INFLUÊNCIA DA FISIOTERAPIA SOBRE A INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL: ENFOQUE NO EQUILÍBRIO E NA MOBILIDADE DE PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON.

Documentos relacionados
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FUNCIONAL DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

FISIOTERAPIA. na Doença de Parkinson. APDPk Fisioterapia. Fisioterapeuta Josefa Domingos

A CAMINHADA NÓRDICA ADAPTADA PARA PORTADORES DE DOENÇA DE PARKINSON

RESUMO. Palavras-chave: Doença de Alzheimer. Cognição. Qualidade de vida. INTRODUÇÃO

PERFIL FUNCIONAL DOS PACIENTES COM AVE ATENDIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO E NA CLÍNICA ESCOLA DE FISIOTERAPIA DA UFPB

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS EFEITOS DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA E CONVENCIONAL NA MOBILIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS COM DOENÇA DE PARKINSON

ANÁLISE DO EQUILÍBRIO POSTURAL EM IDOSOS COM DIFERENTES NÍVEIS DE CAPACIDADE COGNITIVA

PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DE PACIENTES COM DISTURBIOS DO MOVIMENTO EM GOIÂNIA, GOIÁS, BRASIL.

Treino Multi-Task nas Patologias Neuro-Degenerativas

PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE INDIVÍDUOS NA FASE INICIAL E INTERMEDIÁRIA DA DOENÇA DE PARKINSON ATRAVÉS DO PDQ-39

TREINO DE DUPLA TAREFA MOTORA-COGNITIVA EM IDOSOS COM COMPROMETIMENTO COGNITIVO LEVE: RELATO DE EXPERIÊNCIA NA FACISA/UFRN

Correlação entre funcionalidade e qualidade de vida em pacientes com Parkinson

FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL EM UNIDADE DE AVC: APLICAÇÃO DE PROTOCOLO PADRONIZADO É POSSÍVEL

A QUALIDADE DE VIDA E OS COMPROMETIMENTOS APRESENTADOS EM IDOSOS COM DOENÇA DE PARKINSON QUE REALIZAM FISIOTERAPIA NO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE - PB

ASSOCIAÇÃO ENTRE O DECLÍNIO COGNITIVO E A CAPACIDADE FUNCIONAL DE INDIVÍDUOS PORTADORES DE DOENÇA DE PARKINSON.

Palavras-chave: fisioterapia; doença de parkinson; atividade educativa

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM RELAÇÃO AO TEMPO DE EVOLUÇÃO DA DOENÇA EM UM GRUPO DE PARKINSONIANOS

A PREVALÊNCIA DA DOENÇA DE PARKINSON NO MUNICÍPIO DE ITAPEVA-SP

Influência do tratamento fisioterapêutico em grupo no equilíbrio, na mobilidade funcional e na qualidade de vida de pacientes com Parkinson.

Graduada em Fisioterapia pela Faculdade de Ciências Médicas de Campina Grande- FCM,

INFLUÊNCIA DA DUPLA TAREFA NO DESEMPENHO FUNCIONAL DE PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON

AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL DO IDOSO. Maria do Socorro Simões

EFEITOS DE UM PROGRAMA FISIOTERAPÊUTICO DIRECIONADO A IDOSOS FRÁGEIS INSTITUCIONALIZADOS

AVALIAÇÃO DA EVOLUÇÃO DA DOENÇA DE PARKINSON NA VIDA COTIDIANA: TRATAMENTO E INTERAÇÕES

Grupo de Apoio aos Pacientes com Doença de Parkinson no HU/UFJF

Correlação dos anos de escolaridade com o estado cognitivo em idosas

EFEITOS DE UM PROGRAMA DE EXERCÍCIOS EM DUPLA-TAREFA SOBRE O EQUILÍBRIO E A COGNIÇÃO DE MULHERES IDOSAS

Fatores de risco de queda na pessoa idosa residente na comunidade: Revisão Integrativa da Literatura

EQUILÍBRIO FUNCIONAL DE IDOSOS DO CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CRAS) DE JATAÍ, GOIÁS

Perfil dos indivíduos com doença de Parkinson atendidos no setor de fisioterapia de um hospital universitário no Rio de Janeiro

Benefícios da Fisioterapia no Programa Multiprofissional para Pacientes com Doença de Parkinson: uma Revisão de Literatura Integrativa

