Interface Atenção Básica e Vigilância Epidemiológica no processo de investigação da Dengue Deborah Bunn Inácio Maria Catarina da Rosa
Roteiro Dengue Situação Epidemiológica; Características da doença no processo de investigação; Investigação Epidemiológica Interface com a Atenção Básica Atribuições da Vigilância Epidemiológica 2
Dengue Doença infecciosa aguda, de etiologia viral 04 sorotipos (DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4) Principal doença de transmissão vetorial na atualidade Grande impacto na morbimortalidade (OMS) 50 a 100 milhões de doentes/ano em mais de 100 países 550 mil hospitalizações/ano 20 mil mortes/ano Letalidade: sem tratamento 20% - com tratamento <1% 3
Situação Epidemiológica da Dengue no BRASIL Casos de dengue prováveis, por semana epidemiológica de início dos sintomas. Brasil, 2013 a 2015*. 4
Situação Epidemiológica da Dengue no BRASIL Casos de dengue segundo classificação até SE 30. Brasil, 2014 a 2015*. Classificação 2014 2015 Casos notificados 493.260 1.350.406 dengue com sinais de alarme 7.755 15.403 dengue grave 630 1.144 óbito 390 614 Fonte: MS dados até 06/08/2015. 5
Situação Epidemiológica da Dengue no BRASIL 6
Situação Epidemiológica da Dengue em Santa Catarina Casos de dengue segundo classificação, Santa Catarina, 2006 a 2015*. 10000 9000 8000 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015* Casos descartados 246 575 683 239 493 639 361 961 617 5348 Confirmados importados 62 127 51 56 185 128 84 236 66 215 Confirmados autóctones 0 0 0 0 0 2 1 19 3 3244 Fonte: SINAN ONLINE * dados até 03/08/2015 * Não estão inclusos os casos aguardando resultado e em investigação do LPI. 7
Casos Situação Epidemiológica da Dengue em Santa Catarina Casos de dengue segundo classificação final e SE de início dos sintomas, Santa Catarina, 2015*. 800 700 600 SE com maior número de casos: 11, 12 e 14 500 400 300 200 100 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Casos em Investigação 1 3 2 11 18 20 18 45 44 36 36 72 61 72 54 63 41 44 36 18 23 16 14 5 7 12 12 23 37 9 Descartados 26 32 63 140 346 351 281 291 330 319 350 311 279 306 320 262 179 182 178 176 130 133 97 60 78 57 33 36 2 0 Confirmados em investigação de LPI 1 1 1 1 3 2 2 4 4 4 8 4 3 11 4 4 8 3 4 0 0 2 0 2 1 0 0 0 0 0 Confirmados importados 1 2 4 4 5 13 4 12 9 11 7 13 11 15 32 16 15 9 14 4 2 4 5 4 4 2 2 0 0 0 Confirmados autóctones 6 11 26 66 94 130 129 132 177 238 307 291 260 290 252 204 154 155 97 96 59 31 18 15 7 1 0 0 0 0 Fonte: SINAN ONLINE *dados até 03/08/2015. 8
Situação Epidemiológica da Dengue em Santa Catarina Faixa etária mais acometida: 20 a 39 anos (n=1.545) Nas faixas etárias que compreendem os menores de 2 e aqueles acima de 65 anos, consideradas de risco para a curso da doença, foram registrados 193 casos Municípios com transmissão de dengue, Santa Catarina, 2015. Características dos casos AUTÓCTONES de dengue Balneário Camboriú Chapecó Corupá Itajaí Joinville Tubarão 106 casos com sinais de alarme e 1 caso de dengue grave Sorotipo DENV-1 Bombinhas Canoinhas Cordilheira Alta Guaraciaba Itapema São Miguel do Oeste 9
Situação Epidemiológica da Dengue em Santa Catarina Situação entomológica e epidemiológica, Santa Catarina, 2015*. 10
Características da DENGUE na Investigação Doença causada por um Flavivirus; Período de incubação no vetor: 8 a 12 dias; Período de incubação no homem: 4 a 10 dias, média 5 a 6 dias; Período de viremia: 1 dia antes do aparecimento da febre até o 6º dia da doença. Definição de caso suspeito Pessoa que viva em área onde se registram casos de dengue, ou que tenha viajado nos últimos 14 dias para área com ocorrência de transmissão de dengue (ou presença de A. aegypti). Deve apresentar febre, usualmente entre 2 e 7 dias e duas ou mais das seguintes manifestações: mialgias, artralgias, cefaleia, dor retroorbital, náuseas, vômitos, exantema, petéquias, prova do laço positiva, leucopenia. 11
Investigação * 21/08/15 Que locais esteve nos 14 dias anteriores ao início dos sintomas? Aqui definirá o Local Provável de Infecção (LPI) 03/09/15 Investigar sinais e sintomas, pessoas próximas com o mesmo quadro. A suspeita ocorre no primeiro atendimento com o paciente: anamnese, inspeção, etc 12
A PNAB caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, redução de danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde das coletividades (BRASIL, 2011).
