AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE UMA MICROBACIA HIDROGRÁFICA NO MUNICÍPIO DE ILHA SOLTEIRA (SP)

Documentos relacionados
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA EM DUAS REPRESAS E UMA LAGOA NO MUNICIPIO DE ILHA SOLTEIRA (SP)

DETERMINAÇÃO DO IQA DO ARROIO CLARIMUNDO NA CIDADE DE CERRO LARGO/RS 1 DETERMINATION OF THE IQA OF CLARIMUNDO RIVER IN THE CITY OF CERRO LARGO/RS

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS NA MICROBACIA HIDROGRÁFICA DOS CÓRREGOS GAVANHERY E LAMBARI NO MUNICÍPIO DE GETULINA, SP

AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE QUALIDADE DE ÁGUA (IQA) DE DUAS NASCENTES NO MUNICÍPIO DE ILHA SOLTEIRA-SP

MONITORAMENTO DE VARIÁVEIS DE QUALIDADE DA ÁGUA NO CÓRREGO DAS LAGOAS NO MUNICÍPIO DE ILHA SOLTEIRA-SP

Determinação do índice de qualidade da água em trechos do Ribeirão São Bartolomeu, município de Viçosa - MG.

MONITORAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO BENFICA COM VISTAS À SUA PRESERVAÇÃO

Título: Autores: Filiação: ( INTRODUÇÃO

I-304 AVALIAÇÃO DA ÁGUA DO CÓRREGO SEGREDO: INTERFERÊNCIA DO TRATAMENTO DE EFLUENTES NO INSTITUTO SÃO VICENTE

ANÁLISE DOS POLUTOGRAMAS PARA UM EVENTO CHUVOSO NUMA GALERIA DE DRENAGEM PLUVIAL

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE ÁGUA DO RIBEIRÃO COATI CHICO ATRAVÉS DO IQA, CASCAVEL PR

PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA CURSOS DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL HIDROLOGIA APLICADA

ANÁLISE AMBIENTAL E DA QUALIDADE DA ÁGUA DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRAMAME/PB

Eixo Temático ET Gestão Ambiental em Saneamento

V INFLUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS HIDROLÓGICAS NA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RESERVATÓRIO DO ARROIO VACACAÍ-MIRIM

II-019 ESTUDO COMPARATIVO ENTRE DOIS SISTEMAS DE PÓS- TRATAMENTO PARA REATORES UASB EM ESCALA REAL

ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA NO CÓRREGO ÁGUA BRANCA, ITIRAPINA-SP.

Semana de Estudos da Engenharia Ambiental UNESP Rio Claro, SP. ISSN

CARACTERIZAÇÃO DE CURSOS DE ÁGUA SITUADOS NA ÁREA INTERNA DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR.

Tratamento alternativo do corpo hídrico do Ribeirão Vai e Vem no município de Ipameri GO contaminado por efluente doméstico.

VARIAÇÃO ESPAÇO TEMPORAL DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DAS ÁGUAS CAPTADAS PARA ABASTECIMENTO PÚBLICO DA CIDADE DE PALMAS- TO

Amostragem e monitoramento de corpos d água

TÍTULO: ANÁLISE DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DO CÓRREGO FUNDO ARAXÁ - MINAS GERAIS

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CAMPUS DE ILHA SOLTEIRA FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

AVALIAÇÃO QUALITATIVA DO RIO PARDO NO MUNICÍPIO DE FREDERICO WESTPHALEN-RS

II-173 A FALTA DE SANEAMENTO BÁSICO COMO ORIGEM DA POLUIÇÃO DOS CORPOS RECEPTORES: UM ESTUDO DE CASO.

Qualidade água na confluência dos rios Bugres e Paraguai, Mato Grosso. Quality water in the confluence of rivers Bugres and Paraguay, Mato Grosso

IV QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO PARAGUAI, ENTRE BELA VISTA DO NORTE E MONTANTE DO RIO APA.

ANÁLISE TEMPORAL DA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS NO CONTEXTO DE SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE ÁGUA DE CORPO HÍDRICO E DE EFLUENTE TRATADO DE ABATEDOURO DE BOVINOS

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RESERVATÓRIO BANANEIRAS, ALEXANDRIA /RN

ESTUDO PRELIMINAR DE COLIFORMES TERMOTOLERANTES NA ÁGUA DOS ARROIOS PEREZ E BAGÉ. 1. INTRODUÇÃO

DIAGNÓSTICO DA QUALIDADE DA ÁGUA SUPERFICIAL EM UMA MICROBACIA URBANA

ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA NO CÓRREGO ANDRÉ, MIRASSOL D OESTE MT 1

QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO BURANHÉM, PORTO SEGURO BAHIA, DE 2008 A 2014

AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA SUPERFICIAL DO RIO BEEM

16º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO JOÃO MENDES LOCALIZADO NO MUNICÍPIO DE NITERÓI-RJ

RELATÓRIO DE PROJETO DE PESQUISA - CEPIC INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Graduando em Engenharia Ambiental e Sanitária do Centro Universitário de Patos de Minas - UNIPAM. (2)

PHD-5004 Qualidade da Água

ÍNDICE DE QUALIDADE DE ÁGUA - IQAcetesb DO RIO TAQUARI, NO MUNICÍPIO DE COXIM - MS

Controle da Poluição POLUIÇÃO DIFUSA. Fontes de poluição das águas

Saneamento I. João Karlos Locastro contato:

RELATÓRIO DE PROJETO DE PESQUISA - CEPIC INICIAÇÃO CIENTÍFICA

CONTRIBUIÇÕES ANTRÓPICAS NA QUALIDADE DA ÁGUA: OS ARROIOS LUIZ RAU E PAMPA, NOVO HAMBURGO/RS CÓD

O meio aquático I. Bacia Hidrográfica 23/03/2017. Aula 3. Prof. Dr. Joaquin Bonnecarrère Garcia. Zona de erosão. Zona de deposição.

MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE ALGUNS AFLUENTES DO RIO IGUAÇU NA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - PARANÁ

AVALIAÇÃO DE IMPACTOS NA QUALIDADE DA ÁGUA NA BACIA HIDRÁULICA DO RESERVATÓRIO GRAMAME - MAMUABA/PB

AVALIAÇÃO ESPAÇO TEMPORAL DA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS DO RIO PARATI, MUNICÍPIO DE ARAQUARI/SC.

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS DO RIO PARAGUAÇU E AFLUENTES, BAHIA, BRASIL

Monitoramento da qualidade da água da Bacia do Córrego Ribeirão Preto, SP. Érica Maia De Stéfani, Analu Egydio dos Santos

A Qualidade da Água Superficial e Subterrânea

Ciências do Ambiente

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

Avaliação da qualidade da água do rio Guaçu... VIANA, M. de A.; MORAIS, J. L. R. de; COELHO, R. dos S.

Categoria Trabalho Acadêmico\Resumo Expandido

Análise Ambiental de Dados Limnológicos Areeiro Rosa do Vale Relatório nº 001/2013

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E FÍSICO-QUÍMICA DA ÁGUA: UMA ANÁLISE DETALHADA DO AÇUDE ARAÇAGI

DIAGNÓSTICO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE POÇOS PERFURADOS NO MUNICÍPIO DE ARARUNA PB

SUMÁRIO 1. Considerações iniciais 2. Bacia do rio Macaé 3. Bacia do rio das Ostras 4. Bacia da lagoa de Imboacica 5.

Titulo do Trabalho: DETERMINAÇÃO DO GRAU DE TROFIA NO BAIXO SÃO JOSÉ DOS DOURADOS ATRAVÉS DO ÍNDICE DE ESTADO TRÓFICO

O meio aquático I. Aula 3 Prof. Dr. Arisvaldo Méllo Prof. Dr. Joaquin B. Garcia

ANALISES FISICO QUIMICA DO LAGO JABOTI

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RESERVATÓRIO DE PEDRA DO CAVALO BA.

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO FUTURO PONTO DE CAPTAÇÃO NO RESERVATÓRIO PARA ABASTECIMENTO PÚBLICO RIBEIRÃO JOÃO LEITE

Avaliação da qualidade da água do rio Bonzinho no município de JI-Paraná, RO

Avaliacao do Corrego Campestre Apos a Implantacao da ETE do Municipio de Lins-SP. Ferreira Rina, Carlos

AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DA CODISPOSIÇÃO DE LODO SÉPTICO EM LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO NO TRATAMENTO DE LIXIVIADO DE ATERROS SANITÁRIOS

Qualidade da Água em Rios e Lagos Urbanos

DETERMINAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PIRANGI ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DO ÍNDICE DE QUALIDADE DE ÁGUA (IQA)

II-197 DETERMINAÇÃO DAS CARACTERíSTICAS DO ESGOTO BRUTO NA ENTRADA DA ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DE ESGOTO DO UNA - REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM/PA.

23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

Gerenciamento e Tratamento de Águas Residuárias - GTAR

CALHA PET CONSTRUÇÃO DE CALHAS DE GARRAFA PET PARA APROVEITAMENTO DA ÁGUA DA CHUVA E REDUÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

COMPOSIÇÃO DO ESGOTO AFLUENTE À ELEVATÓRIA DE ESGOTO DO UNA, BELÉM/PA.

ÍNDICE DE QUALIDADE DAS ÁGUAS (IQA) DA BARRAGEM DE SANTA CRUZ APODI/RN

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RESERVATÓRIO DE ILHA SOLTEIRA (BRASIL) VISANDO SEU APROVEITAMENTO MÚLTIPLO.

II DETERMINAÇÃO DAS CARGAS DE NUTRIENTES LANÇADAS NO RIO SALGADO, NA CIDADE DE JUAZEIRO DO NORTE, REGIÃO DO CARIRI-CEARÁ

CAMPANHAS DE QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO POTI, TERESINA- PI. Paulo Roberto de Oliveira Júnior

Monitoramento da qualidade da água do córrego Mutuca Gurupi/TO

CARGAS DIFUSAS URBANAS DE POLUIÇÃO

APPLICATION OF TWO ENVIRONMENTAL INDICATORS FOR QUANTIFICATION OF ANTHROPIZATION IN THE WATERSHED OF THE STREAM OF IPÊ (SP) - BRAZIL RESUMO

CADERNO DE EXERCÍCIOS

Avaliação preliminar das nascentes do Rio Mundaú inserida na zona urbana do município de Garanhuns

Liberado para Publicação em: 19/05/2004 ISSN :

CONIRD XVIII Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem - São Mateus, Espírito Santo - 27/07/2008 a 01/08/2008.

ÍNDICE DE QUALIDADE DE ÁGUA (IQA) DA MICRO-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CABELO, JOÃO PESSOA, PB: CONSIDERAÇÕES PARA A CONSERVAÇÃO AMBIENTAL

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO CÓRREGO AREIA QUE ABASTECE A CIDADE DE ARAXÁ-MG

I-139 ESTUDO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE MANANCIAIS SUBTERRÂNEOS UTILIZADOS COMO FONTE DE ABASTECIMENTO DO MUNICÍPIO DE CRATO - CEARÁ

Monitoramento da qualidade das águas de fontes alternativas de abastecimento do Bairro dos Ingleses- Florianópolis/SC (1)

Avaliação da utilização de kits de potabilidade na determinação da qualidade da água do Córrego Mutuca no município de Gurupi/TO

QUALIDADE MICROBIOLOGICA DA AGUA DA MINA SUCUPIRA NA CIDADE DE BOA ESPERANÇA MG

RELATÓRIO DE PROJETO DE PESQUISA - CEPIC INICIAÇÃO CIENTÍFICA

EFEITO DA URBANIZAÇÃO SOBRE A FAUNA DE INSETOS AQUÁTICOS DE UM RIACHO DE DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO IGARAPÉ DA FORTALEZA AMAPÁ

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DE CHICANAS NO DESEMPENHO DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO NO TRATAMENTO DE ESGOTOS DOMÉSTICOS.

