FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE FÍSICA NO IFRN/CAMPUS CAICÓ: O ESTÁGIO DOCENTE EM PERSPECTIVA

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Transcrição:

FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE FÍSICA NO IFRN/CAMPUS CAICÓ: O ESTÁGIO DOCENTE EM PERSPECTIVA Luciane Soares Almeida Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte luciane.almeida@ifrn.edu.br Resumo: Nos cursos de licenciatura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), o estágio docente consiste em uma prática profissional obrigatória, com carga horária de 400 horas, desenvolvido em quatro etapas, sendo 100 horas por período do curso. Em cada etapa do Estágio Docente são previstas atividades desde a observação da escola e de sala de aula, até a regência, com a orientação de professores do núcleo didático-pedagógico e do núcleo específico. No âmbito da Licenciatura em Física do IFRN/Campus Caicó, além das orientações normativas, o estágio docente apresenta uma peculiaridade, por conta de diferenças entre o calendário letivo do IFRN e das escolas públicas (estaduais e municipais) campo de estágio, desse modo, há semestres em que os licenciandos cumprem etapas do estágio docente no próprio IFRN, em turmas de nível médio integrado, nas quais atuam também os professores da Licenciatura. Isto posto, o presente artigo apresenta um relato de experiência sobre como o estágio docente vem sendo realizado, em conformidade com as orientações normativas, na conjuntura mencionada, e pontua algumas contribuições desse contexto para a formação inicial dos nossos licenciandos. Palavras-chave: Formação inicial de professores, Licenciatura em Física, Estágio Docente. Introdução Nos cursos de licenciatura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), o estágio docente consiste em uma prática profissional obrigatória. Em cumprimento ao que determina a legislação em vigor 1, o estágio docente deve perfazer 400 horas (desenvolvido em quatro etapas, sendo 100 horas por período do curso), e deve promover atividades de observação e regência. Segundo determina a Organização Didática do IFRN, o estágio docente é uma [...] etapa educativa necessária para consolidar os conhecimentos da prática docente (IFRN, 2012, p. 69), por meio da reflexão sobre o ambiente escolar, sobre o processo ensino- 1 Lei Nº 11.788, de 25 de setembro de 2008, que dispõe sobre o estágio de estudantes.

aprendizagem, enfim, sobre diferentes aspectos do futuro ambiente profissional do estudante da licenciatura. No âmbito da Licenciatura em Física do IFRN/Campus Caicó, em consonância com o Projeto Pedagógico do Curso (IFRN, 2012b), em cada etapa do Estágio Docente são previstas as seguintes atividades: Estágio Docente I: Caracterização e observação da escola; Revisão e aprofundamento de referenciais teóricos; Elaboração do portfólio das atividades da etapa. Estágio Docente II: Caracterização e observação da escola e da sala de aula; Planejamento da regência; Elaboração do portfólio das atividades da etapa. Estágio Docente III: Observação da sala de aula; Regência no ensino fundamental, prioritariamente; Elaboração do portfólio das atividades da etapa. Estágio Docente IV: Observação da sala de aula; Regência no ensino médio; Elaboração de projeto de intervenção na escola; Elaboração do portfólio das atividades da etapa; Elaboração do relatório final do estágio (IFRN, 2012b, p. 18). Conforme podemos verificar, cada etapa do Estágio dispõe, de maneira bem definida, o que o estágio docente, como prática profissional, deve proporcionar aos licenciandos. Primeiramente é realizada a observação e caracterização da escola (Estágio Docente I); na segunda etapa, é realizada a observação e caracterização também, agora da sala de aula (Estágio Docente II); na terceira etapa, ainda é realizada a observação, mas inicia-se a regência, preferencialmente, no ensino fundamental (Estágio Docente III); por fim, no quarto e último momento, é feito o mesmo processo, desta vez, no ensino médio (Estágio Docente IV), culminando com a elaboração de um projeto de intervenção na escola. O licenciando, futuro docente, é inserido gradativamente no ambiente escolar, primeiramente se apropria da escola como um todo, posteriormente da sala de aula para, então, efetivar a regência. O acompanhamento do estágio docente é realizado pela figura do Coordenador de Estágio e por professores orientadores, a depender da etapa. Ao Coordenador de Estágio (professor do Núcleo Didático-Pedagógico ou com graduação ou pós-graduação em ensino) compete articular os Estágios Docentes I a IV. Para conduzir os Estágios Docentes I e II (estágios de observação), é destinado um professor orientador, entretanto, geralmente esta função fica a cargo do coordenador de estágio. Para os Estágios Docentes III e IV (estágios de regência), é designado um professor orientador, necessariamente do Núcleo Específico, para orientar até dez alunos. Além das definições e orientações normativas, há uma especificidade no IFRN, ainda que temporária, que teve repercussão direta no Estágio Docente. Desde o ano de 2012, o calendário letivo da instituição encontra-se diferente do calendário letivo das escolas públicas

