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Transcrição:

Maria Helena Machado machado@ensp.fiocruz.br

A sociedade moderna torna-se progressivamente uma sociedade profissionalizada. O que é doença ou saúde, o que é sanidade ou insanidade mental, enfim, o que é ordem ou desordem são questões que se decidem no âmbito institucional das corporações profissionais.

As audiências no Senado para a construção do texto da Lei do Exercício Profissional do Médico evidenciou estas disputas jurisdicionais das corporações. São disputas por territórios profissionais, buscando autonomia de exercício, legitimidade social, legalidade do Estado e garantia de clientela.

COMO DEFINIR UMA PROFISSÃO? Qual a diferença entre Profissão e ocupação? Qual a diferença entre profissionais de saúde e trabalhadores de saúde?

Mais modernamente pode-se conceituar profissão como uma ocupação autoregulada mediante uma capacitação que se baseia em conhecimentos técnicos e especializados e que se orienta muito mais em direção aos serviços que em direção às utilidades pecuniárias, princípio este consagrado em seu código de ética. A base cognitiva, característica fundamental das profissões, toma relevância especial não só em produzir autonomia profissional, como também em justificar o monopólio da prestação dos serviços.

Vivemos a era do profissionalismo: todos os nossos atos comportamentos e ações são e estão mediadas por atos profissionais. Estes indivíduos dotados de um profissionalismo próprio recriam realidades, solucionando problemas e questões de relevância social. O que ocorre na verdade é a recriação a partir dos problemas do leigo (cliente) de uma nova realidade, ajustando assim, interesses individuais aos interesses sociais. Estes atos são, em sua maioria, exercidos de forma exclusiva e monopolista, requerendo status, poder, prestígio e acima de tudo, mercado de prestação de serviços com exclusividade: profissionais e clientes são definidos previamente, permitindo assim a compra e a venda desses serviços com grande autonomia no mercado de trabalho. De um modo geral as profissões apelam por mercados fechados e invioláveis. À isso, chamamos de autonomia profissional.

O Profissional é um resolvedor de problemas aparentemente complexos que exige avaliação, interpretação e definição baseados em conhecimentos científicos. Portanto, a capacidade de interpretar a realidade e alterá-la é uma prerrogativa e um diferencial das profissões. À isso chamamos de autonomia técnica. As ocupações, de um modo geral, não gozam desta prerrogativa.

Este é o poder das profissões modernas, a autonomia, que gera autoridade profissional. A medicina, a farmácia, a engenharia, a arquitetura, a advocacia, entre outras, detém uma autoridade cultural suficientemente reconhecida, o que lhe permite estabelecer jurisdições exclusivas, tanto de natureza cognitiva (conhecimento técnico), quanto econômico-financeiros (mercado de trabalho), sobre a realidade, interpretando e desvendando os problemas do cotidiano, recriando assim a realidade do mundo leigo.

Confiar, acreditar, confidenciar e acatar as recomendações profissionais são verbos frequentemente conjugados pelo paciente nessa delicada relação profissional. Por outro lado, a decisão do paciente em consultar não pode lhe ser imposta, mas induzida pela noção de sua autoridade, estabelecendo a lógica da confiança e do respeito. Os profissionais de saúde assumem essas prerrogativas éticoprofissionais como inerentes à atividade profissional.

Portanto, profissionais de saúde são todos aqueles que têm uma formação específica em saúde, seja qual for o nivel de formação. Já trabalhadores de saúde são todos aqueles que atuam na saúde, tendo ou não formação especifica em saúde. O uso destes conceitos é muito útil para a gestão do trabalho e da educação, especialmente na definição de carreiras.

O setor saúde abrange mais de 3 milhões de trabalhadores de saúde, sendo que metade é constituida pela equipe de enfermagem. Estes 3 milhões de trabalhadores estão em todo o território nacional com forte participação do poder público, não só por conta do SUS como pelo fato de ser a saúde um bem essencial à sociedade.

Caracteristicas fundamentais setor saúde: Poder setor público: financiador e prestador; Presença hegemônica do setor privado hospitalar; Municipalização SUS e debilidade municipal para cumprir seu papel nuclear na assistência; Mão de obra intensiva; Salários relativamente muito baixos; Longas jornadas de trabalho;

Caracteristicas fundamentais setor saúde: Feminilização; Multiprofissionalidade (ainda frágil); Trabalho em regime initerrupto, permitindo multiplicidade de vinculos; Clientela tendencialmente mais educada e informada de seus males que acaba gerando por vezes desconforto entre paciente e profissional; Clientela tende a se especializar acompanhando o furor de especialização dos serviços CNS), etc.

O que formamos? Profissionais tecnicamente muito competentes e incapazes socialmente de exercer uma boa prática profissional. Impera o distanciamento técnico, o desapego ao paciente. Atividade profissional centrada no diagnóstico quase sempre desconectado da realidade posta. A medicina é o exemplo mais contundente deste processo.

A Universidade insiste em formar profissionais idealmente concebidos em um contexto artificialmente construido em uma moldura conceitual com vistas a formar tipos ideais. A divisão estrutural estabelecida nas universidades separando as ciências e portanto os futuros profissionais tem gerado excelentes profissionais mas que não conhecem além do seu escopo conceitual e desconhece completamente o que o outro faz. A desconexão entre as ciências da saúde e as ciências sociais é um dos exemplos nefastos. A psicologia é a profissão mais exemplar desta desconexão.

Outro exemplo deste desconexão entre formação e prática profissional é a profissão de Odontologia. Tecnicamente muito bem preparados estes chegam a mercado de trabalho sem a menor noção da realidade que os espera para exercer o oficio. Até pouco tempo estes profissionais acreditavam e fundavam sua pratica para atender a população brasileira (190 milhões) em seus acanhados consultórios. O Brasil Sorridente é um paradigma que inaugura uma nova perspectiva MT.

A Farmácia, profissão milenar, no Brasil, se perdeu no complexo mundo da saúde, levando seus praticantes, os farmacêuticos, abdicarem de atuar nas equipes do SUS. Se auto exilou e hoje busca resgatar sua essencial função nas equipe. Por outro lado, positivamente, surgem novas profissões na saúde que passam a qualificar ainda mais o trabalho multiprofissional: nutrição, fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, serviço social, fisico-médico e os jovens sanitaristas, etc. Mesmo que (ainda) acanhadamente, essas novas profissões têm se mostrado com movimento robusto de crescimento nas equipes.

A Equipe de Enfermagem, responsável por quase 50% dos empregos em saúde, tem, desafortunadamente, uma composição interna, pouco aconselhável a boa prática: dos mais de 1.500.000 profissionais, pouco mais de 15% são enfermeiros e os 85% são constituídos de auxiliares e técnicos. O enfermeiro acaba sendo um profissional invisível nesse processo de trabalho. A presença incomoda de mais de 700 escolas de enfermagem, formando mais 40 mil enfermeiros por ano, gerará o perigoso desequilíbrio entre oferta e demanda.

Aqueles que quase sempre assumem o trabalho cotidiano nos estabelecimentos de saúde, os técnicos e auxiliares são frequentemente esquecidos nas nossas discussões. Esse contingente tem, silenciosamente, se especializado produzindo impasses importantes no processo de trabalho. O Congresso Nacional reflete essas disputas jurisdicionais por criação de novas ocupações técnicas. O campo da radiologia é um exemplo destas disputas.

A Enfermagem é talvez a área de atuação que certamente passará por maiores transformações em curto espaço de tempo. Este é um mundo a ser desvendado e construido um novo paradigma de formação para este contingente tão importante para o SUS.