ATUAÇÃO FISIOTERAPEUTICA NO IDOSO COM DOENÇA DE PARKINSON

ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA COMO PREVENÇÃO DE QUEDAS EM UM IDOSO NA CLÍNICA ESCOLA DA FAP

ALTERAÇÕES DE EQUILÍBRIO EM PACIENTES PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO E SUA INFLUÊNCIA NA QUALIDADE DE VIDA

TÍTULO: ANÁLISE DA SOBRECARGA FÍSICA E MENTAL EM CUIDADORES INFORMAIS DE INDIVÍDUOS DEPENDENTES

COMPARAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSAS USUÁRIAS DAS ACADEMIAS DA TERCEIRA IDADE E NÃO PRATICANTES DE EXERCÍCIO FÍSICO

TÍTULO: MOBILIDADE FUNCIONAL E VELOCIDADE DE MARCHA EM IDOSOS COM E SEM COMPROMETIMENTO COGNITIVO

16 de Setembro de V. Pinheira 1,2 ; A. Pinto 3 ; A. Almeida 3.

ANÁLISE DOS SINTOMAS MOTORES NA DOENÇA DE PARKINSON EM PACIENTES DE HOSPITAL TERCIÁRIO DO RIO DE JANEIRO

AMPUTADOS/MI 1 x NA SEMANA Pré-Prótese e Pós-Prótese

A FUNCIONALIDADE, A COGNIÇÃO E A QUALIDADE DE VIDA SÃO AFETADAS PELA PROGRESSÃO DA DOENÇA DE PARKINSON?

VALIDAÇÃO DA VERSÃO DA DYPAGS: INSTRUMENTO DE MOBILIDADE E DUPLA TAREFA NA DOENÇA DE PARKINSON

ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL EM PACIENTE COM DOENÇA DE PARKINSON: REVISÃO NARRATIVA

EQUILÍBRIO DINÂMICO E DESEMPENHO EM TAREFAS DUPLAS EXECUTADAS POR IDOSOS SAUDÁVEIS E IDOSOS COM DOENÇA DE PARKINSON IDIOPÁTICA

Palavras-Chave: Doença de Parkinson, dupla tarefa, fisioterapia

TREINO DE MARCHA COM PISTAS VISUAIS NO PACIENTE COM DOENÇA DE PARKINSON. Training of Gait with Visual Cues in the Patient with Parkinson s Disease

TCC em Re-vista ANDRADE, Carolina Cintra de. 15. Palavras-chave: estresse oxidativo; infarto do miocárdio; exercício. PETRI, Maysa Tenório.

INFLUÊNCIA DA GAMETERAPIA SOBRE O EQUILÍBRIO DE PORTADORES DE DOENÇA DE PARKINSON

Título do Trabalho: Ansiedade e Depressão em Pacientes com Esclerose Múltipla em Brasília Autores: Tauil CB; Dias RM; Sousa ACJ; Valencia CEU; Campos

TÍTULO: EFEITO DO SQUARE STEPING EXERCISE NO DESEMPENHO COGNITIVO DE IDOSOS COM DÉFICIT COGNITIVO PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO

FALLSENSING ESTUDOS DE CASO. Catarina Silva

Qualidade de vida de pacientes idosos com artrite reumatóide: revisão de literatura

DEFÍCIT COGNITIVO DE IDOSOS COM DOENÇA DE ALZHEIMER - DA

A EQUOTERAPIA COMO RECURSO FISIOTERAPÊUTICO NO TRATAMENTO DE CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL: UMA REVISÃO DE LITERATURA

PROJETO QUEDAS IPGG REDE DE ATENÇÃO AO IDOSO COM RISCO DE QUEDA

AMPUTADOS/MI 2 X SEMANA

PROPOSTA DA LINHA DE CUIDADO DA SAÚDE DO IDOSO. Área Técnica Saúde da Pessoa Idosa

Avaliação Inicial e Definição de Conduta Tratamento Avaliação final e conduta Avaliação de aptidão Avaliação clínica inicial (objetivos específicos)

Aula 3 Controle Postural

O IMPACTO DA DOENÇA NEUROLÓGICA PÓS-ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS: AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA

TÍTULO: RELAÇÃO ENTRE NÍVEIS DE COMPROMETIMENTO COGNITIVO E SINTOMAS DEPRESSIVOS EM IDOSSOS

Abordagem às Quedas em Idosos. Prof. Juleimar S. C. Amorim

A EQUOTERAPIA EM PACIENTES COM PARALISIA CEREBRAL DANIELE FERNANDA GUILHERME DOS SANTOS 1 ; RUAS, EDUARDO AUGUSTO 2.

