possível compreender que os dois conceitos têm facetas (SOARES, 2004) necessárias para a aprendizagem da leitura e da escrita. À escola cabe a busca de estratégias metodológicas que garantam que esses dois aspectos sejam trabalhados em práticas que se aproximem ao máximo daquilo que os sujeitos leitores e escritores utilizem em sua vida diária, ou seja, das práticas sociais de leitura e escrita, e além disso, que a alfabetização e o letramento caminhem juntos, de forma indissociável. Destarte, os estudos e as reflexões permanentes realizadas no contexto dos encontros no PIBID, com a professora supervisora, o professor orientador e as acadêmicas/bolsistas do programa, possibilitaram ampliar a compreensão da importância de se conceituar e observar estes aspectos na prática pedagógica. O resultado desse processo de contato com referenciais teóricos em relação à alfabetização e letramento possibilitou-nos identificar e analisar aspectos que dizem respeito à mudança de concepção prévia das acadêmicas, especialmente ao apresentarmos alguns mitos, que foram posteriormente desmistificados em decorrência da leitura de textos científicos relacionados ao processo de indissociabilidade entre alfabetização e letramento. Em suma, a relação dos artigos que estudamos, juntamente com as práticas de iniciação à docência vivenciadas no PIBID proporcionou uma maior reflexão sobre a pluralidade da prática docente e a compreensão de que o professor exerce um papel fundamental enquanto mediador entre a criança e a aprendizagem da linguagem como forma de expressão humana. Metodologia O grupo do subprojeto PIBID da UFMS/CPNV é constituído de oito acadêmicas/os, sendo que destes, sete são do sexo feminino e um do masculino, uma professora supervisora e dois professores coordenadores das ações.

54 A professora supervisora, regente da turma em que a intervenção foi realizada, auxilia o grupo de alunos bolsistas do programa por meio do acompanhamento direto das atividades de observação, coparticipação e de aula compartilhada (ação de intervenção). Já os professores coordenadores de área, docentes da UFMS, participam ativamente do processo de formação da equipe e prestam assessoria à escola parceira no que tange a prática de alfabetização e letramento no seio escolar. É importante destacar que as práticas de vivência do programa são ainda recentes, pois sua implantação ocorreu em fevereiro de 2014, por meio do Edital nº 61/2013 da Coordenação de Pessoal de Nível Superior CAPES. Ainda cabe acrescentar que o PIBID do curso de Pedagogia, ao qual estamos vinculadas/os, tem como base atender a duas necessidades formativas emergentes, a saber: 1ª) contribuir com a formação docente e 2ª) auxiliar na melhoria dos índices de avaliação externa em relação à alfabetização, letramento e matemática. As observações em sala de aula no 2 ano do Ensino Fundamental foram realizadas em duplas, geralmente de segunda à quinta-feira, tem em vista que, a sexta-feira é destinada a reuniões periódicas de estudos na universidade. O contato com a escola visa promover o contato direto com a sala de aula, tendo em vista o aprimoramento das competências didáticopedagógicas como, por exemplo, aspectos ligados à gestão de classe, mediação de conflitos entre os alunos, explorar a comunicação como forma de trabalho coletivo com a turma, bem como questões ligadas ao processo de ensino/aprendizagem de forma geral. Cabe esclarecer que a proposta não se configura como reforço escolar e sim como uma experiência na formação de futuros professores. Para a realização da intervenção na sala de aula, a metodologia utilizada pautou-se não só em observações com coparticipação do grupo de acadêmicas/os bolsistas, como também no desenvolvimento de um projeto pedagógico. Para tanto, após cinco semanas de trabalho, o grupo realizou reuniões e, em conjunto, foi elaborada a proposta com base nas necessidades formativas das crianças. Ao final de cada dia observado, as duplas organizavam um relatório apresentando os aspectos gerais das atividades desenvolvidas, com o intuito de contribuir com um planejamento colaborativo para o processo de alfabetização na perspectiva do letramento.