REDUÇÃO DE SÓLIDOS VOLÁTEIS E TAXA DE APLICAÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA DE ÁGUA RESIDUÁRIA DE SUINOCULTURA EM BIODIGESTOR TUBULAR DE PVC

Sustentabilidade hidrológica: uma questão de manejo eficiente para os usos múltiplos dos sistemas aquáticos. Maria do Carmo Calijuri

Transcrição:

HOLOS Environment, v.10 n.1, 2010 - P. 95 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE UMA MICROBACIA HIDROGRÁFICA NO MUNICÍPIO DE ILHA SOLTEIRA (SP) WATER QUALITY EVALUATION OF A HIDROGRAFIC MICRO BASIN IN THE ILHA SOLTEIRA CITY (SP) Cristiano Poleto 1, Sérgio Luis de Carvalho 2, Tsunao Matsumoto 3 1, 2, 3 UNESP / FEIS-PPGEC, Ilha Solteira, SP, email: cristiano_poleto@hotmail.com; sergicar@bio.feis.unesp.br; tsunao@dec.feis.unesp.br RESUMO O presente trabalho teve como objetivo monitorar e avaliar a qualidade da água na microbacia hidrográfica do Córrego do Ipê, Município de Ilha Solteira, Estado de São Paulo, e o seu estado de degradação associado à utilização da área de entorno. Para isto, quinzenalmente, no período de março a dezembro de 2002, foram coletadas amostras de água em três pontos da microbacia hidrográfica e realizadas determinações de alguns parâmetros físico-químicos e biológicos que permitiram o cálculo do IQA. Mensalmente foram feitas análises da vazão em m 3 /s. Os resultados dos valores de IQA associados com observações feitas in loco, permitiram avaliar a qualidade da água e confirmar o atual estado de degradação desta bacia hidrográfica, manifestada pela inexistência de mata ciliar, assoreamento, elevação dos teores de elementos fertilizantes (fósforo e nitrogênio) e aumento dos níveis de concentrações de coliformes fecais e totais em alguns pontos analisados. Observou-se que a poluição do Córrego do Ipê manteve-se alta em escala temporal e espacial, levando-o a valores inferiores aos de um rio de Classe 2, com destaque para o Ponto B, situado no meio urbano com qualidade da água variando de ruim a péssima. Isto requer medidas urgentes de correção e mitigação nos locais mais afetados e um manejo sustentável que permita a conservação de toda a microbacia estudada. Palavras-chave: Microbacia. IQA. Degradação. Parâmetros físico-químicos e biológicos.

HOLOS Environment, v.10 n.1, 2010 - P. 96 ABSTRACT This paper has the object monitoring and analyzing the water quality of the Córrego do Ipê Micro Basin, in Ilha Solteira City, São Paulo State, and its degradation stage in association to the utilization of the surrounding area. Thus, once every fifteen days, in the period between March and December of 2002, water samples were collected at three points of this micro basin and some of its physical, chemical and biological parameters were analyzed that allowed to calculate the WQI - Water Quality Indices. In addition, a monthly analysis of the flow was made. The WQI results, jointly to observations in loco, also made possible to evaluate the water quality and check the actual degradation stage of this micro basin that could be noticed by the non-existent ciliary vegetation. It was shown that the pollution in Córrego do Ipê was kept in high level in terms of time and space so its numbers are lower than a Class II level river, especially at Point B, located at the urban environment, where the water quality alternates between bad and very bad, which require to take steps for urgent corrections and mitigation at the places that have been more affected and also a sustainable management, which would make possible the conservation of the entire micro basin in analysis. Keywords: Micro basin. WQI. Degradation, Physical. Chemical and biological parameters. 1. INTRODUÇÃO Ultimamente o uso dos recursos naturais disponíveis no mundo aumentou com as atividades antrópicas e seus diversos modos de utilização, principalmente em relação aos recursos hídricos das bacias hidrográficas (TUNDISI, 2003). Os ecossistemas aquáticos acabam de uma forma ou de outra, servindo como reservatórios temporários ou finais de grande variedade e quantidade de poluentes descartados no ar, no solo ou diretamente nos corpos de água. Desta forma, a poluição do ambiente aquático, provocada pelo homem, de uma forma direta ou indireta, mediante a introdução de substâncias inorgânicas ou orgânicas, produz efeitos deletérios tais como: prejuízo aos seres vivos; perigo à saúde humana; efeitos negativos as atividades aquáticas (pesca, lazer, entre outras) e prejuízo à qualidade da água com respeito ao uso na agricultura, indústria e outras atividades econômicas (MEYBECK e HELMER, 1992). O custo do tratamento de água para abastecimento público e a recuperação de lagos, rios e represas são elevados, o que ressalta a importância da preservação e cuidados sobre as formas de utilização, tanto da própria água como também dos recursos naturais como um todo (TUNDISI, 2003). A displicência e o descaso pela água e conseqüentemente o mau uso dos recursos naturais são problemas que devem ser resolvidos (POLETO, 2003).