ANÁLISE DO RISCO DE QUEDAS EM GRUPO DE IDOSOS SEQUELADOS DE AVE: PERSPECTIVAS DA FISIOTERAPIA

Influência do treino de marcha no déficit de equilíbrio de pacientes com Doença de Parkinson: revisão da literatura

Correlação entre funcionalidade e gravidade da doença de Parkinson em idosos

Saúde do Idoso. Quem é idoso? Nos países desenvolvidos, é o indivíduo a partir dos 65 anos e, nos países em desenvolvimento, a partir dos 60 anos.

EFEITOS DO METILFENIDATO NO DESEMPENHO MOTOR EM ESCOLARES ENTRE 7 E 10 ANOS COM TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE

Exercício Físico na Esclerose Múltipla

PROJETO DE EXTENSÃO DE REABILITAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA

TÍTULO: EFEITO DO PROTOCOLO UTILIZADO NA ATENÇÃO SECUNDÁRIA EM FISIOTERAPIA AQUÁTICA NA QUALIDADE DO SONO DE PACIENTES COM FIBROMIALGIA

AVALIAÇÃO DA FUNCIONALIDADE DE ADULTOS E IDOSOS COM SÍNDROME DE DOWN: DADOS DE UM ESTUDO PILOTO.

AVALIAÇÃO DO GRAU DE INCAPACIDADE FÍSICA (GIF) NA HANSENÍASE. Jordana Raquel Teixeira Nascimento Fisioterapeuta HST

Influência do treino de dupla tarefa no desempenho motor e funcional de parkinsonianos. Resumo. 1 Introdução

AVALIAÇÃO DO CONTROLE POSTURAL DE SUJEITOS COM PARKINSONISMO EM DIFERENTES BASES DE APOIO

Alves et al Analise das principais sequelas observadas em pacientes vítimas de acidente vascular cerebral - AVC

O impacto das alterações de voz e deglutição na qualidade de vida de pacientes com a doença de Parkinson

EFEITOS DA CINESIOTERAPIA E DA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA NERVOSA TRANSCUTÂNEA SOBRE O PADRÃO ESPÁSTICO DE PACIENTES PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

COMPARAÇÃO ENTRE ALONGAMENTO E LIBERAÇÃO MIOFASCIAL EM PACIENTES COM HÉRNIA DE DISCO

UPSA: ADAPTAÇÃO E APLICAÇÃO EM IDOSOS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. Aluno: Antonia Sigrist Orientador: Helenice Charchat Fichman

RISCO DE QUEDA E POSTUROGRAFIA COMPUTORIZADA EM AMPUTADOS

EFEITO DO TREINO DE EQUILÍBRIO NO SOLO E EXERCÍCIOS NA ÁGUA NAS ALUNAS DA UNATI- PUC GOIÁS

Memória evocativa em pacientes não dementes com doença de Parkinson

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DAS QUEDAS EM CRIANÇAS INTERNADAS EM HOSPITAL PEDIÁTRICO

TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM PACIENTES COM PARALISIA CEREBRAL

PROTOCOLO DE TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO PARA COMPROMETIMENTO COGNITIVO LEVE

INFLUÊNCIA DA GAMETERAPIA NA REABILITAÇÃO DE PACIENTE PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

EFETIVIDADE DA FISIOTERAPIA COM TREINAMENTO DE DUPLA TAREFA NO SISTEMA MOTOR E COGNITIVO EM INDIVÍDUOS COM DOENÇA DE PARKINSON

Profº Eduardo Lattari

Maria Ludmila M. de Freitas, Ft., M.Sc.*, Marcelo Zager, Ft., M.Sc.**, Carmen Campbell, D.Sc.***

UM ESTUDO DE CASO DA REABILITAÇÃO VESTIBULAR EM PACIENTES IDOSOS COM VPPB E DOENÇA A DE PARKINSON ASSOCIADA

MANEJO DO ALCOOLISMO ENCERRAMENTO E AVALIAÇÃO

ICS EDUCATIONAL COURSE

A Fisioterapia no Envelhecimento e na Doença Crónica

SOBRECARGA DO CUIDADOR DE DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL E DOENÇA DE ALZHEIMER.