É dirigida a populações de territórios bem delimitados, pelas quais assume a responsabilidade sanitária. Utiliza processos de elevada complexidade e baixa densidade tecnológica, que devem resolver os problemas de saúde de maior frequência e relevância em seu território.
A Saúde da Família, estratégia prioritária para a organização da atenção básica, tem como um de seus preceitos desenvolver relações de vínculo e responsabilização entre as equipes e a população de seu território de abrangência, garantindo a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade do cuidado.
Territorialização e a ESF: O território é entendido como o espaço onde vivem grupos sociais definidos, suas relações e condições de subsistência, de trabalho, de renda, de habitação, de acesso à educação e o seu saber preexistente, sua interação com o meio ambiente, sua cultura e concepções acerca da saúde e da doença, sua estruturação familiar.
Importância: Conhecer, controlar, minimizar ou solucionar os problemas: - definir as prioridades; - conhecer as necessidades de serviços; - facilitar a avaliação dos serviços prestados; - definir e buscar os recursos necessários; - conhecer a distribuição da população local; - permitir o planejamento ascendente. É fundamental que o sistema de informações vetoriais, a Vigilância Epidemiológica e as ESF utilizem a mesma base geográfica, para permitir que as ações de controle da dengue sejam executadas de forma articulada e as análises geradas tenham a mesma referência.
O trabalho integrado entre a Atenção Básica e Vigilância Epidemiológica fortalece e amplia as ações de saúde, potencializa a atenção, o acesso e a qualidade, contribuindo na modificação da realidade epidemiológica de SC. Considerando a magnitude da dengue hoje no nosso país, a atenção básica tem importante papel a cumprir na prevenção, atenção e controle da doença. A AB constitui porta de entrada preferencial do usuário ao sistema de saúde e tem situação privilegiada para efetividade das ações, por estar próxima da comunidade em que atua.
Atribuição Comum a todos os profissionais da Atenção Básica portaria nº 2488/2011 I - participar do processo de territorialização e mapeamento da área de atuação da equipe, identificando grupos, famílias e indivíduos expostos a riscos e vulnerabilidades; (...) V - garantir da atenção a saúde buscando a integralidade por meio da realização de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde e prevenção de agravos; e da garantia de atendimento da demanda espontânea, da realização das ações programáticas, coletivas e de vigilância à saúde.
Mensalmente, ou em menor espaço de tempo, deverá haver um momento de encontro com a equipe da ESF, ACS os ACE para que seja feita uma explanação e acompanhamento de como está a situação da dengue na área de abrangência e para que sejam planejadas ações conjuntas com o intuito de reduzir a incidência de casos da doença e para que todos estejam cientes da importância de estar sempre informando a população sobre os cuidados para evitar a proliferação da dengue.