55 A partir de nossas reflexões, que resultaram na elaboração do projeto pedagógico, as ações de intervenção se realizaram no período de 4 (quatro) dias de aula, planejamento este previsto no momento da aula compartilhada, objeto da iniciação à docência no programa. Os materiais utilizados foram tanto confeccionados pelo grupo quanto disponibilizados pela escola parceira. A essência da utilização desses recursos foi resgatar o papel da cultura da oralidade na sala de aula como sendo um princípio fundamental para práticas de alfabetização na perspectiva lúdica. Desenvolvimento O trabalho com a alfabetização durante as ações do grupo PIBID/Pedagogia/UFMS/CPNV foi planejado coletivamente. Dessa forma, as/os acadêmicas/os foram dividas/os em duplas, das quais eram realizados rodízios em dias alternados. As duplas tinham como foco identificar nas observações, durante o período de aproximação com a realidade da sala de aula, as dificuldades das crianças, como também levantar, a partir da análise crítica da prática de alfabetização vigente, possibilidades de trabalho para o momento da intervenção que aqui será relatada. Como a vinculação no PIBID prevê a parceria com uma professora supervisora atuante no ciclo da alfabetização, temos como objeto de formação, práticas de iniciação à docência, em uma turma dos anos iniciais. Isso implica um planejamento detalhado tanto das ações quanto das observações na turma, por essa razão, como somos oito bolsistas, nos dividimos em duplas para, a cada dia, termos duas pessoas auxiliando a professora supervisora e observando possibilidades de atuação futura. A intervenção pedagógica ocorreu respeitando-se a rotina da instituição. As atividades propostas foram: trabalho com leitura e escrita por meio do alfabeto móvel; rádio PIBID ; história sequenciada realizada com base em figuras aleatórias disponibilizadas às crianças; avental da história Menina bonita do laço de fita de Ana Maria Machado; exploração da caixa de jogos do Ministério da Educação e Cultura (MEC) disponível no espaço escolar. Alfabeto móvel: no momento da intervenção apresentamos a proposta às crianças, assim cada uma sorteava letras do alfabeto. Na etapa seguinte, de acordo com a letra, os

56 alunos socializavam oralmente um nome próprio e uma palavra que começasse com a referida letra. De acordo com as palavras mencionadas, uma acadêmica realizava a escrita na lousa, sempre questionando os alunos sobre quais letras eram necessárias para a formação/escrita da mesma, ou seja, nosso papel se constituiu em sermos além de escribas, mediadoras entre a criança e a linguagem oral/escrita, já que a formação das palavras partia delas. Dando sequência à atividade, foi realizada a leitura coletiva para o registro no caderno. Essa atividade se caracteriza pela formação das palavras, em conformidade com Brasil (2012a, p.09) [...] levar a criança a escrever do jeito que acha que é é uma maneira de incentivá-la a buscar estratégias para colocar no papel o que quer informar ao seu leitor. Nessa perspectiva, acreditamos que esse tipo de atividade possibilita estratégias diversificadas de escrita, proporcionando ao aluno a correção espontânea dos possíveis erros, o que é uma forma de reflexão sobre a língua. A atividade Rádio PIBID - o canto das músicas infantis: inicialmente partiu-se da ideia de construção de um cartaz no qual constavam músicas infantis. O cartaz foi confeccionado previamente pelas/os bolsistas e nele continha nome de músicas populares com o objetivo de proporcionar, ao grupo de crianças, a ampliação de seu repertório musical. Essa prática foi adota pelo grupo porque diz respeito ao trabalho com a rotina diária da turma já implementada pela professora supervisora, que sempre no início da aula canta músicas já conhecidas pelas crianças e as envolve, oralmente, na prática do cantar. Nessa direção, como queríamos ampliar o repertório musica/oral da turma, aproveitamos essa rotina para possibilitar o conhecimento de novas músicas, quando do momento do desenvolvimento da proposta rádio PIBID. No momento da atividade, os alunos eram questionados sobre quais músicas constavam no cartaz e quais desejavam cantar, bem como sobre outras que poderiam fazer parte do repertório musical. O foco foi instigar as crianças do 2º ano a falar, uma vez que na prática alfabetizadora a oralidade exerce um papel fundamental. A partir dos apontamentos de Brasil (2012a), verificamos que há diversas maneiras de explorar a língua, por isso buscamos a música como meio de levar o aluno a tomar contato com novas palavras a fim de ampliar e enriquecer o vocabulário.