EXPERIÊNCIA DO USO DA MÚSICA DURANTE TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO DE PARKINSONIANOS EM DOMICÍLIO

Fisioterapia em Grupo: um Modelo Terapêutico para Pacientes

Os gânglios da base e os distúrbios do movimento

Transcrição:

INFLUÊNCIA DA FISIOTERAPIA SOBRE A INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL: ENFOQUE NO EQUILÍBRIO E NA MOBILIDADE DE PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON. Taysa Vannoska de Almeida Silva 1 ; Maria Carolina 2... ;Natália Romana Gomes da Silva 3 ; Douglas Monteiro da Silva 4 ; Maria das Graças Wanderley de Sales Coriolano 5. 1 Universidade Federal de Pernambuco/ taysavnk.fisio@gmail.com, 2 Universidade Federal de Pernambuco/, 3 Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira/natalia.g.romana@gmail.com, 4 Universidade Federal de Pernambuco/ dougmonteiro05@gmail.com, 5 Universidade Federal de Pernambuco/ gracawander@hotmail.com. INTRODUÇÃO: A Doença de Parkinson (DP) é uma síndrome clínica degenerativa e progressiva do sistema nervoso central que provoca desordens do movimento, devido à deficiência de dopamina na via nigroestriatal do cérebro. A apresentação clínica pode variar entre os indivíduos, e os sintomas motores incluem: tremores de repouso, bradicinesia, rigidez muscular e instabilidade postural. A instabilidade postural leva frequentemente a quedas, cujas consequências têm impacto devastador sobre a mobilidade e a independência funcional de indivíduos com doença de Parkinson. Esses comprometimentos interferem diretamente na quantidade e variedade de atividades desempenhadas por estes pacientes, fato que pode contribuir para a redução de sua aptidão física (GOULART et al., 2004). Numa tentativa de minimizar as sequelas o fisioterapeuta compõe uma equipe multidisciplinar para avaliação e tratamento da doença de Parkinson, e tem por objetivo maximizar a capacidade funcional e minimizar as complicações secundárias (ELLIS et al., 2005). Pois torna-se mais fácil sustentar níveis de função presentes, do que restaurar funções perdidas devido à inatividade, portanto, é necessário começar o tratamento precocemente e em seguida continuá-la regularmente (CEES et al., 2001). A hipótese é de que o tratamento fisioterapêutico convencional servirá para minimizar os comprometimentos no equilíbrio e os déficits na mobilidade. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da fisioterapia motora sobre a independência funcional com enfoque no equilíbrio e na mobilidade de pacientes com Doença de Parkinson. METODOLOGIA: Este ensaio clínico não controlado ( antes e depois ) foi desenvolvido no Programa Pró- Parkinson do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco e aprovado pelo comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos desta Universidade (Ofício nº 728.783). Foram incluídos sujeitos com diagnóstico clínico de Doença de Parkinson idiopática nos estágios de 1, 2 e 3 de acordo com a versão original da escala de Hoehn e Yahr (HY)(HOEHN; YAHR, 1967), de ambos os gêneros, com idade entre 45 a 75 anos, com quadro clínico satisfatório, com tratamento farmacológico regular (utilizando levodopa ou outra medicação anti-parkinsoniana) e marcha preservada (totalmente independentes ou deambulando com uso de instrumentos tutores). Foram excluídos pacientes com outras doenças neurológicas associadas, com dificuldade em responder as perguntas das escalas de avaliação identificada pelo escore do Mini-Exame do Estado Mental (MEEM)(FOLSTEIN; FOLSTEIN; MCHUGH, 1975) inferior ao correspondente a sua escolaridade, com doenças vestibulares ou outra patologia que pudesse afetar o equilíbrio,