HOLOS Environment, v.10 n.1, 2010 - P. 97 A ocupação desordenada dos municípios de Ilha Solteira, Suzanápolis e Pereira Barreto contribuiu para a degradação dos solos com conseqüentes perdas destes pelos processos erosivos (SILVA e POLITANO, 1995, PAULA, 1997, BRANDINI, 2000). Como conseqüência a erosão hídrica está assoreando os reservatórios de Ilha Solteira e Três Irmãos, portanto, reduzindo a vida útil dessas usinas hidrelétricas (SILVA e POLITANO, 1995). Visto que a ocupação antrópica para a instalação de pastagens devastou a vegetação natural, observa-se na área de estudo, uma distribuição descontínua e dentro de índices inexpressivos das fitofisionomias mata cerrado e capoeira (SILVA, 1991). A análise da distribuição espacial dos usos antrópicos na paisagem do município de Ilha Solteira revelou escassez de áreas naturais, em relação às áreas antrópicas, em que o tipo de espaço dominante é constituído pelos sistemas agrários. As áreas naturais constituíram-se em fragmentos remanescentes, com tamanhos reduzidos e isolados entre si, agravando o problema de perda de biodiversidade nesses sistemas (FREITAS LIMA, 1997). Esse mesmo autor citou que a maioria dos córregos no município de Ilha Solteira, encontra-se totalmente desprovida de mata ciliar ou representada apenas por fragmentos, muitos dos quais de tamanho reduzido. Estudos realizados na microbacia hidrográfica do Córrego do Ipê demonstraram que apenas 13% das propriedades agrícolas possuem áreas remanescentes de vegetação marginal com o agravante de que estes fragmentos estão ficando cada vez menores e raros. (POLETO, 2003). Considerando-se que as matas ciliares têm grande importância no equilíbrio dos ecossistemas aquáticos, a destruição da mata ciliar pela degradação da zona ripária pode, a médio e longo prazos, diminuir a capacidade de armazenamento da microbacia e conseqüentemente a vazão na estação seca (LIMA e ZAKIA, 2000). O objetivo deste trabalho foi avaliar, por meio do Índice de Qualidade da Água (IQA), a qualidade da água da microbacia hidrográfica (MH) do Córrego do Ipê, inserida nos limites do município de Ilha Solteira (SP) e o seu estado de degradação associado à utilização da área de entorno. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. Caracterização da área de estudo O município de Ilha Solteira está localizado na região Noroeste do Estado de São Paulo, aproximadamente a 653 km de São Paulo, via rodovia Feliciano Sales da Cunha e via Anhanguera. Está situado na Província Geomorfológica do Planalto Ocidental, região das zonas indivisas (IPT, 1981). O clima da região em que se encontra o município de Ilha Solteira é quente e úmido, do tipo Aw, segundo a classificação de Koppen (CARDOSO, 1980). De acordo com dados da Estação Meteorológica de Ilha Solteira, a temperatura média anual é de 24,1 C e a umidade relativa do ar média anual é de 70,8% (HESPANHOL, 1996). A precipitação

HOLOS Environment, v.10 n.1, 2010 - P. 98 pluviométrica anual varia de 1.100 mm a 1.300 mm, com uma estação seca entre os meses de maio e setembro/outubro. O regime climático é controlado por quatro massas de ar: massa equatorial continental quente, massa tropical continental quente e seca, massa tropical atlântica e massa de ar polar, do Atlântico Sul (CINDIRU apud FREITAS LIMA, 1997). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2002), a população de Ilha Solteira foi estimada em 23.996 habitantes. O uso antrópico predominante na paisagem do município é caracterizado pelas pastagens (67%). A vegetação, representada por fragmentos remanescentes da floresta latifoliada tropical, corresponde a apenas 1% da área do município (FREITAS LIMA, 2003). Além da pastagem, as áreas de estudo apresentam cultivos agrícolas anuais e perenes, em menor proporção. Os municípios limítrofes de Ilha Solteira são os seguintes: ao Norte, Rubinéia; ao Sul, Itapura; ao Oeste, Rio Paraná e Selvíria - MS; ao Leste, Pereira Barreto. A área de estudo é a MH do Córrego do Ipê que está inserida no município de Ilha Solteira, entre as seguintes coordenadas geográficas: Latitude 20º16 00 a 20º41 49 S; Longitude 51º01 14 a 51º26 41 W (Figura 01). Mediante estudos das cartas topográficas, constatou-se que a MH do Córrego do Ipê possui área aproximada de 23 km², perímetro de 20 km e 90 m de declive em aproximadamente 4.500 m. 2.2. Pontos de Amostragem No presente trabalho, foram realizadas coletas quinzenais na MH do Córrego do Ipê, em três pontos pré-estabelecidos, indicados na Figura 02. As amostras foram preservadas de acordo com o Guia Técnico de Coleta de Amostras (CETESB, 1987) até a realização dos ensaios. Durante o período da pesquisa efetuaram-se estudos da utilização do solo e entrevistas com os moradores da microbacia aplicando-se um questionário, com questões abertas e de múltipla escolha para avaliar a relação da qualidade da água com possíveis lançamentos de poluentes na MH. 2.3. Metodologias 2.3.1. Levantamento de campo As amostras foram coletadas quinzenalmente nos três pontos selecionados, no período de março a dezembro de 2002, visando incluir as diferenças climáticas da MH nas quatro estações do ano.