57 Ainda nessa perspectiva, Brasil (2012b) ressalta que o lúdico leva a criança a desenvolver habilidades motoras e a expressão corporal, o que reafirma a proposta de trabalho por meio da música. Avaliamos que esse instante da aula foi muito prazeroso tanto para as crianças quanto para nós, futuras/os professoras/es, uma vez que, foi nítida a participação, engajamento e envolvimento de todos nesse processo. A história sequenciada: consistiu em figuras dos mais variados tipos como, por exemplo, fotos de animais, meios de transporte, profissões, cenas, paisagens, entre outras, que foram espalhadas no centro da sala de aula. Para essa proposta, os alunos formaram um círculo. Depois, cada um pegava uma figura e dava sequência à narrativa que se iniciava com Era uma vez (...). Enquanto os alunos imaginavam a sequência da história, uma acadêmica realizava a escrita. Assim, ao término, a turma fez a leitura e, em conjunto, analisou quais adequações seriam necessárias para uma melhor compreensão das informações como, por exemplo, os aspectos de composição textual da narrativa a partir da lógica entre início, meio e fim do enredo. A realização dessa atividade parte do pressuposto de que O processo de análise linguística nos anos iniciais precisa estar voltado para as reflexões acerca da língua e de seu funcionamento e é necessário que seja desenvolvido concomitantemente com a apropriação dos usos e funções sociais dos gêneros textuais, da leitura, da produção de textos e da linguagem oral (BRASIL, 2012a, p.12). Com base nessas considerações, entendemos ser necessário trabalhar a produção de textos a partir do interesse dos alunos e de sua criatividade, com o objetivo de levá-los à apropriação da língua e sua função de comunicação na sociedade contemporânea. Essa ação faz-se necessária tendo em vista a complexidade do processo da transposição entre o oral e o escrito, ou seja, é preciso que o professor alfabetizador, implemente em sala de aula, práticas que promovam uma reflexão sobre a função da linguagem escrita em diferentes contextos. O trabalho com gêneros textuais apresenta-se como uma possibilidade promissora para a efetivação de uma alfabetização na perspectiva do letramento, pois os diferentes tipos de textos, que circulam no meio social, apresentam características específicas que podem ser enquadradas/classificadas no estudo dos gêneros textuais.

58 Contação de história por meio do avental: essa proposta oportunizou as crianças do 2º ano o conhecimento da obra de literatura infantil Menina Bonita do Laço de Fita, de Ana Maria Machado. Com isso, no momento da aula foi apresentado para turma o referido avental, que foi confeccionado pelos pibidianos 7 a partir de um avental de cozinha, em que as personagens da história eram fixadas nele, quando do momento de desenvolvimento da narrativa. Antes de começar esse instante, as crianças foram questionadas se já conheciam a história. Seguindo o planejamento, foi realizada a contação com apoio das imagens que eram fixadas no avental. Foi nítida a participação ativa de todos. Na sequência, as próprias crianças recontaram a história explorando a imaginação, criatividade e a prática da oralidade, essa proposta tornou-se uma brincadeira divertida para a turma. Os dados desse momento da aula nos levam a corroborar Lopes et al. (2007, p. 23) ao afirmarem que [...] com a melodia dos versos, com o acerto das rimas, com o jogo das palavras, criando novas histórias, dramatizando e ilustrando são formas de proporcionar uma aprendizagem significativa. Caixa de jogos do MEC: utilizamos o caça rimas, bingo dos sons iniciais, palavra dentro de palavra, entre outros jogos. Nesse sentido, a proposta foi levar as crianças à identificação dos sons e à compreensão das variadas dinâmicas de formação de palavras, uma vez que [...] o lúdico (...) enquanto promotor da aprendizagem e do desenvolvimento, deve ser considerado como um importante aliado para o ensino (BRASIL, 2012b, p.22). Por fim, realçamos a relevância dessa experiência de iniciação à docência, pois a partir das vivências em sala de aula aprendemos a dinâmica do trabalho docente, o que possibilitou conhecer formas de mediação pedagógica entre as dificuldades das crianças e o processo de compreensão do sistema de escrita alfabético. Ao final, a partir da experiência relatada, concluímos que as práticas de iniciação profissional, promovidas pelo trabalho coletivo do PIBID ora apresentado, são relevantes, pois se desenvolve em diversas etapas, trazendo o acadêmico do curso de licenciatura para a realidade escolar e também levando a escola para a universidade, passo importante para a 7 Termo adotado por nós para o grupo de alunas/os bolsistas do programa.