comprometimento visual grave, comprometimento auditivo, pacientes amputados, usuários de próteses, que tivessem três faltas consecutivas durante a intervenção ou que estivessem participando de tratamento fisioterapêutico em outro serviço. As avaliações, reavaliações e os atendimentos dos pacientes foram realizados de forma aleatória por dois pesquisadores treinados e nivelados que recebiam os pacientes recrutados por um terceiro pesquisador. Durante as avaliações era preenchido uma ficha de registro de dados, os pacientes eram então informados quanto à pesquisa e lhes era entregue o termo de consentimento livre e esclarecido para participação. Seguido pelo estadiamento da doença de acordo com a versão original da escala Hoehn e Yahr (HY)(HOEHN; YAHR, 1967). Após o estadiamento foram aplicadas outras escalas: O índice de Barthel que mede a independência funcional, sua pontuação varia de 0 a 100. Onde a mínima, zero, corresponde à máxima dependência para todas as atividades de vida diária (AVD s) avaliadas, e a máxima de 100 equivale à total independência. (ARAÚJO et al., 2007) Dynamic Gait Index (DGI) avaliar a capacidade do indivíduo em modificar o equilíbrio durante a marcha na presença de demandas externas. Variando de zero (comprometimento grave) a três (normal), com escore máximo de 24 pontos, sendo utilizado como indicativo de risco de queda um escore 19 pontos. (DE CASTRO; PERRACINI; GANANÇA, 2006). Teste de retropulsão inesperado avalia a estabilidade postural. O examinador fica atrás do sujeito e sem aviso prévio, dá um puxão para trás de modo súbito, firme e rápido pelos ombros. A reação de equilíbrio inesperada fornece uma escala de 3 pontos. Onde: 0 Normal com até dois passos para recuar; 1 Leva 3 ou mais passos, recupera sem ajuda; 2- Cairia se não pego; 3- Incapaz de se levantar sem ajuda (VISSER et al., 2003). Para análise estatística consideramos o número de passos investidos para trás. Após a avaliação inicial, os pacientes realizaram 15 sessões de Fisioterapia, seguindo um protocolo com base no Guidelines for Physical Therapy in Patients with Parkinson s Disease (KEUS, 2004). Duração mínima de 40 minutos variando de acordo com o paciente, duas vezes por semana. Composto por exercícios distribuídos em 6 principais áreas: transferências, postura, capacidade física e atividades de alcançar, agarrar, equilíbrio e marcha. O protocolo apresentava três níveis de dificuldade que eram aumentados a cada 5 sessões, se a condição física do paciente assim permitisse. Ao término das 15 sessões os pacientes foram reavaliados e os dados foram analisados. Analise estatística A amostra foi calculada através do programa estatístico PASS (Power Analysis and Sample Size), versão 2005. Após simulações, optou-se por um tamanho mínimo de amostra de 10 pacientes. Esse número é capaz de detectar, com um poder de teste de 80% e um nível de significância de 5%. Após reavaliações os dados coletados foram tabulados e compilados através de medidas de tendência central e dispersão, em planilhas do Microsoft Excel tm e depois analisadas estatisticamente através software BioEstat 5.0, com nível de significância de p<0,05. Para análise dos resultados do Índice de Barthel, para o desfecho dependência funcional e o Dynamic Gait Index, para o desfecho mobilidade, foi utilizado o teste de Wilcoxon. Para análise dos resultados do teste de retropulsão inesperado (número de passos investidos para trás), para o desfecho instabilidade postural, foi utilizado o Teste T para amostras pareadas. RESULTADOS: A amostra foi composta por 12 sujeitos com DP, sendo 2 mulheres e 10 homens, com média de idade de 60,4 (±7,8) anos, variando entre 56 e 72 anos. Dentre os sujeitos da amostra, 2 encontravam-se no estágio I, 6 no estágio II e 4 no estágio III. O resultado dos escores das escalas