HOLOS Environment, v.10 n.1, 2010 - P. 99 Figura 1. Localização da Microbacia Hidrográfica do Córrego do Ipê no Estado de São Paulo. Fonte: Adaptado de Porto (2002) Figura 2. Mapa da microbacia hidrográfica do Córrego do Ipê com os três pontos de coleta de água. Fonte: Adaptado de Porto (2002)

HOLOS Environment, v.10 n.1, 2010 - P. 100 Os pontos de coleta são caracterizados de acordo com a Tabela 1. Tabela 1 - Localização dos pontos de coleta, coordenadas e vazão para as amostragens realizadas, na M. H. do Córrego do Ipê em Ilha Solteira -SP. Pontos de Coleta Localização/Elevação Coordenadas/Vazão A B C Localização Bairro Ipê Jardim Aeroporto Trevo de Ilha Solteira Elevação (m) 351 343 308 Latitude 20 0 27`09`` S 20 0 25` 46,5`` S 20 0 26` 55,9`` S Longitude 51 0 18`59`` W 51 0 20` 06,8`` W 51 0 20 41,8`` W Vazão mínima período de seca (m 3 /s) 0,0149 0,0024 0,0889 Vazão máxima período de chuvas ( m 3 /s) 0,0202 0,0043 0,135 Foram tomadas mensalmente medidas da vazão nos três pontos de coleta. No ponto A e C utilizou-se o Método do Flutuador (AZEVEDO NETTO, 2000). No ponto B e comparativamente no ponto A foram feitas medições com medidores do tipo Parshall de w=6. No ponto C também se utilizou o programa SIGRH Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo. Efetuou-se verificações de possíveis extravasamentos nas bombas de recalque de esgoto, operadas pela prefeitura municipal de Ilha Solteira e visitas ao pátio de manutenção da mesma. Foram realizadas análises descritivas das tendências e oscilações de cada variável por período sazonal, estudando-se ainda as hipóteses de verificação do enquadramento aos limites estabelecidos pela Resolução nº CONAMA 357/2005 para um rio de Classe 2. (BRASIL, 2005). Utilizou-se o Índice de Qualidade da Água (IQA) da CETESB, para classificação da água para abastecimento (CETESB, 2002, 2004). O IQA foi calculado para todas as coletas comparando-se os resultados encontrados com os índices pluviométricos de cada mês e as possíveis fontes de poluição. 2.3.2. Variáveis Analisadas O Quadro 2 contém as variáveis avaliadas, os métodos adotados e as especificações dos equipamentos utilizados nas análises, as quais foram baseadas no

HOLOS Environment, v.10 n.1, 2010 - P. 101 APHA (1998) - Standard Methods for Examination of Water and Wastewater, e pela metodologia de espectrofotometria da Hach. Na última coleta analisou-se a quantidade em mg.l -1, de amônia (NH 3 ) e de nitrato (NO 3 ), procurando avaliar a localização dos três pontos dentro das zonas de autodepuração. As análises laboratoriais da água coletada foram agrupadas como apresentado a seguir: Parâmetros físicos: ph, Turbidez (NTU), Cor (uh), e Temperatura ( C); Parâmetros químicos: Nitrogênio Total (mg.l -1 ), Fósforo Total (mg.l -1 ), Ferro (mg.l -1 ), Demanda Bioquímica de Oxigênio DBO (mg.l -1 ), Demanda Química de Oxigênio DQO (mg.l -1 ), Oxigênio Dissolvido OD (mg.l -1 ), Sólidos Suspensos (mg.l -1 ), Sólidos Dissolvidos (mg.l -1 ), Sólidos Totais (mg.l -1 ); Parâmetros biológicos: Coliformes Totais (NMP/100mL) e Coliformes Fecais (NMP/100mL). Os dados coletados foram tratados em planilhas eletrônicas de cálculo para geração de gráficos e figuras auxiliares na avaliação da qualidade da água e submetidos à análise estatística usual. Na construção da fórmula paramétrica para calcular o IQA, foram estabelecidas curvas de variação da qualidade das águas de acordo com o estado ou a condição de cada um dos 09 parâmetros contemplados, assegurando adequado grau de precisão mediante o uso individual ou combinado de funções lineares e não lineares segmentadas em faixas de consideração. Quadro 1 - Métodos e especificações dos equipamentos empregados para análises físico-químicas e microbiológicas e limites de detecção. Parâmetros analisados nas amostras coletadas na MH do Córrego do Ipê. Parâmetros Método Limite de Detecção Equipamentos e Materiais Turbidez (NTU) Nefelométrico 0,01 Turbidímetro/Hach/2100AN v1.2 Cor (uh) Espectrofotométrico 1 Espectrofotômetro Odyssey/ Hach/DR-2500 Temperatura da água (ºC) Eletrométrico 0,1 phmetro de membrana/hanna/ HI8314 ph Eletrométrico 0,01 phmetro de membrana/hanna/ HI8314 Nitrogênio Total (mg.l -1 ) Digestão por Persulfato e Espectrofotométrico 0,1 1. COD Reactor/ Hach 2. Espectrofotômetro Odyssey/ Hach/DR-2500 Fósforo Total (mg.l -1 ) PhosVer 3, Digestão por Ácido Persulfato e 0,01 1. COD Reactor/ Hach 2. Espectrofotômetro Odyssey/ Hach/DR-2500

HOLOS Environment, v.10 n.1, 2010 - P. 102 Espectrofotométrico Ferro (mg.l -1 ) Colorimétrico 0,1 Microquant/Merck OD (mg.l -1 ) Método de Winkler 0,1 Titulador Modificado DBO Método das Diluições, 0,1 Titulador Incubado a 20 ºC, 5 dias DQO (mg.l -1 ) Disgetão por reator, Espectrofotométrico 1,0 1. COD Reactor/ Hach 2. Espectrofotômetro Odyssey/ Sólidos Totais, Sólidos Dissolvidos e Sólidos Suspensos (mg.l -1 ) Coliformes Totais e Fecais (NMP/100mL) Hach/DR-2500 Gravimétrico 1,0 1. Cápsula de Porcelana 2. Disco de microfibra de vidro/ Sartorius 3. Balança eletrônica de precisão de 0,1 µg/bel Mark/ U210A 3. Estufa/Marconi/MA033/ temp.120 ºC 4. Dissecador/Pyrex/200mm Contagem de Escherichia coli 1,0 1. Placas Petrifilm/3M 2. Estufa de cultura/fanem/ A-LT 502 O IQA é calculado a partir das curvas de variação sintetizadas em um conjunto de curvas médias para cada parâmetro, bem como seu peso relativo correspondente (BOLLMANN e MARQUES, 2000). Ou seja, o IQA é o resultado ponderado das qualidades de água correspondentes aos parâmetros: temperatura da amostra, ph, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio (5 dias, 20 ºC), coliformes termotolerantes, nitrogênio total, fósforo total, sólidos totais e turbidez. onde: IQA: Índice de Qualidade das Águas; qi : qualidade do i-ésimo parâmetro, um número entre 0 e 100, obtido da respectiva "curva média de variação de qualidade", em função de sua concentração ou medida e; wi : peso correspondente ao i-ésimo parâmetro, um número entre 0 e 1, atribuído em função da sua importância para a conformação global de qualidade, sendo que: em que: n: número de parâmetros que entram no cálculo do IQA.