estaduais e municipais, em face de uma greve prolongada. Desse modo, em parte do semestre letivo do IFRN, as escolas públicas que recebem os nossos estagiários encontram-se em período de férias. Num primeiro momento, essa situação foi encarada como um problema, uma dificuldade para a realização do estágio docente dos licenciando. A solução encontrada foi adotar como campo do estágio docente o próprio IFRN, visto que é uma instituição de educação profissional e tecnológica que oferta, majoritariamente, cursos de nível médio (integrado e subsequente). Ao desempenhar a função de Coordenadora de Estágio Docente Supervisionado no Curso de Licenciatura em Física, no IFRN/Campus Caicó, me propus, neste artigo, a relatar como o estágio docente vem sendo realizado, em conformidade com as orientações normativas, bem como, na conjuntura mencionada, e pontuar algumas contribuições desse contexto para a formação inicial dos nossos licenciandos. Metodologia Na condução do estágio docente na Licenciatura em Física do IFRN/Campus Caicó, um dos trabalhos tomados como referência, nos Seminários de Orientação de Estágio Docente I, II, III e IV 2, é o livro intitulado Os Estágios nos Cursos de Licenciatura, de autoria da professora Anna Maria Pessoa de CARVALHO (2012). No referido livro, a autora propõe a realização do estágio partindo de problemas, numa perspectiva [...] integradora entre teoria e prática na formação de um novo professor, apto a construir uma nova escola, para receber alunos do século XXI (CARVALHO, 2012, p, V). Conforme enfatiza Carvalho (2012, p. VII), o estágio docente deve contemplar, de forma integrada, atividades como: [...] conhecimento da escola e sua gestão, o trabalho dos professores e suas participações de forma coletiva na escola, as relações de ensino e aprendizagem dos conteúdos específicos e as atividades da docência. A autora, então, fornece preciosas orientações em seu livro. Na primeira parte, intitulada Entendendo a escola: local de trabalho do professor, Carvalho (2012) apresenta diretrizes para observação de toda a escola, desde a caracterização da infraestrutura do estabelecimento de ensino, passando pelo projeto político pedagógico, estrutura diretiva, até as condições de trabalho profissional do professor. Na segunda parte, volta a atenção para a observação da sala de aula, do fazer docente, e salienta a 2 Concomitante a cada etapa de 100h semestrais de estágio docente (Estágio Supervisionado I, II, III e IV), ocorre o Seminário de Orientação de Estágio Docente, com carga horária semestral de 15h cada.

necessidade de proporcionar aos estagiários condições de [...] detectar e superar uma visão simplista dos problemas de ensino e aprendizagem que aparecem nas atividades docentes (p. VIII). Na terceira parte, Carvalho (2012) discorre sobre os estágios de regência, quando propõe atividades coparticipativas (envolvendo o professor da turma, a escola campo do estágio e o estagiário), e minicursos (com vistas a proporcionar ao estagiário, propostas inovadoras, acompanhadas de reflexões críticas acerca das atividades desempenhadas). Consideramos que o referido material é muito rico, especialmente por conta do referencial adotado pela autora, baseado em pressupostos construtivista, e sua concepção de ensino de ciência: Incentivamos a experimentação, pelos professores, dessas atividades em suas aulas e seu registro (em vídeos) como material de discussão e reflexão coletiva dos processos de ensino e aprendizagem, concebendo então a prática pedagógica como objeto de investigação, como ponto de partida e de chegada de reflexões e ações pautadas na articulação teoria-prática. Procuramos assim criar condições para o que o professor seja também o pesquisador de sua própria prática pedagógica (CARVALHO, 2012, p. IX). Na quarta parte do seu livro, Carvalho (2012) trata do estágio de projetos de pesquisa, em que propõe alguns problemas de pesquisa que os estagiários podem desenvolver nas escolas. No quinto item, discorre sobre estágios em espaços não formais, discutindo o papel educativo das visitas escolares a esses espaços. Finaliza apresentando alguns exemplos de plano de estágio, com o propósito de fornecer orientações aos estagiários. No âmbito da Licenciatura em Física do IFRN/Campus Caicó, este material tem norteado os trabalhos nos Seminários de orientação de estágio docente, na preparação de instrumentos para guiar as observações da escola e da sala de aula, na elaboração do planejamento dos estágios de regência e, ainda, na problematização dos dados coletados e dos resultados alcançados. Resultados e Discussão A realização do estágio no próprio IFRN, por conta do calendário letivo do IFRN em descompasso com o calendário letivo das escolas públicas estaduais e municipais, ocorre principalmente nos estágios II (observação de sala de aula) e IV (regência no ensino médio), pois são componentes curriculares ofertados no segundo semestre do ano, avançando nos