DGI, Barthel e o resultado do teste de retropulsão estão expressos na tabela 1. Não houve diferença significativa estatisticamente após a intervenção. Tabela 1: Expressa os escores das escalas DGI e Barthel e o resultado do teste de retropulsão (número de passos investidos para trás). DGI Retropulsão Barthel A D A D A D Média(±) 18,1 (±3,3) 19,6 (±1,9) 1,7 (±0,9) 1,5 (±1,1) 96,2 (±6,4) 98,3 (±2,4) Variação 12-23 15-22 1-4 0-4 80-100 95-100 Mediana 18,5 20,0 1,5 1,5 100 100 DGI: Dinamic Gait Index; A: antes da intervenção; D: depois da intervenção. DGI, P=0,20. Retropulsão, P=0,55. Barthel, P=0,22. Após a intervenção o escore do DGI se manteve no estágio I e aumentou nos estágios II e principalmente no estágio III, onde apresentou diferença quase significativa estatisticamente (Tabela 2). Tabela 2: Expressa os escores da escala DGI em relação a progressão da doença. DGI antes DGI depois Média (±) 22 (±1,4) 18,8 (±2,2) 14,5 (±1,7) 21,5 (±0,7) 19,7 (±1,0) 18,8 (±2,9) Variação 21-23 16-22 12-16 21-22 18-21 15-21 Mediana 22 20 15 21,5 20 19,5 Teste de Wilcoxon. P=0,09. DGI: Dynamic Gait Index. Após a intervenção o número de passos para trás no teste de retropulsão diminuiu, principalmente no estágio III, entretanto as diferenças não alcançaram significância estatística (Tabela 3). Tabela 3: Expressa o resultado do teste de retropulsão (número de passos investidos para trás) em relação à progressão da doença. Retropulsão antes Retropulsão depois Média (±) 1 (0) 1,7 (±0,5) 2,3 (±1,5) 2 (0) 1,5 (±1,0) 1,5 (±1,7) Variação 1-1 1-2 1-4 2-2 0-3 0-4 Mediana 1 2 2 2 1,5 1 Teste T. HY1, P=1,0. HY2, P=0,61. HY3, P=0,21 Após a intervenção o escore da escala Barthel aumentou principalmente no estágio III, entretanto a diferença não foi significativa estatisticamente (Tabela 4). Tabela 4: Escores do Índice de Barthel por estadiamento da Doença de Parkinson Barthel antes Barthel depois Média (±) 100 (0) 97,5 (±4,2) 92,5 (±9,6) 100 (0) 98,3 (±2,6) 97,5 (±2,9) Variação 100-100 90-100 80-100 100-100 95-100 95-100 Mediana 100 100 95 100 100 97,5 Teste de Wilcoxon. HY2, P=0,65.