HOLOS Environment, v.10 n.1, 2010 - P. 103 No caso de não se dispor do valor de algum dos 9 parâmetros, o cálculo do IQA é inviabilizado. A partir do cálculo efetuado, pode-se determinar a qualidade das águas brutas indicada pelo IQA numa escala de 0 a 100 (Tabela 02). Tabela 2 - Escala de qualidade da água indicada pelo IQA. Fonte: CETESB, 2004 GRADUAÇÃO QUALIDADE 79 < IQA 100 Qualidade ótima 51 < IQA 79 Qualidade boa 36 < IQA 51 Qualidade aceitável 19 < IQA 36 Qualidade ruim IQA 19 Qualidade péssima 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Ponto A A Figura 3 insere os valores do IQA calculados para o Ponto A, onde se pode observar que os valores oscilaram sazonalmente, piorando a qualidade nos dias chuvosos com o aumento nas concentrações de sólidos. As variáveis que mais influenciaram negativamente o IQA neste ponto foram sólidos totais, coliformes fecais, DBO e fósforo. Os valores de IQA para este ponto variaram de 31,8 a 59,3. A média de 47,9 classifica a água como aceitável. 3.2. Ponto B Na Figura 4, estão incluídos os dados do Ponto B que indicam os resultados de menor IQA. Os valores oscilaram sazonalmente de forma irregular, com alguns períodos de melhora em dias chuvosos causados pela diluição de alguns poluentes; este ponto também não apresentou aumento nas concentrações de sólidos no período chuvoso analisado. As variáveis que mais contribuíram para agravar os valores do IQA foram coliformes fecais, DBO e fósforo. Os valores de IQA para este ponto variaram de 17,5 a 35,4 com média de 23,8, o que classifica a água como ruim.

HOLOS Environment, v.10 n.1, 2010 - P. 104 IQA - Ponto "A" 70 60 50 40 30 20 10 0 14/03 27/03 10/04 24/04 08/05 22/05 05/06 19/06 10/07 23/07 07/08 21/08 04/09 18/09 02/10 06/10 30/10 13/11 26/11 11/12 média Valores do IQA 59,3 44,2 54,6 56 42,1 50,7 54,3 52,2 53,9 43,6 50 31,8 58,8 40,5 35,2 34,4 45,8 40,7 57,7 51,5 47,9 Figura 3. IQA do Ponto A, no período de março a dezembro de 2002, localizado na Microbacia Hidrográfica do Córrego do Ipê, Ilha Solteira SP IAQ - Ponto "B" 70 60 50 40 30 20 10 0 14/03 27/03 10/04 24/04 08/05 22/05 05/06 19/06 10/07 23/07 07/08 21/08 04/09 18/09 02/10 06/10 30/10 13/11 26/11 11/12 média Valores do IQA 23,4 21,8 23,5 20 18,5 29,4 25,3 21,1 24,3 25,1 19,4 18,3 19,7 33,4 23,7 22,5 17,5 35,4 29,6 25,2 23,8 Figura 4. IQA do Ponto B, no período de março a dezembro de 2002, localizado na Microbacia Hidrográfica do Córrego do Ipê, Ilha Solteira SP

HOLOS Environment, v.10 n.1, 2010 - P. 105 3.3. Ponto C Os resultados dos cálculos do IQA para o Ponto C podem ser visualizados na Figura 5. Este índice ao longo do período sofreu influências das variações sazonais, indicando melhor qualidade de água no período de seca, devido à redução do carreamento de matéria orgânica para o corpo de água. As maiores influências sobre os valores obtidos ficaram a cargo dos parâmetros: coliformes fecais, turbidez e sólidos totais. Os valores de IQA para o Ponto C variaram de 32,0 a 66,5. O valor médio de 53,3 para esse ponto classifica a água como de boa qualidade. IQA - Ponto "C" 70 60 50 40 30 20 10 0 14/03 27/03 10/04 24/04 08/05 22/05 05/06 19/06 10/07 23/07 07/08 21/08 04/09 18/09 02/10 06/10 30/10 13/11 26/11 11/12 média Valores do IQA 64,2 51 43,1 42,6 48,9 56,6 63 53,3 65,5 52,2 61,7 45,2 58,7 32 50,7 54,6 53,8 56 57,7 54,9 53,3 Figura 5. IQA do Ponto C, no período de março a dezembro de 2002, localizado na Microbacia Hidrográfica do Córrego do Ipê, Ilha Solteira SP De forma geral constata-se que o Ponto B é o que apresenta pior qualidade de água, em relação aos demais pontos, com base no IQA, sendo que em três amostragens a qualidade da água foi considerada péssima. Em nenhuma amostragem, mesmo nos períodos chuvosos a qualidade da água foi classificada sequer como regular. Este fato está muito provavelmente relacionado ao maior percentual de urbanização neste ponto, associado à ausência quase total de vegetação. O Ponto A ficou em posição intermediária em termos de qualidade da água em relação aos demais pontos, porque embora receba fontes difusas e pontuais de poluição, oriundas da zona rural está localizado a montante da área urbanizada. O Ponto C, localizado à jusante da área urbanizada, provavelmente por estar mais distante desta, foi o que apresentou melhor IQA, embora em várias amostragens a qualidade da água tenha se mostrado apenas aceitável ou ruim. Os valores dos índices de IQA definidos neste estudo reafirmaram a degradação do córrego em todo o seu percurso, com pontos mais degradados onde a influência antrópica se mostrou mais acentuada.

