QUARTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO APELAÇÃO Nº 82203/ CLASSE CNJ COMARCA DE TANGARÁ DA SERRA RELATOR: DES. RUBENS DE OLIVEIRA SANTOS FILHO

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Transcrição:

APELANTE(S): SANDRA DO NASCIMENTO FERREIRA APELADO(S): BANCO BRADESCO S.A. Número do Protocolo: 82203/2017 Data de Julgamento: 09-08-2017 E M E N T A APELAÇÃO CIVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS - TENTATIVA DE SAQUE EM CAIXA ELETRÔNICO - DINHEIRO NÃO LIBERADO, MAS DEBITADO DA CONTA - INÉRCIA DO BANCO EM RESOLVER A QUESTÃO - DANO MORAL CONFIGURADO - VALOR INDENIZATÓRIO ARBITRADO - RECURSO PROVIDO. Gera dano moral que deve ser indenizado a retenção do dinheiro no caixa automático após tentativa de saque pelo consumidor, e o descaso do Banco que não busca solucionar a questão, sobretudo quando se trata de consumidor com baixa capacidade financeira. O valor da reparação deve ser fixado com razoabilidade e proporcionalidade, em consonância com o grau de culpa do ofensor, a extensão dos danos e a capacidade econômica das partes. Fl. 1 de 9

APELANTE(S): SANDRA DO NASCIMENTO FERREIRA APELADO(S): BANCO BRADESCO S.A. R E L A T Ó R I O EXMO. SR. DES. RUBENS DE OLIVEIRA SANTOS FILHO Egrégia Câmara: Apelação em Ação de Indenização por Danos Materiais e Morais julgada parcialmente procedente para condenar o réu a ressarcir à autora a quantia de R$1.000,00, com atualização monetária desde 12-3-2015 e juros a contar da citação, condenando ambas as partes, em igual proporção, ao pagamento das custas e honorários advocatícios, estes no percentual de 20% do valor da condenação, ressalvada a suspensão da exigibilidade quanto ao autor, que é beneficiário da justiça gratuita. A apelante alega que faz jus também à reparação moral, tendo em vista que a não liberação do dinheiro por ela sacado em equipamento de autoatendimento bancário (R$1.000,00), dificultou até mesmo a sua sobrevivência, pois estava desempregada e a quantia era imprescindível ao seu sustento, tanto que ficou com saldo de apenas R$37,00). Aduz que o apelado ficou com o montante em questão por dois anos e, mesmo provocado, não tentou resolver a falha administrativamente, sendo evidente que tais fatos ocasionaram danos morais. Contrarrazões às fls. 111/117-v. É o relatório. Publique-se pauta. Des. Rubens de Oliveira Santos Filho Relator Fl. 2 de 9

(RELATOR) V O T O EXMO. SR. DES. RUBENS DE OLIVEIRA SANTOS FILHO Egrégia Câmara: O benefício da justiça gratuita foi deferido à apelante na primeira instância e não foi revogado no curso do processo, sendo desnecessário deferi-lo novamente, pois seus efeitos se estendem à todas as instâncias e atos da lide (AREsp 729.205). A apelante aduz que em 12/03/2015 tentou realizar o saque de R$1.000,00 no caixa eletrônico do apelado, e embora o dinheiro tenha sido debitado da sua conta, ele não foi disponibilizado pelo terminal, e mesmo após diversas tentativas de solucionar a questão administrativamente, inclusive com envio de ofício pela Defensoria Pública e lavratura de Boletim de Ocorrência, a questão não foi solucionada. Os argumentos da apelante são confirmados pela documentação acostada, sobretudo o extrato bancário onde se vê que em 12/03 houve um débito de R$ 1.000,00 em operação descrita como "SAQUE CC AUTOAT 6209555" (FL. 13), o ofício encaminhado ao apelado pela Defensoria (fl. 15) e o boletim de ocorrência (fl. 14). A Ação foi julgada parcialmente procedente apenas para condenar o apelado a ressarcir à autora a quantia de R$ 1.000,00. A apelante sustenta a configuração do dano moral e pugna pelo devido ressarcimento. Tratando-se de relação de consumo, é certo que ao caso Fl. 3 de 9

deve ser aplicado o Código de Defesa do Consumidor, que em seu art. 14 dispõe que o fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, que, neste caso, advém não somente do fato de a máquina não ter liberado o dinheiro, como deveria ter ocorrido, mas também do descaso do apelado, que foi negligente perante o consumidor ao não procurar solucionar o problema administrativamente nas diversas ocasiões em que foi procurado, especialmente por se considerar que a situação nem ao menos é de difícil solução. E o dano moral no caso é de fácil constatação, pois conforme narrado pela apelante ela estava desempregada, o que está comprovado pela carteira de trabalho na qual consta que saiu do seu emprego em 20/03/2015 (fl. 12), e que ao ter descontados os R$1.000,00 ficou com saldo de apenas R$ 37,00 (extrato de fl. 13), ficando evidenciado que realmente precisava desse dinheiro que ficou retido. Demonstrados o abuso e descaso do apelado, causando desgaste emocional e dificuldade financeira à apelante, atingindo a sua dignidade, é devida a indenização por dano moral. A propósito: RECURSO APELAÇÃO E RECURSO ADESIVO - AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE VALORES C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - TENTATIVA DE SAQUE EM CAIXA ELETRÔNICO - DEFEITO NA DISPENSADORA DE CÉDULAS - INDISPONIBILIDADE DO DINHEIRO DÉBITO NA CONTA Fl. 4 de 9