DISCUSSÃO: Avaliando o desfecho mobilidade através do Dynamic Gait Index (DGI) foi possível observar um aumento do seu escore, o que pode representar uma melhora no desempenho da marcha. Esse resultado também aponta para uma redução no risco de quedas. Isso é de extrema importância pelo fato de que estudo de 2010 (KERR et al., 2010) relacionam a instabilidade postural e o distúrbio da marcha com o aumento do risco de quedas. Portanto um maior escore nesse teste indica redução da instabilidade. Ao analisar os escores do DGI após a intervenção em relação à progressão da doença observa-se que ocorreu o aumento dos escores do DGI nos estágios II e principalmente no estágio III. Portanto intervenções fisioterapêuticas que visem o treino de marcha e de reações de equilíbrio trarão sobre esses sujeitos maiores benefícios(stokes, 2000). No entanto, apesar da boa resposta à intervenção os sujeitos do estágio III se mantiveram com um escore que indica risco de quedas. Diferente do que ocorreu no estágio inicial da doença, houve uma redução no escore do mesmo teste. Isso se deve pelo fato de que nesse estágio o paciente tem boa mobilidade funcional(kerr et al., 2010) e o objetivo da intervenção recai mais sobre a prevenção das deficiências musculoesqueléticas e manutenção da função motora. Para avaliar a instabilidade postural utilizou-se o teste de retropulsão inesperado (TRI). Ao analisar o número de passos investidos para trás nos estágios da DP após a intervenção fisioterapêutica, observa-se uma diminuição no número de passos no estágio II e principalmente no estágio III. Portanto um treino de marcha com pistas visuais contribui para a atenção e o equilíbrio(azulay; MESURE; BLIN, 2006). Apesar de o teste de retropulsão inesperado ser descrito como o mais apropriado para o desfecho sugerido, não é o mais utilizado na prática clínica como se observa em estudo de MUNHOZ; TEIVE, (2014). Além disso, ao realizar pesquisas em base científica nota-se a falta de literatura que utilize o teste de retropulsão inesperado após intervenção fisioterapêutica, sendo necessário desenvolver mais estudos com essa ferramenta para se obter resultados estatisticamente significativos. Após a intervenção houve um aumento no escore do índice de Barthel. Esse aumento também pôde ser observado nos estágios da DP, principalmente no estágio III, mas a diferença não alcançou significância estatística. Valores maiores encontrados após intervenção fisioterapêutica no estágio III da DP, se dá pois tais pacientes tem um índice de quedas 64% maior se comparado aos estágios I e II o que os torna mais propensos a quedas e mais dependentes(cano-de LA CUERDA et al., 2004), segundo estudo de GRAY; HILDEBRAND, 2000. Portanto o aumento no escore do índice de Barthel principalmente para o estágio III é animador e mostra que estratégias de tratamento fisioterapêutico para esta população visando promover independência funcional terá resultados clínicos mais significativos. O presente estudo apresentou como limitação uma amostra não controlada. Mas como ponto relevante pode observar que o índice de Barthel mostrou-se mais apropriado para utilização nos pacientes nos estágios moderado a severo. CONCLUSÃO O tratamento fisioterapêutico, utilizando o treino motor e o treino de marcha com pistas visuais e táteis representa uma abordagem importante para as deficiências decorrentes da doença de Parkinson. Apesar da ausência de significância estatística para os desfechos avaliados, na prática clínica pôde-se observar melhora no equilíbrio, mobilidade e maior independência funcional.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, F. et al. Validação do Índice de Barthel numa amostra de idosos não institucionalizados. Revista Portuguesa de Saúde Pública, v. 25, n. 2, p. 59 66, 2007. AZULAY, J. P.; MESURE, S.; BLIN, O. Influence of visual cues on gait in Parkinson s disease: contribution to attention or sensory dependence? J Neurol Sci, v. 248, n. 1 2, p. 192 5, 2006. CANO-DE LA CUERDA, R. et al. Trastornos de la postura y de la marcha e incidência de caídas en pacientes con enfermedad de Parkinson. Rev. Neurol, v. 38, n. 12, p. 1128 32, 2004. CEES, J. T. et al. The effects of physical therapy in Parkinson s disease: A research synthesis. Arch Phys Med Rehabil, v. 82, n. 4, p. 509 515, 2001. COLE, M. H. et al. Falls in Parkinson s disease: kinematic evidence for impaired head and trunk control. Movement Disorders, v. 25, n. 14, p. 2369 78, 2010. DE CASTRO, S. M.; PERRACINI, M. R.; GANANÇA, F. F. Dynamic gait index - Brazilian version. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v. 72, n. 6, p. 817 825, 2006. DEANE, K. H. et al. A comparison of physiotherapy techniques for patients with Parkinson s disease. Cochrane Database Syst Rev, v. 1, p. CD002815, 2001. ELLIS, T. et al. Efficacy of a physical therapy program in patients with Parkinson s disease: a randomized controlled trial. Arch Phys Med Rehabil, v. 86, n. 4, p. 626 32, 2005. FOLSTEIN, M. F.; FOLSTEIN, S. E.; MCHUGH, P. R. Mini-Mental State. A practical method for grading the cognitive state of patients for the clinician. J Psychiatr Res., v. 12, n. 3, p. 189 98, 1975. GOULART, F. et al. Análise do desempenho funcional em pacientes portadores de doença de Parkinson. Acta Fisiátr, v. 11, n. 1, p. 12 6, 2004. GRAY, P.; HILDEBRAND, K. Fall risk factors in Parkinson s disease. J Neurosci Nurs, v. 4, p. 222 8, 2000. HOEHN, M. M.; YAHR, M. D. Parkinsonism: onset, progression and mortality. Neurology, v. 17, p. 427 442, 1967. HUANG, S.-L. et al. Minimal detectable change of the timed up & go test and the dynamic gait index in people with Parkinson disease. Physical therapy, v. 91, n. 1, p. 114 121, 2011. KERR, G. K. et al. Predictors of future falls in Parkinson disease. Neurology, v. 75, n. 2, p. 116 24, 2010. KEUS, S. H. J. Clinical practice guidelines for physical therapy in patients with Parkinson s disease. Supplement to the Dutch Journal of Physioterapy, v. 114, n. 3, p. 5 48, 2004. MUNHOZ, R. P.; TEIVE, H. A. Pull test performance and correlation with falls risk in Parkinson s disease. Arquivos de neuro-psiquiatria, v. 72, n. 8, p. 587 91, 2014. SHUMWAY-COOK, A. et al. Predicting the probability for falls in community-dwelling older adults. Physical Therapy, v. 77, n. 8, p. 812 819 8p, 1997. STOKES, M. Neurologia para Fisioterapeutas. [s.l.] Editorial Premier, 2000. VISSER, M. et al. Clinical Tests for the Evaluation of Postural Instability in Patients with Parkinson s Disease. Archives of Physical Medicine and Rehabilitation, v. 84, n. 11, p. 1669 1674, 2003.