HOLOS Environment, v.10 n.1, 2010 - P. 106 Estudos realizados na microbacia do Córrego do Ipê (POLETO e CARVALHO, 2004) indicaram o seu estado de degradação, com avançado estado de assoreamento em praticamente toda sua extensão devido à pequena quantidade de matas ciliares e ao mau uso do solo. A qualidade da água pode alterar-se negativamente na época das chuvas com o aumento nas concentrações de alguns parâmetros, como por exemplo, turbidez, fósforo e sólidos totais de acordo com pesquisas realizadas no Córrego Campestre em Lins SP, onde o IQA variou de 10,3 (qualidade péssima da água) à 64,5 (qualidade boa) (CUELBAS, 2006). Investigações similares realizadas na microbacia do Córrego Gavanhery em Getulina SP indicaram valores de IQA variando de 33,5 (ruim) a 60,0 (boa), sendo constatada a poluição do curso de água por efluentes rurais e urbanos, associada com o mau uso do solo e a pequena quantidade de matas ciliares (RODRIGUES JÚNIOR, 2008), Esta situação acarreta o incremento das cargas de sólidos trazidas pelo deflúvio superficial, causando turbidez à água. Esta é atribuída a partículas sólidas em suspensão, e pode ser provocada por plâncton, detritos orgânicos e outras substâncias como zinco, ferro, composto de manganês e areia, resultantes do processo natural de erosão, ou adição de despejos domésticos ou industriais (BATALHA e PARLATORE, 1977). Ressalta-se que com o aumento da matéria em suspensão ocorre a intensificação do grau de poluição e a diminuição da penetração da luz, o que prejudica a fotossíntese e reduz a reposição de oxigênio (BRANCO, 1983). Constatando-se que valores mais altos de turbidez e sólidos foram registrados na época das chuvas, pode se associar esses resultados ao processo natural de erosão, ao uso inadequado do solo e a falta de uma vegetação ciliar suficientemente capaz de reter parte dessas cargas. Esses fatores podem ser considerados como os principais causadores das alterações na qualidade da água na microbacia nessa época do ano. É importante ressaltar que, a qualidade da água, obtida através do IQA, apresenta algumas limitações, entre elas a de considerar apenas a sua utilização para o abastecimento público (BASSO e CARVALHO, 2007). Além disso, mesmo considerando-se esse fim específico, o índice não contempla outros parâmetros, tais como: metais pesados, compostos orgânicos com potencial mutagênico, substâncias que afetam as propriedades organolépticas da água e o potencial de formação de trihalometanos das águas de um manancial. (CETESB, 2002). 4. CONCLUSÕES 1. Com base nos resultados obtidos nos testes de IQA e visitas in loco, constatou-se um avançado estágio de degradação do Córrego do Ipê, manifestado pela inexistência de mata ciliar, assoreamento, elevação dos teores de elementos fertilizantes (fósforo e nitrogênio) e aumento dos níveis de concentrações de coliformes fecais e totais em alguns pontos analisados, com

HOLOS Environment, v.10 n.1, 2010 - P. 107 características físico-químicas e bacteriológicas similares a um esgoto típico de fraca concentração. 2. A degradação da microbacia ocorreu entre outros fatores ao processo de urbanização que resultou na contaminação do Córrego do Ipê, com acentuado comprometimento da qualidade de suas águas, decorrente de fontes pontuais e difusas que são resultado tanto dos esgotos clandestinos lançados diretamente nesse corpo de água quanto da falta de práticas eficientes de conservação do solo e de retenção das águas pluviais e controle de erosões. As fontes difusas foram observadas nas áreas menos urbanizadas, onde predominam chácaras que têm suas atividades ligadas à criação de animais suínos, aves e bovinos, e a atividade de horticultura. 3. Os valores obtidos para a qualidade da água são inferiores aos de um rio de Classe II, com destaque para o Ponto B, situado no meio urbano, que obteve os piores resultados, com classificação variando de ruim a péssima. 4. Há indícios de falta de consciência e percepção ambiental dos ribeirinhos os quais negligenciam a utilidade e a necessidade de se preservar o riacho, vendo nele um empecilho à sua qualidade de vida, o que remete para a necessidade de uma combinação de política de recursos hídricos, educação ambiental, planejamento e aplicabilidade das leis para reduzir a degradação e possibilitar uma maior proteção do meio ambiente. 5. AGRADECIMENTOS À Fundação para o Desenvolvimento da UNESP- FUNDUNESP, pelo auxílio concedido para a realização desta pesquisa. Ao Prof. Dr. Tsunao Matsumoto do Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira - UNESP, pela utilização do Laboratório de Saneamento. 6. REFERÊNCIAS APHA - AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. 20th Edition Washington: American Public Health Association, AWWA, WPCF, 1998. 1569p. AZEVEDO NETTO, J.M. Manual de hidráulica. 8.ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2000. p. 669-670.