59 iniciação à docência. Essa parceria entre a instituição formadora e escola com certeza vem sendo bastante formativa e relevante para ambas. Considerações Finais Ponderando todo o estudo desenvolvido, foi possível constatar que a participação no PIBID, tem contribuído para o processo de formação docente, pois por meio das observações, da elaboração do projeto e da intervenção, conhecemos a prática do trabalho do professor alfabetizador. O processo de observação foi uma prática muito rica, que possibilitou não só o planejamento do projeto da intervenção, como também uma aproximação com as crianças, conhecer a rotina da sala e verificar quais eram as necessidades da turma. Por isso a importância de estarmos sempre repensando a prática pedagógica, onde a alfabetização se desenvolva em um contexto de letramento, com atividades lúdicas de leitura, escrita e matemática, possibilitando ao aluno o desenvolvimento de habilidades do uso da leitura e escrita em seu contexto social. Queremos acrescentar que esse programa tem como colaborar com a formação docente e auxiliar na melhoria dos índices de avaliação no que tange a alfabetização, letramento e matemática da escola parceira a partir de ações de intervenção pedagógica nos primeiros anos de escolarização. Dessa maneira, durante as reuniões de gerenciamento do grupo PIBID, seja para estudos e discussão de textos ou reflexões sistemática sobre dados observados em sala de aula o aprendizado ocorre por meio da base colaborativa de negociação dos significados, pois momentos como esses favorecem o desenvolvimento profissional das/os acadêmicas/os, professora supervisora e da coordenação de área. Enfim, ao refletir sobre o processo de ensino aprendizagem, enquanto profissionais da educação, percebemos a importância de estar sempre dialogando sobre nossas formas de ensinar, conforme esclarece Soares (2004) em uma de suas publicações. Em concordância com Deimling (2014), acreditamos que o PIBID se constitui como uma importante via de formação não só para as bolsistas, como também para os professores supervisores e coordenadores das ações desenvolvidas no contexto da Educação Básica, o que

60 revela a grande contribuição desse programa para o aprimoramento da docência nos cursos de licenciaturas das universidades brasileiras. Assim, é necessário que haja durante a formação dos futuros professores experiências práticas de aprendizagem da docência mediadas pela reflexão e pela relação teoria e prática, o que pensamos ocorrer com a proposta de iniciação à docência descrita aqui. Por fim, concluímos que depois dos estudos propostos e da intervenção apresentada nesse artigo, podemos notar que o processo de alfabetização pode ocorrer numa perspectiva interdisciplinar, fortalecendo a aprendizagem da leitura e da escrita nos primeiros anos de escolarização. Referências BRASIL. Ministério da Educação. Pacto Nacional pela alfabetização na idade certa: Planejamento escolar: alfabetização e ensino da Língua Portuguesa. Brasília: MEC, Secretaria de Educação Básica, 2012a.. Ministério da Educação. Pacto Nacional pela alfabetização na idade certa: Ludicidade na Sala de aula. Brasília: MEC, Secretaria de Educação Básica, 2012b.. Ministério da Educação. Edital Nº 001/2011/CAPES: Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência. Disponível em: <http://www.capes.gov.br/images/stories/download/bolsas/edital_001_pibid_2011.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2016. DEIMLING, N. N. M. Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência: contribuições, limites e desafios para a formação docente. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Federal de São Carlos, UFSCar. São Carlos. 2014. GOULART, C. Letramento e polifonia: um estudo de aspectos discursivos do processo de alfabetização. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 18, set-dez, p. 5-21, 2001. Disponível em: <http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=27501802>. Acesso em: 02 abr. 2016. GOULART, C. Letramento e modos de ser letrado: discutindo a base teórico-metodológica de um estudo. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v.11, n.33, p. 450-460, 2006. Disponível em: <http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=27503306>. Acesso em: 20 fev. 2016. RIBEIRO, V. M. Analfabetismo e alfabetismo funcional no Brasil. Boletim INAF. São Paulo: Instituto Paulo Montenegro, jul.-ago. 2006. Disponível em <http://www.faccamp.br/letramento/gerais/analfabetismo.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2016.

SOARES, M. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação, n.25, p. 5-17, 2004. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n25/n25a01.pdf>. Acesso em: 02 mar. 2016. 61