meses de dezembro e janeiro, quando as referidas escolas estão em férias. Algo peculiar que ocorre, por conta disso, é que os licenciandos fazem essas etapas do estágio em turmas nas quais atuam os seus professores da Licenciatura, já que todos os professores da Licenciatura em Física atuam também no nível médio. Essa coincidência possibilita aos professores e alunos remeterem ao curso no âmbito do estágio, como também, utilizar momentos do estágio nas aulas da Licenciatura, o que proporciona momentos de troca na formação do licenciando e, em contrapartida, reflete na atuação do professor, tanto no nível médio, como no nível superior. A convivência do ensino superior com o ensino médio, peculiar dos Institutos Federais, que atuam majoritariamente no ensino médio integrado, mas também fortemente na área de formação de professores, tem possibilitado, via estágio docente, um interessante movimento de reflexão-ação-reflexão para professores e alunos licenciandos. Em estudo realizado por Carvalho e Gil-Pérez (2011), sobre as tendências e experiências inovadoras na formação do professor de Ciências, os autores elencam um conjunto de necessidades formativas do professor de ciências: 1. ruptura com visões simplistas sobre o ensino de Ciências; 2. conhecer a matéria a ser ensinada; 3. questionar as ideias docentes de senso comum sobre o ensino e aprendizagem de Ciências; 4. adquirir conhecimentos teóricos sobre a aprendizagem de Ciências; 5. saber analisar criticamente o ensino tradicional ; 6. saber preparar atividades capazes de gerar uma aprendizagem efetiva; 7. saber dirigir o trabalho dos alunos; 8. saber avaliar; 9. adquirir a formação necessária para associar ensino e pesquisa didática. Este é mais um referencial utilizado em nossa prática do estágio no curso de Licenciatura em Física. Identificamos que os estágios docentes, principalmente quando realizados no próprio IFRN, contribuem fortemente para o desenvolvimento dessas competências por parte dos nossos licenciandos e também para a reflexão dos nossos professores sobre a sua prática, como professor e como formador de professores. Além disso, conforme reforçam Barreiro e Gebran (2006, p. 22), A articulação da relação teoria e prática é um processo definidor da qualidade da formação inicial e continuada do professor, como sujeito autônomo na construção de sua profissionalização docente, porque lhe permite uma permanente investigação e a busca de respostas aos fenômenos e às contradições vivenciadas. É consenso que o licenciando precisa ir para escolas estaduais e municipais para conhecer a realidade concreta da maioria das escolas públicas, marcada pela precariedade,