HOLOS Environment, v.10 n.1, 2010 - P. 108 BASSO, E.R., CARVALHO, S.L.Avaliação da Qualidade da Água em duas represas e uma lagoa no município de Ilha Solteira S.P. Holos Environment, v.7 n.1, p.16-29, 2007. BATALHA, B.L.; PARLATORE, A. C. Controle da Qualidade da Água para o consumo Humano: Bases conceituais e operacionais. São Paulo: CETESB, 1977. 198p. BOLLMANN, H.A.; MARQUES, D. M. Bases para a estruturação de indicadores de qualidade de águas. RBRH Revista Brasileira de Recursos Hídricos, São Paulo, v.5, n.1, p.37-60, 2000. BRANDINI, O.L. Tipologia e distribuição dos processos erosivos do Município de Suzanápolis, SP. Três Lagoas. 2000. 40 f. Monografia (Trabalho de Graduação) - Faculdade de Geografia, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. 2000. BRANCO, S.M. Hidrobiologia Aplicada à Engenharia Sanitária. 2. ed. São Paulo: Editora CETESB, 1983. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resoluções do CONAMA de n.º 357, 5. ed. Brasília, DF. SEMA, 2005. 23 p. CARDOSO, J.D. Bacia de acumulação de Ilha Solteira: estudos agroeconômicos visando à fixação de preços básicos para fins de desapropriação. São Paulo: CESP, 1980. CETESB - COMPANHIA ESTADUAL DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO BÁSICO. Guia de Coleta e Preservação de Amostras de Água, CETESB, São Paulo, 1º ed. 1987, 155p. CETESB - COMPANHIA ESTADUAL DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO BÁSICO. Relatório da qualidade das águas interiores do Estado de São Paulo 2001. São Paulo: CETESB, 2002. 264 p. CETESB - COMPANHIA ESTADUAL DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO BÁSICO. Relatório da qualidade das águas interiores do Estado de São Paulo 2003. São Paulo: CETESB, 2004. 264 p. CUELBAS, L.P. Monitoramento e Avaliação da Qualidade da Água da Microbacia Hidrográfica do Córrego Campestre no Município de Lins, SP. 2007.118 f. Dissertação (Mestrado. em Engenharia Civil) Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista.

HOLOS Environment, v.10 n.1, 2010 - P. 109 FREITAS LIMA, E.A.C. Estudo da paisagem do Município de Ilha Solteira (SP): subsídios para o planejamento físico-ambiental. São Carlos, 1997. 107 f. Tese (Doutorado em Ciências Ambientais) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 1997. FREITAS LIMA, E.A.C. Análise ambiental no Município de Ilha Solteira (SP): riscos ambientais associados com os usos atuais da terra. Ilha Solteira: UNESP/FEIS, 2003. p. 22-23. (Relatório FUNDUNESP, Processo 00002/02-DFP). HESPANHOL, A.N. Dinâmica agro-industrial, intervenção estatal e a questão do desenvolvimento da região de Andradina (SP). Rio Claro, 1996. 273 f. Tese (Doutorado em Geografia) Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, 1996. IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Estudos e pesquisas 2: indicadores de desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: IBGE, 2002. p. 115-120. IPT - INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS. Mapa geomorfológico do Estado de São Paulo. São Paulo: IPT, 1981. p. 94. LIMA, W.P.; ZAKIA, M.J.B. Hidrologia de Matas Ciliares. In: RODRIGUES, R. R.; LEITÃO FILHO, H.F. (Eds.) Matas Ciliares: Conservação e Recuperação. São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, p. 33-44, 2000. MEYBECK, M.; HELMER R. An introduction to water quality In: CHAPMAN, D. Water quality assessment. Cambridge, University Press, 1992. 585p. PAULA, R.C. Avaliação dos principais fatores do meio físico do Município de Suzanápolis, SP, relacionados com a produção agropecuária mediante o emprego de imagens aéreas. Ilha Solteira: UNESP. 1997. 47 f. (Trabalho de Graduação em Agronomia) Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista. 1997. POLETO, C. Monitoramento e Avaliação de uma Microbacia Hidrográfica no Município de Ilha Solteira (SP), Ilha Solteira SP, 2003. 161 f. Dissertação (Mestrado. em Engenharia Civil) Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista. 2003. POLETO, C; CARVALHO, S.L. Problemas de degradação ambiental em uma microbacia hidrográfica situada no município de Ilha Solteira SP, Brasil e sua percepção pelos proprietários rurais. Holos Environment, v.4 n.1, p.68-80, 2004.

HOLOS Environment, v.10 n.1, 2010 - P. 110 PORTO, O.S. Cartas Temáticas Digitais do Município de Ilha Solteira/SP para Auxílio à Gestão Territorial. Monografia de Bacharelado. Três Lagoas: UFMS/CEUL, 2002. PROJETO ÁGUAS E MINAS. Disponível em: http://www.aguaseminas.com.br. Acesso em: 05 mar. 2005. RODRIGUES JR. F. Diagnóstico da Influência de Atividades Antrópicas na Qualidade da Água do Córrego Gavanhery no Município de Getulina SP. 2008. 94 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista. 2008. SILVA, H.R. Avaliação dos principais fatores do meio físico do Município de Pereira Barreto, SP, relacionado com a produção agropecuária, mediante o emprego de imagens aéreas. Ilha Solteira, 1991. 74 f. (Relatório do projeto de pesquisa apresentado para a Comissão Permanente de Regime de Trabalho com o fim de ser desenvolvido durante o período de estágio probatório). 1991. SILVA, H.R.; POLITANO, W. Análise do uso e ocupação do solo e processos de erosão na área de influência do conjunto de Urubupungá: estudo dos municípios de Pereira Barreto, Ilha Solteira e Suzanápolis (SP). In: SIMPÓSIO NACIONAL DE CONTROLE DE EROSÃO, Bauru. Anais... Bauru: ABGE IPT - DIGEO, v. 5, p.145-147, 1995. TUNDISI, J.G. Água no século XX: enfrentando a escassez. 2.ed. São Carlos: Rima, 2003. 264 p. Manuscrito recebido em: 26/08/2008 Revisado e Aceito em: 12/12/2009