Turma e Ano: Regular 2015 / Master B Matéria / Aula: Direito Processual Penal / Aula 10 Professor: Elisa Pittaro Monitora: Kelly Soraia Aula 10 NULIDADES EM ESPÉCIE Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: I por incompetência, suspeição ou suborno do juiz; A competência se subdivide em absoluta e relativa, sendo que para a grande maioria da doutrina e para o STF a única competência relativa no processo penal é a territorial. Quando violamos regra de competência absoluta (ex: em razão da natureza da infração, as regras do foro por prerrogativa de função, etc.) a nulidade será absoluta. Quando violamos regra de competência relativa o máximo que poderá ser reconhecido é uma nulidade relativa. De acordo com a súmula 706 do STF, a violação de regra de prevenção é causa de nulidade relativa. Qual é o vício nos atos praticados por um juiz suspeito? 1ª Orientação (Tourinho) Apesar da gravidade do vício, o art. 96 do CPP estabelece um momento preclusivo para ele ser alegado, logo a hipótese é de nulidade relativa. 2ª Orientação (Geraldo Prado) A suspeição esbarra em um dos pilares do sistema acusatório, que é a imparcialidade do juiz. Logo, a hipótese é de nulidade absoluta por violação ao sistema acusatório. Por que o art. 564, inciso I do CPP não mencionou as hipóteses de impedimento? Nas hipóteses de impedimento o juiz está proibido de exercer jurisdição, logo a hipótese é de inexistência jurídica. Para toda a doutrina, a ilegitimidade mencionada no inciso II engloba a ilegitimidade ad causam (condição da ação) e ad processum (pressuposto processual). II por ilegitimidade de parte; Qual o vício quando o Ministério Público oferece denúncia em face de agente que possui apenas 17 anos?
1ª Orientação (Ada) Questões relacionadas à culpabilidade condicionam o exercício do direito da ação, logo a hipótese é de nulidade absoluta por ilegitimidade ad causam. 2ª Orientação (Pacelli) O menor comete crime, o que ele não possui é capacidade processual para responder uma ação penal, logo a hipótese é de nulidade absoluta por ilegitimidade ad processum. 3ª Orientação (Polastri) Não há nenhuma possibilidade do menor responder a uma ação penal, logo a hipótese é de inexistência jurídica por violação de pressuposto processual de existência. III por falta das fórmulas ou nos termos seguintes: a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de contravenções penais, a portaria ou o auto de prisão em flagrante; O promotor da Comarca A ofereceu denúncia na Comarca B por entender que B é a Comarca competente. O que o juiz da Comarca B deverá fazer? Rejeitar ou não receber a denúncia? Se declarar incompetente? Falta ao promotor da Comarca A atribuição para atuar na Comarca B. Como a atribuição é um pressuposto processual de validade, o juiz não deveria receber essa denúncia, uma vez que as hipóteses de não recebimento giram em torno de questões processuais, e as de rejeição analisam o mérito. Os requisitos da denúncia e da queixa estão no art. 41 do CPP, porém entre todos aqueles mencionados no dispositivo o que importa é a narrativa do fato criminoso, que se for incompleta poderá ensejar inépcia. É possível denúncia com imputação genérica? O STF admite denúncia com a imputação genérica nos crimes societários e nos crimes multitudinários (autoria coletiva) com a alegação de que ao longo da ação penal a imputação será pormenorizada. b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no art. 167; A ausência de exame pericial é causa de nulidade? O STF vem atenuando as regras do art. 564 do CPP, entendendo que não há nulidade se a materialidade for comprovada de outra forma desde que válida, salvo nos crimes contra a propriedade imaterial e na Lei de Drogas, onde o exame tem natureza de condição de procedibilidade. Existe precedente no STJ, cuja a Relatora foi a Ministra Maria Thereza, dispensando exame pericial na hipótese de tráfico de drogas, uma vez que a materialidade do crime estava comprovada por interceptações telefônicas obtidas a partir de conversas realizadas entre os autores.
Na Lei 11.343 o laudo prévio é condição de procedibilidade para o oferecimento da denúncia, já o definitivo é condição de prosseguibilidade e deve estar nos autos até a realização da AIJ. Em tese, a ausência de um ou outro seria causa de nulidade. Porém, existem precedentes no STF entendendo que a juntada tardia do laudo definitivo é mera irregularidade, uma vez que ele é apenas confirmatório do laudo prévio. c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor de 21 (vinte e um) anos; Existem precedentes no TJRJ entendendo que audiências e plenários de júri realizados por estagiários da Defensoria não são causa de nulidade, uma vez que o Defensor acompanhou o ato. d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de ação pública; Qual a consequência da não intervenção do MP nos crimes de ação pública incondicionada? 1ª Orientação (MP) A Constituição estabeleceu que o MP deve promover a ação pública com exclusividade, logo a inobservância desse dispositivo é causa de nulidade absoluta. 2ª Orientação (TJRJ) O que causa nulidade é o MP não ser intimado para intervir, se regularmente intimado ele deixa de promover a ação não há nulidade, caso contrário o andamento da ação penal estaria nas mãos do promotor. A não intervenção do MP nos crimes de ação penal privada subsidiária da pública é causa de nulidade relativa, uma vez que o art. 572 do CPP estabelece o momento preclusivo para o vício ser alegado. e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa; Apesar da relevância da citação, o art. 570 do CPP estabelece que a sua ausência poderá não trazer nenhuma consequência processual, uma vez que a defesa pode tomar conhecimento da existência do processo de outra forma. O vício mais frequente que ocorre no interrogatório é quando o juiz nega ao réu a possibilidade de uma entrevista reservada com o seu advogado antes do interrogatório.
f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia, com o rol de testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Júri; A sentença de pronúncia deve ser sucinta, limitando-se a apontar indícios de autoria e prova de materialidade, sob pena do juiz exteriorizar o seu convencimento e comprometer a imparcialidade dos jurados. Nesse sentido, o art. 413, 1º do CPP sinaliza os limites da fundamentação da pronúncia. g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, quando a lei não permitir o julgamento à revelia; A alínea g estava se referindo à hipótese do réu ser julgado à revelia no Plenário do Júri, quando na verdade o processo deveria estar suspenso. Antes da reforma de 2008 o CPP exigia a presença em Plenário do réu pronunciado por crime inafiançável, sob pena de suspender o processo. Com a reforma, o art. 457 do CPP permite o julgamento de cadeiras vazias, ou seja, o réu pode optar se deseja ou não estar presente no Plenário, de forma que esta alínea foi esvaziada. h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos estabelecidos pela lei; Atualmente esse inciso não é utilizado, mas sim o art. 422 do CPP. i) a presença pelo menos de 15 (quinze) jurados para a constituição do júri; A inobservância do número mínimo de 15 jurados é causa de nulidade absoluta, uma vez que esse número foi estabelecido para garantir a composição heterogênea do júri. j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua incomunicabilidade; A incomunicabilidade que existe no júri diz respeito ao fato criminoso, ou seja, os jurados podem conversar sobre outros temas. k) os quesitos e as respectivas respostas; O vício mais frequente na quesitação é o chamado quesito complexo, ou seja, um único quesito respondendo várias perguntas. l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento;
m) a sentença;