Investigação É caso suspeito? Preencher a Ficha Individual de Notificação (FIN) http://www.dive.sc.gov.br/index.php/d-a/item/dengue 22
Investigação É caso suspeito? Preencher a Ficha Individual de Notificação (FIN) http://www.dive.sc.gov.br/index.php/d-a/item/dengue 23
Investigação É caso suspeito? Preencher a Ficha Individual de Notificação (FIN) http://www.dive.sc.gov.br/index.php/d-a/item/dengue 24
Investigação É caso suspeito? Preencher a Ficha Individual de Notificação (FIN) Adicionar as informações já colhidas na suspeita inicial para a Ficha Individual de Investigação (FII); 25
Investigação É caso suspeito? Preencher a Ficha Individual de Notificação (FIN) Adicionar as informações já colhidas na suspeita inicial para a Ficha Individual de Investigação (FII); 26
Investigação É caso suspeito? Preencher a Ficha Individual de Notificação (FIN) Adicionar as informações já colhidas na suspeita inicial para a Ficha Individual de Investigação (FII); Encaminhar para a vigilância epidemiológica municipal. 27
Investigação 03/09/15 Considerando o período de incubação no mosquito e o período de incubação no homem, entre 12 e 22 dias após a picada do mosquito em pessoa infectada, novos casos suspeitos de dengue poderão ocorrer na área e será necessário a busca ativa dos mesmos. incubação vetor + Incubação homem 08/09/15 Que locais esteve no período de viremia? Doente + vetor = novos casos na área 28
Fluxograma de investigação * Unidade de Saúde (AB, Média e Alta complexidade): FIN e FII Vigilância Epidemiológica Municipal Vigilância de Vetores Programa de Controle da Dengue Municipal Retroalimentação das informações sobre número de focos, casos, áreas de maior risco, expansão da área de transmissão, etc Programa de Controle da Dengue Estadual Vigilância Estadual Ministério da Saúde 29
Responsabilidades: Para a garantia do atendimento em momento oportuno, pode ser necessária a quebra da rotina das ações programáticas. 1 - Acolher e a classificar os pacientes conforme fluxograma de classificação de risco para a Dengue oferecer a hidratação precoce, detectar oportunamente o aparecimento de sinais de alarme e sinais de choque; 2 - Disponibilizar fluxograma para a classificação de risco e manejo do paciente com suspeita; 3 - Afixar cartazes com o fluxograma nos diversos locais de atendimento da unidade;
4 - Programar o acompanhamento específico para o paciente de primeira consulta e para os retornos em dias subsequentes na própria unidade ou em unidades de referência (final de semana); 5 - Implantar ou implementar na unidade o serviço de notificações de casos suspeitos de dengue e estabelecer fluxo de informação diária para a vigilância epidemiológica, lembrando que as formas graves são de notificação imediata; 6 - Priorizar a visita domiciliar aos pacientes: que estejam em tratamento domiciliar, orientando para a presença de sinais de alarme (dor abdominal, vômitos, tontura etc.);
7 - Organização da referência dos pacientes na rede de assistência requer normas, rotinas e fluxos definidos e pactuados entre os gestores; 8 - Promover capacitação dos profissionais de saúde para classificação de risco, diagnóstico, manejo clínico e assistência ao paciente com dengue, assim como para os ACS, para a realização de ações de prevenção e controle junto à comunidade; 9 - Realizar busca ativa de pacientes vinculados á área de abrangência da unidade (casos novos e pacientes faltosos no retorno programado);
10 - Buscar informações atualizadas sobre a condição clínica dos pacientes (visita domiciliar, consulta de enfermagem, contato telefônico, visita do ACS); 11 - O ACE aproveitará a oportunidade da visita para saber se há alguém com sintomas de dengue. E caso haja algum caso suspeito, o mesmo deverá ser notificado e encaminhado à UBS para que seja realizado atendimento médico e investigação do caso. 12 - O ACS realiza visita ao domicílio, faz orientações sobre a importância de manter locais que acumulem água, sempre limpos, cobertos e livres de larvas, com o intuito de evitar o surgimento de casos de dengue.