CORRENTE DO AUTOR SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PRELIMINAR DE CARÊNCIA DE AÇÃO REJEITADA MÉRITO RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA E OBJETIVA ART. 186, DO CPC E ART. 14, DO CDC - DANO MORAL COMPROVADO - DEVER DE INDENIZAR QUANTUM DEVER DE OBERSERVÂNCIA AO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE MAJORAÇÃO POSSIBILIDADE - HONORÁRIOS ADVOCATICIOS - FIXAÇÃO EM VALOR MÍNIMO - 10% - AÇÃO CONDENATÓRIA - POSSIBILIDADE - ASPECTOS OUTROS EXISTENTES NOS AUTOS, ARTIGO 20, 3º, ALINEAS A, B, C, CPC OBSERVADOS MANTIDOS SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA APELAÇÃO DESPROVIDA RECURSO ADESIVO PARCIALMENTE PROVIDO. Independentemente de existir ou não o ato imputado ao banco, de sua ilicitude e de causar dano ao autor, da narrativa extrai-se o interesse de agir, porque conforme o próprio banco afirmou em sua defesa, não pretende pagar qualquer indenização ao seu cliente com base nos fatos ventilados, configurando uma pretensão resistida. Pelo que consta dos autos, é possível aferir que estão presentes os requisitos que autorizam a configuração do dano moral e, no caso em apreço, aplica-se também a teoria objetiva da responsabilidade civil, ou, em outras palavras, os riscos que a Fl. 5 de 9

instituição financeira sofre pelo desempenho de suas atribuições e, de consequência, é desnecessário se perquirir a culpa do agente no caso. O quantum indenizatório deve guardar certa dose de proporcionalidade, não podendo ser excessivo e muito menos irrisório, tendo o magistrado, na sua fixação, certa dose de flexibilidade, já que não existe parâmetro legal a respeito do assunto, devendo atentar ao caso nos seus múltiplos e variados aspectos. Levando-se em consideração a questão controvertida, o valor da condenação, os honorários, fixados em 10%, para o caso em comento, estão dentro do razoável, não há o que se falar em redução ou majoração. (TJMT - Ap 153721/2015, DES. SEBASTIÃO DE MORAES FILHO, SEGUNDA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO, Julgado em 02/03/2016, Publicado no DJE 09/03/2016) APELAÇÃO CÍVEL AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS - TENTATIVA DE SAQUE EM CAIXA ELETRÔNICO - DEFEITO NA DISPENSADORA DE CÉDULAS - INDISPONIBILIDADE DE DINHEIRO QUE PREJUDICOU O AUTOR - DANO MORAL INDENIZÁVEL QUANTUM INDENIZATÓRIO OBERSERVÂNCIA AO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE E DO CONTRADITÓRIO - SENTENÇA REFORMADA RECURSO PARCIALMENTE Fl. 6 de 9

PROVIDO. Se as circunstâncias retratadas nos autos demonstram que foram extrapolados os dissabores do cotidiano, somada a baixa capacidade contributiva do consumidor e a negligência da Instituição Financeira em resolver o problema, resta configurado o dano moral. O valor indenizatório guardar função amenizatória para o lesado, sem enriquecê-lo ilicitamente, e pedagógica para o ofensor, a fim de coibir a sua reincidência, de modo que ao fixá-lo deve-se sempre observar a razoabilidade a proporcionalidade. (TJMT - Ap 93726/2014, DES. SEBASTIÃO BARBOSA FARIAS, PRIMEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO, Julgado em 09/12/2014, Publicado no DJE 16/12/2014) Quanto ao valor, deve cumprir o caráter punitivo (ofensor) e compensatório (ofendido), levar em conta a intensidade do dano e a condição socioeconômica das partes. Não deve ser elevado a ponto de causar o enriquecimento injustificado, e nem irrisório, para que a medida não seja inócua. Dessa maneira, mostra-se justa e proporcional a quantia de R$10.000,00. Pelo exposto, dou provimento ao Recurso, condenando o apelado a pagar à apelante R$10.000,00 pelos danos morais, com correção monetária desde o arbitramento (Súm. 362 do STJ) e juros de Fl. 7 de 9

mora a partir da citação (art. 405 do CC). Por conseguinte, em razão na alteração substancial do resultado do julgamento, os ônus sucumbenciais deverão ser arcados integralmente pelo apelado. Fl. 8 de 9

A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a QUARTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência do DES. RUBENS DE OLIVEIRA SANTOS FILHO, por meio da Câmara Julgadora, composta pelo DES. RUBENS DE OLIVEIRA SANTOS FILHO (Relator), DES. GUIOMAR TEODORO BORGES (1º Vogal) e DESA. CLEUCI TEREZINHA CHAGAS PEREIRA DA SILVA (2ª Vogal convocada), proferiu a seguinte decisão: RECURSO PROVIDO, POR UNANIMIDADE. Cuiabá, 9 de agosto de 2017. ------------------------------------------------------------------------------------------- DESEMBARGADOR RUBENS DE OLIVEIRA SANTOS FILHO - RELATOR Fl. 9 de 9