pela falta de estrutura e de recursos didáticos, mas entendemos que precisa também conhecer escolas bem estruturadas, com boas condições de trabalho, com professores qualificados com pós-graduação etc. Além disso, o acompanhamento do estágio fica mais eficaz, pois o professor orientador está presente na escola e ainda, os professores colaboradores (titulares da sala de aula), estão sempre em contato com os alunos e com os professores orientadores, o que possibilita o diálogo sobre o andamento do estágio. Outro aspecto identificado nesse contexto, diz respeito à função de modelo que o professor formador, atuando como o professor colaborador no estágio docente, acaba desempenhando duplamente. Conforme esclarece Imbernón (2002, p. 63), [...] o modelo aplicado pelos formadores dos professores atua como uma espécie de currículo oculto da metodologia. O autor utiliza o termo modelo remetendo à metodologia adotada pelo professor formador, com base no entendimento de que não só os conteúdos, mas as formas de abordá-los e os valores a eles associados, vão constituir um modelo para o futuro docente. Em nossa experiência, os licenciandos tem contato com esse modelo em duas perspectivas: como aluno do professor formador na licenciatura, e como estagiário no nível médio, o que tem propiciado trocas muito positivas. Todo esse processo, no referido contexto, resulta em algo maior, algo que, infelizmente, não é comum em cursos de licenciatura, particularmente na área das ciências naturais: licenciandos do curso de Física que se identificam com a docência, que se reconhecem como professores em formação, que adotam o termo físico-educadores para se apresentarem. Os licenciandos do curso de Física, especialmente quando iniciam o Estágio Supervisionado no quinto período, com o estágio docente de observação da escola, cursam também a disciplina Metodologia do Ensino de Física I, já com aproveitamento nas disciplinas didático-pedagógicas (por exemplo, Psicologia da Educação, Didática, Mídias Educacionais), desse modo, chegam ao estágio com clareza e entendimento do que se deve alcançar nestas etapas. Conclusões Inicialmente, a ideia era a de que o descompasso entre os calendários do IFRN e das escolas estaduais e municipais geraria muitos problemas. Verificamos, entretanto, que o que parecia ser uma dificuldade, se transformou em uma boa oportunidade, tanto para os licenciandos, como para os professores formadores.

O estágio docente dos licenciandos do Curso de Física ficou mais diversificado, possibilitando ao futuro professor a inserção em diferentes contextos escolares. Ao mesmo tempo, proporcionou aos professores momentos de reflexão sobre a sua prática no ensino médio, bem como sobre a sua atuação como professor formador. Essa conjuntura fortaleceu o estágio docente no curso de Licenciatura em Física do IFRN/Campus Caicó. Conforme esclarecem Pimenta e Lima (2004, p. 54), O estágio, então, deixa de ser considerado apenas um dos componentes e mesmo um apêndice do currículo e passa a integrar o corpo de conhecimentos do curso de formação de professores. Poderá permear todas as suas disciplinas, além de seu espaço específico de análise e síntese ao final do curso. Cabe-lhe desenvolver atividades que possibilitem o conhecimento, a análise, a reflexão do trabalho docente, das ações docentes, nas instituições, a fim de compreendê-las em sua historicidade, identificar seus resultados, os impasses que apresenta, as dificuldades. Dessa análise crítica, à luz dos saberes disciplinares, é possível apontar as transformações necessárias no trabalho docente, nas instituições. Evidentemente, não se faz aqui uma crítica ao estágio docente realizado nas escolas estaduais e municipais, pois reconhecemos a importância para a formação de professores, mas sim, identificamos que o estágio realizado no próprio IFRN, uma escola federal de ensino médio profissional e tecnológico, também tem proporcionado significativas contribuições aos licenciandos do curso de Física. Referências Bibliográficas BARREIRO, Iraíde Marques de Freitas; GEBRAN, Raimunda Abou. Prática de ensino: elemento articulador da formação do professor. IN: BARREIRO, Iraíde Marques de Freitas; GEBRAN, Raimunda Abou. Prática de ensino e estágio supervisionado na formação de professores. São Paulo: Avercamp, 2006. BRASIL. Lei nº. 11.788, de 25 de agosto de 2008. Dispõe sobre o estágio de estudantes. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm>. Acesso em: 10 ago. 2016. CARVALHO, Anna Maria Pessoa de. Os estágios nos cursos de licenciatura. São Paulo: Cengage Learning, 2012. Coleção Ideias em ação. CARVALHO, Anna Maria Pessoa de; GIL-PÉREZ, Daniel. Formação de professores de ciências: tendências e inovações. 10 ed. São Paulo: Cortez, 2011.

IMBERNÓN, Francisco. Formação Docente e Profissional. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2002. IFRN. Organização Didática do IFRN. 2012a. IFRN. Projeto Pedagógico da Licenciatura em Física. 2012b. PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e Docência. São Paulo: Cortez, 2004.