13 - Promover reuniões com a comunidade, com o objetivo de mobilizála para as ações de prevenção e controle da dengue, bem como conscientizá-la quanto à importância de que todos os domicílios em uma área infestada pelo Aedes aegypti sejam trabalhados pelo Agente de Controle de Endemias; 14 - Comunicar ao enfermeiro supervisor do ACS e ao ACE os imóveis fechados e as recusas; 15 - Acompanhar os pacientes com dengue, após atendimento nos serviços de saúde, por meio de visitas domiciliares, orientando a família e a comunidade. IMPORTANTE: Se alguém de sua comunidade apresentar sintomas suspeitos de dengue, alerte-o para ir na UBS. Comunique sua equipe.
Atribuições da Vigilância Epidemiológica Municipal Período Não Epidêmico Período Epidêmico
Período Não Epidêmico Receber as FIN e FII; Incluir no SINAN Online; Continuidade na Investigação de todos os casos notificados; Investigar todos os óbitos suspeitos de dengue com o protocolo de investigação de óbitos; Avaliar as inconsistências no SINAN; Encerrar oportunamente; Comunicar os casos ao PCD para que as ações de controle vetorial sejam realizadas em tempo oportuno; Coletar amostra sorológica para diagnóstico; Analisar semanalmente os dados, número de casos por bairro, distrito, por SE de início dos sintomas. O objetivo é elaborar um gráfico de linha ou diagrama de controle, onde é possível visualizar a tendência de aumento dos casos e expansão territorial; Consolidar os dados em boletins mensais. 36
http://lacen.saude.sc.gov.br/arquivos/requisicoes/dengue.pdf 37
Período Epidêmico Situação de risco de epidemia e/ou epidemia quando há um aumento constante de casos notificados no município e esta situação pode ser visualizado por meio da curva endêmica, diagrama de controle e outras medidas estatísticas; Receber das unidades notificadoras as FIN de todos os casos suspeitos, incluindo-as imediatamente no SINAN; Nos períodos epidêmicos, em áreas onde a transmissão já está estabelecida, deve-se priorizar as investigações dos casos com sinais de alarme e graves, bem como os casos que se enquadram nos grupos de risco; Atentar aos casos que ampliam a área de transmissão da doença; 38
Período Epidêmico Realizar busca ativa de casos com sinais de alarme e graves, não devendo aguardar a notificação passiva de novos casos; Comunicar os casos ao PCD para que as ações de controle vetorial sejam realizadas em tempo oportuno; Coletar amostra sorológica para diagnóstico; Analisar semanalmente os dados, número de casos por bairro, distrito, por SE de início dos sintomas. Acompanhar a curva epidêmica, identificar áreas de maior ocorrência de casos e grupos acometidos, visando instrumentalizar o controle vetorial, a assistência para identificação precoce dos casos e a publicização de informações para consequente mobilização social; Consolidar os dados em boletins semanais. 39
Materiais de apoio www.dive.sc.gov.br http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=publicacoes 40
DENGUE TRANSCENDE O SETOR SAÚDE 1. Vigilância epidemiológica 2. Combate ao vetor 3. Assistência aos pacientes 4. Integração com Atenção Básica 5. Ações de saneamento ambiental 6. Ações integradas Ed. em saúde, comunicação e mobilização social 7. Capacitação permanente de pessoal 8. Legislação de apoio 9. Sustentação político social 10. Acompanhamento e avaliação OMS: Não existe uma única medida que, de forma isolada resolva o problema 41
Deborah Bunn Inácio Programa de Controle da Dengue GERÊNCIA DE VIGILÂNCIA DE ZOONOSES E ENTOMOLOGIA/DIVE/SES/SC dengue@saude.sc.gov.br Maria Catarina da Rosa Coordenação de Fortalecimento da AB Macro GO - GEABS SES SC geabseo@saude.sc.gov.br (48) 3212-1691 (48) 3664-7488/7490/7491/7492/7493 Obrigada! 42